Riscar a cidade em gestos e rastros, caminhadas e imagens

Escritas urbanas como um agir urbano de potência micropolítica

Autores

  • Alice Diógenes Olimpio Dote Sá Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.46551/issn2179-6807v26n1p84-113

Palavras-chave:

Escritas urbanas. Cidade. Imagem. Caminhar. Fortaleza.

Resumo

O fazer do coletivo Narrativas Possíveis, de Fortaleza/CE, transmuta-se na pesquisa Cidade Caminhante, na qual, através do caminhar, buscamos o encontro com escritas urbanas (frases e palavras deixadas nas superfícies da cidade em forma de pixação, estêncil, lambe-lambe). Mobilizamos, para tal, uma combinatória de métodos-táticas de pesquisa: caminhada, fotografia, audiovisual e desenho. No presente artigo, partilhamos duas das caminhadas realizadas no Centro de Fortaleza/CE, no intuito de, através dos encontros com tais imagens, pensar as maneiras pelas quais operam na cidade. Percebendo a relação entre o que a escrita urbana faz e o que diz, entendemos que o que está em jogo nessas imagens não é somente o que se risca, mas o próprio gesto, contido no rastro e nele prolongado, de riscar a cidade — o que configura, também, um modo de percebê-la, de “desarquivar” tal gesto através do olhar. Entre gestos e rastros, as escritas urbanas, carreguem elas frases “de amor” ou “de protesto”, configuram-se como um agir urbano de potência micropolítica, ao inventar táticas de existência na cidade, tais quais o próprio percorrer, perceber e habitá-la de outras maneiras.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alice Diógenes Olimpio Dote Sá, Universidade Federal do Ceará

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará (PPGS/UFC). Co-criadora do coletivo Narrativas Possíveis. E-mail: alicedote@gmail.com.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Arte, Inoperatividade, Política. In: Crítica do Contemporâneo. Conferências Internacionais Serralves 2007. Porto, Portugal: Fundação Serralves, 2007a.

AGAMBEN, Giorgio. Kommerell, ou do gesto. In: AGAMBEN, Giorgio. A potência do pensamento: ensaios e conferências. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

AGAMBEN, Giorgio. Notas sobre o gesto. Revista Artefilosofia. Universidade Federal de Ouro Preto / IFAC, n.4, jan. 2008. Ouro Preto: IFAC, 2008.

AGAMBEN, Giorgio. Por uma ontologia e uma política do gesto. Edições Chão da Feira, Caderno de Leituras, n. 76, 2018. Disponível em: https://chaodafeira.com/wp-content/uploads/2018/04/cad76ok.pdf. Acesso em: 08 jan. 2020.

AGAMBEN, Giorgio. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007b.

AGIER, Michel. Antropologia da cidade: lugares, situações, movimentos. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2011.

BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.

BOEHM, Gottfried. Aquilo que se mostra. Sobre a diferença icônica. In: ALLOA, Emmanuel (Org.). Pensar a imagem. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2017.

BRISSAC, Nelson. Paisagens urbanas. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.

BUTLER, Judith. Corpos em aliança: notas para uma teoria performativa de assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

CAMPOS, Ricardo. Entre as luzes e as sombras da cidade: visibilidade e invisibilidade no graffiti. Etnográfica. v. 13 (1). 2009. pp. 145-170. Disponível em: http://etnografica.revues.org/1292. Acesso em: 10 ago. 2018.

CAMPOS, Ricardo. Visibilidades e invisibilidades urbanas. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 47, n. 1, jan/jun, 2016.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 3. Rio de Janeiro: Editora 34, 2012a.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 5. Rio de Janeiro: Editora 34, 2012b.

DIDI-HUBERMAN, Georges. “As imagens não são apenas coisas para representar”. Entrevista com Georges Didi-Huberman. 2017. Revista IHU – Instituto Humanitas Unisinos. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/186-noticias/noticias-2017/568830-as-imagens-nao-sao-apenas-coisas-para-representar-entrevista-com-georges-didi-huberman. Acesso em: 15 jan. 2020.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Imagens-ocasiões. São Paulo: Fotô Imagem e Arte, 2018.

DIÓGENES, Glória. Arte, pixo e política: dissenso, dissemelhança e desentendimento. Vazantes. v. 1. n. 2. 2017. pp. 115-134. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/vazantes/article/view/20500. Acesso em: 10 jun. 2018.

FLUSSER, Vilém. A escrita. São Paulo: Annablume, 2010.

FLUSSER, Vilém. Gestos. São Paulo: Annablume, 2014.

FRAENKEL, Béatrice. Actos de escritura: cuando escribir es hacer. Thémata. Revista de Filosofía. n. 56, p. 319-329, julio-diciembre 2017. Disponível em: https://idus.us.es/bitstream/handle/11441/68788/14.%20Traducci%F3n.pdf;jsessionid=0E4CB222F05F77275D9892B5B1FBC002?sequence=1. Acesso em: 07 fev. 2020.

GORCZEVSKI, Deisimer; ALBUQUERQUE, Aline; SHIKI, Cecília. Sobre poéticas políticas: micro intervenções na cidade de Fortaleza. In: COSTA, Robson Xavier et al. (Orgs.). Arte e política: IV Diálogos Internacionais em Artes Visuais e I Encontro Regional da ANPAP/NE. Recife: Editora UFPE, 2016.

GORCZEVSKI, Deisimer. Um convite aos afetos. In: GORCZEVSKI, Deisimer. (Org.). Arte que inventa afetos. Fortaleza: Imprensa Universitária, 2015.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Multidão: guerra e democracia na era do Império. Rio de Janeiro: Record, 2005.

JACQUES, Paola Berenstein. Elogio aos errantes. Salvador: EDUFBA, 2012.

LASSALA, Gustavo. Pichação não é Pixação. 1 ed. São Paulo: Altamira, 2010.

PELBART, Peter Pál. A terra, a guerra, a insurreição. Revista Eco Pós. v. 18. n. 2. 2015. pp. 161-170. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/

view/2665. Acesso em: 10 set. 2016.

PERLONGHER, Néstor. O negócio do michê: a prostituição viril em São Paulo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.

RANCIÈRE, Jacques. O desentendimento: política e filosofia. São Paulo: Ed. 34, 1996.

SILVA, Armando. Atmosferas urbanas: grafite, arte pública, nichos estéticos. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2014.

SILVA, Lara Denise Oliveira. De olhos nos muros: itinerários do graffiti em Fortaleza. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza, 2013.

SZANIECKI, Barbara. Estética da multidão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

Downloads

Publicado

2021-04-16

Como Citar

DIÓGENES OLIMPIO DOTE SÁ, A. Riscar a cidade em gestos e rastros, caminhadas e imagens: Escritas urbanas como um agir urbano de potência micropolítica. Revista Desenvolvimento Social, [S. l.], v. 26, n. 1, p. 84–113, 2021. DOI: 10.46551/issn2179-6807v26n1p84-113. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/rds/article/view/3263. Acesso em: 29 mar. 2024.