Por uma nova proposta educacional: contribuições do pensamento eco – sistêmico

Autores

  • Rodrigo Diaz de Vivar y Soler Doutorando em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

A obra, pensamento Eco-Sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século XXI (Moraes,
2004), é essencial para quem trabalha com educação.
Através do trabalho desenvolvido pela autora, é possível
re-pensar as práticas pedagógicas na (re) constituição
dos ambientes de aprendizagem. Questão central posta
pela cientista: que tipo de educação se quer neste inicio
de século XXI? (Moraes, 2004).
Aparentemente um questionamento simples,
porém carregado de possibilidades interpretativas e de
novas formulações, sobretudo se pensarmos que o paradigma científico tradicional tomou o saber como oriundo de uma dimensão unilateral e valorizou somente
aquilo que era proveniente do conhecimento.
De certa maneira, a obra de Maria Cândida Moraes entra em consonância com um novo paradigma de
cientificidade na contemporaneidade porque o modelo
de pensamento eco-sistêmico, por ela apresentado, reflete sobre uma conjuntura de ciência fragmentária e
excludente, em detrimento a um projeto cientifico cujos
direcionamentos e proposições recebem contribuições
de várias áreas do saber como a física quântica, por
exemplo, que vai entender todo e qualquer fenômeno
como sendo perpassado por inúmeras interconexões
que se configuram nos mais diferentes processos permitindo-nos pensar a existência de um intenso fluxo
de energia que está em constante estado de renovação,
fazendo do sujeito e de toda materialidade um eterno
vir-a-ser. Dessa forma, o pensamento eco-sistêmico
procura trabalhar com os valores da eco-pedagogia,
principalmente no que diz respeito à construção de uma
cidadania planetária que compartilha a experiência da
aprendizagem e do conhecimento humano diretamente
com as questões sócioambientais de todo o planeta.

Diante de tal cosmovisão, o olhar direcionado para o ser
humano, diz respeito à compreensão de uma multiplicidade de fatores ambientais, culturais, genéticos e emocionais que contribuem para o auto-crescimento. Neste
sentido, qualquer discussão que envolva os processos
educacionais deve levar em conta tais fatores para fazer
eclodir a adoção de um novo conhecimento capaz de
resolver os problemas sócioambientais, uma ciência que
passa a ajudar o ser humano à re-pensar o seu papel de
ação no mundo.
Para Moraes (2004), o pensamento eco-sistêmico é uma ferramenta importante dentro do contexto
cultural contemporâneo porque na sua técnica de construção o que está posto são os processos de organização,
autonomia e criatividade. Na estrutura educacional, tal
paradigma entra em choque com o modelo clássico de
aprendizagem e de educação, pois este último é responsável por produzir um padrão limitado de homem e de
mundo, coisa que, o pensamento eco-sistêmico se opõe
com veemência, pois as práticas pedagógicas são embasadas em toda uma complexidade que perpassa os mais
diversos saberes.
Moraes (2004) apresenta o paradigma eco-sistêmico como componente de uma nova visão no ambiente escolar discutindo novas concepções de ensino-
-aprendizagem e também da incorporação de novas
tecnologias por parte das instituições educacionais e do
corpo docente. Com relação ao primeiro aspecto, pode-
-se dizer que o pensamento eco-sistêmico busca despertar no ambiente educacional uma nova interpretação e
contextualização que se exerce a partir de um processo
dialógico vivenciado por educador e educando. O conhecimento passa a se estabelecer por meio de uma interação entre sujeito, objeto e meio ambiente.

Conhecer pressupõe, como principal requisito,
uma ação afetiva que pode ser física ou mental, mas através da qual emerge um mundo a
partir do acoplamento estrutural que implica
um processo de co-determinação mútua congruente entre sujeito e objeto, entre o operar do
organismo vivo e seu meio. (MORAES, 2004,
p. 247)

Com relação ao segundo aspecto, o pensamento
eco-sistêmico também atribui contribuições ao processo educacional na busca de uma melhoria das condições
de trabalho e de formação do corpo docente, e, ainda, na
democratização do acesso à tecnologia por parte de professores e discentes. Quer dizer, toda ação desenvolvida
no ambiente escolar, segundo tal modelo, deve levar em
conta toda essa variedade de fatores que corroboram
para a construção de propostas necessárias para o estabelecimento de uma compreensão crítica de sujeito que
faz e refaz a sua realidade com o objetivo de transformála. Nas palavras da autora:

A partir deste enfoque, qual é o papel da educação? Cabe a ela criar circunstâncias para que
tais processos ocorram e evoluam, pois é na
cotidianidade da vida que a condição humana
se realiza. Cabe à educação fazer com que os
diferentes fenômenos do dia-a-dia sejam apropriados pelo indivíduo, entrem na esfera do
conhecido e sejam compreendidos e transformados pelo ser humano, para que a energia
da paz, do amor, da solidariedade e da justiça
possa ser liberada no mundo. (MORAES, 2004,
p. 322)

Acredita-se que o pensamento eco-sistêmico
seja uma possibilidade de efetivação de uma práxis educacional libertadora, justamente porque o enfoque de tal
abordagem possibilita a convergência de atividades desenvolvidas no âmbito educacional que levam em consideração posturas, atitudes, e valores que defendem a
vida como forma de expressão e de dinamismo. Sendo
assim, toda questão que envolve aprendizagem e conhecimento, não pode ser mais observada como um mero
processo de transmissão e acúmulo, mas sim como possibilidade de crescimento pessoal e coletivo e como atividade criadora.

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Referências

1 - MORAES, M. C. Pensamento Eco-Sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

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Publicado

2020-04-29

Como Citar

DIAZ DE VIVAR Y SOLER, R. . Por uma nova proposta educacional: contribuições do pensamento eco – sistêmico. Revista Unimontes Científica, [S. l.], v. 13, n. 1/2, p. 71–72, 2020. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/2207. Acesso em: 30 abr. 2024.

Edição

Seção

Resenha