POVOS ORIGINÁRIOS E O PROCESSO DE DISPUTA TERRITORIAL NO BRASIL

REFLEXÕES A PARTIR DAS INTERVENÇÕES ESTATAIS SOB O MARCO TEMPORAL DE 1988

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46551/rssp202505

Palavras-chave:

povos originários, Território, Estado capitalista, Questão étnico-racial, Amazônia

Resumo

este artigo apresenta uma análise crítica sobre o significado sócio-histórico do território para os povos originários, frente a perspectiva da classe agropecuária, dada a importância econômica da terra para acumulação capitalista. Neste intuito, investigou-se as mediações públicas do Estado brasileiro, bem como seu conceito e origem de classe, para identificar a sua direção interventiva, a fim de revelar as estratégias políticas e econômicas no processo de disputa territorial, sob análise do método materialista histórico-dialético. Entre os resultados, pode-se observar que embora seja garantido o direito constitucional inalienável sobre a Demarcação do Território Indigena, cresce o número de ameaças sobre esta população, seja na falta de saneamento básico, na desproteção territorial, nas medidas legislativas anti-indigenas, e na redução do orçamento público. Esse processo de disputa acontece de forma articulada, pelo constante ataque politico aos direitos sociais indigenas. Apreendeu-se que os territórios demarcados são barreiras à expansão do modelo capitalista de desenvolvimento agrário no Brasil.

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Biografia do Autor

Ingrid Ribeiro dos Santos, Universidade de Brasília

Assistente Social. Graduação em Serviço Social pela Universidade de Brasília. Mestranda em Serviço Social pela Universidade de Brasília. Membra do grupo de Estudos Político-Sociais - POLITIZA. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-0200-985X. e-mail: ingridrs97@gmail.com.

Liliam dos Reis Souza Santos, Universidade de Brasília

Assistente Social. Graduação em Serviço Social pela Universidade Federal do Pará. Mestrado em Serviço Social, com área de concentração em Serviço Social, Política Pública e Desenvolvimento, pelo Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Pará (UFPA) (2008-2010). Doutorado em Política Social, com área de concentração: Estado, Políticas Sociais e Cidadania, pelo Programa de pós-graduação em Política Social da Universidade de Brasília (UnB) (2014-2018). Pós-doutorado em andamento no Programa de Pós-graduação em Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Vice-líder do Grupo de Estudos Político-sociais - POLITIZA - SER/UnB e Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política Social – NEPPOS. Professora Adjunta do Departamento de Serviço Social e do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade de Brasília. Áreas de atuação e pesquisa: Estado, Política Social, Serviço Social, Política Pública de Saúde, novos modelos de gestão em saúde e relação público-privada na assistência à saúde. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6410-6371. e-mail.liliamsouza@gmail.com.

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Acesso em: 02 nov. 2024.

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Publicado

28.04.2025

Como Citar

Santos, I. R. dos, & Santos, L. dos R. S. (2025). POVOS ORIGINÁRIOS E O PROCESSO DE DISPUTA TERRITORIAL NO BRASIL : REFLEXÕES A PARTIR DAS INTERVENÇÕES ESTATAIS SOB O MARCO TEMPORAL DE 1988. Revista Serviço Social Em Perspectiva, 9(1), 116–134. https://doi.org/10.46551/rssp202505

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