A ESPERA COMO FORMA DE VIOLÊNCIA

A LUTA PELO RECONHECIMENTO DOS QUILOMBOS E A INÉRCIA DO ESTADO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46551/rssp202504

Palavras-chave:

Quilombolas, Constituição, Direitos, . Cidadania, Resistência

Resumo

O presente artigo trata-se de um ensaio acadêmico e teve como objetivo analisar como o Estado, no âmbito de uma sociedade capitalista, age entre o reconhecimento e a negligência de direitos dos/as quilombolas, dependendo de interesses políticos e econômicos em questão. Para isto, abordou as principais contribuições dos/as autores/as que têm se debruçado a compreender o funcionamento do Estado, que, por natureza, faz perpetuar os privilégios da classe dominante. A discussão apontou os principais dispositivos constitucionais que versam sobre a temática quilombola, elencando como estes têm sido utilizados pelo Estado como meios de mitigar os conflitos existentes. Metodologicamente, o ensaio foi realizado através de pesquisa bibliográfica de autores/as da tradição marxista, complementados com algumas contribuições de outras linhas teóricas, e pesquisa documental de dispositivos legais. As principais considerações apontam que apesar da temática “quilombolas” possuir espaço no corpo normativo constitucional e possuir regramento próprio, as ações impetradas pelo Estado brasileiro não demonstram suficiência e eficácia, uma vez que os territórios, em sua esmagadora maioria, encontram-se sem titulação e por consequência estão desprotegidos dos avanços da ordem capitalista.

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Biografia do Autor

Lucas Esteves dos Santos Costa, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO UFMT

Bacharel em direito pela Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT. Especialista em Educação em Direitos Humanos, Diversidade e Questões Étnico Sociais/Raciais – Faculdade Centro-Oeste. Mestrando em Política Social – PPGPS/UFMT. Pesquisador convidado do Grupo de Pesquisa: Políticas Públicas, Direito, Estado e Sociedade. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4731-3656. E-mail: lucas.esteves@unemat.br

Betina Ahlert, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Assistente Social. Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Docente do Departamento de Serviço Social da UFSC. Membra do Núcleos de Estudos em Serviço Social e Organizações Populares. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3858-7092. E-mail: betina.ahlert@ufsc.br

Natalia Alencar Cantini, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Bacharel em direito pela Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT. Especialista em Direitos Humanos. Mestranda em Polícia social na Universidade Federal de Mato Grosso. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7765-0816. E-mail: natalia.cantini@sou.ufmt.br

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Publicado

28.04.2025

Como Citar

Costa, L. E. dos S., Ahlert, B., & Cantini, N. A. (2025). A ESPERA COMO FORMA DE VIOLÊNCIA : A LUTA PELO RECONHECIMENTO DOS QUILOMBOS E A INÉRCIA DO ESTADO. Revista Serviço Social Em Perspectiva, 9(1), 96–115. https://doi.org/10.46551/rssp202504

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