O DIREITO AO LAZER NA CIDADE E O FUTEBOL: A SITUAÇÃO DOS CAMPOS DE VÁRZEA EM MONTES CLAROS/MG
Mots-clés :
lazer; campos de futebol; planejamento urbanoRésumé
Dentre os diversos caminhos existentes para problematizar o direito ao lazer na cidade, refletir sobre os espaços públicos disponíveis para sua prática mostra-se essencial para pensar e efetivar sua vivência no cotidiano, o que nos aproxima de questões complexas e contraditórias que perpassam o planejamento urbano e suas configurações espaciais. Tanto nas grandes cidades como, mais recentemente, em cidades médias, são nítidas as rápidas transformações que ocorrem no solo urbano. Como consequência desse processo, destaca-se a situação dos campos de futebol de várzea como um dos equipamentos públicos de lazer nas cidades que mais tem sentido a presença hegemônica da lógica capitalista na produção do espaço em detrimento dos aparatos legais existentes para sua preservação. Diante desse quadro e entendendo que a vivência do futebol é uma das principais manifestações do lazer no cotidiano urbano, o presente trabalho teve como objetivo analisar algumas das contradições que cercam o universo dos campos de futebol de várzea em Montes Claros/MG, tendo como base para a discussão a sua distribuição por diferentes regiões da cidade. Através de pesquisa exploratória, com levantamento documental e produção de mapa temático com auxílio de ferramentas de geoprocessamento, constatou-se que a maioria dos campos encontra-se em áreas periféricas da cidade que ainda possuem vazios urbanos à espera de valorização, o que pode comprometer consideravelmente a vivência dessa prática em um futuro próximo, conforme evidenciado pelo aumento da extinção de campos em área particular localizados em novas frentes de expansão urbana. Além disso, evidencia-se que esses equipamentos têm sido influenciados diretamente por duas lógicas contrapostas de desapropriação/apropriação de seus espaços: se por um lado há um processo em curso de desativação de campos em área institucional em função de trocas efetuadas pelo Poder Público Municipal com loteamentos privados ou para atender à previsão originária da área de equipamento comunitário (praça, escola, creche, entre outros); por outro há a criação de novos campos pela população através da apropriação de novas áreas institucionais reservadas a equipamentos comunitários ainda não implantados ou de áreas particulares próximas aos novos conjuntos habitacionais alavancados pelo Programa Minha Casa Minha Vida na cidade. Tais constatações reafirmam a presença da lógica capitalista no espaço urbano e destacam o papel fundamental que o Pode Público Municipal deve exercer na garantia de existência e permanência desses campos.