A passagem do “direito ao trabalho” para a “empregabilidade”: privatização do espaço público através das políticas sociais de emprego na contemporaneidade

Autores

  • Regina Célia Fernandes Teixeira Mestre em Educação/UFMG–Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Adjunta da UNIMONTES – Universidade Estadual de Montes Claros

Palavras-chave:

Formação profissional, políticas de emprego, transformações no mundo do trabalho, cidadania.

Resumo

Nosso estudo focaliza a estreita associação entre política de emprego e formação
profissional, fortalecida em programas governamentais, diretivas sindicais e empresariais, a partir
da década de oitenta, e que realça a emergência de um novo fenômeno: a dimensão educacional das
atuais políticas de emprego. No âmbito das políticas públicas de emprego, o governo atribui à
qualificação profissional o objetivo de promover condições para que os trabalhadores possam fazer
face à “centralidade do conhecimento” e, desse modo, encontrar seu próprio trabalho. É o que se
convencionou chamar de “empregabilidade”. No conceito de “empregabilidade” está implícita a
tendência em eximir o Estado do seu “dever” em relação ao direito do cidadão ao trabalho, de
caráter público e político, e repassar tal dever aos indivíduos, desse modo, uma questão privada,
pessoal.

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Publicado

2020-05-27

Como Citar

FERNANDES TEIXEIRA, R. C. . A passagem do “direito ao trabalho” para a “empregabilidade”: privatização do espaço público através das políticas sociais de emprego na contemporaneidade. Revista Unimontes Científica, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 85–94, 2020. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/unicientifica/article/view/2644. Acesso em: 2 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos Originais