Capitalismo de compadrio em Mato Grosso do Sul: compreendendo as relações entre o Estado e as empresas produtoras de celulose

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46551/rc24482692202216

Palavras-chave:

circuito espacial de produção, celulose, capitalismo de compadrio, Mato Grosso do Sul

Resumo

Em poucos anos, e contando com apoio irrestrito do Estado, empresas inseriram o Mato Grosso do Sul entre os principais produtores de celulose do Brasil. Isto posto, o objetivo deste artigo consiste em analisar como as empresas produtoras de celulose atuaram para retribuir as ações do Estado. A partir do referencial teórico consultado e de dados obtidos junto ao Tribunal Superior Eleitoral, averiguou-se que as doações realizadas pelas empresas aos candidatos e partidos políticos durante as eleições se configuraram como a principal forma de retribuir benefícios recebidos. Nessa conjuntura, concluiu-se que o capitalismo de compadrio, notabilizado por meio das relações entre o Estado e as empresas, foi essencial para a expansão do circuito espacial produtivo de celulose em Mato Grosso do Sul.

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Biografia do Autor

Leandro Reginaldo Maximino Lelis, Instituto Federal do Pará – IFPA, Breves (PA), Brasil

É Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Câmpus de Presidente Prudente, Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Atualmente, é Professor no Instituto Federal do Pará (IFPA), Câmpus Breves.

 Endereço: Rua Antônio Fulgêncio, s/n., Parque Universitário, 68800-000, Breves, PA - Brasil.      

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Publicado

2022-06-30

Como Citar

LELIS, L. R. M. Capitalismo de compadrio em Mato Grosso do Sul: compreendendo as relações entre o Estado e as empresas produtoras de celulose . Revista Cerrados, [S. l.], v. 20, n. 01, p. 392–421, 2022. DOI: 10.46551/rc24482692202216. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/cerrados/article/view/4906. Acesso em: 23 abr. 2024.

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