Guardiões da Mata Atlântica: um estudo sobre o quilombo Santa Justina e Santa Izabel
Publicado na edição jan./jun. 2025 da Revista Cerrados, o artigo “Geotecnologias, sociobiodiversidade e quintais agroecológicos: um estudo sobre o quilombo Santa Justina e Santa Izabel, Mangaratiba/RJ” apresenta uma pesquisa profunda e sensível sobre como a comunidade quilombola vem contribuindo para a preservação ambiental, a segurança alimentar e a valorização de saberes tradicionais em plena Costa Verde do Rio de Janeiro.
A comunidade atua como uma verdadeira guardiã da biodiversidade local — protegendo remanescentes da Mata Atlântica e o último fragmento de manguezal da bacia do rio do Saco — mesmo enfrentando desafios históricos, sociais e de infraestrutura.
O quilombo Santa Justina e Santa Izabel, ainda em processo de titulação pelo INCRA, é formado por descendentes de pessoas escravizadas que permaneceram nas antigas fazendas Santa Izabel e Santa Justina. O território abriga mais de 1.300 hectares e é composto por pequenos núcleos familiares que cultivam a terra com base em princípios da agroecologia e dos saberes ancestrais.
A força das geotecnologias a serviço dos saberes tradicionaisA pesquisa, assinada por Bruna Silva da Conceição (UFRRJ) e Monika Richter (UFF), alia ferramentas como o aplicativo VICON Saga e o software QGIS à escuta ativa da comunidade para mapear:
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Quintais produtivos
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Formações vegetais
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Percepções culturais do território
Foram entrevistadas 27 famílias, e as respostas revelam uma forte conexão entre produção agrícola, biodiversidade e identidade quilombola.
Quintais agroecológicos e sociobiodiversidade em açãoA pesquisa identificou um verdadeiro mosaico de práticas sustentáveis:
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86% das famílias cultivam alimentos nos quintais — como aipim, milho, inhame e batata-doce
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Há uso intenso de ervas medicinais e aromáticas, cultivadas ou colhidas na mata
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A produção agroecológica garante subsistência, renda e cultura alimentar
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A criação de animais e o uso sustentável de recursos florestais também fazem parte da vida no território
Apesar do protagonismo ambiental, a comunidade enfrenta sérias vulnerabilidades:
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Ausência de energia elétrica em boa parte das casas
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Falta de escola quilombola, unidade de saúde e transporte adequado
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Jovens são forçados a migrar por falta de oportunidades, o que ameaça a continuidade dos saberes tradicionais
Este trabalho reforça a importância de políticas públicas que valorizem territórios tradicionais e promovam sua permanência, com acesso à terra, à educação e à justiça socioambiental.
A publicação também contribui para o campo da geografia, ecologia, educação ambiental, direitos territoriais e agroecologia, ao propor uma articulação entre ciência e cultura popular.
Acesse o artigo completoO artigo está disponível gratuitamente na edição 23 (n. 01) da Revista Cerrados CLICA AQUI












