Impasses e perspectivas da inscrição testemunhal na historiografia brasileira da ditadura

Impasses and perspectives of testimonial inscription in Brazilian historiography of the dictatorship

Autores

Palavras-chave:

Memória, História, Ditadura, História Oral, Testemunho

Resumo

Desde os anos 2000, a história oral, a memória e o testemunho vêm adquirindo maior espaço na historiografia brasileira da última ditadura, e contribuindo para a aproximação tensa e conflituosa deste campo com o espaço público, suas disputas políticas e processos de circulação e identificação cultural. O objetivo deste artigo é identificar e discutir os sentidos da memória nas produções historiográficas da ditadura nas duas últimas décadas trabalhando com a historiografia enquanto produtora de memória em estreita relação com o espaço público. Destacamos diferentes abordagens do chamado “dever de memória” em suas relações com as políticas públicas de memória no Brasil, os desdobramentos da consolidação da história do tempo presente para as relações entre história e memória, e os dissensos historiográficos a respeito das memórias revolucionárias e dos usos de categorias como trauma e frustração.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Nashla Dahás, Universidade do Estado de Santa Catarina

Doutora em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-doutorado em História do Tempo Presente pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). E-mail: nashladahas@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5384-4715.

Referências

ARAÚJO, Maria Paula. A Utopia fragmentada: as novas esquerdas no Brasil e no mundo na década de 1970. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2000.

AVELAR, Alexandre de Sá. Rumo à indisciplinarização? Tempo histórico e a historiografia recente sobre o período militar. Disponível em https://www.academia.edu/19973700/Rumo_%C3%A0_indisciplinariza%C3%A7%C3%A3o_Tempo_hist%C3%B3rico_e_a_historiografia_recente_sobre_o_per%C3%ADodo_militar (s-d) Acesso em 5 de maio de 2020.

BAUER, Caroline. “Quanta verdade o Brasil suportará? Uma análise das políticas de memória e de reparação implementadas no Brasil em relação à ditadura civil-militar”. Dimensões, vol. 32, 2014, p. 148-169.

BEVERNAGE, Berber. História, memória e violência de Estado: tempo e justiça. Tradução de André Ramos, Guilherme Bianchi. Serra: Editora Milfontes – Mariana: SBTHH, 2018. 364p.

CALVEIRO, Pilar. Política y/o violencia. Una aproximación a la guerrilla de los años setenta. Buenos Aires, Siglo XXI Editores, 2013.

CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2014.

CAPDEVILA, Luc; LANGUE, Frédérique (Dir.). Entre mémoire collective et histoire officielle: l'histoire du temps présent en Amérique latine. Rennes: Presses Universitaires

de Rennes, 2009.

CUESTA, Josefina. La odisea de la memoria: historia de la memoria en España. SigloXX. Madrid, Alianza, 2008, 496p.

DAHÁS, Nashla Dahás. “As esquerdas radicais no Brasil e no Chile. Pensamento político, história e memória nos anos de 1960 e 70”. Tese de doutorado. Programa de Pós-graduação em História Social do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ. Rio de Janeiro-RJ, maio de 2015.

D’ARAÚJO, Maria Celina (Org.) A volta aos quarteis. A memória militar sobre a abertura. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1995. 328p.

DELACROIX, Christian. “A história do tempo presente, uma história (realmente) como as outras?” Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 23, p. 39 ‐ 79, jan./mar. 2018. Titulo Original: L’histoire du temps présent, une histoire (vraiment) comme les autres ?

DELGADO, Lucília de Almeida Neves. “História oral e narrativa: tempo, memória e identidades”. História Oral, 6, 2003.

DELLAMORE, Carolina, AMATO, Amato, BATISTA, Natália (Orgs.). A ditadura aconteceu aqui: A história oral e as memórias do regime militar brasileiro. 1ed; Belo Horizonte: Letra e Voz, 2017.

FALCÃO, Luiz Felipe. “Artifícios e Artefatos entre Memória e História”. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 7, n. 16, p. 56 ‐ 80. set./dez. 2015.

FICO, FERREIRA, ARAUJO & QUADRAT (Orgs.). Ditadura e Democracia na América Latina. Rio de Janeiro: FGV, 2008.

FICO, Carlos. “Ditadura militar brasileira: aproximações teóricas e historiográficas”. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 9, n. 20, p. 05 ‐ 74. jan./abr. 2017.

FIGUEIREDO, Cesar Alessandro Sagrillo. “As Representações Fílmicas de Vera Silvia Magalhães: Gênero, Testemunho e Resistência”. Revista Porto das Letras, Vol. 03, Nº 02. 2017.

FRANCO, Marina. “Reflexiones sobre la historiografia Argentina y la História reciente de los años ´70”. In: Nuevo Topo. N°1. 2005.

GABEIRA, Fernando. O que é isso, companheiro? São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

GASPAROTTO, Alessandra. O terror renegado. A retratação pública de integrantes de organizações de resistência à ditadura civil-militar no Brasil (1970-1975). Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 2012.

GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. A esquerda brasileira: Das ilusões perdidas à Luta Armada. São Paulo: Editora Ática, 1987.

GREEN, James; QUINALHA, Renan (Orgs.). Ditadura e homossexualidades. Repressão, resistência e a busca da verdade. São Carlos: Edufscar, 2014.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Depois de 1945: latência como origem do presente. Trad. Ana Isabel Soares. São Paulo: Ed. UNESP, 2014.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Ed. Centauro, 2006.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013, 272 p.

JELIN, Elizabeth. “Memoria y democracia. Una relación incierta”. Rev. mex. cienc. polít. soc vol.59 no.221 México may./ago. 2014.

JOFFILY, Mariana. “Aniversários do golpe de 1964: debates historiográficos, implicações políticas”. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 23, p. 204 - 251, jan./mar. 2018.

LACAPRA, Dominick. Historia em tránsito. Experiencia, identidad y teoría crítica. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2006.

LEVI, Primo. Os afogados e os sobreviventes (1986). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.

LONGONI, Ana. Traiciones. La figura del traidor en los relatos acerca de los sobrevivientes de la represión. Buenos Aires: Grupo Norma, 2007.

LORENZ, C. BEVERNAGE, B. (ed.) Breaking up time: negotiating the borders between presente, past and future. Gottingen: Vandenhoeck e Ruprecht, 2013.

MOTTA, Rodrigo Patto Sá; Reis, Daniel Aarão; Ridenti, Marcelo; (org.). A ditadura que mudou o Brasil: 50 anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2014.

NAPOLITANO, Marcos. História do regime militar brasileiro. 1ed. São Paulo: Contexto, 2014.

NAPOLITANO, Marcos. Cultura brasileira utopia e massificação (1950-1980). São Paulo: Contexto, 2004.

_____________; CAPELATO, Maria Helena Rolim. Seguindo a canção: engajamento político e indústria cultural na trajetória da música popular brasileira (1959-1969).Universidade de São Paulo: São Paulo, 1999.

PASSERINI, Luísa. Memoria y utopia: la primacia de la intersubjetividad. Valencia: Universitat de Valencia, 2006.

PEREIRA, Anthony W. Ditadura e repressão: o autoritarismo e o estado de direito no Brasil, no Chile e na Argentina. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.

PINHEIRO, Paulo Sérgio. Escritos indignados: polícia, prisões e política no Estado autoritário. São Paulo: Brasiliense, 1984.

PINTO, Julio Vallejos; ARGUDÍN, María Luna. Cien años de propuestas y combates. La historiografía chilena del siglo XX. México: Universidad Autónoma Metropolitana, Unidad Azcapotzalco, 2006.

POLLAK. Michel. “Memória, esquecimento, silêncio.” In.: Estudos Históricos. Vol2.

N.3. Rio de Janeiro. p. 3-15.Vértice. 1989.

PORTELLI, Alessandro. “O massacre de Civitella Val di Chiana (Toscana: 29 de junho de 1944): mito, política, luto e senso comum”, in: Marieta de Moraes Ferreira e Janaína Amado (org.). Usos & abusos da história oral. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996, p. 103-130.

POZO, Jose Del. “Los militantes de base de la izquierda chilena: Orígenes sociales, motivaciones y experiencias en la época de la Unidad popular y en los años anteriores”. European Review of Latin American and Caribbean Studies / Revista Europea de Estudios Latinoamericanos y del Caribe, No. 52 (June 1992), pp. 31-55.

REIS, Daniel Aarão. ‘Ditadura no Brasil entre memória e história’. In: Rodrigo Patto Sá Motta (Org.). Ditaduras militares. Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. Belo Horizonte: UFMG, 2015.

REIS, Daniel Aarão. Entrevista concedida a Mariana Joffily e Sergio Luis Schlatter, publicada em Tempo e Argumento, Revista do Programa de Pós Graduação em História da UDESC – Universidade de Santa Catarina. Florianópolis, v.3, n.1, p.239-255; jan-jun de 2011.

REIS, D. A,; Sá, J. F. Imagens da Revolução. Rio de Janeiro, Marco Zero, 1985.

REIS, D. A. A Revolução Faltou ao encontro. Os comunistas no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990.

REIS, D. A.; Ferreira, J. (orgs.). Nacionalismo e reformismo Radical (1945 – 1964). As Esquerdas no Brasil. vol. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

REIS, Daniel, et al. Versões e Ficções. O sequestro da história. Editora Fundação Perseu Abramo, 1997.

RIDENTI, Marcelo. O fantasma da revolução brasileira, São Paulo: Unesp/Fapesp, 1993.

RIDENTI, M. “A época de 1968. Cultura e política”. In: Fico, C.; Araújo, M. P. (Org.) 1968. 40 anos depois. História e Memória. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2009, pp. 81-91.

ROLLEMBERG, D. Exílio. Entre raízes e radares. Rio de Janeiro, Record, 1999.

ROSSI, P. O Passado, a Memória, o Esquecimento: Seis Ensaios da História das Ideias. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

ROVAI, Marta Gouveia de Oliveira. “O direito à memória: a história oral de mulheres que lutaram contra a ditadura militar (1964 - 84)”. Revista Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 5, n.10, jul./dez. 2013. p. 108 - 132.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.

ROSA, Susel Oliveira da. Mulheres. Ditaduras e memórias. São Paulo: Intermeios; Fapesp, 2013

ROUSSO, Henry. A última catástrofe: a história, o presente, o contemporâneo. Trad. Fernando Coelho e Fabrício Coelho. Rio de Janeiro: FGV, 2016.

SCHMIDT, Benito Bisso. “De quanta memória precisa uma democracia? Uma reflexão sobre as relações entre práticas memoriais e práticas democráticas no Brasil atual”. Anos 90, Porto Alegre, v.22, n.42, p.153-177, dez.2015.

SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História, Memória, Literatura. O testemunho na era das catástrofes. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003.

SILVA, Carla Luciana Souza da. Veja e a ditadura. “A memória dos militares refaz a história”. HAO, Núm. 31 (Primavera, 2013), 95-107.

TELES, Edson. “Políticas do silêncio: a memória no Brasil pós-ditadura”. (s-d) Acessível em http://www.academia.edu/640382/Pol%C3%ADticas_do_sil%C3%AAncio_a_mem%C3%B3ria_no_Brasil_p%C3%B3s-ditadura (Último acesso em janeiro de 2015)

TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (Orgs.). O que resta da ditadura: a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010.

TELES, Janaína de Almeida. “Memórias dos cárceres da ditadura: testemunhos e lutas dos presos políticos no Brasil”. Tese de doutorado. Programa de Pós Graduação em História Social. Universidade de São Paulo. São Paulo, abril de 2011.

Downloads

Publicado

2020-05-18

Como Citar

Dahás, N. (2020). Impasses e perspectivas da inscrição testemunhal na historiografia brasileira da ditadura: Impasses and perspectives of testimonial inscription in Brazilian historiography of the dictatorship. Caminhos Da História, 23(2), 3–18. Recuperado de https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/caminhosdahistoria/article/view/2485

Edição

Seção

Dossiê