Povos Borum em seus múltiplos mundos na história

Autores

  • Izabel Missagia de Mattos Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.46551/issn.2527-2551v21n1p.108-130

Palavras-chave:

Povo borum; história Indígena; zona de fronteira leste; violência colonial.

Resumo

O artigo se debruça sobre temas que transcendem os contextos sócio-históricos dos povos das “matas do leste” ao longo do século XIX. Entrecortando situações empíricas específicas, a pesquisa buscou enfocar dimensões outras-que-humanas na leitura de eventos apresentados em fontes históricas e etnográficas. Composto por quatro partes, o trabalho se inicia com uma caracterização histórico-etnográfica daqueles povos, seguida de breve argumentação de cunho teórico-metodológico que fundamenta as análises sobre a historicidade dos Borum, calcada em categorias do xamanismo cosmológico/guerreiro. Por último, dando um salto no tempo, a pesquisa encontra os Krenak no final do século XX em suas demandas relativas ao reconhecimento de seu território sagrado e povoado de seres míticos.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Izabel Missagia de Mattos, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Doutora em Ciências Sociais (área: sociedades indígenas) pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Brasil. Professora do PPGCS/UFRRJ, Brasil.  

Referências

ALBERT, Bruce e RAMOS, Alcida. Pacificando o branco: cosmologias do contato no norte- amazônico. São Paulo: Ed. Unesp, 2002.

BAETA, Alenice & MISSAGIA DE MATTOS, Izabel, 1994. “Arte Rupestre, Etno-História e Identidade Indígena no Vale do Rio Doce - MG” Revista de Arqueologia, São Paulo, 8(1):303-320.

BAETA, Alenice. Memória indígena no MVRD: arte rupestre e identidade Krenak. Dissertação (Mestrado da FAE) – UFMG, Belo Horizonte, 1998.

BAVIERA, Teresa da. Viagem pelo Espírito Santo (1888): Viagem pelos trópicos brasileiros. Vitória: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2013 (1888).

BEOZZO, José O., 1983. Leis e Regimentos das Missões: política indigenista no Brasil. São Paulo: Loyola.

BOCCARA, Guillaume. Antropología política en los márgenes del Nuevo Mundo: categorías coloniales, tipologías antropológicas y producción de la diferencia. In: GIUDICELLI, Christophe (org.) Fronteras movedizas. Clasificaciones coloniales y dinámicas socioculturales en las fronteras ameri canas. Mexico: El Colegio de Michoacán, CEMCA, Embajada de Francia en México, 2010.

CANGUSSU, Daniel; MISSAGIA DE MATTOS, Izabel et. al. De volta às raízes: sobre plantas e povos indígenas no Vale do Jequitinhonha In: RICARDO, F.; KLEIN, K.; SANTOS, T. (orgs.) Povos indígenas no Brasil: 2017/2022 / editores responsáveis -- 2. ed. -- São Paulo, SP : ISA - Instituto Socioambiental, 2023.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela, 1985. Negros, Estrangeiros. Os Escravos Libertos e sua Volta à África. São Paulo: Ed. Brasiliense.

CASTRO, Filipe J. da Cunha, 1913 [1832]. “Expedição ao Rio Doce: relatório de viagem de inspeção à 1ª, 5ª, 6ª e 7ª divisão do rio Doce, realizada pelo Comandante Interino do Quartel Geral das Divisões, dirigido ao Presidente da Província das Minas Gerais, em 09/11/1832”. RAPM XVII, pp. 78-90.

COSTA, João Severiano M. da, 1884 [1824]. “Regulamento interino para o aldeamento e civilisação dos Indios Botecudos do Rio Doce, da Provincia do Espirito Santo”. RIHGB VI, pp. 480-483.

FAUSTO, Carlos. Inimigos fiéis: história, guerra e xamanismo na Amazônia. São Paulo: EDUSP, 2001.

FERRAZ, Luiz P. do Couto, 1855. “Apontamentos sobre a vida do índio Guido Pokrane e sobre o francez Guido Marlière, offerecido ao Instituto Historico e Geographico do Brasil, pelo socio Exmo. Snr. Conselheiro Luiz Pedreira do Couto Ferraz”. RIHGB XVIII, pp. 410-417.

GALVÃO, Eduardo. Áreas Culturais Indígenas do Brasil: 1900–1959. In: Encontro de Sociedades: Índios e Brancos no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

GOW, Peter. River people: shamanism as history in western Amazonia. In Thomas, Nicholas e Humphrey, Caroline (org.). Shamanism, history, & the state. The University of Michigan Press, 1996

MANIZER, Henri Henrikhovitch, 1919. "Les Botocudos d’après les observations reculeillies pendant un séjour chez eux en 1915”, Arquivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro.

MARLIÈRE, Guido Thomaz, 1906. “Notícias e Documentos sobre a sua vida”. RAPM XI, pp. 3-603.

MARLIÈRE, Guido Thomaz, 1905. “Ofícios”. RAPM X, pp. 382-668.MASCARENHAS, Francisco de Paula, 1898. “Sobre o Rio Doce: memoria dos trabalhos estatisticos e topograficos das margens do Rio Doce, e seus principais confluentes, tirados pelo Alferes Francisco de Paula Mascarenhas, na Viagem que fiz ao Arraial do Cuiete. - Ouro Preto, 1832”. RAPM III, pp. 53-64.

MEYER, Karl Fritz. O livro da família Meyer. Vila Velha: Ed. do autor, 2018.

MIKI Yuko. Imaginando fronteiras: uma história negra e indígena do Brasil pós-colonial. Em: MISSAGIA DE MATTOS, Izabel ; CRAMAUSSEL, Chantal ; MOREIRA, Vânia ; SILVA, Ana Paula (orgs). Histórias Indígenas : memória, interculturalidade e cidadania na América Latina. São Paulo : Ed. Hucitec ; Zamora : Ed. Colmich, 2020, pp 171-188.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel. Colonization, mediation, and mestizaje in the borderlands of Nineteenth-Century Minas Gerais, Brazil. Em: RADDING, Cynthia e LEVIN, Danna (orgs.) The [Oxford] Handbook of Borderlands in the Iberian World. New York: Oxford University Press, 2019.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel. Considerações sobre política e parentesco entre os Botocudos (Borún) do Século XIX: uma interpretação da articulação de uma rede social e simbólica. São Carlos. R@U Revista de Antropologia da UFSCar, v.5, n.1, jan.-jun., p.82-96, 2013

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel; BAETA, Alenice. A Serra da Onça e os índios do rio Doce: uma perspectiva etnoarqueológica e patrimonial. Habitus, v. 5 (1), 2007.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel. A presença dos Aranã nos Registros Históricos. Habitus, 2005.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel, 1996. “Borum, Bugre, Kraí: a constituição da identidade e memória étnica Krenak”. Dissertação de Mestrado. UFMG.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel, 1992. “Levantamento das Práticas Terapêuticas Krenak”. Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva – NESCON/UFMG.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel. Civilização e Revolta: índigenas e indigenismo na formação do Brasil. Rio de Janeiro, EDUERJ/FAPERJ (no prelo).

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel ; CRAMAUSSEL, Chantal ; MOREIRA, Vânia ; SILVA, Ana Paula (orgs). Histórias Indígenas : memória, interculturalidade e cidadania na América Latina. São Paulo : Ed. Hucitec ; Zamora : Ed. Colmich, 2020.

MISSAGIA DE MATTOS, Izabel. Civilização e Revolta: os Botocudos e a catequese na Província de Minas. Bauru, SP: EDUSC. 2004.

MURRA, John. El control vertical de un máximo de pisos ecológicos en la economía de las sociedades andinas. In: Formaciones económicas y políticas del mundo andino. Lima: IEP, 1975.

NEVES, Eduardo G. (coord.), Biodiversidade e agrobiodiversidade como legados de povos indígenas. Em: CARNEIRO DA CUNHA, Manuela; MAGALHÃES, Sônia Barbosa e ADAMS, Cristina (orgs.). Povos tradicionais e biodiversidade no Brasil: contribuições dos povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais para a biodiversidade, políticas e ameaças. São Paulo : SBPC, 2021.

NIMUENDAJÚ, Curt, 1946. “Social Organizations and beliefs of the botocudos of Eastern Brazil”. Southwestern Journal of Anthropology II – n. 1. Albuquerque, pp. 93-115.

NIMUENDAJÚ, Curt, 1986. "Os Mitos". In VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo, org., 1986. "Curt Nimuendaju - A Descoberta do Etnólogo Teuto-Brasileiro". Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 21/1986C, p. 92.

OLIVEIRA, José Joaquim M. de, 1865 [1841]. "Documento sobre a Colonização dos Botocudos do Rio Doce". RIHGB VII, pp. 223-227.

PEIRANO, Mariza, 1992. “O antropólogo e suas linhagens”. In CORREA, Mariza & LARAIA, Roque, orgs., 1992. Roberto Cardoso de Oliveira”: Homenagem. Campinas: UNICAMP/IFCH, pp. 31-47.

SAINT-HILAIRE, Auguste de, 1975 (1830). Viagens pelas Províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia.

TAUSSIG, Michel, 1987. “Cultura do terror: espaço da morte na Amazônia”. Religião e Sociedade, 10, Rio de Janeiro, CEDI

TAUSSIG, Michel, 1993. Xamanismo, Colonialismo e o Homem Selvagem: um estudo sobre o terror e a cura. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra.

TAYLOR, Anne Christine, 1997. “L’oubli des morts et la mémoire des meurtres: experiences de l’histoire chez les Jivaro”. Terrain 29. Vivre les temps. Carnets du patrimoine ethnologique, pp. 83-96.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo, 1996. “Os Pronomes Cosmológicos e o Perspectivismo Ameríndio”. Mana 2 (2): 115-144

Downloads

Publicado

2024-03-22

Como Citar

Missagia de Mattos, I. (2024). Povos Borum em seus múltiplos mundos na história. Argumentos - Revista Do Departamento De Ciências Sociais Da Unimontes, 21(1), 108–130. https://doi.org/10.46551/issn.2527-2551v21n1p.108-130

Edição

Seção

Dossiê