DA PERIFERIA À PASSARELA: O PODER SIMBÓLICO E A MERCANTILIZAÇÃO DA PERIFERIA

Abstract

O objetivo deste trabalho é desenvolver uma análise crítica sobre a apropriação da moda periférica, sob a perspectiva de Theodor W. Adorno, discutindo como a indústria cultural transforma elementos estéticos originários das periferias em mercadorias padronizadas para o consumo massificado. A partir da teoria de Pierre Bourdieu, com ênfase nos conceitos de capital cultural, habitus e campo, investiga-se não apenas o processo de mercantilização, mas também como os estilos e marcas associados à periferia são marginalizados em seu contexto original, enquanto são ressignificados e valorizados em outros espaços sociais. O estudo busca compreender as dinâmicas de distinção e estigmatização que operam tanto na apropriação quanto na rejeição desses códigos estéticos, expondo os mecanismos simbólicos que reforçam desigualdades culturais e sociais. Para ilustrar essa análise, são examinados casos de marcas como Lacoste, Oakley e Corteiz que se apropriam de elementos da cultura periférica, vendendo-os a preços exorbitantes sem reconhecer ou valorizar suas origens. Por fim, o artigo propõe uma reflexão sobre os impactos dessa apropriação, questionando as estruturas de poder que perpetuam a invisibilização e a exploração das comunidades periféricas.