O LUTO E O ENCANTAMENTO COMO RESPOSTAS À PRODUÇÃO DE VIDAS NÃO VIVÍVEIS
DOI:
https://doi.org/10.46551/2448-30952025v31n203Palavras-chave:
Luto; Encantamento; Vida; Morte; Reconhecimento.Resumo
O presente artigo almeja produzir uma análise sobre a relação entre a ausência de luto pela perda de determinadas vidas e a precariedade dessas vidas que foram perdidas. Busca-se aqui compreender a relação entre a enlutabilidade presente no pensamento de Judith Butler e a construção de vidas que dada a tamanha precariedade a que são submetidas, não são vidas vivíveis. Para realizar essa tarefa, este texto se debruça em algumas obras da filósofa estadunidense Judith Butler, mais
especificamente nos livros: Vida Precária: os poderes do luto e da violência e Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto? Além disso, o texto mobiliza outros pensadores que ajudam no entendimento da enlutabilidade e do encantamento, tais como: Frantz Fanon, Achille Mbembe, Carla Rodrigues, Movimento Mães de Maio, Renata Gonçalves, Adilbênia Freire Machado, Eduardo David de Oliveira, Luiz Antonio Simas e Wanderson Flor do Nascimento. O trabalho buscará na concepção
de luto de Judith Butler um instrumento para pensar na gestão da vida e da morte imposta a determinadas vidas, defende-se que é possível enxergar o luto como uma significativa ferramenta ética e política a partir do pensamento da filósofa estadunidense, destacando a relevância de lembrar a dor da perda e a importância da vida dos que já morreram. Ademais, este artigo invocará o conceito de encantamento presente na filosofia afro-brasileira como um complemento ao enlutamento, esses dois conceitos podem se tornar respostas à violência que transforma algumas vidas e não visíveis e consequentemente em vidas não passíveis de luto.
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Referências
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