SINGULARIDADES DE UM CORPO NA UNIVERSIDADE

Resumo

Trata-se de cartografar políticas de força na universidade, a partir de experimentações cênicas realizadas durante eventos acadêmicos com um corpo-máscara-bufão, em três universidades brasileiras. Um corpo-máscara implica a produção de um circuito de afetos e conexões livres. Um corpo-máscara-bufão, dá visibilidade aos movimentos aberrantes que produzem variações nas formas corporais codificadas pela máquina capitalística, assentada num plano moral. Na universidade, age
como um movimento desorganizador para combater o pensamento da representação. Seu propósito é colocar a universidade numa mesa de autópsia para raspagem do juízo que captura forças ativas, produzindo políticas de sedentarização. Inspira-se em personagens comumente encontrados na Idade Média e no Renascimento, bufões, que faziam rir e divertir, usando o humor, o riso e a paródia, para relativizar a verdade e o medo. Esses estabeleciam um jogo de rebaixamento dos altos valores,
universais e abstratos, aproximando-os do que é material e vivo, para serem regenerados sob outros princípios, num movimento constante de rebaixamento e de regeneração. Seu corpo apresentava a brutalidade com que as formas eram rompidas para dar lugar a um corpo aberto e caótico à semelhança dos retratados por Hieronymus Bosch. O texto apresenta as primeiras incursões cênicas deste corpomáscara-bufão na universidade, como um engajamento colaborativo que objetiva agitar a cena universitária, precipitando jogos desde uma estética da precariedade no campo de forças que a produz.
Utiliza o texto “Escola de Bufões”, de Michel Ghelderode, reeditado na forma de um monólogo, para instalar um Teatro da Crueldade. Para tanto, opta por fazer alianças com os trabalhos de Joice Brondani, Artaud, Deleuze, Bakhtin, Tsing. Finda com as questões que dão início a essa produção, ao colocar sob suspeita as experimentações cênicas realizadas e seus efeitos na composição de uma cartografia sem finalidade.