MICROPOLÍTICAS SONORAS: A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA COMO RITORNELO DE RESISTÊNCIA POLÍTICA DURANTE A DITADURA MILITAR NO BRASIL

Resumo

Este trabalho explora a música popular brasileira (MPB) como um elemento de resistência política durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a partir das categorias filosóficas de Gilles Deleuze. Propõe-se analisar a MPB como uma força criadora que mobiliza afetos, perceptos e intensidades, capazes de subverter a censura e engendrar novas formas de resistência. A partir da
concepção deleuziana de arte como composição com forças exteriores e criação, investiga-se como canções como Aquele abraço, Cálice, e Ouro de Tolo apresentam as tensões da censura e da repressão, com uma construção estética que ressoa como linha de fuga. Por fim, destaca-se o papel da MPB como um devir-resistência, capaz de romper com formas opressoras, produzir novas subjetividades políticas e estéticas e “ritornelizar” o território cultural brasileiro, criando um espaço de memória, identidade e resistência que ainda ecoa nas lutas sociais e políticas contemporâneas.