Geoliteratura e Geopoética: Topofilia e Paisagem a partir da percepção do Menino em Campo Geral, de Guimarães Rosa
DOI:
10.46551/rvg2675239520242466498Palavras-chave:
Topofilia, Paisagem, Geopoética, Geoliteratura, MeninoResumo
A geoliteratura e geopoética destacaram-se, desde 1980, nas abordagens geográficas, filosóficas e literárias advindas dos estudos do filósofo francês Merleau-Ponty, do poeta e filósofo francês Michel Collot acerca da categoria paisagem, nas contribuições de Yi-Fu Tuan concernentes ao lugar e outros estudos dos geógrafos humanistas cujas reflexões têm favorecido grandemente os estudos geoliterários. Na geoliteratura, as categorias geográficas dialogam com a prosa/poesia e adquirem uma significação que perpassa o recorte espacial puramente geográfico. Este artigo objetiva analisar literária e geograficamente a relação de comunhão com o lugar e paisagem a partir da percepção do menino protagonista da narrativa Campo Geral (1956), de Guimarães Rosa, mediante a revisão literária do referido conto e seu diálogo com os estudos dos mencionados autores, além de outros filósofos e geógrafos. Frente ao apagamento das memórias, das identidades com/nos lugares e às destruições das paisagens construídas e naturais, faz-se necessário resgatar estas categorias a partir do olhar da criança. Identificaram-se no conto as relações da criança com o lugar, nos aspectos: infante, infância, o lar, animais domésticos, fauna e flora do Cerrado, ensino/aprendizagem, tradições e brinquedos. Sob este prisma, a paisagem mostrou-se como elemento de autoconstrução do ser e estar no mundo.
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