RELIGIÃO E A PROPAGAÇÃO DA IDEIA DE SUBMISSÃO DA MULHER

Autores

  • Paula Martins Sirelli
  • Marilia de Oliveira de Sousa

Resumo

Nestes apontamentos procuramos assinalar a necessidade de reflexão sobre a construção dos papeis sociais de sexo – esta construção não se dá de forma aleatória, mas com um objetivo político, econômico e ideológico de subjugar e objetificar a mulher, responsabilizando-a pela reprodução da força de trabalho no capitalismo, assim como da família monogâmica, heterossexual e conservadora. Ressaltamos aqui o papel da religião na propagação da ideia de submissão da mulher, seus vínculos com a sociabilidade capitalista e o Estado, tendo um importante papel na perpetuação de papeis sociais de sexo, da subalternidade, da objetificação e da violência contra a mulher. Concluímos ser um desafio para os profissionais reconhecer os instrumentos de dominação e opressão que perpassam o cotidiano das mulheres, bem como romper com o conservadorismo, em especial o religioso. Isto só é possível com a apreensão crítica da realidade e com a construção de direcionamento político e ideológico para o trabalho profissional, que se coloque na perspectiva dos direitos e da luta pela emancipação humana. Indicamos que as reflexões trazidas aqui são introdutórias, mas apontam a necessidade de intensificar estudos e pesquisas que aprofundem a análise de categorias como alienação e ideologia, as raízes do conservadorismo religioso e como ele se reatualiza nos dias atuais, bem como o exame crítico do crescimento da bancada evangélica no Congresso.

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Publicado

2020-02-17

Como Citar

Martins Sirelli , P., & de Oliveira de Sousa , M. (2020). RELIGIÃO E A PROPAGAÇÃO DA IDEIA DE SUBMISSÃO DA MULHER. Revista Serviço Social Em Perspectiva, 1(2), 200–218. Recuperado de https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/sesoperspectiva/article/view/972

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