RENOME | Revista norte-mineira de Enfermagem | v.14| n.01 |pg. 01-10 | 2025.
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RENOMERevista norte-mineira de Enfermagem
ISSN: 2317-3092
Submission date: 23/11/2024
Acceptance date: 17/12/2024
DOI: https://doi.org/10.46551/rnm20250101
Organization: Universidade Estadual de Montes Claros
Assessment: Double Blind Review by SEER/OJS
SAÚDE MENTAL DE ESTUDANTES DE MEDICINA E USO DE REDES SOCIAIS: UMA REVISÃO
INTEGRATIVA
Yasmim Bastos Murta Flores 1
Frederico Marques Andrade 2
RESUMO
Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar as evidências científicas disponíveis acerca da influência do
uso das redes sociais na saúde mental de estudantes de medicina, identificando os principais fatores de risco,
mecanismos associados e estratégias de enfrentamento. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da
literatura realizada nas bases PubMed/MEDLINE, SciELO, LILACS, BVS e Periódicos CAPES, utilizando os
descritores saúde mental”, “estudantes de medicina” e “redes sociais”, combinados com os operadores
booleanos AND e OR. Foram incluídos estudos publicados entre 2015 e 2024. A seleção seguiu as diretrizes
PRISMA e resultou em 21 artigos analisados. Resultados e Discussão: Os resultados evidenciaram associação
significativa entre uso excessivo das redes sociais e sintomas de ansiedade, depressão, estresse e burnout.
Fatores como comparação social ascendente, hiperconectividade, compulsão digital e uso como forma de fuga
emocional foram destacados. Embora predominem os impactos negativos, identificaram-se usos positivos das
redes sociais como suporte emocional e promoção de campanhas educativas. Implicações da Pesquisa: O estudo
reforça a necessidade de intervenções institucionais voltadas ao letramento digital e à promoção de saúde
mental entre estudantes da área da saúde. Originalidade/Valor: Esta revisão contribui para o campo da saúde
digital ao integrar dados nacionais e internacionais sobre um tema emergente, oferecendo subsídios para ações
acadêmicas, pedagógicas e de políticas públicas voltadas ao bem-estar discente.
Palavras-chave: saúde mental, estudantes de medicina, saúde pública, medicina.
MENTAL HEALTH OF MEDICAL STUDENTS AND SOCIAL MEDIA USE: AN INTEGRATIVE REVIEW
ABSTRACT
Objective: This study aimed to analyze the available scientific evidence on the influence of social media use on
the mental health of medical students, identifying the main risk factors, associated mechanisms, and coping
strategies. Method: This is an integrative literature review conducted in the PubMed/MEDLINE, SciELO, LILACS,
BVS, and CAPES Journals databases, using the descriptors “mental health,” “medical students,” and “social
media,” combined with the boolean operators AND and OR. Studies published between 2015 and 2024 were
included. The selection followed the PRISMA guidelines and resulted in 21 articles analyzed. Results and
Discussion: The findings indicated a significant association between excessive social media use and symptoms of
anxiety, depression, stress, and burnout. Factors such as upward social comparison, hyperconnectivity, digital
compulsion, and emotional escape behavior were highlighted. Despite the predominance of negative impacts,
positive uses of social media were identified, such as emotional support and the promotion of educational
campaigns. Research Implications: The study reinforces the need for institutional interventions focused on
digital literacy and mental health promotion among health students. Originality/Value: This review contributes
to the field of digital health by integrating national and international data on an emerging issue, offering input
for academic, pedagogical, and public policy actions aimed at student well-being.
Keywords: mental health, medical students, public health, medicine.
1 Acadêmica de Medicina, Centro Universitário FIPMoc UNIFIPMoc, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. E-mail: fbastosyasmim@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1577-6958
2 Enfermeiro, Doutor em Ciências da Saúde, Centro Universitário FIPMoc UNIFIPMoc e Universidade Estadual de Montes Claros
UNIMONTES, Centro Universitário FIPMoc UNIFIPMoc, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. E-mail: fredmarques.mg@gmail.com Orcid:
https://orcid.org/0000-0001-8770-8703
Saúde mental de estudantes de medicina e uso de redes sociais: uma revisão integrativa
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SALUD MENTAL DE ESTUDIANTES DE MEDICINA Y USO DE REDES SOCIALES: UNA REVISIÓN INTEGRATIVA
RESUMEN
Objetivo: Este estudio tuvo como objetivo analizar las evidencias científicas disponibles sobre la influencia del
uso de redes sociales en la salud mental de estudiantes de medicina, identificando los principales factores de
riesgo, mecanismos asociados y estrategias de afrontamiento. Método: Se trata de una revisión integrativa de la
literatura realizada en las bases de datos PubMed/MEDLINE, SciELO, LILACS, BVS y Periódicos CAPES, utilizando
los descriptores “salud mental”, “estudiantes de medicina” y “redes sociales”, combinados con los operadores
booleanos AND y OR. Se incluyeron estudios publicados entre 2015 y 2024. La selección siguió las directrices
PRISMA y resultó en 21 artículos analizados. Resultados y Discusión: Los resultados demostraron una asociación
significativa entre el uso excesivo de redes sociales y síntomas de ansiedad, depresión, estrés y agotamiento
emocional. Se destacaron factores como la comparación social ascendente, la hiperconectividad, la compulsión
digital y el uso como forma de escape emocional. A pesar del predominio de los impactos negativos, también se
identificaron usos positivos de las redes, como el apoyo emocional y la promoción de campañas educativas.
Implicaciones de la Investigación: El estudio refuerza la necesidad de intervenciones institucionales centradas
en la alfabetización digital y la promoción de la salud mental entre estudiantes del área de la salud.
Originalidad/Valor: Esta revisión contribuye al campo de la salud digital al integrar datos nacionales e
internacionales sobre un tema emergente, ofreciendo insumos para acciones académicas, pedagógicas y
políticas públicas orientadas al bienestar estudiantil.
Palabras clave: salud mental, estudiantes de medicina, salud pública, medicina.
RENOME adota a Licença de Atribuição CC BY do Creative Commons (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
INTRODUÇÃO
A saúde mental tem se tornado um eixo central das preocupações em saúde pública,
especialmente no contexto universitário, em que os estudantes estão expostos a múltiplas
pressões acadêmicas, emocionais e sociais. Entre os cursos mais exigentes, destaca-se o de
Medicina, cujos discentes enfrentam jornadas extensas, contato precoce com o sofrimento
humano e cobranças institucionais rigorosas. Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), aproximadamente 1 em cada 4 estudantes universitários apresenta algum transtorno
mental diagnosticável durante sua formação, sendo os quadros de ansiedade e depressão os
mais prevalentes (WHO, 2020).
Diversos estudos realizados no Brasil apontam que estudantes de Medicina estão
entre os mais afetados por transtornos mentais no ambiente universitário. Um levantamento
multicêntrico realizado por Pacheco et al. (2017) com mais de mil estudantes de medicina em
diferentes regiões do Brasil revelou que 41% apresentavam sintomas compatíveis com
depressão moderada a grave, enquanto 30% relatavam altos níveis de ansiedade. Outro
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estudo conduzido por Fogaça et al. (2020), com estudantes de uma instituição federal do
Sudeste, identificou prevalência de sintomas de burnout em mais de 60% dos entrevistados.
Paralelamente, observa-se o crescimento exponencial do uso de redes sociais digitais
como parte do cotidiano dos estudantes. Plataformas como Instagram, WhatsApp, TikTok e
Twitter (X) tornaram-se ferramentas quase indispensáveis para comunicação, entretenimento
e até para atividades acadêmicas. Contudo, o uso intensivo dessas mídias tem sido associado
a prejuízos à saúde mental, especialmente em indivíduos mais jovens, como os universitários.
Estudos apontam que a exposição prolongada a conteúdos idealizados, a constante
necessidade de validação social por meio de curtidas e comentários, e a comparação social
exacerbada podem contribuir para quadros de insatisfação com a autoimagem, ansiedade e
depressão (Keles et al., 2020; Andreassen, 2015; Huang, 2017).
No Brasil, o Estudo Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019, conduzido pelo
IBGE, havia identificado relações entre o tempo de tela e sintomas emocionais negativos
em adolescentes. Estudos mais recentes, como o de Silva et al. (2021), que investigou o
impacto das redes sociais em estudantes da área da saúde, revelam que o uso diário superior
a quatro horas está associado a níveis significativamente maiores de sintomas depressivos.
Além disso, evidencia-se um fenômeno emergente: a dependência de smartphones
e redes sociais digitais como forma de compensação emocional, gerando um ciclo de
retroalimentação entre sofrimento psíquico e compulsão digital. Essa dinâmica é
particularmente preocupante em estudantes de Medicina, uma vez que os mesmos também
podem desenvolver mecanismos de negação, autocobrança excessiva e resistência em buscar
ajuda psicológica, agravando o quadro clínico (Fernandes & Rocha, 2021).
Diante da crescente incidência de transtornos mentais entre estudantes de medicina
e da onipresença das redes sociais na vida cotidiana desses indivíduos, torna-se urgente
compreender como esses dois fenômenos se entrelaçam. O reconhecimento dos impactos
psicossociais das mídias digitais sobre a formação médica é essencial para fundamentar ações
de prevenção, acolhimento e intervenção nos espaços acadêmicos. Apesar do avanço das
pesquisas sobre saúde mental universitária, ainda são escassos os estudos que focam
especificamente na interação entre uso de redes sociais e bem-estar psíquico em estudantes
de medicina, especialmente no contexto latino-americano.
Assim, esta revisão integrativa se justifica por sua contribuição científica ao
consolidar o conhecimento atual sobre o tema, identificando fatores de risco, padrões de uso
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nocivo das redes sociais e estratégias institucionais de enfrentamento. Além disso, poderá
subsidiar políticas públicas e diretrizes institucionais para promoção da saúde mental e uso
consciente das tecnologias digitais.
O deste estudo foi o de analisar, por meio de uma revisão integrativa, as evidências
científicas nacionais e internacionais acerca da influência do uso das redes sociais na saúde
mental de estudantes de Medicina.
METODOLOGIA
Este estudo caracteriza-se como uma revisão integrativa da literatura, método que
permite a síntese de conhecimentos disponíveis sobre determinado fenômeno de forma
sistemática e crítica, integrando estudos com diferentes abordagens metodológicas e
delineamentos científicos. Essa estratégia metodológica é particularmente útil para áreas que
demandam compreensão ampla e consolidada de evidências, como é o caso da interface entre
saúde mental e uso de redes sociais entre estudantes de medicina.
A condução da revisão seguiu os seis passos propostos por Whittemore e Knafl
(2005), adaptados para a área da saúde: Elaboração da pergunta norteadora; Definição dos
critérios de inclusão e exclusão; Seleção das fontes de informação e literatura; Avaliação
crítica dos estudos incluídos; Extração e categorização dos dados; Análise, síntese e
apresentação dos resultados.
Para nortear o estudo, foi utilizada a estrutura metodológica PICo (População,
Interesse e Contexto), sendo definida da seguinte forma: P (População): Estudantes de
Medicina; I (Interesse): Influência do uso das redes sociais; Co (Contexto): Saúde mental e
bem-estar psicológico.
A pergunta de pesquisa formulada foi: “Quais são as evidências disponíveis na
literatura científica nacional e internacional sobre a influência do uso das redes sociais na
saúde mental de estudantes de medicina?”
A busca foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas: PubMed/MEDLINE;
SciELO (Scientific Electronic Library Online); LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde); Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Portal de Periódicos da CAPES.
A coleta foi realizada entre setembro e novembro de 2024, sem restrição quanto ao
idioma, desde que os estudos estivessem disponíveis em português, inglês ou espanhol.
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Os descritores controlados e não controlados utilizados foram: “saúde mental”
(mental health), “estudantes de medicina” (medical students), “redes sociais” (social media),
combinados por meio dos operadores booleanos AND e OR. Exemplo de combinação aplicada:
(“medical students” AND “social media” AND “mental health”).
Critérios de inclusão: Artigos publicados entre 2015 e 2024; Estudos primários
(quantitativos ou qualitativos), revisões sistemáticas ou integrativas; Amostras compostas por
estudantes de medicina, total ou parcialmente; Estudos que abordem diretamente a relação
entre redes sociais e saúde mental.
Critérios de exclusão: trabalhos com foco exclusivo em uso geral da internet ou jogos
eletrônicos; estudos com populações distintas (ex: adolescentes ou profissionais de saúde);
teses, dissertações, editoriais e resumos de eventos científicos.
A triagem dos artigos ocorreu em três fases: Leitura dos títulos; Análise dos resumos;
Leitura na íntegra dos textos potencialmente elegíveis.
Dois revisores independentes realizaram a triagem. As divergências foram resolvidas
por consenso ou por consulta a um terceiro revisor. O processo de seleção seguiu as
recomendações do PRISMA 2020 (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
Meta-Analyses). O resumo da estratégia de seleção é: Artigos identificados: 312. Remoção de
duplicatas: 92. Após leitura de títulos e resumos: 220. Avaliados na íntegra: 42. Incluídos na
revisão final: 21
Os dados extraídos dos estudos incluídos foram organizados em uma planilha
padronizada contendo: autores e ano de publicação; país de origem do estudo; tipo de estudo
e delineamento metodológico; instrumentos de avaliação utilizados (ex: DASS-21, GAD-7, BDI-
II); principais achados e conclusões.
A análise foi conduzida por meio de categorização temática, permitindo identificar
padrões comuns e recorrências nos resultados. A síntese dos achados orientou a discussão
crítica da presente revisão.
RESULTADOS
Dos 21 estudos incluídos na análise final, 13 foram conduzidos no Brasil, enquanto os
demais provêm dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Espanha. A maior parte dos
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estudos utilizou delineamento transversal com aplicação de questionários validados, como o
DASS-21, BDI-II, GAD-7 e escala de dependência de internet.
A análise temática revelou quatro categorias temáticas centrais: (1) Transtornos
Psicológicos Associados: Sintomas de ansiedade, depressão, estresse e burnout foram
associados ao tempo elevado de exposição às redes sociais. (2) Comportamentos
Disfuncionais: Uso noturno excessivo, uso compulsivo e checagem constante de notificações
foram comportamentos associados a maior prejuízo emocional. (3) Comparação Social e
Autoimagem: Estudantes relataram sentimentos de inadequação, inveja e insatisfação com o
próprio desempenho ao comparar suas rotinas com postagens idealizadas de colegas. (4)
Mecanismos de Enfrentamento: Alguns estudos relataram o uso positivo das redes sociais
como ferramenta de suporte emocional e troca entre pares, embora menos prevalente.
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos nesta revisão integrativa evidenciam uma associação
significativa entre o uso excessivo de redes sociais e o comprometimento da saúde mental de
estudantes de medicina, convergindo com achados da literatura internacional e nacional. Esse
impacto negativo é multifatorial e pode ser compreendido por meio de uma análise
interseccional entre aspectos psicológicos, neurobiológicos, sociais e institucionais.
Do ponto de vista psicológico, diversos estudos incluídos apontam que a exposição
prolongada às redes sociais está correlacionada ao aumento de sintomas de ansiedade,
depressão, estresse e baixa autoestima. Isso pode ser explicado pelo fenômeno da
comparação social ascendente, em que os estudantes se comparam a pares que aparentam
ter uma vida acadêmica ou pessoal mais satisfatória. Essa percepção, muitas vezes distorcida
pelas publicações idealizadas, intensifica sentimentos de inadequação, insuficiência e fracasso
pessoal (Hung, 2017; Ramos & Neves 2019).
A teoria da autodeterminação, proposta por Deci e Ryan, ajuda a entender esse
cenário, ao sugerir que o bem-estar psicológico depende da satisfação de três necessidades
básicas: autonomia, competência e relacionamento (Ryan & Deci, 2000). Quando os
estudantes de medicina percebem que estão aquém dos padrões exibidos nas redes sociais, a
frustração dessas necessidades psicológicas básicas pode levar ao sofrimento mental.
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Em paralelo, sob a ótica neurobiológica, pesquisas com neuroimagem funcional
indicam que o uso compulsivo de redes sociais ativa regiões cerebrais relacionadas ao sistema
de recompensa, como o núcleo accumbens e o córtex pré-frontal ventromedial. Isso provoca
um reforço dopaminérgico semelhante ao observado em quadros de dependência química,
gerando um ciclo de reforço positivo e aumento da compulsividade digital (Turel et al., 2014;
Montag et al., 2015). Esse padrão, associado ao uso noturno e à perda de controle sobre o
tempo gasto, contribui para o desenvolvimento de nomofobia, distúrbios de sono e
irritabilidade (Fernandes & Rocha, 2021).
O ambiente acadêmico do curso de Medicina, por sua vez, é caracterizado por alta
competitividade, pressão por desempenho e contato precoce com sofrimento e morte,
fatores que por si configuram um risco elevado para transtornos mentais. Quando esse
cenário se combina com o uso desregulado das mídias digitais, a saúde emocional dos
discentes se torna ainda mais vulnerável. Muitos estudantes relatam o uso das redes como
fuga emocional, o que, apesar de proporcionar alívio momentâneo, reforça a procrastinação,
o isolamento e o esgotamento emocional (Silva et al., 2021).
A literatura analisada também destaca o papel da hiperconectividade e da sobrecarga
de informações. O excesso de estímulos digitais interfere na atenção sustentada e na
capacidade de regulação emocional, prejudicando o desempenho acadêmico e a qualidade
das relações interpessoais. Além disso, alguns estudos sugerem que a superexposição a
eventos traumáticos ou estressores relatados por terceiros nas redes (como casos clínicos
extremos ou mortes) pode gerar um efeito de contágio emocional digital, intensificando
sintomas de angústia e ansiedade (Garcia & Silveira, 2019).
Apesar da predominância de efeitos negativos, a discussão não deve ser reducionista.
As redes sociais, quando utilizadas de forma consciente e com intencionalidade, podem
desempenhar um papel importante na promoção da saúde mental. Algumas evidências
apontam que grupos virtuais de apoio entre estudantes, perfis que promovem o autocuidado
e campanhas de desestigmatização da saúde mental são ferramentas relevantes para o
enfrentamento coletivo dos desafios da formação médica (Naslund et al., 2016).
Portanto, faz-se necessário que as instituições de ensino superior invistam em ações
estruturadas de letramento digital, educação midiática crítica e promoção de saúde mental,
considerando a centralidade que as redes sociais ocupam no cotidiano discente. Estratégias
como oficinas de regulação emocional, grupos de apoio psicossocial, mentorias acadêmicas e
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campanhas institucionais sobre o uso saudável das tecnologias são medidas promissoras que
podem reduzir os impactos deletérios identificados nesta revisão (Reis et al., 2020; Oliveira et
al., 2022).
A presente discussão reforça, ainda, a importância da escuta ativa aos estudantes, da
criação de ambientes empáticos e da inclusão da temática da saúde mental nos currículos
médicos, não apenas como conteúdo teórico, mas como prática transversal e ética na
formação profissional.
Esta revisão integrativa está sujeita a algumas limitações, como a heterogeneidade
metodológica dos estudos analisados, a preponderância de desenhos transversais e a escassez
de ensaios longitudinais com avaliação de impacto. Além disso, não foram incluídos estudos
inéditos ainda em processo de revisão ou publicados em plataformas não indexadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados analisados indicam que uma relação significativa entre o uso excessivo
das redes sociais e o comprometimento da saúde mental entre estudantes de medicina, com
destaque para sintomas de ansiedade, depressão e estresse. Esse cenário é agravado por
fatores institucionais, culturais e psicossociais que dificultam a busca por apoio.
Sugere-se o desenvolvimento de estudos longitudinais e intervenções controladas
que explorem estratégias institucionais de prevenção, como políticas de bem-estar digital,
programas de promoção de saúde mental e ambientes virtuais de aprendizagem
emocionalmente seguros. Investir em currículos que contemplem competências digitais
críticas pode representar um diferencial na formação médica do século XXI.
Trabalho de Iniciação científica realizado com o incentivo financeiro do programa Afycionados por
Ciências do Centro Universitário FIPMoc - UNIFIPMoc
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