REVISTA NORTE MINEIRA
DE ENFERMAGEM
ISSN: 2317-3092
Recebido em:
21/05/2022
Aprovado em:
25/07/2022
Como citar este artigo
Rocha SR, Andrade JMO, Oliveira LB, Andrade
FM. Qualidade de vida dos professionais de
enfermagem em um hospital universitário de
Minas Gerais. 2022; 11(1): 19-28.
Autor correspondente
Selma Ribeiro Rocha
Universidade Estadual de Montes Claros
Correio eletrônico:
selmamissoes2011@hotmail.com
ARTIGO ORIGINAL
QUALIDADE DE VIDA DOS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE
MINAS GERAIS
Quality of Life of Nursing Professionals in a University Hospital of
Minas Gerais
Selma Ribeiro Rocha1, João Marcus de Oliveira Andrade2, Lanuza Borges Oliveira 3, Frederico
Marques Andrade 4.
1 Enfermeira pela Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, MG, BR,
selmamissoes2011@hotmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8770-8703
2 Enfermeiro, Doutor em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros, Montes
Claros, MG, BR, joao_marcus13@unifipmoc.edu.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5705-0824
3 Enfermeira, Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Montes Claros, Montes
Claros, MG, BR, lanuza.borges@unifipmoc.edu.br, ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0001-654X
4 Enfermeiro, Mestre em Cuidados Primários em Saúde pela Universidade Estadual de Montes
Claros, Montes Claros, MG, BR, fredmarques.mg@gmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
8770-8703
DOI: https://doi.org/10.46551/rnm23173092202200104
Objetivo: avaliar a qualidade de vida dos profissionais de Enfermagem de um
hospital universitário de Minas Gerais, Brasil. Método: trata-se de estudo
exploratório, descritivo e quantitativo. Teve como cenário um hospital
universitário de Minas Gerais, Brasil. Os dados foram organizados e analisados
no programa estatístico Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 18.0
aplicando a estatística descritiva e sintaxe do WHOQOL-bref. Resultados:
identificou-se qualidade de vida boa nos domínios psicológico, relações sociais
e físico, e regular no domínio meio ambiente. Profissionais do sexo feminino
obtiveram menores escores em todos os domínios comprometendo assim a
qualidade de vida. Conclusões: recomendam-se ações efetivas de promoção da
saúde, especialmente para as profissionais com menores escores de qualidade
de vida.
Descritores: Qualidade de Vida; Saúde Ocupacional; Saúde do Trabalhador;
Enfermagem; Carga de Trabalho.
Objective: to evaluate the quality of life of Nursing professionals at a University
hospital in Minas Gerais, Brazil. Method: this is an exploratory, descriptive and
quantitative study. The setting was a university hospital in Minas Gerais, Brazil.
Data were organized and analyzed using the statistical program Statistical
Qualidade de vida dos professionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais
20
Rev Norte Mineira de enferm. 2020; 9(2): 19-28.
Package for Social Sciences (SPSS) 18.0, applying descriptive statistics and
syntax from the WHOQOL-bref. Results: good quality of life was identified in
the psychological, social and physical domains, and regular in the environment
domain. Female professionals obtained lower scores in all domains, thus
compromising their quality of life. Conclusions: effective health promotion
actions are recommended, especially for professionals with lower quality of life
scores.
DESCRIPTORS: Quality of Life; Occupational Health; Worker's health; Nursing;
Work load.
INTRODUÇÃO
O termo qualidade de vida (QV) surgiu antes de Aristóteles e era relacionado com as palavras “felicidade e virtude”, as quais
quando obtidas permitiriam ao indivíduo “boa vida”. Termos como bem-estar, necessidade, aspiração e satisfação também
estavam associadas à qualidade de vida. Em 1947 foi referenciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o conceito
incorporando, também, padrões de vida, de moradia, condições de trabalho e acesso médico. Assim, o conceito de QV vai além
da ausência de doenças, pois compreende aspectos subjetivos e objetivos e denota a necessidade de o ser humano buscar o
equilíbrio interno e externo1-3.
Existem diversos fatores que interferem na qualidade de vida, destacando-se os relacionados ao trabalho - Qualidade de Vida
no Trabalho (QVT). Essa definição está diretamente relacionada com a compreensão da dinâmica de trabalho, considerando
indicadores econômicos, sociais, individuais e como essa dinâmica afeta o bem-estar do trabalhador, seu desempenho e sua
satisfação3-4.
O trabalho tem o papel de inserção do homem no meio social e pode ser intensificador da motivação, criatividade e satisfação.
Contudo, pode ser gerador de distúrbios, alterações de humor, desajustes físicos e fonte de frustrações. Assim, algumas
profissões de maior risco enfrentam situações geradoras de estresse, como no setor saúde, no qual os profissionais de
enfermagem se encontram mais susceptíveis a sofrerem de problemas de saúde decorrentes do estresse ocupacional,
principalmente na área hospitalar 5-7.
Nesse contexto a Enfermagem representa uma das maiores forças de trabalho na saúde, representada pelas seguintes
categorias profissionais: enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem. Possuem suas características próprias, com a
fragmentação de tarefas, ríspida estrutura hierárquica, com extensas jornadas de trabalho, ritmo acelerado devido ao excesso
de tarefas, ações periódicas, escassez de pessoal e material, fragmentação das atividades, múltiplos turnos e complexidade das
ações realizadas. Os profissionais que atuam na área hospitalar, no Brasil, têm uma jornada de trabalho, com os plantões de 12
horas seguidas por 36 ou 60 horas de descanso, permitindo deste modo mais de uma atividade produtiva. Desse modo, isso
pode provocar a exaustão e fadiga, podendo até afetar a qualidade da assistência aos pacientes8-9,6.
Entende-se que quanto mais tempo o trabalhador dedicar ao trabalho menos tempo terá para a realização das suas atividades
pessoais e familiares, deixando, assim, suas tarefas domésticas, os cuidados e dedicação aos filhos, cuidados da sua própria
saúde, o lazer e outras atividades para segundo plano. Consequentemente, virão as cobranças por parte da família e de
pessoas próximas devido a essa ausência, o que afeta a qualidade de vida10-11.
O interesse pelo estudo desses profissionais é justificado pela natureza dos serviços que prestam e em descrever a qualidade
de vida, uma vez que a eficácia trabalho pode ter um impacto decisivo na saúde dos pacientes. Nesse contexto, este estudo
teve como objetivo avaliar a qualidade de vida dos profissionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais,
Brasil.
Qualidade de vida dos professionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais
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Rev Norte Mineira de enferm. 2020; 9(2): 19-28.
MÉTODO
Este estudo se caracteriza como exploratório, descritivo e quantitativo. Teve como cenário o Hospital Universitário Clemente
de Faria (HUCF) de Montes Claros, que integra a estrutura da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). É um
hospital de ensino, certificado pelo Ministério da Educação (MEC), exclusivamente público e dedica 100% dos seus leitos ao
Sistema Único de Saúde (SUS). Tem como principais referências o atendimento aos portadores de Infecções Sexualmente
Transmissíveis (ISTs). É referência para o atendimento à gestante de alto risco, acidentes causados por animais peçonhentos,
vítimas de violência sexual e intra-familiar, pacientes com transtorno mental, pediatria, clínica médica e
ginecologia/obstetrícia. Tendo os seus colaboradores mais especificamente os profissionais de enfermagem dos setores: clínica
médica A e B, pediatria, pronto socorro, clínica cirúrgica, central de materiais esterilizáveis, maternidade, bloco obstétrico e
cirúrgico, Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal e adulto.
Os dados foram coletados no período de 4 meses no ano de 2020. A amostra por censo foi constituído por 133 profissionais de
enfermagem, sendo 18 enfermeiros, 2 auxiliares de enfermagem e 113 técnicos de enfermagem. Para a coleta de dados, foi
aplicado um instrumento genérico de avaliação da QV, o World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-bref), que
consiste na versão abreviada do WHOQOL-100, ambos desenvolvidos pelo Grupo de Qualidade de Vida da OMS12. Contém 26
questões: duas questões universais, que não entram no cálculo dos escores dos domínios, sendo que uma se refere à vida e a
outra, à saúde. As outras 24 perguntas são relativas a quatro domínios e suas concernentes facetas, como segue: Domínio I -
físico, focalizando as seguintes facetas: dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, atividades da vida cotidiana,
dependência de medicação ou de tratamentos, capacidade de trabalho; Domínio II - psicológico, cujas facetas são: sentimentos
positivos, pensar, aprender, memória e concentração, auto-estima, imagem corporal e aparência, sentimentos negativos,
espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais; Domínio III - relações sociais, que inclui as facetas a seguir: relações pessoais,
suporte (apoio) social, atividade sexual; Domínio IV - meio ambiente, abordando as facetas: segurança física e proteção,
ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais, disponibilidade e qualidade, oportunidades de adquirir
novas informações e habilidades, participação em, e oportunidades de recreação/lazer, ambiente sico poluição, ruído,
trânsito, clima, transporte.
Para melhor compreensão dos escores de qualidade de vida dos profissionais, a escala foi divida em cinco itens, seguindo a
proposta de Padrão que apontam a qualidade de vida muito ruim (0-20); ruim (21-40); nem ruim nem boa (41-60); boa (61-80)
e muito boa (80-100). As questões (10 Como você avalia sua qualidade de vida? (muito ruim; ruim; nem ruim nem boa; boa;
muito boa) e (2) Quão satisfeito (a) você está com a sua saúde? (muito insatisfeito; insatisfeito; nem satisfeito nem insatisfeito;
satisfeito; muito satisfeito) foram analisadas separadamente, porque não estão incluídas nas equações para a sintaxe do
Whoqol6.
O questionário foi autoadministrado, assistido pelo entrevistador no local de trabalho dos trabalhadores de enfermagem, cujas
respostas referiram-se às duas últimas semanas anteriores ao dia da coleta de dados onde foram lidos, esclarecidos e foi
assinado o termo de consentimento para a participação nesta pesquisa. O questionário semiestruturado para análise
sociodemográfica do profissional de enfermagem continha as seguintes informações: data de nascimento, sexo, cor da pele
autodeclarada, naturalidade, estado civil, condições de moradia, local de residência, renda mensal da família, formação
universitária, trabalho, atividade com que mais se ocupa afora a função na atenção hospitalar, renda e fontes de informação
acerca dos acontecimentos atuais.
Para critérios de inclusão como sujeitos da pesquisa os mesmos deveriam estar desenvolvendo atividades assistenciais tanto
em plantões de seis horas ou em plantões de doze horas. Foram excluídos aqueles que estavam afastados do trabalho por
doença, licença gestação, férias e que não prestavam atendimento de assistência ao paciente.
Antes da análise dos dados, os questionários foram identificados por meio de códigos, preservando, assim o sigilo da
identidade dos profissionais. Após a coleta, os dados foram organizados e analisados com a utilização do programa estatístico
Statistical Package for Social Sciences (SPSS) 18.0. Para a análise de dados, aplicou-se a estatística descritiva com o uso de
frequências absolutas e relativas e cálculo de médias e desvios padrões. A fim de investigar associações entre variáveis
sociodemográficas e profissionais e os domínios da qualidade de vida com sintaxe do WHOQOL-bref.
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Este estudo obteve a aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES),
seguiram as normas da Resolução nº 466 de 2012. Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
Do total de 161 profissionais de enfermagem definidos pela amostragem por censo, 133 profissionais responderam aos
questionários, perfazendo uma taxa de resposta 82,6%. Sendo 18 (13,5%) enfermeiros, 113 (85%) técnicos de enfermagem e 2
(1,5% ) auxiliares de enfermagem.
As características sociodemográficas predominantes dos profissionais foram as seguintes: sexo feminino (68,4%) e (31,6%) do
sexo masculino. Por categoria a maioria foi do sexo feminino sendo, (69,9%) técnico de enfermagem e (61,1%) enfermeiro.
Porém, para a categoria auxiliar de enfermagem o percentual foi igual para ambos os sexos. A faixa etária de 31 a 40 anos foi a
predominante entre os profissionais de enfermagem em questão técnicos de enfermagem 78,8% e enfermeiro 21,1%.
entre os auxiliares de enfermagem predominou as seguintes faixas etárias: 41 a 50 anos (2,3%) e 51 anos ou mais (12,5%).
Quanto ao estado civil, a maioria dos profissionais por categoria era casadatécnico de enfermagem 84,2%, enfermeiro 13,7%
e auxiliar de enfermagem 1,9%. Além disso, a cor autodeclarada pelos técnicos de enfermagem foi parda (61,9%), enfermeiro a
cor branca (72,2%) e auxiliar de enfermagem foram negros e pardos (50%) para ambos; residem na cidade de Montes Claros
(enfermeiro 100%, técnico de enfermagem 93,7% e auxiliar de enfermagem 100%) e moram com a família (enfermeiro 88,8%,
técnico de enfermagem 86,7% e auxiliar de enfermagem 100%).
Ademais, a maioria possui uma renda brutal mensal entre R$ 3.111,00 e R$ 4.354,00 reais técnico de enfermagem (38,0%) e
enfermeiro (61,1%). Por outro lado, entre os auxiliares de enfermagem verificou-se que possuem renda bruta entre R$
1.867,00 e R$ 3.110,00 reais (100%).
Quanto à formação universitária, a metade dos enfermeiros possui pós-graduação completa (50%), pós-graduação em
andamento (5,5%), mestrado em andamento (22,2%) e mestrado completo (22,2%).
Os técnicos de enfermagem, em sua maior parte, trabalham no turno diurno (62,8%). Já, entre os enfermeiros e auxiliares de
enfermagem metade deles trabalham nos dois turnos. Entre os técnicos, a maioria não possui graduação (64,2%). Mas, todos
os auxiliares de enfermagem (100%) possuem.
Em relação ás atividades de lazer assistir TV: enfermeiros e técnicos de enfermagem responderam respectivamente (11,1%) e
(30,3%); ir ao teatro: técnico de enfermagem (1,7%); ir a bares, boates e etc: enfermeiros e técnicos respectivamente (5,5%) e
(1,7); leitura: técnicos de enfermagem (6,2%). Observou-se que a maioria optou pela opção outrasenfermeiro (83,3%),
técnico de enfermagem (59,8%) e auxiliar de enfermagem (100%).
Quanto á qualidade de vida geral, a maioria dos profissionais avaliou a saúde como boa (76,8%). Em relação a quão satisfeitos
os profissionais estão com a própria saúde, a maioria respondeu que estava satisfeita (74,8%).
Os resultados obtidos nas respostas do Whoqol foram expressos por médias e desvios padrões dos escores transformados
(percentuais), calculados previamente para cada um dos domínios. A maior variação de desvio padrão e a menor média dos
valores ocorreram no domínio “meio ambiente” (50,89; DP ± 10,99), que se mostrou o mais afetado. Ao passo, que o domínio
psicológico obteve o menor desvio padrão e a maior média entre os domínios (77,12; DP ± 5,01), sendo o aspecto mais positivo
da qualidade de vida dos profissionais. Em relação ao cargo de atuação, verificaram-se os maiores escores médios somente
entre os profissionais enfermeiros, nos domínios físicos (77,87; DP ± 20,66), psicológico (80,79; DP ± 9,27), relações sociais
(75,46; DP ± 8,31) e meio ambiente (62,5 DP ± 14,18) (Tabela 1).
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Tabela 1. Média e desvio padrão dos escores dos domínios de qualidade de vida (WHOQOL/bref) por categoria profissional de
enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais, Brasil 2020 (n: 133).
Domínios Enfermeiro Técnico de Auxiliar de Média Geral
Enfermagem Enfermagem
Físico
77,87 (± 20,66)
68,14 (± 14,94)
69,65 (± 2,47)
71,89 (± 5,24)
Psicológico
80,79 (±9,27)
71,41 (± 13,56)
79, 15 (± 5,86)
77,12 (± 5,01)
Relações Sociais
75,46 (± 8,31)
66,96 (± 13,86)
62,5 (± 41,29)
68,31 (± 6,58)
Meio Ambiente
62,5 (± 14,18)
49,53 (± 12,12)
40,65 (± 26,51)
50,89 (± 10,99)
A tabela 2 apresenta a associação dos escores da qualidade de vida com características sociodemográficas dos profissionais.
Nota-se que o domínio psicológico, obteve os maiores escores na variável idade, em destaque para os com 31 a 40 anos
(74,82; DP ± 9,92) obtendo assim, uma boa qualidade de vida.
Em relação ao estado civil, os profissionais que são casados, possuem os maiores escores médios no domínio psicológico
(75,82; DP ± 9,84). Sendo a média geral (69,97; ± 8,66) apresentando boa qualidade de vida. Os profissionais que moram com a
família (87,2%) obtiveram o maior escore no domínio relações social (68,75; DP ± 13,54). Em relação ao lazer, os domínios
relações sociais e físico registraram os maiores escores, respectivamente 83,33 (DP ± 8,35) e 78,56 (DP ± 15,72), para aqueles
que dedicam mais tempo a leitura a ir a bares, boates e etc, indicando melhor qualidade de vida para esses indivíduos. A maior
renda esteve associada a maiores escores de qualidade de vida, 86,10 (DP ± 4,84), no domínio relações sociais.
Tabela 2. Escores médios nos domínios da qualidade de vida de acordo com as características sociodemográficas dos
professores de enfermagem de um hospital universitário de Minas Gerais, Brasil 2020 (n: 133).
N (%)
Físico
Psicológico
Relações Sociais
Meio Ambiente
Média Geral
42
(31,6)
70,15
14,09)
76,38
10,83)
69,05
14,52)
55,88
13,06)
67,8
10,09)
91
(68,4)
68,18
16,46)
72,39
14,13)
67,58
13,69)
49,00
12,92)
64,28
11,49)
12
(9)
67,64
26,99)
73,61
14,13)
74,30
9,71)
64,05
10,19)
69,91
12,42)
71
(53,4)
70,72
10,73)
74,82
9,92)
70,19
11,40)
51,41
14,05)
66,78
7,75)
42
(31,6)
65,47
18,88)
70,82
17,91)
62,70
15,86)
46,28
14,73)
61,32
14,49)
8
(6,0)
71,00
12,86)
78,12
7,62)
67,71
10,19)
55,50
14,73)
68,06
10,61)
20
(15,0)
61,25
25,65)
65,00
23,77)
62,92
21,70)
49,07
15,27)
59,55
19,74)
102
(76,7)
70,84
13,11)
75,8
9,84)
69,53
11,93)
51,72
13,39)
69,97
8,66)
4
(3,0)
64,27
13,34)
68,75
7,99)
56,25
7,99)
48,43
12,10)
59,44
6,27)
6
(4,5)
62,48
(±8,36)
68,75
(±7,78)
66,66
(±11,78)
50,54
(±6,98)
62,10
(±5,89)
1
(8,0)
67,9
75
75
53,1
67,7
41
(30,8)
70,31
16,22)
75,91
12,16)
70,73
12,51)
53,74
11,73)
67,67
9,44)
15
(11,3)
64,51
22,56)
70,82
16,21)
67,22
16,80)
47,71
14,20)
62,57
15,27)
75
(56,4)
68,85
(±14,05)
73,22
12,96)
66,78
14,13)
49,84
12,93)
64,67
11,07)
Fonte: Elaboração com próprios dados da pesquisa.
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2
(1,5)
67,9
64,55
26,51)
66,65
11,80)
75,00
30,97)
68,55
11,38)
84
(63,2)
68,07
12,42)
74,10
9,72)
67,76
13,91)
50,41
12,23)
65,09
8,86)
33
(24,8)
70,57
19,80)
75,50
14,19)
68,94
13,38)
52,56
14,44)
66,88
13,08)
11
(8,3)
71,75
23,10)
69,69
25, 95)
69,70
15,93)
53,13
19,70)
66,06
19,16)
5
(3,8)
62,82
19,50)
62,40
17,92)
63,40
16,23)
50,62
8,09)
59,82
11,44)
130
(97,7)
68,77
15,84)
73,46
13,35)
67,88
14,04)
51,06
13,39)
65,29
11,23)
3
(2,3)
70,22
11,50)
81,94
(±2,37)
75
56,27
9,36)
70,84
6,72)
116
(87,2)
69,72
13,67)
74,85
10,75)
68,75
13,54)
51,99
12,92)
66,38
9,45)
10
(7,5)
57,51
27,01)
65,40
21,16)
61,67
17,65)
46,25
14,49)
57,71
18,74)
5
(3,8)
60,72
25,22)
60,84
32,20)
63,34
13,93)
45,02
20,08)
57,48
22,12)
2
(1,5)
80,37
2,50)
77,06
8,86)
70,81
12,92)
43,75
8,83)
68,01
3,79)
36
(27,3)
67,76
18,79)
72,33
15,30)
66,90
17,42)
51,04
15,81)
64,51
13,98)
2
(1,5)
66,07
2,51)
66,65
11,80)
62,50
17,67)
48,45
15,85)
60,91
17,04)
3
(2,3)
72,63
5,45)
75,00
83,00)
83,33
8,35)
58,33
6,49)
72,33
3,85)
4
(2,3)
78,56
15,72)
76,19
13,96)
72,61
14,20)
56,71
12,94)
71,01
11,73)
5
(2,3)
68,37
14,70)
74,05
17,42)
67,76
15,81)
50,56
12,46)
65,18
9,99)
10
(7,5)
71,80
22,28)
70,84
24,83)
66,67
15,21)
47,82
17,06)
64,27
17,46)
52
(39,1)
64,99
18,14)
71,47
12,60)
67,63
13,06)
49,88
13,81)
63,49
11,21)
4
(40,6)
71,49
9,75)
76,69
9,38)
67,90
12,98)
50,92
10,72)
66,75
8,37)
12
(9,0)
70,23
16,06)
71,87
15,80)
65,28
20,06)
58,34
16,53)
66,43
14,85)
2
(1,5)
50,00
25,31)
58,30
17,67)
79,15
5,86)
45,30
(±11,03)
58,25
3,18)
3
(2,3)
83,34
11,47)
83,33
11,05)
86,10
4,84)
64,57
14,09)
79,34
7,95)
14
(10,6)
64,54
20,47)
72,32
17,04)
69,65
16,53)
52,69
12,43)
64,80
14,82)
89
67,40)
69,03
15,55)
73,78
13,63)
67,23
13,51)
50,32
14,03)
65,09
11,16)
29
(22,0)
70,18
14,11)
73,84
10,48)
69,54
14,31)
53,56
11,35)
66,78
9,51)
Fonte: Elaboração com próprios dados da pesquisa.
Como demonstrado na Tabela 3, em relação aos que têm outro vínculo empregatício verificou-se maior escore no domínio
psicológico 78,95 (DP ± 14,39) para a opção outros, sendo a média geral de 69,96 (DP ± 14,62), classificando a qualidade de
Qualidade de vida dos professionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais
25
Rev Norte Mineira de enferm. 2020; 9(2): 19-28.
vida como boa. Quanto ao tempo de atuação na enfermagem, ocorreu associação estatisticamente significante nos domínios
psicológico e relação social até 10 anos, respectivamente com os maiores escores 73,30 (DP ± 14,29) e 71,78 (DP ± 15,31). o
domínio físico obteve o maior escore para os profissionais que atuam acima de 20 anos 76,31 (DP ± 11,11).
Entre o tipo de vínculo com a instituição, nota-se que os profissionais que são contratado/designado, obtiveram os maiores
escores em todos os domínios com uma média geral de 67,77 (DP ± 10,16). A dedicação exclusiva não foi contabilizada por se
tratar de um participante.
Quanto ao fato de técnicos ou auxiliares de enfermagem possuir graduação, obtiveram-se maiores escores médios em todos
os domínios, avaliando assim, boa qualidade de vida.
Tabela 3. Escores médios nos domínios da qualidade de vida de acordo com as características profissionais de enfermagem de
um hospital universitário de Minas Gerais, Brasil 2020 (n: 133).
Variáveis Escores médios da qualidade de vida e desvio padrão
Cargo
N(%)
Físico
Psicológico
Relações
Sociais
Meio
Ambiente
Média Geral
Enfermeiro
18
(13,5)
72,87
(±20,66)
80,79
(±9,27)
75,46
(±8,31)
62,50
(±14,18)
79,89
(±8,91)
Técnico de enfermagem
113
(85,0)
68,14
(±14,94)
71,41
(±13,56)
66.96
(±13,86)
49,53
(±12,12)
64,27
(±11,00)
Auxiliar de enfermagem
2
(1,5)
69,65
(±2,47)
79,15
(±5,86)
62,50
(±41,29)
40,65
(±26,51)
63,00
(±19,09)
Ausência de outro vínculo
73
(54,9)
69,52
(±13,54)
72,14
(±13,90)
66,78
(±14,98)
50,30
(±12,48)
64,68
(±10,47)
Trabalha em outro tipo de serviço
11
(8,3)
67,21
(±18,60)
71,20
(±14,48)
68,98
(±14,95)
55,97
(±13,15)
65,84
(±13,78)
Trabalha em outra instituição hospitalar
27
(20,3)
68,78
(±11,54)
75,30
(±9,38)
66,98
(±9,94)
47,22
(±10,59)
64,57
(±8,58)
Atuação na atenção primária à saúde
2
(1,5)
49,97
(±25,28)
66,65
(±5,86)
70,80
(±17,67)
35,93
(±2,20)
55,88
(±16,52)
Outro
20
(15,0)
68,98
(±24,16)
78,95
(±14,39)
73,34
(±13,67)
58,59
(±16,59)
69,96
(±14,62)
Tempo de atuação na área da enfermagem
Até 10 anos
31
(23,3)
68,01
(±20,95)
72,30
(±14,29)
71,78
(±15,31)
55,24
(±11,10)
66,83
(±11,99)
Entre 11 e 20 anos
83
(62,4)
69,44
(±14,25)
73,54
(±13,38)
66,36
(±12,57)
49,03
(±14,08)
64,60
(±11,18)
Acima de 20 anos
19
(14,3)
67,29
(±12,26)
76,3
(±11,11)
66,30
(±16,45)
53,79
(±11,58)
66,67
(±9,76)
Tipo de vínculo com a instituição
Contratado/
Designado
29
(21,8)
70,10
(±18,06)
78,16
(±10,89)
70,98
(±10,58)
51,84
(±12,26)
67,77
(±10,16)
Efetivo
103
(77,4)
68,30
(±15,09)
78,16
(±13,62)
67,07
(±14,64)
50,94
(±13,70)
64,64
(±11,36)
Dedicação exclusiva
1
(8)
82,1
87,5
83,3
56,3
77,3
Turno
Diurno
81
(60,9)
68,48
(±18,28)
71,81
(±14,79)
69,75
(±15,50)
55,37
(±13,59)
66,35
(±12,60)
Noturno
52
(39,1)
69,29
(±10,73)
76,52
(±9,93)
65,39
(±10,61)
44,65
(±9,86)
63,96
(±8,34)
Pausa no trabalho
Sim
116
(87,2)
69,73
(±13,26)
74,46
(±11,67)
67,89
(±13,42)
56,99
(±16,32)
64,17
(±17,03)
Não
17
(12,8)
62,46
(±26,94)
68,13
(±20,87)
69,12
(±13,37)
50,32
(±12,67)
65,60
(±10,11)
Qualidade de vida dos professionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais
26
Rev Norte Mineira de enferm. 2020; 9(2): 19-28.
Fez o curso técnico ou auxiliar em que tipo de instituição
Todo em instituição publica
15
(13,0)
64,04
(±18,13)
69,44
(±18,93)
63,32
(±14,01)
43,54
(±15,37)
60,09
(±13,59)
Todo em instituição particular
94
(81,7)
68,69
(±14,45)
72,82
(±12,66)
67,47
(±13,99)
49,80
(±11,60)
64,69
(±10,61)
Maior parte em instituição pública
4
(3,5)
66,97
(±11,80)
71,87
(±9,21)
58,35
(±19,22)
57,82
(±12,64)
63,75 (±8,62)
Maior parte em instituição particular
2
(1,7)
76,80
(±12,58)
83,35
(±11,80)
83,35
(±11,80)
57,80
(±6,64)
53,30
(±10,74)
Além do curso técnico ou auxiliar possui graduação (ões)
Sim
42
(36,8)
69,55
(±15,48)
73,70
(±12,25)
68,65
(±12,85)
53,28
(±12,63)
66,30
(±10,28)
Não
72
(63,2)
67,41
(±14,56)
71,87
(±14,27)
65,86
(±15,14)
47,22
(±11,72)
63,09
(±11,45)
Cursou ensino superior (enfermeiro)
Todo em instituição de ensino superior pública
11
(61,1)
73,14
(±25,98)
81,82
(±7,50)
76,50 (±8,99)
66,48
(±15,87)
74,47
(±10,31)
Todo em instituição de ensino superior particular
5
(27,8)
76,42
(±6,48)
85,83
(±4,75)
73,34 (±6,94)
58,12
(±6,09)
73,43
(±3,59)
Maior parte em instituição de ensino superior pública
2
(11,1)
62,50
(±7,63)
62,5
75,00
(±11,37)
51,55
(±15,48)
62,90
(±2,82)
Máximo de formação pós- graduação (enfermeiro)
Pós-graduação em andamento
1
(5,6)
75
87,5
66,7
65,63
73,7
Pós-graduação completa
9
(50,0)
65,59
(±25,99)
77,77
(±9,98)
73,14
(±10,75)
60,76
(±16,48)
69,31
(±8,85)
Mestrado em andamento
4
(22,22)
85,70
(±14,58)
83,34
(±4,80)
79,15
(±10,75)
71,09
(±16,09)
79,80
(±11,34)
Mestrado completo
4
(22,2)
75,88
(±3,4)
83,34
(±11,76)
79,15
(±4,79)
57,04
(±1,55)
73,85
(±3,04)
Fonte: Elaboração com próprios dados da pesquisa.
DISCUSSÃO
Em relação à qualidade de vida, esta pesquisa mostrou qualidade de vida boa no domínio psicológico, físico e relações sociais,
entretanto o domínio meio ambiente se apresentou como regular. Estudo similar, realizado no Hospital de Clínicas da
Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp) utilizando o Whoqol-Bref, com o objetivo de avaliar a qualidade de vida de
116 profissionais também verificou que houve menor escore para o domínio meio ambiente, com valor próximo encontrado
neste estudo. O local de trabalho não é o único fator decisivo para esta baixa média, pois a avaliação da qualidade de vida
compõe-se de outros aspectos pessoais além da atividade profissional14. Neste estudo, as variáveis que apresentaram
associação significativa sugerem a possibilidade de acesso a melhores condições financeiras; cuidados de saúde e sociais;
segurança física e proteção; oportunidade de adquirir novas informações e habilidades; participação em atividades de lazer15.
No presente estudo, verificou-se um maior escore no domínio psicológico classificando-se como boa qualidade de vida pelos
profissionais pesquisados. Em contrapartida um estudo realizado em um município do estado de Rio Grande do Sul constatou
menor escore (50) no domínio psicológico dos profissionais de enfermagem. Um dos fatores que interfere nesse domínio é a
ansiedade causada pelos apontamentos (baixa remuneração e a precariedade do emprego) e pelas relações interpessoais que
permeiam o trabalho diariamente, além do contato direto desses profissionais com o sofrimento humano dos usuários do
sistema de saúde16.
Um estudo realizado em um hospital privado, geral e de grande porte, localizado na cidade de São Paulo ao avaliar a QV e a
prevalência de sintomas depressivos entre técnicos e auxiliares de enfermagem verificou que o domínio físico obteve o
segundo menor escore, diferentemente dos dados encontrados nesta pesquisa, na qual o segundo maior escore foi do domínio
físico. Observa-se que os profissionais deste estudo têm a energia, sono e repouso preservados, a maioria são independentes
de medicações ou tratamentos para exercerem as atividades laborais, tendo capacidade para o trabalho17.
Qualidade de vida dos professionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais
27
Rev Norte Mineira de enferm. 2020; 9(2): 19-28.
Em uma revisão sistemática de trabalhos científicos que estudaram a qualidade de vida em trabalhadores da área da saúde,
mais especificamente enfermeiras de um hospital do Chile, obtiveram o maior escore no domínio relações sociais.
Contrapondo-se com os dados encontrados nesta pesquisa, sendo o segundo menor escore, porém, ainda dentro do limite de
satisfação em relação a esse domínio, não implicando negativamente na qualidade de vida dos profissionais em questão18.
Na associação dos domínios com as variáveis sociodemográficas, no presente estudo, o estado civil obteve maior escore médio
no domínio psicológico para os profissionais de enfermagem que possuem companheiros. De acordo um estudo realizado em
um hospital universitário de grande porte com 90 enfermeiros para avaliar a qualidade de vida, apontou que os casados
possuem melhor qualidade de vida argumentando principalmente conforto e apoio emocional. Pois, a vida conjugal possibilita
que os problemas sejam compartilhados pelo casal gerando um elemento importante de apoio psicológico19.
Quanto ao sexo, os homens obtiveram maior escore em todos os domínios. Em destaque o domínio psicológico com maior
escore médio. Em contrapartida, um estudo realizado em uma instituição de saúde considerada o maior complexo hospitalar
do interior de Mato Grosso do Sul, de caráter privado, filantrópico e conveniado ao SUS. Com objetivo de avaliar a qualidade
de vida e capacidade para o trabalho de profissionais de enfermagem com 129 profissionais, concluiu que em todos os
domínios significativos, as mulheres estão melhores em QV do que os homens. Pois trata-se de um elemento novo,
considerando que a profissão de enfermagem é predominantemente constituída por mulheres, que entrelaçam às atividades,
com longas jornadas responsabilidades profissionais, a ansiedade, o contato direto com a dor e o sofrimento dos pacientes e
familiares, os afazeres domésticos, o que pode contribuir substancialmente para a redução da QV 7,20.
Os profissionais que têm o vínculo com a instituição dedicação exclusiva e contratado/designado obtiveram maiores escores
nos domínios físico, psicológico e social. Porém, o domínio meio ambiente obteve escore regular. Segundo um estudo que
buscou avaliar a qualidade de vida no trabalho de enfermeiros de um hospital universitário, observou-se que quem era
funcionário público obteve maior escore. Indicando assim, que a estabilidade financeira proporcionada pelo o cargo efetivo
influenciou no escore de qualidade de vida. Desse modo obtendo um resultado diferente do presente estudo, visto que, ainda
se encontra dentro do limite de satisfação de QV. Mas, cabe ao gestor identificar os riscos que contribuíram para o resultado
do estudo, assim evitando uma futura regressão da QV dos profissionais11,19.
Os profissionais que trabalham no turno diurno obtiveram uma boa qualidade de vida nos domínios sico e social e uma QV
regular no domínio meio ambiente. Os mesmos resultados foram para o período noturno. Em contrapartida, em um estudo
realizado para avaliar a qualidade de vida de profissionais de enfermagem no setor de internação e emergência pediátrica de
um hospital público do Distrito Federal, com 30 profissionais, concluiu-se que os profissionais do turno diurno obtiveram a
qualidade de vida prejudicada, justificado pela rotina hospitalar, pelo fato da maioria das atividades da enfermagem serem
realizadas neste período. Ocasiona-se, assim, estresse e desgaste aos profissionais que os executam. O baixo escore no
domínio meio ambiente pode estar vinculado ao fato de o serviço não dispor de uma estrutura moderna e qualificada que
ofereça a seus colaboradores benefícios tais como: plano de saúde, serviço de transporte e creche satisfatórios, segurança
física, estabilidade profissional; paralelamente ocasiona prejuízos na participação de atividades escolares, o trabalho nos fins
de semana, feriados e período noturno21.
Identificou-se, ainda, que quem possui outro tipo de vínculo empregatício obteve o maior escore no domínio psicológico,
classificando assim, a QV como boa. o domínio meio ambiente como regular. Diferente de um estudo realizado por meio de
uma revisão sistemática 18 o domínio psicológico teve baixo escore, pois, conforme o estudo podem estar associados ao
sofrimento psíquico que, na maioria das vezes, se deve ao acúmulo de dois ou mais vínculos empregatícios; longas jornadas de
trabalho; escala de turnos, mesmo nos finais de semana ou feriados; ritmos acelerados de produção; pressão repressora e
autoritária; fragmentação de tarefas; desqualificação do trabalho realizado; e prejuízo na participação de atividades culturais,
sociais, entre outras.
A associação dos domínios com o variável tempo de atuação, nesta pesquisa, mostrou que os profissionais com tempo de
atuação até os dez anos alcançaram maiores escores nos domínios psicológico e relação social, classificando-os como: boa QV.
E os que atuam acima de 20 anos obtiveram o maior escore no domínio físico, classificando como boa qualidade de vida. No
entanto, profissionais que atuam entre 16 e 20 anos tiveram pior qualidade de vida21. Pois, pode estar relacionado ao desgaste
físico e mental acumulado durante os anos, assim como a satisfação com o trabalho. Percebe-se que o tempo de atuação para
Qualidade de vida dos professionais de enfermagem em um hospital universitário de Minas Gerais
28
Rev Norte Mineira de enferm. 2020; 9(2): 19-28.
os profissionais de enfermagem do presente estudo não interferiu nos domínios, obtendo assim um resultado positivo na
qualidade de vida. Não foi encontrado na literatura, estudos que confirmasse os achados da presente pesquisa.
A primeira limitação prende-se com o local da aplicação do instrumento de avaliação, ou seja, o fato de o seu preenchimento
ter ocorrido durante o turno de trabalho, exigindo assim tempo suficiente para o preenchimento do instrumento, os quais os
entrevistados alegaram não ter. A segunda limitação estar relacionada à resistência com a pesquisa, mesmo a instituição sendo
de caráter universitário, os profissionais não têm uma boa aceitação.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos na pesquisa e os objetivos propostos, foi possível concluir que a qualidade de vida dos
profissionais de enfermagem está comprometida no domínio meio ambiente. Demandando assim, uma maior atenção, uma
vez que a associação de uma boa qualidade de vida em todos os domínios favorece melhor qualidade de vida de maneira geral.
Todavia, os domínios que apresentaram boa qualidade de vida foram: físico, psicológico e relação social.
A associação das características sociodemográficas e profissionais com a qualidade de vida mostrou a necessidade de prestar
maior cuidado aos profissionais do sexo feminino por não apresentarem maiores médias em todos os domínios, evidenciando
maior necessidade de intervenção para essas profissionais.
Embora este estudo seja restrito a uma única instituição hospitalar universitária e a descrição da qualidade de vida tenha sido
feita de maneira abrangente, é relevante investigar essa temática, na perspectiva de propiciar melhoria na vida diária dos
profissionais. Assim, recomenda-se a realização de outras pesquisas no cenário da presente investigação e em outras
instituições hospitalares. Espera-se que este estudo subsidie as instituições hospitalares com ações efetivas no campo da
promoção da saúde e no fomento de avanços na qualidade da vida profissional.
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