REVISTA NORTE MINEIRA
DE ENFERMAGEM
ISSN: 2317-3092
Recebido em:
24/01/2022
Aprovado em:
13/06/2022
Como citar este artigo
Caixeta WHV, Soares MFN, Moreira KS, Souto
AMR, Gomes DL, Nassau DC, Gomes DC, Soares
IC, Veloso IGAL, Lafetá KRG, Silva PM, Costa FM,
Carneiro JA. Avaliação da fragilidade de idosos
longevos assistidos por centro de referência em
assistência à saúde do idoso. Rev Norte Mineira
de enferm. 2022; 11(1):05-11.
Autor correspondente
Fernanda Marques da Costa
Centro Universitário FIPMoc/Afya
UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG
Correio eletrônico:
fernanda.costa@professor.unifipmoc.com.br
ARTIGO ORIGINAL
AVALIAÇÃO DA FRAGILIDADE DE IDOSOS LONGEVOS ASSISTIDOS
POR CENTRO DE REFERÊNCIA EM ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO
IDOSO
Assessment of the fragility of long elderly assisted by a reference
center for health care for the elderly
Walker Henrique Viana Caixeta1, Mariano Fagundes Neto Soares2, Kênia Souto Moreira3, Aletheia
Maria Rodrigues Souto4, Daniela Lopes Gomes5, Daniella Cristina Nassau6, Denio de Castro Gomes7,
Igor Caldeira Soares8, Isis Gabriella Antunes Lopes Veloso9, Katia Regina Gandra Lafetá10, Patricia
Mameluque e Silva11, Fernanda Marques da Costa12, Jair Almeida Carneiro13.
1 Estudante de Medicina do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes
Claros-MG, Brasil. walkerhcaixeta@hotmail.com, ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2153-3709.
2 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
mariano.soares@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4067-3173.
3 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
kenia.moreira@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0661-616X.
4 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
aletheia.souto@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3443-4547.
5 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
daniela.gomes@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3289-5526.
6 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
daniellanassau@yahoo.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3351-9979.
7 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
deniocgomes@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0945-5645.
8 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
igor.soares@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8632-0421.
9 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
isisgabriella@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5398-7134.
10 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
katia.gandra@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1331-0596.
11 Professora Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
patricia.silva@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3554-381X.
12 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
fernanda.costa@professor.unifipmoc.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3008-7747.
13 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
jair.carneiro@orientador.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9501-918X.
DOI: https://doi.org/10.46551/rnm23173092202200102
Este estudo tem por objetivo avaliar a fragilidade de idosos longevos assistidos por um
Centro de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, localizado no norte de Minas
Gerais. Trata-se de estudo transversal, com amostragem por conveniência. Foram
realizadas análises descritivas das variáveis demográfica, social, econômica, clínica,
utilização de serviços de saúde e o escore da Escala de Fragilidade de Edmonton.
Participaram do estudo 89 idosos longevos. A maioria era do sexo feminino, vivia sem
companheiro e referia até quatro anos de estudo. Quanto à capacidade funcional, 25,8%
é dependente para a realização das atividades básicas da vida diária e 91,0%
dependente para as atividades instrumentais da vida diária. A prevalência de fragilidade
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foi 65,1%, sendo que 30,3% apresentou fragilidade leve, 28,1% fragilidade moderada e
6,7% fragilidade severa. Esperava-se prevalência maior de fragilidade em idosos
longevos. Conhecer o perfil da fragilidade de idosos longevos assistidos pelo CRASI
permite o desenvolvimento de ações de saúde para esse segmento populacional.
DESCRITORES: Idoso de 80 anos ou mais, Idoso Fragilizado, Saúde do Idoso.
This study aims to evaluate the fragility of the oldest old assisted by a Reference Center
for Health Care for the Elderly, located in the north of Minas Gerais. This is a cross-
sectional study with convenience sampling. Descriptive analyzes of demographic, social,
economic, clinical variables, use of health services and the score of the Edmonton Frailty
Scale were performed. Eighty-nine long-lived elderly participated in the study. Most
were female, lived without a partner and reported up to four years of study. As for
functional capacity, 25.8% are dependent for performing basic activities of daily living
and 91.0% are dependent for instrumental activities of daily living. The prevalence of
frailty was 65.1%, with 30.3% having mild frailty, 28.1% moderate frailty and 6.7%
severe frailty. A higher prevalence of frailty was expected in the oldest old. Knowing the
frailty profile of the oldest old assisted by CRASI allows the development of health
actions for this population segment.
Keywords: Aged 80 and over, Frail Elderly, Health of the Elderly.
INTRODUÇÃO
Com o envelhecimento populacional brasileiro, consequência da transição demográfica, a proporção de idosos com 80 anos ou
mais vem aumentando consideravelmente. O aumento progressivo e rápido da população idosa promove mudança do perfil
epidemiológico no país, com aumento da prevalência de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Tal fenômeno traz
implicações importantes, sobretudo, na área da saúde1-2.
Geralmente, idosos longevos apresentam um estado de vulnerabilidade fisiológica relacionada à idade, produzida pela reserva
homeostática diminuída e pela capacidade reduzida do organismo de enfrentar um número variado de desfechos negativos de
saúde, como internações hospitalares, quedas e perda funcional, com aumento da probabilidade de morte. Esse estado
clinicamente reconhecível é definido como fragilidade3-6.
A fragilidade constitui-se em uma síndrome multidimensional que envolve uma interação complexa de fatores biológicos,
psicológicos e sociais no curso de vida individual4,5. É resultante da diminuição das reservas energéticas decorrentes de
alterações relacionadas ao envelhecimento, composta por sarcopenia, desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica.
A descompensação da homeostase surge quando eventos agudos, físicos, sociais ou psicológicos são capazes de levar ao
aumento de efeitos deletérios sobre os diferentes sistemas orgânicos de idosos frágeis4,5.
A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais instituiu o Programa Mais Vida e a Rede de Atenção à Saúde do Idoso do
Estado de Minas Gerais diante da necessidade da implantação de uma rede de atenção à saúde da população idosa. O
Programa fundamenta-se na constituição de uma rede integrada de atenção à saúde do idoso, com ênfase em Centros de
Referência para Assistência à Saúde do Idoso (CRASI), com atendimento por equipe multiprofissional e atividades de
contrarreferência para as unidades básicas de saúde7.
Um dos centros do Programa Mais Vida está localizado no Norte de Minas Gerais e é referência para 96 municípios da região.
O perfil da população assistida ainda é pouco conhecido e até o momento não existem estudos que avaliam o nível de
fragilidade dos idosos longevos assistidos pelo CRASI. O conhecimento das condições de saúde dos idosos é fundamental para
que estratégias possam ser desenvolvidas e aplicadas nessa população. Este estudo tem por objetivo avaliar a fragilidade de
idosos longevos assistidos por um CRASI no norte de Minas Gerais.
Avaliação da fragilidade em idosos longevos
8
Rev Norte Mineira de enferm. 2022; 11(1): 05-11.
MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa transversal, com abordagem quantitativa, realizada com idosos longevos assistidos no Centro Mais
Vida de Referência em Assistência à Saúde do Idoso, situado em Montes Claros, norte de Minas Gerais, Brasil. A cidade conta
com uma população de aproximadamente 400 mil habitantes e representa o principal polo urbano regional.
A amostra foi obtida por amostragem de conveniência, conforme a demanda atendida, durante os meses de maio a julho de
2015, considerando a dificuldade de seleção aleatória. Os dados foram coletados, de forma primária, por meio de contato
direto e entrevistas com a população-alvo. Foram excluídos idosos cujos cuidadores ou familiares recusaram a participação no
estudo. Os entrevistadores foram previamente treinados e calibrados. O instrumento de coleta de dados utilizado teve como
base estudos similares, de base populacional, e foi previamente testado em estudo-piloto. A fragilidade no idoso foi
mensurada pela Edmonton Frail Scale (EFS), adaptada culturalmente e validada para a língua portuguesa8.
Trata-se de um instrumento que avalia nove domínios: cognição, estado de saúde, independência funcional, suporte social, uso
de medicação, nutrição, humor, continência urinária e desempenho funcional, distribuídos em 11 itens com pontuação de zero
a 17. A pontuação da EFS pode variar entre 0-4, indicando que não presença de fragilidade; 5-6, aparentemente vulnerável
para fragilidade; 7-8, fragilidade leve; 9-10, fragilidade moderada; e 11 ou mais, fragilidade severa9.
As características demográficas e sociais, bem como referentes a morbidades e a utilização de serviços de saúde também
foram coletadas: sexo, faixa etária, cor da pele autorreferida, situação conjugal, renda própria, escolaridade, presença de DCNT
autorreferidas (hipertensão arterial, diabetes mellitus, doença cardíaca, doenças osteoarticulares, osteoporose, acidente
vascular encefálico), sintomas depressivos, definidos pela versão reduzida da escala de depressão geriátrica de Yesavage,
Geriatric Depression Scale - GDS -15, na qual uma pontuação igual ou maior que seis identifica sintomatologia depressiva10,
presença de cuidador e queda no último ano. A incapacidade funcional foi definida pelas limitações nas atividades básicas da
vida diária (ABVD), mensuradas pelo Índice de Katz 11. As limitações nas atividades instrumentais da vida de diária (AIVD) foram
avaliadas pela Escala de Lawton e Brody12.
Com base na escala de Lawton e Brody12, os idosos são classificados como independentes para as AIVD quando obtêm escore
de 27 pontos e aqueles com pontuação ≤ 26 pontos são dependentes (13). O índice de Katz estabelece uma pontuação entre 0
a 3 pontos, sendo o idoso completamente independente para as ABVD quando possui um escore 0; com pontuação 1, o
indivíduo necessita de auxílio de algum acessório (bengalas, barras, apoio em móveis) para a realização das atividades; com 2
pontos, é essencial a ajuda humana para executar as tarefas, e idosos com 3 pontos nas ABVD são classificados como
completamente dependentes 8. Tanto a escala de ABVD quanto de AIVD são recomendadas pelo Ministério da Saúde, e foram
validadas e adaptadas para a realidade brasileira13.
A avaliação da autopercepção de saúde foi realizada por meio da questão “Como o(a) Sr(a) classificaria seu estado de saúde?”.
As opções de resposta eram: Muito bom”, “Bom”, “Regular”, “Ruim” ou “Muito ruim”. Para análise, as respostas foram
dicotomizadas e assumiu-se como percepção positiva da saúde as respostas “Muito bom” e “Bom” e percepção negativa da
saúde o somatório das respostas “Regular”, Ruim” e “Muito Ruim”, seguindo estudos similares sobre o tema14-16. Foram
realizadas análises descritivas da fragilidade em idosos. Todos os participantes foram orientados sobre a pesquisa e
apresentaram sua anuência, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
RESULTADOS
Participaram do estudo 89 idosos longevos. A maioria era do sexo feminino (79,8%), sem companheiro (71,9%) e referia até
quatro anos de estudo (91,0%). Todos possuíam renda própria. A prevalência de fragilidade foi 65,1%. Em relação ao perfil da
fragilidade, 17 (19,1%) não possui fragilidade, 14 (15,7%) aparentemente vulnerável, 27 (30,3%) apresentam fragilidade leve,
25 (28,1%) fragilidade moderada e 6 (6,7%) fragilidade severa. Outras características do grupo revelaram que 51,7% possuíam
cuidador. Quanto às condições clínicas referidas, 78,7% eram hipertensos, 65,2% dos idosos sofreram queda no último ano,
41,6% referiram doenças osteoarticulares, 38,2% revelaram sintoma depressivos, 36,0% apresentavam osteoporose, 28,1%
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possuíam doença cardíaca, 15,7% história de AVE e 13,5% eram diabéticos. Quanto à capacidade funcional, 25,8% dos idosos
longevos é dependente para a realização das atividades básicas da vida diária e 91,0% dependente para as atividades
instrumentais da vida diária. A autopercepção positiva da saúde foi identificada em 46,1% dos idosos longevos. Outras
características demográficas, sociais, econômicas e clínicas de idosos longevos assistidos pelo CRASI estão na tabela 1.
Tabela 1- Caracterização demográfica, social, econômica, clínica e utilização de serviços de saúde de idosos longevos assistidos pelo CRASI, Montes Claros,
Minas Gerais, Brasil. 2015. (n=89)
Variáveis
n
Sexo
Masculino
18
Feminino
71
Cor
Branca
35
Outras
54
Estado Conjugal
Com companheiro
25
Sem companheiro
64
Arranjo Familiar
Não reside sozinho
75
Reside sozinho
14
Possui renda própria
Sim
89
Não
0
Renda familiar categorizada
Mais de um salário
57
Até 1 salário
32
Escolaridade
Mais de 4 anos
8
Até 4 anos
81
Capacidade para leitura (sabe ler)
Sim
44
Não
45
Depressão
Sim
34
Não
55
Hipertensão arterial
Sim
70
Não
19
Diabetes mellitus
Sim
12
Não
77
Cardiopatias
Sim
25
Não
64
Doença osteoarticular
Sim
37
Não
52
Osteoporose
Sim
32
Não
57
Acidente vascular encefálico (AVE)
Sim
14
Não
75
Câncer
Sim
6
Não
83
Quedas
Sim
58
Não
31
Polifarmácia
Sim
27
Não
62
Internação no último ano
Uma ou mais
22
Avaliação da fragilidade em idosos longevos
10
Rev Norte Mineira de enferm. 2022; 11(1): 05-11.
Nenhuma
67
Cuidador
Não
43
Autopercepção de saúde
Positiva
41
Negativa
48
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)
Dependente
81
Independente
8
Atividades Básicas de Vida Diária (ABVD)
Dependente
23
Independente
66
DISCUSSÃO
Este estudo permitiu avaliar a fragilidade, bem como conhecer as características demográficas, sociais, econômicas, clínicas e
utilização de serviços de saúde em idosos longevos assistidos pelo CRASI. A prevalência de fragilidade foi 65,1%, sendo que
30,3% apresentou fragilidade leve, 28,1% fragilidade moderada e 6,7% fragilidade severa.
Estudo realizado com idosos longevos em Curitiba mostra predomínio do sexo feminino, viúvo, que residia com familiares e
possui situação financeira satisfatória. Concluiu que a variável idade foi a que mais contribuiu para o processo de fragilização
dos longevos que residem na comunidade 17. Estudos nacionais com longevos apontam maior número de mulheres, na
condição de viuvez e com baixa escolaridade18-19. Resultados semelhantes aos encontrados neste estudo.
Estudo realizado no Rio Grande do Sul, utilizando os critérios propostos por Fried para identificar a fragilidade, entre os 69
idosos longevos, 58% eram frágeis e 42% pré-frágeis, com maior frequência de diminuição de velocidade da marcha, perda de
peso e fadiga20. Talvez a utilização diferente de instrumentos para identificação de idosos frágeis possa justificar essa diferença
na prevalência entre os estudos. Esperava-se prevalência maior de fragilidade nos idosos longevos analisados, visto que a
resolução que dispõe sobre o Programa Mais Vida, Rede de Atenção à Saúde do Idoso de Minas Gerais7 considera idoso frágil
todos os idosos com 80 anos de idade ou mais.
Em relação a avaliação da capacidade funcional, este estudo mostrou que 25,8% dos idosos longevos é dependente para a
realização das ABVD e 91,0% dependente para as AIVD. Estudo realizado na Bahia21 com idosos longevos residentes em
domicílio, verificou-se uma maior distribuição de idosos classificados como independentes nas ABVD (59,0%) e dependentes
nas AIVD (80,3%). Os idosos longevos avaliados na comunidade apresentaram menor prevalência de dependência para as
ABVD e AIVD em relação àqueles assistidos pelo CRASI. Espera-se que idosos assistidos na atenção secundária apresentem
maior prevalência de incapacidade funcional quando comparado aos idosos acompanhados na atenção primária.
Quanto a autopercepção de saúde, 46,1% dos idosos longevos referiram autopercepção positiva da saúde neste estudo. Em
Santa Catarina, a prevalência de autopercepção de saúde positiva foi de 41,4%22. A autopercepção de saúde positiva foi
ligeiramente maior em idosos assistidos na atenção secundária.
O presente estudo apresenta algumas limitações. Trata-se de amostra de conveniência, realizada em um centro de referência à
saúde do idoso, em que a validade externa fica limitada e os resultados podem ser extrapolados apenas para uma população
semelhante. Além do mais, não foi realizada Avaliação Geriátrica Abrangente na investigação proposta por este estudo para
avaliar a fragilidade. Contudo, esse procedimento foi realizado previamente para validação do instrumento utilizado neste
estudo para identificar e classificar a fragilidade. Deve-se ponderar ainda que alguns componentes dos instrumentos utilizados
são autorrelatados e dependem da memória do idoso entrevistado ou de seu cuidador. Todavia, a despeito dessas limitações,
este trabalho utilizou instrumento padronizado, adaptado à cultura brasileira e apresentou ainda resultados semelhantes
aos encontrados em estudos com metodologia mais robusta.
CONCLUSÃO
Avaliação da fragilidade em idosos longevos
11
Rev Norte Mineira de enferm. 2022; 11(1): 05-11.
O estudo mostrou que a prevalência de fragilidade em idosos longevos assistidos pelo CRASI foi de 65,1%. Esperava-se
prevalência maior da fragilidade, visto que a resolução do Programa Mais Vida da Rede de Atenção à Saúde do Idoso de Minas
Gerais considera frágil todos os idosos com 80 anos de idade ou mais.
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