Perspectivas de Gestantes em Pré-Natal na Atenção Básica no Contexto da Pandemia de COVID-19
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Rev Norte Mineira de enferm. 2022; 11(1): 44-53.
“Para mim é um pouco perturbador, porque eu não tenho apoio de ninguém e cuidar de mais um ainda é
mais difícil”. (G15)
As questões financeiras e de inserção no mundo do trabalho foram expressas e demonstram a preocupação das
gestantes com o atual contexto socioeconômico e político, bem como os vínculos empregatícios e condições para garantir o
direito ao trabalho.
“Coisa boa não, porque você vai ao mercado, os preços estão um absurdo. Você não consegue sair, tudo
que você vai fazer o gasto parece que é o dobro, é um medo de pegar doença, qualquer gripe já fala: estou
com COVID(...). A médica estava me afastando, mas a empresa não quer considerar”. (G7)
“Fica complicado em questão de serviço, porque eu trabalho com público, eu não sou registrada, sou
anônima, autônoma, quero dizer. Então, querendo ou não, fica complicado por causa disso. Trabalho com
eventos, então, não pode ter eventos porque você tem contato direto com o público, então nesse caso
complicou”. (G11)
Mesmo com o uso de tecnologias digitais de informação e comunicação associadas a diferentes dispositivos
eletrônicos e de telefonia móvel, as gestantes enfatizam a sensação de isolamento e a impossibilidade de promover encontros
familiares próprios da gravidez induzidos pela “vida em telas digitais”.
“Mudou muita coisa, antes a gente podia sair, fazer as coisas, agora, totalmente, distanciou de todo
mundo, só através de WhatsApp a gente se comunica”. (G2)
“É bem triste, a gente não pode compartilhar a gravidez com os familiares, não poder fazer o chá de bebê,
não poder fazer nada, só pelo celular, é bem triste, é bem diferente com o que a gente está acostumado a
viver”. (G13)
Estratégias para enfrentar a COVID-19
Com 93 destaques, este tema aglutinou medidas preventivas individuais e coletivas, bem como percepções sobre as
fontes de informação e os meios de comunicação para buscar formas de cuidar de si e dos outros em tempos pandêmicos.As
“medidas preventivas” mencionadas pelas gestantes indicaram lacunas sobre a proteção mais efetiva, em especial, nas visitas
à família e reforçaram a vacina contra COVID-19 como um recurso importante.
“Mas as pessoas têm que continuar se cuidando, usar máscara e álcool em gel, porque não é algo que vai
passar tão rápido, não tem a vacina, quando vier a vacina pelo que eu vi não sabe o tempo que vai durar
no corpo da pessoa”. (G1)
“Espero não receber muita visita, é muito arriscado, tanto para neném, quanto para minha avó, que eu
moro junto com ela também, que já é de idade”. (G14)
Contudo, convém indicar que houve falas contrárias ou com um posicionamento negacionista de algumas medidas
preventivas.
“Horrível, tem que ficar o tempo todo com essa porcaria na cara [máscara], eu tenho bronquite, rinite,
sinusite”. (G4)
“Deveria acabar logo, sou sincera, porque, eles tentaram isolar tanto e olha o tanto de gente que morreu,
então se tiver que acontecer, vai acontecer, sabe, que esse andar de máscara, vamos ser sincera, para
quê?”. (G5)
O “uso de máscaras” foi a principal estratégia associada a equipamento de proteção individual contra a transmissão
do SARS-Cov-2 destacada pelas gestantes partícipes, porém, com ressalvas sobre a usabilidade deste recurso no cotidiano.
“(...) Usar máscara às vezes incomoda, tem pessoas que têm rinite, essas coisas [problemas respiratórios],
não consegue usar máscara direito. Tem lugar que, às vezes que você vai, você esquece, não pode entrar,
meio complicado, eu acho”. (G9)