EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: O DESAFIO DA INCLUSÃO ESCOLAR

ADAPTED PHYSICAL EDUCATION: THE CHALLENGE OF SCHOOL INCLUSION

EDUCACIÓN FÍSICA ADAPTADA: EL DESAFÍO DE LA INCLUSIÓN ESCOLAR

 

Regiane Osório Pereira [1]

Universidade Estadual de Montes Claros -Unimontes

Samanda Fernandes Costa Souza [2]

Universidade Estadual de Montes Claros -Unimontes

 

 

Vivianne Margareth Chaves Pereira Reis3

Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

Anna Clara Figueiredo Ferreira Batista4

Universidade de Uberaba - Uniube

 

 

Katrice Almeida de Souza 5

Universidade Federal de Mato Grosso - UFMS

Marcos Antônio de Araújo Leite Filho 6

Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes

 

 

RESUMO

A Educação Física inclusiva no Brasil tem se destacado como uma ferramenta essencial na promoção da igualdade de oportunidades educacionais, especialmente para estudantes com deficiência. A Política Nacional de Educação Física na Perspectiva da Educação Inclusiva tem impulsionado essa abordagem, garantindo o acesso desses estudantes ao ensino regular e promovendo uma reorganização pedagógica que atenda às necessidades individuais. O objetivo deste estudo é investigar como as aulas de Educação Física podem efetivamente contribuir para a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular, e quais são os desafios e as dificuldades encontrados pelos profissionais da educação durante esse processo de inclusão. A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura sistemática, baseada na análise de artigos publicados entre 2008 e 2023 em bases de dados relevantes. Os principais resultados indicam que, embora a inclusão seja uma prática em evolução, ainda há barreiras estruturais e culturais que dificultam sua plena implementação. Além disso, o estudo identificou a importância da capacitação contínua dos professores para garantir práticas inclusivas eficazes. Como conclusão, este trabalho reforça a necessidade de políticas educacionais mais robustas e investimentos em infraestrutura escolar acessível, visando a criação de um ambiente educacional mais acolhedor e igualitário.

Palavras-chave: Inclusão Escolar. Educação Física Adaptada. Desenvolvimento Educacional.

 

 

ABSTRACT

Inclusive Physical Education in Brazil has emerged as an essential tool for promoting equal educational opportunities, particularly for students with disabilities. The National Policy on Physical Education from the Perspective of Inclusive Education has driven this approach, ensuring access for these students to regular education and promoting a pedagogical reorganization that meets individual needs. The objective of this study is to investigate the role of Physical Education in promoting the inclusion of students with disabilities, analyzing how this discipline contributes to inclusion and the role of the physical educator as a facilitator of this process. The methodology employed was a systematic literature review, based on the analysis of articles published between 2008 and 2023 in relevant databases. The main findings indicate that, although inclusion is an evolving practice, there are still structural and cultural barriers that hinder its full implementation. Additionally, the study identified the importance of continuous teacher training to ensure effective inclusive practices. In conclusion, this work reinforces the need for more robust educational policies and investments in accessible school infrastructure, aiming to create a more welcoming and equitable educational environment.

Keywords: School Inclusion. Adapted Physical Education. Educational Development.

 

RESUMEN

La Educación Física inclusiva en Brasil ha surgido como una herramienta esencial para la promoción de la igualdad de oportunidades educativas, especialmente para los estudiantes con discapacidades. La Política Nacional de Educación Física desde la Perspectiva de la Educación Inclusiva ha impulsado este enfoque, asegurando el acceso de estos estudiantes a la educación regular y promoviendo una reorganización pedagógica que atienda las necesidades individuales. El objetivo de este estudio es investigar el papel de la Educación Física en la promoción de la inclusión de estudiantes con discapacidades, analizando cómo esta disciplina contribuye a la inclusión y el papel del educador físico como facilitador de este proceso. La metodología empleada fue una revisión sistemática de literatura, basada en el análisis de artículos publicados entre 2008 y 2023 en bases de datos relevantes. Los principales hallazgos indican que, aunque la inclusión es una práctica en evolución, aún existen barreras estructurales y culturales que dificultan su plena implementación. Además, el estudio identificó la importancia de la capacitación continua de los docentes para garantizar prácticas inclusivas efectivas. En conclusión, este trabajo refuerza la necesidad de políticas educativas más robustas y de inversiones en infraestructura escolar accesible, con el objetivo de crear un entorno educativo más acogedor y equitativo.

Palabras clave: Inclusión Escolar. Educación Física Adaptada. Desarrollo Educativo

 

INTRODUÇÃO  

A Educação Física inclusiva no Brasil está em constante evolução, impulsionada pela Política Nacional de Educação Física na Perspectiva da Educação Inclusiva (Brasil, 2008). Essa política garante o acesso de estudantes com deficiência – seja ela física, intelectual, auditiva ou visual – ao ensino regular, desde a educação fundamental até o ensino superior, representando um avanço significativo na promoção da igualdade de oportunidades educacionais (Brasil, 1996). A inclusão escolar, que busca garantir que nenhuma criança seja deixada à margem do ensino regular, é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária (Mantoan, 2003).

Essa inclusão implica uma reorganização do sistema pedagógico, levando em consideração as necessidades individuais de cada aluno e buscando soluções que permitam superar as barreiras impostas pelas deficiências (Sassaki, 1997). Ao reconhecer as dificuldades enfrentadas nos sistemas de ensino e a necessidade de confrontar práticas discriminatórias, a educação inclusiva emerge como um tema central no debate contemporâneo sobre o papel da escola na superação da exclusão social (Mittler, 2008). Essa transformação exige uma mudança estrutural e cultural nas escolas, para que todas as especificidades dos alunos sejam atendidas adequadamente (Brasil, 2005). Portanto o presente artigo se justifica para alertar e demonstrar a importância de se trabalhar a educação física inclusiva no Brasil, mais especificamente dentro das escolas, com o intuito de garantir que essas crianças e adolescentes possam receber o tratamento adequado durante a realização das práticas esportivas, respeitando suas limitações, entretanto sem nenhuma discriminação, pois infelizmente as escolas atualmente ainda enfrentam inúmeros desafios quando se trata de inclusão de pessoas com necessidades especiais.

Dentro do ambiente escolar, a Educação Física desempenha um papel crucial no desenvolvimento integral dos alunos, ao promover competências motoras, cognitivas, sociais e psicológicas (Souza, 2018). Os professores de Educação Física assumem a responsabilidade de serem facilitadores desse desenvolvimento, reconhecendo as necessidades individuais de cada aluno e buscando ações que promovam a plena inclusão nas atividades físicas e esportivas, sem discriminação ou exclusão (Costa, 2010).

Como disciplina obrigatória em todas as séries da educação básica, a Educação Física tem como uma de suas principais funções a promoção da inclusão escolar, incentivando a interação entre todos os alunos, independentemente de suas habilidades ou limitações (Brito; Lima, 2012). Nesse sentido, os educadores físicos são atores essenciais na construção de um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor.

Apesar dos avanços promovidos pelas políticas de inclusão, o desafio de efetivar a inclusão nas aulas de Educação Física persiste. Diversos estudos indicam que muitos professores ainda enfrentam dificuldades em adaptar suas práticas para atender às necessidades de alunos com deficiência, o que gera exclusão indireta (Fernandes; Alves, 2024). O Objetivo geral que este estudo pretende abordar é: como as aulas de Educação Física podem efetivamente contribuir para a inclusão de alunos com deficiência no ensino regular, e quais são os desafios e as dificuldades encontrados pelos profissionais da educação durante esse processo de inclusão.

A aplicação da Teoria do Ecossistema de Bronfenbrenner foi utilizada para analisar como o ambiente escolar influencia a inclusão de alunos com deficiência, além de revisar as políticas e legislações relacionadas à inclusão escolar no Brasil e sua influência nas práticas de Educação Física (Oliveira; Ramos, 2023). Ao compreender os desafios e oportunidades da inclusão escolar por meio das aulas de Educação Física, espera-se contribuir para o avanço das práticas inclusivas nas escolas brasileiras e para o desenvolvimento de um ambiente escolar mais igualitário e acolhedor para todos os alunos.

 

METODOLOGIA

Este estudo adotou uma abordagem metodológica baseada em uma revisão sistemática de literatura, com o objetivo de mapear as tendências e práticas atuais no campo da Educação Física inclusiva, bem como identificar lacunas na pesquisa. A seguir, estão descritos os principais aspectos da metodologia empregada para garantir a clareza e reprodutibilidade do estudo:

A revisão sistemática foi conduzida utilizando as seguintes bases de dados acadêmicas: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Portal de Periódicos CAPES/MEC e Google Acadêmico. Essas bases foram selecionadas por sua relevância e abrangência de estudos no contexto brasileiro e global sobre Educação Física inclusiva.

Foram utilizadas combinações de palavras-chave relacionadas ao tema, como "Educação Física", "Inclusão", "Adaptação" e "Deficiência". A estratégia de busca foi formulada para garantir que os artigos mais recentes e relevantes sobre práticas inclusivas na Educação Física fossem incluídos, abrangendo publicações entre 2008 e 2023. O período de busca foi escolhido para capturar as discussões mais atualizadas sobre o tema, especialmente após a implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

                Para assegurar a relevância e qualidade dos estudos incluídos na revisão, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: Artigos publicados em periódicos revisados por pares; Estudos relacionados à Educação Física inclusiva no contexto brasileiro; Estudos que abordassem práticas pedagógicas, políticas educacionais ou desafios de inclusão; Publicações em português ou inglês.

                Os critérios de exclusão incluíram: Artigos que não abordassem diretamente a inclusão na Educação Física; Estudos de opinião ou sem base empírica; Trabalhos duplicados ou com metodologias inadequadas.

O processo de seleção dos estudos seguiu três etapas: (i) identificação dos estudos nas bases de dados com base nos termos de busca; (ii) leitura dos títulos e resumos para triagem inicial; e (iii) leitura completa dos artigos selecionados para verificar se atendiam aos critérios de inclusão. Os estudos foram selecionados de forma independente por dois revisores, e qualquer divergência foi resolvida por consenso.

A análise dos dados obtidos na revisão de literatura foi conduzida por meio de uma categorização temática, onde os estudos revisados foram organizados em categorias principais, como "Adaptações Pedagógicas", "Inclusão de Alunos com Deficiência", "Papel do Educador Físico" e "Políticas Educacionais". A identificação de padrões e tendências foi realizada por meio de uma análise comparativa, buscando evidenciar as práticas mais eficazes e identificar lacunas na literatura que possam orientar futuras pesquisas.

Após a categorização, os resultados foram sintetizados para identificar como as práticas inclusivas têm sido implementadas na Educação Física escolar no Brasil, destacando as estratégias mais promissoras e os principais desafios enfrentados pelos professores. Além disso, foi realizada uma reflexão crítica sobre as limitações dos estudos revisados e a aplicabilidade de suas conclusões ao contexto brasileiro.

Embora a metodologia se baseie em uma revisão de literatura, seguiram-se diretrizes éticas rigorosas na seleção das fontes e na apresentação dos resultados. Apenas estudos publicados em periódicos revisados por pares foram considerados, garantindo a qualidade e a confiabilidade das informações. Além disso, a pesquisa respeitou o princípio da justiça, representando de forma equilibrada diferentes perspectivas e abordagens relacionadas à inclusão na Educação Física.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este estudo destaca a relevância das práticas inclusivas na Educação Física, demonstrando os desafios e as oportunidades presentes no processo de inclusão escolar. A análise dos estudos revisados ​​aponta que a falta de infraestrutura adequada e a formação limitada dos professores são barreiras recorrentes, dificultando a adaptação das aulas para atender às necessidades dos alunos com deficiência. No entanto, exemplos práticos de inclusão mostram que, com ajustes simples, como o uso de bolas sonoras e atividades adaptadas, é possível promover uma melhor participação desses alunos.

Além dos obstáculos estruturais, o preconceito e as atitudes negativas de educadores e colegas também afetam a inclusão. A necessidade de programas de sensibilização e formação continuada é reforçada pelos estudos, que indicam que a conscientização é fundamental para transformar a cultura escolar. Práticas inclusivas não só beneficiam os alunos com deficiência, mas também criam um ambiente mais colaborativo, incentivando o desenvolvimento da empatia e promovendo a diversidade entre todos os alunos.

Os estudos também sugerem que o envolvimento da família e da comunidade é essencial para o sucesso da inclusão. A colaboração entre esses agentes, juntamente com a escola, potencializa as práticas inclusivas e amplia o impacto social da inclusão. Iniciativas que integram pais e comunidade em eventos esportivos adaptados, por exemplo, podem majorar o apoio e a conscientização sobre a importância da inclusão, favorecendo um ambiente mais acolhedor e inclusivo para todos.

A análise dos estudos revisados na revisão sistemática revelou uma série de categorias temáticas principais que impactam diretamente a inclusão na Educação Física. Essas categorias foram identificadas e organizadas com base nas tendências encontradas na literatura, seguindo a estrutura previamente estabelecida na metodologia.

A inclusão escolar no contexto da Educação Física tem sido amplamente debatida na literatura acadêmica, evidenciando desafios e possibilidades para a construção de um ambiente educacional mais equitativo. Diversos estudos investigam os fatores que impactam a prática pedagógica inclusiva, desde a formação docente e infraestrutura escolar até as atitudes e preconceitos enfrentados por alunos com deficiência.

Quadro 01: principais contribuições de autores que abordaram o tema, destacando os resultados obtidos em suas obras.

Autor/Ano

Título da obra

Revista/editora

Principais resultados

Costa (2010)

 

Inclusão escolar na Educação Física: reflexões acerca da formação docente

Revista de Educação Física, Rio Claro

Relata a falta de infraestrutura e a dificuldade dos professores em adaptar aulas para alunos com deficiência, gerando exclusão indireta.

Brito e Lima (2012)

Educação Física adaptada e inclusão

Salvador: Universidade Federal da Bahia

Destaca a insuficiência da formação continuada dos professores e a falta de apoio institucional como barreiras à inclusão.

Silva e Pereira (2024)

Educação Física adaptada e inclusiva: práticas pedagógicas e formação continuada de professores

Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas

Identifica preconceitos e atitudes negativas como obstáculos à inclusão e destaca a importância da formação continuada.

Gorgatti (2005)

Educação Física Escolar e Inclusão

Universidade de São Paulo

Aponta os benefícios da inclusão para o desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo dos alunos com deficiência.

Lima (2020)

 

Jogos cooperativos inclusivos e o impacto social da Educação Física

Revista Brasileira de Educação Física

Demonstra que jogos cooperativos podem mudar positivamente a cultura escolar, promovendo inclusão e participação igualitária.

Nogueira e Almeida (2024)

A importância da colaboração entre escola, família e comunidade na promoção da inclusão escolar

Psicologia Escolar e Educacional, Marília

Ressalta que a colaboração entre escola, família e comunidade é essencial para o sucesso das práticas inclusivas na Educação Física.

Fonte: Próprio autor.

Os estudos indicam que a falta de infraestrutura adequada, como a ausência de espaços acessíveis e equipamentos adaptados, continua a ser uma das principais barreiras para a inclusão nas aulas de Educação Física. Por exemplo, Costa (2010) relatou que muitos professores enfrentam dificuldades em adaptar suas aulas para atender às necessidades de alunos com deficiência, resultando em exclusão indireta ou participação limitada (Costa, 2010).

No entanto, há exemplos práticos que podem ser implementados para superar essas barreiras. Para alunos com deficiência visual, o uso de bolas sonoras, com guizos, e a delimitação de espaços com fitas táteis são estratégias simples, mas eficazes. Já para alunos com deficiência motora, a adaptação de atividades como o futsal em cadeira de rodas ou o uso de pranchas no atletismo são exemplos de inclusão que proporcionam maior acessibilidade e participação (Costa, 2010).

Outro exemplo é a introdução de jogos cooperativos que promovem a interação de todos os alunos, independentemente de suas limitações. Atividades como "queimado inclusivo", onde as regras são ajustadas para permitir a participação de alunos com diferentes níveis de habilidade, demonstram como pequenos ajustes nas práticas esportivas podem tornar as aulas mais inclusivas (Souza, 2018).

Esses exemplos ilustram a aplicabilidade de adaptações no dia a dia dos profissionais de Educação Física, incentivando uma maior participação e integração de todos os alunos.

A formação insuficiente dos professores de Educação Física foi destacada como outro obstáculo significativo para a inclusão. Brito e Lima (2012) indicam que a falta de apoio institucional, juntamente com a ausência de programas robustos de formação continuada, impede que os educadores adquiram as habilidades necessárias para adaptar suas práticas pedagógicas de forma eficaz. A capacitação contínua precisa ser conduzida de maneira que ofereça formação prática, com workshops e treinamentos focados em técnicas de adaptação das atividades físicas e esportivas (Brito; Lima, 2012).

Programas como o "Capacitar para Incluir", desenvolvido por várias instituições de ensino superior, têm demonstrado eficácia ao promover a integração de especialistas em inclusão e educadores. Esses programas oferecem consultorias regulares e práticas em cenários reais, permitindo aos professores adquirirem experiência direta com alunos com deficiência e aprender a adaptar as atividades de acordo com as necessidades específicas (Silva; Pereira, 2024).

Diversos estudos, como o de Silva e Pereira (2024), destacam que o preconceito enraizado e as atitudes negativas de educadores e colegas também afetam a inclusão. O estudo de Alves (2015), por exemplo, demonstrou que alunos com deficiência física enfrentam resistência cultural nas escolas regulares, o que pode ser superado com programas de sensibilização e formação continuada. O impacto social da inclusão também precisa ser analisado de forma mais aprofundada. Práticas inclusivas na Educação Física, além de promoverem o desenvolvimento motor, também são fundamentais para transformar a cultura escolar (Alves, 2015).

A inclusão não só beneficia os alunos com deficiência, mas também melhora as habilidades sociais e emocionais dos outros alunos, aumentando a empatia, a cooperação e a aceitação da diversidade. Quando os alunos sem deficiência são expostos a atividades adaptadas, a percepção sobre as capacidades de seus colegas com deficiência é desafiada, o que contribui para a criação de um ambiente mais colaborativo e menos discriminatório (Silva; Pereira, 2024).

Os benefícios da inclusão, apontados por Gorgatti (2005) e Souza (2018), reafirmam a importância de práticas inclusivas bem implementadas. Ao proporcionar atividades adaptadas, não apenas os alunos com deficiência são beneficiados, mas toda a comunidade escolar, que se torna mais empática e colaborativa. Exemplos como o projeto de jogos cooperativos, descrito por Lima (2020), mostram que tais atividades podem gerar uma mudança cultural positiva dentro das escolas, promovendo a igualdade de participação (Gorgatti, 2005; Lima, 2020).

Além disso, o impacto social pode ser ampliado quando a escola envolve a comunidade em eventos esportivos inclusivos, permitindo que pais, colegas e membros da comunidade participem de atividades esportivas adaptadas, aumentando a conscientização e o apoio social (Souza, 2018).

Por fim, a colaboração entre escola, família e comunidade, sugerida por Nogueira e Almeida (2024), destaca-se como um fator crítico para o sucesso da inclusão. A criação de um ambiente acolhedor depende da interação contínua entre esses atores. Iniciativas como o projeto "Escola e Comunidade", que promove reuniões periódicas entre pais, professores e especialistas para discutir o progresso dos alunos com deficiência, demonstram que o envolvimento ativo das famílias pode enriquecer as experiências inclusivas e facilitar a aceitação e o sucesso dos alunos com deficiência (Nogueira; Almeida, 2024).

 

CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo mostram que a Educação Física desempenha um papel central na inclusão de alunos com deficiência no ensino regular. O objetivo foi examinar como essa disciplina contribui para o processo de inclusão escolar. A revisão da literatura permitiu identificar tanto os desafios quanto os benefícios das práticas inclusivas. Entre os principais desafios estão as barreiras estruturais e a falta de capacitação adequada para os professores, que dificultam a implementação de atividades adaptadas nas escolas.

A falta de infraestrutura acessível e de materiais didáticos adaptados, como bolas com guizos e cadeiras adaptadas, são obstáculos recorrentes. Além disso, o preconceito e a resistência à inclusão, tanto de educadores quanto de alunos, também foram apontados como entraves significativos. A superação desses desafios exige a implementação de programas de conscientização e formação contínua para educadores, evoluindo para a criação de um ambiente mais acolhedor e inclusivo.

Em contrapartida, os benefícios das práticas inclusivas são notáveis ​​quando rompidos corretamente. Atividades adaptadas, como jogos cooperativos, promovem o desenvolvimento físico-motor, cognitivo, social e emocional de alunos com deficiência. Essas práticas também fomentam a empatia e a cooperação entre todos os alunos, fortalecendo o ambiente escolar. A formação continuada dos professores e a participação ativa da família e da comunidade são fatores essenciais para o sucesso da inclusão.

Gestores escolares devem investir em programas de capacitação para professores, com foco em adaptações pedagógicas e metodologias inclusivas. Esses programas devem incluir workshops, treinamentos com especialistas e acompanhamento constante para garantir que os professores estejam preparados para adaptar suas práticas às necessidades dos alunos com deficiência. Além disso, é fundamental adaptar a infraestrutura escolar, garantindo acessibilidade e equipamentos adequados para todos.

No âmbito das políticas públicas, é necessário fortalecer diretrizes que assegurem investimentos em infraestrutura inclusiva, principalmente em regiões com menos recursos. Mecanismos de monitoramento e avaliação das políticas de inclusão são cruciais para garantir que as escolas cumpram os padrões de acessibilidade. Durante a revisão da literatura, desperta-se a necessidade de mais pesquisas empíricas que avaliem a eficácia de diferentes abordagens pedagógicas inclusivas, principalmente em escolas com recursos limitados.

Outro aspecto que merece atenção é a colaboração entre escola, família e comunidade. Estudos futuros poderiam investigar como essas interações impactam o sucesso das práticas inclusivas e como fortalecer essas parcerias. A inclusão na Educação Física vai além das adaptações curriculares, exigindo uma transformação cultural que envolve todos os atores escolares. Com a implementação de políticas educacionais mais robustas, é possível avançar para uma educação mais justa e inclusiva no Brasil.

 

REFERÊNCIAS

AIME, M. R.; SENA, J. A. S. de; AWAD, H. Z. A. portadores de deficiência física nas aulas        de Educação Física. Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional, 2014.

BRANDÃO, C. R. O Que é Educação. Sâo Paulo: Brasiliense, 1995.

BRASIL, Ministério da Educação. Documento subsidiário à política de inclusão. 2. ed. Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2005.

BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental, 1997.

BRASIL. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. Nº9. 394/96 de 20/12/96. Brasília: Ministério da Educação e Desporto, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: MEC, 2021.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC, 2008. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=211&Itemid=86. Acesso em: 14 ago. 2024.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC, 2023. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/. Acesso em: 22 out. 2023.

BRITO, R.F.A.; LIMA, J.F. Desafios encontrados pelos professores de Educação Física no trabalho com alunos com deficiência. Corpo, movimento e saúde, Salvador, v.2, n.1, p.1-12, 2012.

COSTA, V. B. da.Inclusão escolar na Educação Física: reflexões acerca da formação  docente. Rio claro: Revista de Educação Física, 2010.

DARIDO, S. C.; SOUZA JÚNIOR, O. M. Para ensinar Educação Física: possibilidade de intervenção na escola. Campinas: Papirus, 2007.

FERNANDES, J. A.; ALVES, S. C. A inclusão escolar e a Educação Física: desafios e perspectivas para a prática pedagógica. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 225-239, 2024. DOI: 10.11606/issn.1981-4690.v38i2.

GAETHER, G. Psicologia somática aplicada ao esporte de alto rendimento. 229f. 2002. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

GAIO, R.; PORTO, E. Educação Física e Pedagogia do movimento: possibilidades do corpo em diálogo com as diferenças. In: MARCO, Ademir de et al. Educação Física: cultura e sociedade. Campinas: Papirus, 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

GOMES, A. R. Desafios da inclusão escolar na educação física: uma análise das práticas pedagógicas em escolas públicas do Brasil. 2021. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2021.

GOMES, A. R.; SANTOS, E. P.; SOUZA, L. M. Formação de professores de Educação Física para a inclusão escolar: uma revisão sistemática. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 40, p. e231692, 2024. DOI: 10.1590/0102-4698231692.

GORGATTI, M. G. Educação Física Escolar e Inclusão: Uma análise a partir do desenvolvimento motor e social de adolescentes com deficiência visual e das atitudes dos professores. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2005.

GORGATTI, M. G.; MENDES, T. P. Inclusão escolar na educação física: desafios enfrentados pelos professores no Brasil. Cadernos de Educação Física e Esporte, v. 18, n. 3, p. 75-89, 2022. DOI: 10.15603/0101-2710/2022.v18n3p75-89.

GORGATTI, M. G. Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Centro de Documentação e Disseminação de Informações. Normas de apresentação tabular. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

MACIEL, R. M. A inclusão nas aulas de Educação Física. FPM, 2004.

MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?. São Paulo: Moderna, 2003.

MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? 6. ed. São Paulo: Moderna, 2020.

MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Tradução de Windyz Brazão. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.

MITTLER, P. Educação inclusiva: contextos sociais. Tradução: Windyz Brazão.       Porto Alegre: Artmed, 2008.

NOGUEIRA, F. P.; ALMEIDA, R. S. A importância da colaboração entre escola, família e comunidade na promoção da inclusão escolar. Psicologia Escolar e Educacional, Marília, v. 28, p. 1-15, 2024. DOI: 10.1590/2175-353920240118.

NOGUEIRA, F. P.; ALMEIDA, R. S. A importância da colaboração entre escola, família e comunidade na promoção da inclusão escolar. Psicologia Escolar e Educacional, v. 28, p. 1-15, 2023. DOI: 10.1590/2175-353920240118.

OLIVEIRA, C. Todos na escola! São Paulo, 2003.

OLIVEIRA, J. S. A teoria ecológica de Bronfenbrenner e a inclusão escolar: aplicabilidade na Educação Física. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2022.

OLIVEIRA, J. S.; RAMOS, M. C. A teoria ecológica de Bronfenbrenner e a inclusão escolar: aplicabilidade na Educação Física. Cadernos de Educação, Pelotas, v. 23, n. 2, p. 215-232, 2023. DOI: 10.15627/0103-3098/ce.v23n2p215-232.

PEREIRA, L. M.; GOMES, T. A.; VASCONCELOS, A. F. Desafios da Educação Física na inclusão de alunos com deficiência visual: análise de práticas e metodologias. Revista Educação Especial, Santa Maria, v. 37, n. 3, p. 711-728, 2023. DOI: 10.5902/1984686X69447.

SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 8. ed. Rio de Janeiro: WVA, 2021.

SILVA, M. V.; PEREIRA, R. F. Educação Física adaptada e inclusiva: práticas pedagógicas e formação continuada de professores. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 46, n. 1, p. 85-99, 2024. DOI: 10.1590/S0101-32892024000100008.

SILVA, M. V.; PEREIRA, R. F. Educação física adaptada e inclusiva: práticas pedagógicas e formação continuada de professores. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 46, n. 1, p. 85-99, 2023. DOI: 10.1590/S0101-32892023000100008.

SOUZA, S. A. A.; OLIVEIRA, M. A. S. Educação física inclusiva: análise de práticas pedagógicas e barreiras na escola pública. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 45, n. 2, p. 120-134, 2023. DOI: 10.1590/S0101-32892023000200123.

SOUZA, S. B. Educação Física e esporte adaptado: história, avanços e retrocessos em relação aos princípios da integração/inclusão e perspectivas para o século XXI. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 25, nº 3, 2004.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AVALIAÇÃO

Avaliação por pares duplo-cega (double blind peer review)

 

HISTÓRICO

Submetido: 15 de setembro de 2025.

Aprovado: 16 de setembro de 2025.

Publicado: 17 de setembro de 2025.



[1] Graduanda no curso de Licenciatura em Educação Física Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0009-0007-6016-3628. Lattes: https://lattes.cnpq.br/6909621571003166. E-mail:  regibtz@yahoo.com.br

2 Licenciatura e Bacharel em Educação física (ASMEC), Pedagogia (FAVENI), Licenciatura em Educação Especial (UniCV), Pós-graduação em Gestão Escolar (FALC), Pós-graduação em Educação Inclusiva (IFSULDEMINAS) . Tutora presencial do curso de Educação Física (EAD) da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Polo UAB Santa Rita de Caldas, MG, Brasil.ORCID: https://orcid.org/0009-0001-6113-5166 Lattes: https://lattes.cnpq.br/8809552672266172. E-mail: samandafernandesef@gmail.com.

3 Doutora em Ciências da Saúde Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Professora de ensino superior na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Montes Claros, Minas Gerais, Brasil ORCID: https://orcid.org/0000000187972678  Lattes: http://lattes.cnpq.br/0983319738976421. E-mail: viola.chaves@yahoo.com.br

4 Graduada em Educação Física Universidade de Uberaba (Uniube). Graduanda em Odontologia na Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).  Montes Claros, Minas Gerais, Brasil ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1459-5709 Lattes: http://lattes.cnpq.br/7359396329137414. E-mail: annaclaraffb@gmail.com.

5 Mestre em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).  Profissional de Educação Física da e-Multi, Diamantino, Mato Grosso, Brasil.  ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2573-5885. Lattes: https://lattes.cnpq.br/5500758178019200 . E-mail: katriceas@hotmail.com

6 Doutor em Ciência do Movimento Humano (UAA/PY). Professor na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Montes Claros, Minas Gerais, Brasil, atuando na modalidade da Universidade Aberta do Brasil (UAB). ORCID: https://orcid.org/0009-0008-3962-7413 . Lattes: http://lattes.cnpq.br/2003661075650432. E-mail: marcosaraujof@hotmail.com