ARTIGO ORIGINAL

 

AS PROMESSAS DE PARIS 2024: UMA “NOVA VISÃO DO OLIMPISMO”?

 

PARIS 2024 PROMISES: A “NEW VISION OF OLYMPISM”?

 

LAS PROMESSS DE PARIS 2024: ¿UNA "NUEVA VISIÓN DEL OLIMPISM"?

 

Doiara Silva dos Santos Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Federal de Viçosa – UFV

E-mail: santosdoiara@ufv.br

 

Clarisse Silva Caetano Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Federal de Viçosa – UFV

E-mail: clarisse.caetano@ufv.br

 

Data de Submissão: 18/03/2024 Data de Publicação:20/03/2024

Como citar: DOS SANTOS, D. S.; CAETANO, C.S As promessas de Paris 2024: uma “nova visão do olimpismo”?. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 15, n. 23, jun. 2024. https://doi.org/10.46551/rn2024152300085


RESUMO

Do criador francês Pierre de Coubertin e sua proposição dos Jogos Olímpicos no século XIX à criatura, os Jogos Olímpicos, que atravessam os 127 anos de existência, houve transformações sociais e rupturas da estrutura do esporte e, com isso, mudanças nas formas de ver, viver e praticar o denominado Olimpismo. A cidade de Paris reúne elementos históricos singulares ao que se configura como Movimento Olímpico (MO) não apenas por ser no país do seu fundador. Além de ter sido a sede do I Congresso Olímpico em que se instituiu o Comitê Olímpico Internacional em 1984, duas edições dos Jogos de verão foram sediadas em Paris, a saber: os da segunda e da oitava Olimpíadas, respectivamente, 1900 e 1924. Ao longo dos séculos que atravessou, o MO se conectou em diálogo com (e/ou pressionado por) questões sociais urgentes. Ao retornarem ao país do seu fundador em 2024, os Jogos Olímpicos englobam os tensionamentos do esporte global frente aos desafios sociais e a moldura singular de arcabouço de valores, pedagogia, símbolos e rituais idealizados por seu fundador. Este trabalho tem por objetivo analisa as narrativas da candidatura da cidade de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024 no contexto de pautas globais que pressionam as narrativas do Olimpismo. Para tanto, utilizou-se como fonte de dados os livros de candidatura da cidade de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024, em sua versão de língua inglesa, publicados em 2016. Como resultados, verifica-se que os livros de candidatura de Paris 2024 expressam alinhamento com o desenvolvimento da cidade e com a Agenda 2020 do Movimento Olímpico, reproduzindo lógicas de candidaturas anteriores, mas, avançando em outras questões. Nesse sentido, entendemos que o neo-olimpismo se verifica nas narrativas para além de retomar a proposta de retomar a filosofia original, mas, de conciliação dessa filosofia com temas emergentes, como a diversidade, anunciada como valor desta candidatura e, notavelmente, que se alinha a questões sociais urgentes.


Palavras-Chave: Olimpismo. Paris 2024. Neo-olimpismo.

ABSTRACT

Pierre de Coubertin, the French founder of the modern Olympic Games, proposed the idea of the Games in the 19th century. Over its 127-year history, the Olympic Games have undergone social transformations and structural changes in sport, leading to shifts in the perception, experience, and practice of what is known as Olympism. Paris holds a unique position in the Olympic Movement (OM) not only as the home country of its founder but also as the site of the first Olympic Congress, which established the International Olympic Committee in 1984. Furthermore, Paris has hosted two editions of the Summer Games, specifically the second and eighth Olympic Games in 1900 and 1924, respectively. Over the centuries, the OM has been engaged in dialogue with (and/or pressured by) pressing social issues. As the Olympic Games return to the founder’s home country in 2024, they encapsulate the tensions of global sport and a unique framework of values, pedagogy, symbols, and rituals envisioned by its founder. This study aims to analyze the candidacy of Paris for the 2024 Olympic Games in the context of global agendas that pressure Olympism. The data source for this analysis is the candidature books of the city of Paris for the 2024 Olympic Games, published in 2016 in English. The findings reveal that the Paris 2024 candidacy books express alignment with the city’s development and the 2020 Agenda of the Olympic Movement. They reproduce the logic of previous candidacies while advancing in other areas. In this regard, it is understood that neo-Olympism seeks not only to return to the original philosophy but also to embrace diversity as a value to respond to pressing social issues.

Keywords: Olympism. Paris 2024. Neo-Olympism.


RESUMEN

Pierre de Coubertin, el fundador francés de los Juegos Olímpicos modernos, propuso la idea de los Juegos en el siglo XIX. A lo largo de sus 127 años de historia, los Juegos Olímpicos han experimentado transformaciones sociales y cambios estructurales en el deporte, lo que ha llevado a cambios en la percepción, experiencia y práctica de lo que se conoce como Olimpismo. París ocupa una posición única en el Movimiento Olímpico (OM), no sólo como país de origen de su fundador sino también como sede del primer Congreso Olímpico, que creó el Comité Olímpico Internacional en 1984. Además, París ha acogido dos ediciones del Juegos de Verano, concretamente los segundos y octavos Juegos Olímpicos de 1900 y 1924, respectivamente. A lo largo de los siglos, el OM ha dialogado con (y/o presionado por) cuestiones sociales apremiantes. Cuando los Juegos Olímpicos regresen al país de origen del fundador en 2024, resumen las tensiones del deporte global y un marco único de valores, pedagogía, símbolos y rituales imaginados por su fundador. Este estudio tiene como objetivo analizar la candidatura de París para los Juegos Olímpicos de 2024 en el contexto de agendas globales que presionan al olimpismo. La fuente de datos para este análisis son los libros de candidaturas de la ciudad de París para los Juegos Olímpicos de 2024, publicados en 2016 en inglés. Los hallazgos revelan que los libros de candidatura de París 2024 expresan alineación con el desarrollo de la ciudad y la Agenda 2020 del Movimiento Olímpico. Reproducen la lógica de candidaturas anteriores mientras avanzan en otros ámbitos. En este sentido, se entiende que el neoolimpismo busca no sólo regresar a la filosofía original sino también abrazar la diversidad como un valor para responder a cuestiones sociales acuciantes.

Palabras clave: Olimpismo. Paris 2024. Neoolimpismo.


INTRODUÇÃO

As Ciências Humanas e Sociais têm aparatos teórico-metodológicos que instrumentalizam a compreensão dos Jogos Olímpicos como fenômeno global e multifacetado que atravessou décadas e séculos em meio a profundas transformações políticas, econômicas, culturais e tecnológicas. De fato, interpretações históricas, sociológicas e antropológicas do esporte têm se dedicado ao estudo de transformações estruturais que circundam este fenômeno e, também, destacado elementos de sua constituição enquanto prática social moderna a partir de sujeitos e instituições.

Em meio a tais interpretações, emerge um conjunto de estudos que tem como foco o esporte olímpico, o Movimento Olímpico, os Jogos Olímpicos e o Olimpismo, constituindo-se como campo de investigação denominado Estudos Olímpicos (Tavares et al., 2005). Os termos Movimento Olímpico e Olimpismo diferem-se e aprofundam-se no valor educativo do esporte a partir da visão do aristocrata francês Pierre de Coubertin, que idealizou os Jogos Modernos.

O Movimento Olímpico (MO) refere-se ao escopo maior que envolve estes Jogos, sendo definido como o “conjunto de ações sistematizadas, coordenadas, universais e contínuas, conduzidas sob a suprema autoridade do Comitê Olímpico Internacional (COI), de indivíduos e entidades que são inspirados pelos valores do denominado olimpismo.” Segundo o COI (2021, p.8) o Olimpismo é, por sua vez, “uma filosofia de vida que exalta e combina num todo harmônico qualidades do corpo, da vontade e do espírito”.

Do ponto de vista acadêmico, o Olimpismo se anuncia como um termo de difícil definição, tanto por falta de consenso ou clareza sobre o significado da palavra, pois, tende-se a generalidades facilmente confundíveis com valores universalizantes (Tavares, 2007).

Nos Estudos Olímpicos a tríade ideologia, filosofia e esporte em sua expressão institucionalizada no COI é tema de obras seminais no contexto internacional, tal como Sagrave (1988). A atenção ao tema se prolonga por décadas, como em Loland (1994) e Parry (2016). O Olimpismo também foi objeto de estudos fundantes para a consolidação deste campo de estudos no Brasil, como DaCosta (1999), Tavares (1999) e Rubio (2003).

Em geral, enfatiza-se nestas obras a raiz ocidental e europeia do que ficou conhecido como “filosofia e estilo de vida” na Carta Olímpica (Comitê Olímpico Internacional, 2021). Pierre de Coubertin, francês, escreveu diversos e volumosos textos sobre o Olimpismo que, embora sem teor acadêmico, associam tal palavra a uma filosofia de vida que visa, primordialmente, fomentar experiências formativas a partir do esporte em competições internacionais. Em outras palavras, o olimpismo busca desenvolver, a partir do esporte, um conjunto de valores e qualidades morais (Parry, 2016).

Coubertin teve influências tanto dos seus conhecimentos sobre a história da antiguidade quanto do período em que vivia no século XIX para sugerir os Jogos Olímpicos em formato internacional, com a rotatividade de cidades-sede e seus elementos protocolares e rituais, como as cerimônias de abertura, solenidades e juramentos.

Por um lado, ele se inspirou no significado de competições atléticas nos períodos áureos da Grécia Antiga, sobretudo nos ideias de eurritimia (desenvolvimento pleno do ser humano) e excelência. Por outro lado, teve uma influência marcadamente moderna, a partir da visita que fez a escolas públicas britânicas, as quais fomentavam o esporte como ferramenta educacional, amparadas em pedagogias liberais da europa para a educação moral do ser humano, constituindo um ethos cavalheiresco (Müller, 2000).

Noutras palavras, para Coubertin, os Jogos Olímpicos, com as características internacionais que propunha, representavam a institucionalização da crença no esporte como um empreendimento moral e social. Neste sentido, deveriam ser compreendidos como uma manifestação dos valores associados à prática esportiva. Esse conjunto de valores foi denominado pelo próprio Coubertin como Olimpismo (Müller, 2000).

Do criador à criatura, os Jogos Olímpicos atravessam os 127 anos de existência, em meio a turbulências políticas endógenas (como os casos de corrupção de membros do COI, sua estrutura patriarcal e eurocêntrica) e exógenas (como as duas guerras mundiais, boicotes, atentados terroristas nos Jogos de Verão de 1972 e 1996, etc.).

Ao voltar a ser sediado no país do seu fundador em 2024, após os Jogos da segunda e oitava Olimpíadas, respectivamente, 1900 e 1924, o Movimento Olímpico se reestruturou em diálogo (e/ou pressionado por) demandas sociais urgentes, de direitos humanos, releitura de suas políticas institucionais, e implementando medidas concretas como, por exemplo, aquelas relativas à promoção da igualdade de gênero quanto aos atletas participantes. Paris 2024, inclusive, entrará para a história como a edição dos Jogos Olímpicos em que, pela primeira vez, haverá igualdade em número entre homens e mulheres atletas, em contraste com o contexto e ideias do próprio criador, Coubertin, que não incentivava a prática de esporte pelas mulheres e as relegava ao papel de abrilhantar as arquibancadas (Miragaya, 2002).

De fato, há mais de vinte anos, apontamentos da literatura destacam rupturas da estrutura do esporte e, acrescentamos, de seus atores com valores originalmente propostos como filosofia olímpica. Tais rupturas impelem mudanças nas formas de ver, viver e praticar o Olimpismo, perpassando desde o que se compreende como papel social do atleta até as demandas que pairam sobre a organização da instituição esportiva (Rubio, 2002), ao que se denominou pós-olimpismo. Rubio (2002) explicou como exemplos de tais processos, o fim do ideal de amadorismo como conceito de praticar o esporte sem obtenção de prêmios em dinheiro, e a assunção da fatualidade do evento como espaço comercial, bem como a dependência do evento para com os meios de comunicação de massa.

 Rubio (2019) apresentou ainda um novo enquadramento teórico para a análise do Movimento Olímpico, o denominado neo-olimpismo. Trata-se, segundo a autora, de um processo resultante de uma crise do próprio sistema Olímpico, que tem como ponto marcante a criação da Agenda 2020, em 2014. Essa agenda trouxe, fruto de consulta abrangente, 40 recomendações para o futuro do Movimento Olímpico.

Para além da Agenda 2020, o que se observa é a tentativa mais contundente de reaproximação dos Jogos Olímpicos com a filosofia original e seus valores originais, por mais que seja paradoxal esta relação. Embora a autora cite este marco como importante para detectar o movimento de reaproximação com a mensagem ideológica, antes, com a criação dos Jogos Olímpicos da Juventude, já se sinalizava na retórica dos relatórios oficiais o papel desse evento pra um movimento de resgate da filosofia proposta por Coubertin (Medeiros et al., 2020).

            Considerando o enquadramento teórico do neo-olimpismo, este artigo parte do problema de pesquisa: quais as características narrativas da candidatura da cidade de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024 em relação ao Olimpismo como filosofia? Neste sentido, tem-se por objetivo analisar as narrativas da candidatura da cidade de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024 no contexto de pautas globais que pressionam as narrativas do Olimpismo.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

 Este estudo é qualitativo e não mobiliza instrumental estatístico como corpus analítico ou como ferramenta para abordar dados e informações referentes ao seu objetivo. Outrossim, parte da busca por abordar um problema de pesquisa a partir do entendimento dos fenômenos como dinâmicos, que reúnem especificidades históricas e demandam interpretações intersubjetivas de eventos e acontecimentos, diante de um jogo de sentidos que incluem símbolos e discursos  (Sánchez Gamboa, 2003).

Este trabalho utiliza como fonte de dados os três volumes do livro de candidatura da cidade de Paris aos Jogos Olímpicos de 2024, em sua versão de língua inglesa, publicados em 2016. O documento foi acessado em formato digital a partir do site do COI, de acesso gratuita.

Os Comitês de Candidatura Olímpica para os Jogos Olímpicos de 2024 passaram por três fases, e precisam atender a determinados critérios estabelecidos pelo COI. Nesse sentido, os arquivos de candidatura das cidades que pleiteiam sediar os Jogos são organizados em uma estrutura de tópicos que buscam atender a padrões e interesses instituídos pelo COI e seus membros. Trata-se, também, de um processo competitivo, embora nos últimos anos haja uma queda no interesse para sediar os Jogos Olímpicos em razão dos altos custos envolvidos (Andranovich; Burbank, 2021).

Fato é que tais documentos têm natureza institucional e procuram o apoio dos governos locais e nacionais e, também, da mídia, que desempenha um papel importante no processo (Santos; Medeiros, 2015). Neste sentido, ao escolher o livro de candidatura como documento, delimita-se o universo que será investigado, conferindo-lhe sentido a partir do problema da pesquisa, entendo que a análise documental se inicia a partir do “exame e a crítica do mesmo, sob o olhar, dos seguintes elementos: contexto, autores, interesses, confiabilidade, natureza do texto e conceitos-chave” (Cechinel et al., 2016, p. 4).

           

RESULTADOS

O livro de candidatura volume 1, segue a seguinte estrutura de tópicos: Visão e Concepção dos Jogos; Plano de longo prazo e alinhamento do Legado; Infraestrutura geral e capacidade analítica; análise do país; análise financeira. O material tem, ao todo, 76 páginas e foi utilizado para a primeira fase do processo de candidatura. No que se refere à visão, anuncia-se “Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 verão uma nova visão do Olimpismo em ação, apresentada num espírito único de celebração internacional no berço do Movimento Olímpico moderno” (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a, p. 14).

            Este tópico destacou a compreensão do “esporte à serviço da sociedade” (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a, p. 13), mencionando o fundador dos Jogos, Pierre de Coubertin, ao comprometer-se em honrar a sua memória e, também, com os cem anos dos Jogos de 1924, sediando Jogos “construídos no sentido original do Olimpismo, atualizado para o benefício do esporte moderno e sociedade mundialmente” (p.14).  Esse apelo histórico também se evidencia ao rememorar a importância de Paris historicamente como cidade sede do I Congresso do Comitê Olímpico Internacional, onde constituiu-se a instituição e seus membros fundadores em 1894.

            O livro demarca que os atletas farão história numa das cidades mais inspiradoras do mundo, destacando o valor do esporte para áreas abrangentes como a educação, saúde, meio ambiente e inclusão. Ao estruturar os subtópicos “Um mundo melhor por meio do esporte” e “uma Paris melhor com esporte”, este tópico enfatiza uma celebração global inspirada em homens e mulheres embaixadores de mudanças positivas no mundo, citando os Jogos criados por atletas para atletas. Destaca-se que se buscou a participação e insights de atletas para a decoração e estrutura da Vila Olímpica, das arenas de competição, dentre outros aspectos (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a).

Compromissos da França com a questão climática global e os acordos feitos na COP 21, sediada em Paris no ano de 2015, foram relembrados (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a). Observando-se o texto a seguir, percebe-se a visão sobre os Jogos na dialética global e local:

Paris 2024 irá executar uma celebração global impecável. Nossa cidade é famosa por ser vanguarda da criatividade, seja na arquitetura e arte; culinária e cultura; ou moda e filme. E o nosso país é o destino turístico mais famoso do mundo, reconhecido por sua qualidade de vida. Em 2024, todo visitante irá usufruir de um evento esportivo de classe mundial, fluindo ao longo do Rio Sena. Eles encontrarão algo para se encantar e se inspirar. E, mais de 200 nacionalidades moram em Paris, alguém para falar e torcer em seu idioma (p. 15).

 

            No que se refere ao plano de longo prazo e alinhamento do legado, o livro de candidatura cita estratégias de desenvolvimento da cidade que datam de um plano de 2014 envolvendo habitação e mobilidade multimodal, contemplando serviços e atividades de lazer, reforçando princípios de sustentabilidade e qualidade de vida, crescimento econômico e inovação, com infraestrutura urbana a serviço do esporte, acelerando projetos existentes da cidade, inclusive nos rios e canais para atividades aquáticas.

            O texto menciona o “Olimpismo em ação”, tratando de uma ideia de “novo” legado olímpico, para além da inspiração, com elementos concretos como novas instalações públicas para a prática do esporte. Alinhar o ideal olímpico aos planos prévios da cidade se demonstra consistente ao longo da narrativa de candidatura (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a):

Os Jogos Olímpicos de 2024 serão chave para destrancar as ferramentas e configurações únicas do sistema nacional de esportes da França em apoio ao Movimento Olímpico e a visão da Agenda 2020. O Ministro do Esporte Franças e o movimento esportivo supervisionam uma rede de mais de 180.000 clubes esportivos, cobrindo todos os esportes olímpicos e variados esportes e modalidades emergentes (p. 34).

           

O livro reforça e destaca a intenção de fortalecer, também, o Movimento Paralímpico como evento de importância central (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a):

Paris 2024 buscará selecionar e construir conhecimento em benefício de futuros organizadores do paradesporto a partir de um programa de fóruns e educação. Paris 2024 também irá oferecer os Jogos Paralímpicos como legado, graças a sua agenda transformadora , que trará melhorias tanto para a infraestrutura de acessibilidade quanto consciência sobre as pessoas com deficiência em toda a sociedade (p. 37).

           

            Aponta-se que, desde 2014, setores da sociedade civil, governos e organizações não governamentais, assim como setores privados, foram convidados a uma série 12  reuniões para discutir e planejar o tema da sustentabilidade diante da candidatura de Paris, criando-se um Conselho de Excelência Ambiental permanente para colaborar com o desenvolvimento dos Jogos.

             Em termos de infraestrutura, a candidatura anunciou suas estatísticas populacionais (2 milhões cento e tenta e uma mil pessoas na cidade de Paris), informando dados de número de acomodações de hotel e acomodações alternativas já existentes (como o aplicativo de hospedagem Airbnb, residências estudantis, etc.). Cita-se a hospitalidade da cidade, a capacidade e conveniência de seus três aeroportos que recebem voos de todo o mundo diariamente (113 países e 469 cidades) ((Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a, p. 53).

            Sistemas de energias e telecomunicações são descritos como operantes e já suficientes para os arranjos necessários para os Jogos, bem como serviços hospitalares de emergência gratuitos para os visitantes e monitoramento de segurança.

O último tópico deste volume (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016a), sobre a análise do país, destaca:

Paris 2024 desfruta de apoio esmagador na sua ambição de sediar os Jogos – de um público entusiasta, a um espectro político unido, e de todo o movimento esportivo. Todos estão determinados para testemunhar jogos memoráveis e seguros trazer vida a novas casas para o esporte público e uma visão compartilhada de renovação urbana na Grande Paris (p. 65).

 

            Destaca-se o modelo comprovado da capacidade Paris de sediar grandes eventos esportivos, com a experiência de mais de 40 eventos mundiais desde o início dos anos 2000, com suas leis e sistemas de segurança prontos para minar quaisquer riscos. O material de candidatura menciona, porém, que não foi feito nenhum referendum com a população, destacando que “não há oposição organizada à candidatura de Paris para sediar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2024” (p. 73).

            O volume 2 do livro de candidatura se estrutura em: estrutura de governança, questões de legislação e de imigração, e apoio e financiamento de arenas de competição (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016b). O documento possui 26 páginas e inicia-se, reforçando:

Os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Paris 2024 serão uma jornada centrada no esporte. Os nossos líderes desportivos e todos os níveis de governo estarão unidos em três organizações próprias à sua finalidade: o Comitê Organizador, uma autoridade de execução e uma entidade de legados. A organização eficaz dos Jogos baseia-se na capacidade da França, na experiência em grandes eventos e no envolvimento de toda a sociedade civil (p. 7).

 

            Essas organizações são projetadas para garantir uma execução eficaz dos Jogos e um legado duradouro. Prevê-se uma integração do trabalho das organizações instituindo-se um Conselho dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, dentre outros comitês consultivos para engajar o público contribuindo ativamente para uma ideia de esporte a serviço da sociedade.

            Na seção sobre legislação e imigração do volume 2, o livro de candidatura anuncia Paris como (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016b):

A França é um destino popular para eventos desportivos internacionais, com um quadro de acolhimento já afinado para o sucesso dos Jogos. Paris 2024 oferece um ambiente de trabalho protetor e favorável aos eventos e processos de entrada fáceis de navegar para todas as partes interessadas nos Jogos (Volume 2, p. 15).

           

            O livro de candidatura anuncia legislação específica para os jogos e recorre, novamente, ao know-how baseado no fato de ter sediado outros eventos esportivos internacionais, como os Jogos Olímpicos de Inverno de 1992 e a Copa do Mundo de 1998.           Em um tópico específico, o livro de candidatura assegura a realização dos Jogos com um mínimo de impacto na taxação de impostos para a população e para o público, com acordos fiscais com mais de 120 países (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016b). A seção de financiamento  do documento anuncia que:

Paris 2024 reuniu apoio de todas as perspectivas em torno de uma visão partilhada para colocar o desporto ao serviço da sociedade: autoridades públicas unificadas, contribuintes produtivos do sector privado e um público em geral extremamente entusiasmado. Os investimentos nos jogos são prudentes, totalmente garantidos e alinhados com o objetivo legado do Paris 2024 de criar comunidades prósperas em toda a região (p. 23).

           

            Como documento de terceira fase da etapa de seleção da cidade sede, o volume três do livro de candidatura aprofunda em todos os tópicos que foram apresentados sumariamente nos volumes anteriores, destacando, dentre outros tópicos, o conceito dos jogos e a experiência do atleta, oferecendo-lhes e assegurando-lhes conforto e participação representativa a partir da Comissão de Atletas. Este volume contém 140 páginas e reforça a mensagem slogan da candidatura, Made for sharing, em tradução livre, “feito para compartilhar” (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016b).

            Na introdução do volume três (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016c), apresenta-se:

O olimpismo e seus valores de universalidade, diversidade e amizade nunca tiveram tanto significado quanto têm hoje. É precisamente esta abertura para o mundo; está habilidade única de unir as pessoas; e o fortalecimento de elos entre comunidades que nós queremos compartilhar com o mundo em Paris 2024.Compartilhar é um caráter definidor do nosso tempo, que está moldando o mundo em que vivemos hoje e já começando a moldar a sociedade de amanhã. Pessoas jovens fizeram do compartilhar um estilo de vida, e também uma maneira de negociar, de pensar, tudo com o propósito de construir um mundo mais justo, mais sustentável e mais “humano”. Um mundo de mudanças e progresso (p. 11).

 

A partir desta perspectiva de compreensão do mundo moderno e dos jovens, Paris é definida como a “capital do compartilhamento” (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016c, p. 11), a fim de marcar a história dos Jogos Olímpicos, oferecendo uma experiência única com e para os atletas, e reforçando a ideia de legado não só para o esporte, mas, também para a sociedade. A ideia é que os Jogos sejam catalisadores para o desenvolvimento da cidade, inclusive a partir de programas educacionais que promovam valores Olímpicos e Paralímpicos.

O Programa de Educação Olímpica da candidatura de Paris foi denominado Generation 2024 foi construído a partir de um planejamento com 5 objetivos centrais. Com implantação pretendida para 2016, enfatiza-se a ampliação da participação esportiva e a promoção de um estilo de vida saudável atingindo mais de sete milhões de jovens franceses até 2024. O programa estabeleceu a integração de conteúdos esportivos no ensino básico de forma interdisciplinar, com plataformas digitais integradas com conteúdo do COI e do Comitê Olímpico Francês, envolvimentos de atletas como modelos a serem seguidos, etc. (Comitê de Candidatura Paris 2024, 2016c).

Para além das escolas, foram pensados programas educacionais para a indústria, para o ensino superior e para a população francesa em geral. Apresenta-se, também, os Jogos Paralímpicos como evento central e oportunidade para o crescimento do paradesporto em toda a França, com uma campanha de sete anos entre a candidatura e o evento focada em uma conscientização positiva para mudanças.   

                                              

DISCUSSÃO

A Agenda Olímpica 2020 enfatiza a importância de uma candidatura que se adapte às estratégias de desenvolvimento a longo prazo da cidade, em vez de adaptar a cidade aos Jogos (Bittencourt, 2016). A escolha de Paris como cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos aconteceu em 2017, durante a centésima trigésima assembleia do COI, realizada em Lima, Peru. Concorrendo com Paris, figuravam metrópoles de renome internacional como Los Angeles, Hamburgo, Budapeste e Roma, cada uma com suas próprias propostas únicas e visões para os Jogos (Bourbillères et al., 2023).

Como muitos outros documentos, os livros de candidatura Olímpica têm suas influências discursivas compostas por interesses (Cechinel, 2016) e, neste caso, especialmente do Comitê Organizador da cidade sede, que envolve disputas de poder e narrativas.

Apesar de o livro candidatura 1 mencionar a ausência de oposição organizada à candidatura de Paris, Bourbillères et al. (2023), ao investigarem protestos locais em quatro cidades europeias candidatas aos Jogos de 2024, constatou que houve opositores articulados a estratégias políticas locais em todas as cidades, fundando-se em coalizões baseadas em múltiplos atores e organizações estratégicas, como redes políticas e mídia tradicional. Embora o repertório de ação tenha sido semelhante em todas as candidaturas, indica-se que os determinantes da contestação são contextuais, de acordo com os espaços políticos locais e conjunturas.

A ideia de alinhamento dos planos de desenvolvimento da cidade e a candidatura estreitou e tornou tangível a imagem a interlocução “um mundo melhor por meio do esporte” e “uma Paris melhor com esporte” a partir dos Jogos Olímpicos. Assim, podemos afirmar que essa é precisamente uma consequência e uma resposta do COI e seus Comitês Nacionais à Agenda 2020, uma vez que , segundo Wolfe (2022), várias cidades abandonaram os planos de sediar os Jogos Olímpicos devido a crises de altos custos, infraestruturas desnecessárias e dos conflitos entre as necessidades de curto prazo do evento e as necessidades de longo prazo da cidade.

Por sinal, esta crise de candidaturas foi tão forte para evitar repercussão negativa na imprensa, o COI modificou sua forma de leger a cidade sede e selecionou duas cidades sede de uma só vez, concedendo simultaneamente os direitos de 2024 a Paris e de 2028 a Los Angeles (Comitê Olímpico Internacional, 2020).

A proposta de um novo olimpismo, honrando a memória de Coubertin e aludindo às conexões históricas da cidade com a origem dos Jogos se destaca nos princípios anunciados que expandem os valores excelência, amizade e respeito e informam, na candidatura, os valores universalidade, diversidade e amizade.

De fato, ao anunciar enfaticamente na candidatura o esporte a serviço da sociedade e o ideal de legado duradouro, a candidatura de Paris dialoga com temas que têm mobilizado e/ pressionado as organizações esportivas por mudanças, como a questão climática, as questões econômicas, a questão da imigração e a questão de gênero. Schut (2020), de fato, aponta que a realização dos Jogos Olímpicos como uma relação entre a cidade e o Olimpismo demandaram novos procedimentos para tornar tangíveis legados para a população e que, a candidatura de Paris foi movida a refletir esses novos procedimentos.

A narrativa sobre o programa educacional e de inspirar a juventude, não destoa em sua concepção histórica (Monnin, 2021). Por outro lado, a ideia de órgãos consultivos pra os atletas, para além de servirem o papel de modelos-heróis, é consonante com o papel e representatividade dos atletas em tempos de valorização da diversidade e flexibilização para as suas expressões e protestos durante os Jogos, por exemplo.

O livro de candidatura menciona legislação específica e acolhimento ao estrangeiro, informando que Paris é habitada por cidadãos de todo o mundo. Entretanto, parece não aponta para soluções previsíveis diante da situação tensa que envolve os imigrantes na França. Wolfe (2023) destacou o impacto dos Jogos Olímpicos e do projeto de desenvolvimento urbano e nas comunidades locais em Paris, particularmente em Seine-Saint-Denis, uma área com uma longa história de ser lar de imigrantes de classe trabalhadora.

Wolfe (2023) sinalizou em sua pesquisa a exclusão de residentes dos processos de decisão e o risco de gentrificação e especulação imobiliária, que podem deslocar essas comunidades vulneráveis. Além disso, o autor menciona que houve resistência de grupos locais e ativistas que se opõem à destruição de espaços verdes e ao impacto negativo dos Jogos na Grande Paris e seus bairros.

A narrativa da candidatura caracteriza as pessoas jovens e o paradigma social contemporâneo com a ideia de “compartilhamento”, que faz alusão, aparentemente, aos modos de vida que envolvem as mídias sociais. Isso demonstra uma aproximação e conciliação entre os valores olímpicos e uma perspectiva que dialoga com os desafios e pressões contemporâneas de reconectar os jovens ao MO (Monnin, 2021).

Por fim, é importante entender que, conforme aponta Wolfe (2023, p. 265):

Se a ideia subjacente às reformas do COI é que as autoridades da cidade anfitriã saibam melhor como organizar Jogos menos prejudiciais, então o alinhamento dos preparativos olímpicos com a agenda de desenvolvimento a longo prazo de Paris representa de fato uma melhoria significativa.

 

As promessas de candidatura de Paris 2024 serão testemunhadas com alta tecnologia e novas condições de cobertura midiática, que dialoga com vários espectros contextuais entre o local e o global. Provar-se em perspectiva de um “novo olimpismo” não depende somente do que acontece antes e durante os Jogos, mas, nos rastros que Paris pode deixar para as agendas importantes que o COI e os atores sociais dos Jogos são pressionados a responder.

 

CONCLUSÃO

Diante das pressões globais, os livros de candidatura de Paris 2024 expressam alinhamento com a Agenda 2020 do Movimento Olímpico. Nesse sentido, entendemos que o enquadramento teórico do neo-olimpismo proposto por Rubio (2019) se verifica para além de retomar a proposta de retomar a filosofia original, mas, de conciliação de novos espectros de valores dentro do que se anuncia como valores olímpicos. A partir dos dados, notou-se a ênfase na diversidade e a importância dos Jogos para potencializar planos de desenvolvimento locais, superando, dentre outras questões, o fardo financeiro constatado em várias cidades sede ao longo da história.

As narrativas, em muito, reproduzem fatores estabelecidos para as cidades candidatas, como o plano de legados e o fundamento dos programas educacionais com base em valores exigidos pelo COI. Um ponto de destaque diferencial é a ênfase em ter os Jogos Paralímpicos como centrais, inclusive para o desenvolvimento do paradesporto na França, tangenciando a ideia de legado duradouro.

É importante considerar que o sucesso da realização dos Jogos de Paris 2024 e a implementação do legado proposto dependerão de uma série de fatores, incluindo o apoio contínuo do governo, o apoio da sociedade civil e a capacidade de superar potenciais desafios logísticos e financeiros. Portanto, embora a candidatura de Paris para acolher os Jogos Olímpicos de 2024 apresente uma visão promissora, os seus sucessos e insucessos para contribuir de fato com um novo olimpismo serão avaliados em médio prazo.

 

REFERÊNCIAS

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