RESUMO EXPANDIDO

 

AS CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA PARA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA: A PERSPECTIVA DOS RESIDENTES

 

THE CONTRIBUTIONS OF THE PEDAGOGICAL RESIDENCE PROGRAM FOR TRAINING IN PHYSICAL EDUCATION GRADUATE: THE RESIDENTS’ PERSPECTIVE

 

LOS APORTES DEL PROGRAMA DE RESIDENCIA PEDAGÓGICA PARA LA FORMACIÓN DE LICENCIADOS EN EDUCACIÓN FÍSICA: LA PERSPECTIVA DE LOS RESIDENTES

 

Anne Cristine Soares Santos

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

E-mail: annecristinesoaressantos@gmail.com

 

Ingrid Cristina Ribeiro Queiroz

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

E-mail: ingridcristinarq@gmail.com

 

Samira Xavier Souza

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

E-mail: samixassou@gmail.com

 

Samuel Borges de Azevedo

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

E-mail: samuelborges1306@gmail.com

 

Laureni Ribeiro Benício

Escola Estadual Dima Quadros

E-mail: laurenirpuni@gmail.com

 

Fernanda de Souza Cardoso

Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes

E-mail: fernanda.cardoso@unimontes.br


INTRODUÇÃO

 

O Programa Residência Pedagógica (PRP) é uma iniciativa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES e se articula aos demais Programas oferecidos pelo orgão, compondo a Política Nacional de Formação de Professores, tendo como pressuposto básico o entendimento de que a formação de docentes nos cursos de Licenciatura deve garantir aos seus egressos, habilidades e competências que lhes permitam realizar um ensino de qualidade nas escolas de educação básica. Desta maneira, o PRP possui como objetivo o aperfeiçoamento da formação dos alunos e alunas dos cursos de licenciatura com projetos que incentivem o campo da prática e exerçam a correlação da teoria e prática docente (CAPES, 2018).  Ao falarmos das Licenciaturas, destaca-se aqui a Educação Física (EF), que possui o papel de “introduzir e integrar o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir do jogo, do esporte, das atividades rítmicas e dança, das ginásticas e práticas de aptidão física, em benefício da qualidade da vida” (BETTI; ZULIANI, 2002, p.75). Para o cumprimento desta nossa função, ao participar do processo de formação de crianças e jovens, consideramos o Residência Pedagógica uma grande oportunidade para ampliar nossos conhecimentos, experiências, buscando uma prática pedagógica competente. Sendo assim, no ano de 2022 nos inserimos no Residência Pedagógica na Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, no subprojeto de EF, composto por três núcleos, contando, cada um deles, com 15 residentes, um preceptor e a docente orientadora. A partir de nossa imersão na escola campo podemos ressaltar que tivemos aprendizados e enfrentamos dificuldades. Focando nos referidos pontos é que propomos neste resumo o relato das experiências pelas quais passaram os acadêmicos de uma das três escolas atendidas pelo PRP. Consideramos relevante explicitarmos aquilo que aprendemos, como também os desafios que surgiram com a nossa inserção no Residência Pedagógica, para que não somente as instituições e bolsistas envolvidos reflitam sobre a proposta do PRP, e como podemos desenvolvê-la cada vez melhor. Mas também, para que provoquemos a sociedade, em geral, para que (re)conheçam Programas como estes e entendam, de uma maneira mais sensível, a complexidade envolvida no ato de educar, quando falamos em instituiçoes públicas de ensino.

 

METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos metodológicos adotados, utilizamos neste texto os relatos de quatro bolsistas do Programa Residência Pedagógica, estudantes do curso de Educação Física Licenciatura da Unimontes, residentes na Escola Estadual Professora Dilma Quadros. Objetivando a apresentação dos aprendizados e das dificuldades enfrentadas pelos acadêmicos, estes relatos foram elaborados a partir das experiências vivenciadas pelos mesmos com o Ensino Médio da referida escola campo, durante o Módulo I do PRP, que teve duração de seis meses, de primeiro de novembro de 2022 a 30 de abril de 2023.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Ao ingressarmos em Programas como o Residência Pedagógica temos a oportunidade de conhecermos com profundidade a realidade da escola pública, o que nos leva a entender, presenciar e vivenciar situações cotidianas que ocorrem neste espaço. Sendo assim, quando iniciamos nossa participação no PRP, no mês de novembro de 2022, já foi possível adquirir aprendizados, mesmo antes de adentrarmos a escola campo, uma vez que foi nos dado a oportunidade de termos maior contato com os documentos mais importantes que dariam subsídios para nossa prática pedagógica: Projeto Político Pedagógico da escola, Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Recebemos, portanto, materiais para estudo e planejamento. Para Lopes et al. (2016, p. 1) “ao planejar o ensino, o professor antecipa de forma organizada as etapas do trabalho escolar”. Desta maneira, tivemos um momento de preparação para as etapas posteriores, principalmente a da regência. Estivemos presentes na escola campo para realizarmos a caracterização da mesma, garantindo o primeiro contato mais direto com o local onde atuaríamos. Isso foi feito a partir de uma Ficha de Caracterização, elaborada e enviada pela docente orientadora, contendo alguns pontos, que iam desde a estrutura física até os recursos humanos ali presentes. Outro ponto importante que destacamos como um grande aprendizado foi o fato de realizarmos uma observação participante das aulas. A partir desta estratégia foi possível conhecermos melhor a didática da nossa preceptora, auxiliá-la em suas aulas, como também ampliar nossa relação com os estudantes atendidos. Destacamos que esta etapa nos deu mais segurança para atuarmos enquanto professores na regência. Sendo um dos objetivos do PRP oportunizar aos residentes a aproximação entre teoria e prática, entendemos que na regência essa relação de indissociabilidade entre ambas fica nítida. Neste sentido, na regência, tivemos que assumir o protagonismo nas aulas; e podemos dizer que nossa prática docente foi facilitada em função de todas as atividades e etapas vivenciadas anteriormente. Pimentel (2014) salienta que, é necessário que os conhecimentos teóricos tenham sentido e significado para que se possa perceber a relação entre a teoria e as ações cotidianas. Podemos citar com relação ao planejamento, os esportes de rede, como uma das temáticas trabalhadas no primeiro bimestre de 2023, quando nos referimos a um conteúdo específico da Educação Física. Um momento que merece ser enfatizado foi a participação de todos os residentes, juntamente com a docente orientadora e a preceptora, no Módulo II da escola, que são reuniões pedagógicas obrigatórias para todos os professores. Este também se constituiu em um momento de aprendizado sobre a dinâmica da escola e pudemos ainda interagir com todos os participantes a partir de algumas atividades de dança, planejadas e propostas pela docente orientadora. Quando nos referimos às dificuldades podemos citar algumas: a primeira diz respeito às resoluções e orientações que chegam muitas vezes, abruptamente, à escola, via instâncias superiores, não sendo dado o tempo necessário para as devidas adequações. Outro ponto que ressaltamos é o fato de alguns estudantes do Ensino Médio não se interessarem tanto pelas aulas de EF, mesmo tendo uma professora competente em sua prática pedagógica. Podemos inferir que esta questão possa estar ligada ao fato destes alunos estarem em uma fase de desenvolvimento de muitas mudanças, que é a adolescência. O fato de estarem indo prestar o vestibular e as várias pressões que simultaneamente ocorrem com as tais provas. Também destacamos as turmas muito cheias, o que sobrecarrega o docente e prejudica a efetividade da aula. E por último, a maior dificuldade enfrentada, foi lidar com Novo Ensino Médio, principalmente no que diz respeito ao trabalho com os itinerários formativos, que em contrapartida reduziu a carga horária da professora de EF (preceptora) em seu trabalho com as Unidades Temáticas referentes ao seu componente curricular. Passar a ter apenas uma aula ao invés de duas, com o 1° e 2° ano do Ensino Médio, impactou no planejamento, como também a nossa motivação e perspectiva quanto a nossa atuação na escola. “O trabalho pedagógico em educação física no Novo Ensino Médio encontra dificuldades diante da prioridade ou hierarquia de outros componentes curriculares já inseridos no currículo ou diante da disputa de espaço com outros e novos componentes curriculares” (SCAPIN; FERREIRA, 2022, p. 12). Se por meio da Educação Física o aluno do Ensino Médio pode compreender, questionar e criticar os valores que são atribuídos ao corpo e ao movimento corporal, para poder transformá-los, sendo função da área introduzir e integrar o discente no universo da cultura corporal (CELANTE, 2000, p. 86); fica tudo isso, comprometido, já que não é dada à EF seu devido valor, enquanto parte integrante do currículo escolar.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Durante nossa participação no Módulo I do Programa Residência Pedagógica, vivenciando a realidade de uma professora de Educação Física com turmas do Ensino Médio, foi possível experienciar valiosas aprendizagens, como também enfrentarmos desafios, já que estamos falando de um contexto bastante complexo. Quanto às dificuldades enfrentadas em nossas aulas para o Ensino Médio incluímos: o pouco interesse de alguns alunos pelo componente curricular EF; as turmas com um número muito alto de alunos; o pouco tempo dado aos professores para se adequar à orientações que chegam à escola, quase sempre “em cima da hora”; e por fim, lidar com o Novo Ensino Médio, que argumentamos, hierarquiza ainda mais as áreas de conhecimento. Compreendemos que alguns desses desafios se tornaram aprendizados, como por exemplo, o fato de nos exigir criar estratégias para estimular a participação mais ativa de todos os estudantes. A experiência neste período de seis meses nos permitiu desenvolver habilidades e competências como melhor comunicação e liderança. Entendemos de forma concreta, como teoria e prática caminham juntas; a responsabilidade que tem o professor e a importância do planejamento pedagógico, mesmo que este precise lidar com diferentes situações e imprevistos em sala de aula. Destacamos ser essencial entendermos a realidade dos discentes, seus interesses e conflitos pessoais, pois isso influencia diretamente o engajamento deles nas atividades propostas. E tudo isso só foi possível, porque passamos por diferentes etapas antes de assumirmos, de fato, as aulas, na fase da regência: caracterização da escola campo; estudo e acesso aos materiais didáticos, o que nos orientou na elaboração dos planos de aula; observação participante como etapa preparatória; participação nas diferentes atividades propostas pela escola, incluindo reuniões pedagógicas. Neste sentido, destacamos a importância de nos inserirmos em Programas como o Residência Pedagógica, pois a partir de iniciativas assim, vamos tomando consciência sobre o que é, de fato, ser professor. Concluímos afirmando que tanto as dificuldades quanto as aprendizagens adquiridas são fundamentais para nosso desenvolvimento profissional e humano, contribuindo para uma atuação mais efetiva e enriquecedora na formação dos estudantes; como também atuando para a criação de nossa identidade docente.

 

AGRADECIMENTOS

 

Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo apoio financeiro e oportunidade de inserção no Programa Residência Pedagógica.

 

REFERÊNCIAS

 

BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 1, n. 1, 2009. Disponível em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1363. Acesso em: 18 jul. 2023.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 18 jul. 2023.

BRASIL. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Programa de Residência Pedagógica. 2018. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao-basica/programa-residencia-pedagogica. Acesso em: 18 jul. 2023.

CAPES. Programa de Residência Pedagógica. 2018. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao-basica/programa-residencia-pedagogica. Acesso em: 18 de jul. 2023.

LOPES, M. R. S. et al. A prática do planejamento educacional em professores de Educação Física: construindo uma cultura do planejamento. Journal of Physical Education, v. 27, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jpe/a/z8f4rFWSb8r66krpX9wKvYn/?lang=pt. Acesso em: 30 jul. 2023.

PIMENTEL, Edna Furukawa. A epistemologia e a formação docente: reflexões preliminares. In: RAMALHO, Betânia Leite; NUNES, Claudio Pinto; CRUSOÉ, Nilma

Margarida de Castro (org.). Formação para a docência profissional: saber e práticas Pedagógicas. Brasília: Liber Livro, 2014. p. 15-3.

SCAPIN, G. J. ; FERREIRA, L. S. O abandono do trabalho pedagógico na Educação Física do novo ensino médio. Cadernos de Pesquisa, v. 52, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cp/a/sSVTvqnMqZXWw37d6KM47sC/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 30 jul. 2023.