ARTIGO ORIGINAL

INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VERDADE OU UTOPIA?

 

INCLUSION OF STUDENTS WITH DISABILITIES IN PHYSICAL EDUCATION CLASSES: TRUTH OR UTOPIA?

 

INCLUSIÓN DE ESTUDIANTES CON DISCAPACIDAD EN CLASES DE EDUCACIÓN FÍSICA: VERDAD O UTOPÍA?

 

Wellington Danilo Soares Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

E-mail: wdansoa@yahoo.com.br

 

Luana Larissa Caetano Soares Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

E-mail: luanahsoares@outlook.com

 

Paulo Eduardo Gomes de Barros Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

E-mail: paulo.barros@unimontes.br

 

Walter Luiz Moura.Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil

E-mail: walter.moura@unimontes.br

 

Data de Submissão: 02/02/2022 Data de Publicação:28/02/2024

Como citar: SOARES, W. D.; SOARES, L. L.C.: BARROS, P. E. G.: MOURA, W. L.  Inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física: verdade ou utopia? . Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 15, n. 23, jun. 2024. https://doi.org/10.46551/rn10.46551/rn2024152300082


RESUMO

Identificar se a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de educação física se configura como verdade ou utopia. Trata-se de um estudo descritivo, quantitativo e transversal. Participaram do estudo 30 professores de Educação Física de escolas públicas e privadas da cidade de Montes Claros – MG. Os participantes responderam a um questionário composto de 20 questões elaboradas pelos autores. A análise dos dados foi realizada através de uma análise descritiva com valores em frequência absoluta e relativa. Participaram do estudo professores de Educação Física Escolar com idade de 25 a 49 anos (com predomínio do sexo masculino (51,3 %), sendo que a maioria (67,3%) possui mais de 5 anos de docência. Os professores foram questionados se cursaram alguma disciplina na grade curricular da graduação relacionada à inclusão, e 83,3% (n=25) deles responderam que sim enquanto (16,7 %) n=5 responderam não. O que demonstra que a maioria dos professores tem conhecimento das importâncias em saber lidar com alunos com deficiência. Buscamos abordar se os professores recebem suporte da escola e outros profissionais especializados, pudemos identificar que 46,7% (n=14) apontaram que às vezes recebem esse apoio e apenas 13,3% (n=4) sempre recebem suporte e apoio. O estudo aponta várias dificuldades encontradas para proporcionar uma educação inclusiva de qualidade, principalmente no âmbito escolar. Isso inclui a falta de acessibilidade para alunos com deficiência, a ausência de uma ênfase suficiente na formação de professores em educação inclusiva, bem como a falta de apoio do corpo pedagógico escolar para acesso a cursos e palestras nessa área. Isso mostra a importância de continuar trabalhando para construir ambientes educacionais mais inclusivos e libertadores para todos.


Palavras-chave: Educação Física. Deficiência. Inclusão. Estudantes.

ABSTRACT

Identify whether the inclusion of students with disabilities in physical education classes is configured as truth or utopia. Methodology: This is a descriptive, quantitative and cross-sectional study. 30 Physical Education teachers from public and private schools in the city of Montes Claros – MG participated in the study. Participants responded to a questionnaire consisting of 20 questions prepared by the authors. Data analysis was carried out through a descriptive analysis with absolute and relative frequency values. School Physical Education teachers aged from 25 to 49 years old participated in the study (with a predominance of males (51.3%), with the majority (67.3%) having more than 5 years of teaching. The teachers were asked whether they studied any subject in the undergraduate curriculum related to inclusion, and 83.3% (n=25) of them responded yes while (16.7%) n=5 responded no. This demonstrates that most teachers have knowledge of the importance of knowing how to deal with students with disabilities. We sought to address whether teachers receive support from the school and other specialized professionals, we can identify that 46.7% (n=14) pointed up that they sometimes receive this support and only 13.3% (n=4) always receive support and assistance. The study highlights several difficulties encountered in providing a quality inclusive education, especially at school. This includes the lack of accessibility for students with disabilities, the lack of sufficient emphasis on teacher training in inclusive education, as well as the lack of support from the school pedagogical body for access to courses and lectures in this area. This shows the importance of continuing to work to build more inclusive and liberating educational environments for all.


Keywords: Physical Education. Deficiency. Inclusion. Students.

RESUMEN

Identificar si la inclusión de estudiantes con discapacidad en las clases de educación física es una realidad o una utopía. Metodología: Se trata de un estudio descriptivo, cuantitativo y transversal. Participaron del estudio 30 profesores de Educación Física de escuelas públicas y privadas de la ciudad de Montes Claros – MG. Los participantes respondieron a un cuestionario que consta de 20 preguntas preparado por los autores. El análisis de los datos se realizó mediante un análisis descriptivo con valores de frecuencia absoluta y relativa. Participaron del estudio docentes de Educación Física con edades entre 25 y 49 años (con predominio del sexo masculino (51,3%), teniendo la mayoría (67,3%) más de 5 años de docencia. Se preguntó a los docentes si cursaron alguna asignatura del currículo del grado relacionada a la inclusión, y el 83,3% (n=25) de ellos respondió que sí mientras que (16,7%) n=5 respondió que no. Lo que demuestra que la mayoría de los docentes están conscientes de la importancia de saber tratar estudiantes con discapacidad. Se buscó abordar si los docentes reciben apoyo de la escuela y otros profesionales especializados, podemos identificar que el 46,7% (n=14) indicó que a veces recibe este apoyo y solo el 13,3% (n=4) siempre recibe apoyo. El estudio destaca varias dificultades encontradas al brindar una educación inclusiva de calidad, especialmente en la escuela. Esto incluye la falta de accesibilidad para los estudiantes con discapacidad, la falta de énfasis suficiente en la formación de docentes en educación inclusiva, así como la falta de apoyo del cuerpo pedagógico de las escuelas para el acceso a cursos y conferencias en esta área. Esto muestra la importancia de seguir trabajando para construir entornos educativos más inclusivos y libertadores para todos.

Palabras clave: Educación Física. Discapacidad. Inclusión. Estudiantes.


INTRODUÇÃO

As práticas corporais são importantes não apenas para o lazer e o bom humor, mas também para promover a inclusão de pessoas com deficiência. Ao longo do tempo, as práticas esportivas têm se desenvolvido com o objetivo de diminuir o preconceito e proporcionar oportunidades para pessoas com deficiência se envolverem em atividades esportivas (Amaral, 2023).

No entanto, algumas limitações conceituais podem afetar a participação de crianças com deficiência em atividades esportivas na escola. É importante que os profissionais de Educação Física compreendam a Cultura Corporal do Movimento (CCM) e como ela possa ser trabalhada junto com pessoas com deficiência no ambiente escolar (Gobbo; Alburquerque, 2021).

Além disso, a Educação Física Adaptada (EFA) deve ter características, conhecimentos e discursos que promovam a inclusão das pessoas com deficiência no ambiente escolar. É fundamental que sejam definidas estratégias e abordagens adequadas para atender às necessidades específicas de cada pessoa com deficiência, garantindo que elas sejam incluídas e possam desfrutar dos benefícios das práticas corporais (Custódio, 2023).

A inclusão de alunos com deficiência no ensino regular é garantida pela Constituição Federal do Brasil desde a década de 80. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em 1996, reforçou o direito à inclusão desses alunos nas escolas regulares. Com isso, temos observado um aumento significativo no número de alunos com deficiência frequentando as escolas, o que torna a classe discente atual bastante heterogênea (Silva, 2023).

Essa diversidade traz desafios, mas também oportunidades para promover a inclusão e o aprendizado de todos os alunos. É importante que as escolas estejam preparadas para acolher e atender às necessidades individuais de cada aluno com deficiência. Isso envolve a adaptação de materiais, a oferta de suporte pedagógico especializado, a formação de professores e a promoção de um ambiente inclusivo e respeitoso (Oliveira, 2022).

A Educação Inclusiva deve ser pensada de forma ampla, considerando não apenas a inclusão de alunos com deficiência nas escolas, mas também a formação dos profissionais envolvidos. A preparação dos educadores é fundamental para o desenvolvimento de escolas inclusivas. As escolas devem observar os objetivos constitucionais e garantir que nenhuma pessoa seja excluída. Isso significa que o acesso à escola não é suficiente para garantir a inclusão. Os alunos precisam ter oportunidades de aprendizagem e participação efetiva (Rodrigues, 2022).

No entanto, os professores podem enfrentar dificuldades e dúvidas ao buscar promover a inclusão. É importante que eles recebam apoio e formação adequada para lidar com a diversidade e atender às necessidades individuais de cada aluno. Isso inclui a compreensão das necessidades específicas de alunos com deficiência, o desenvolvimento de estratégias pedagógicas inclusivas e a criação de um ambiente de aprendizagem acolhedor e respeitoso (Krug; Krug, 2022).

É necessário que as escolas e os sistemas de ensino invistam na formação contínua dos professores, proporcionando-lhes recursos, conhecimentos e estratégias para promover a inclusão. Além disso, é importante que haja um apoio colaborativo entre os profissionais da educação, para que possam compartilhar experiências, trocar conhecimentos e buscar soluções conjuntas para as dificuldades encontradas (Santos, 2023).

Rodrigues (2022) afirma que parte das dificuldades enfrentadas pelos professores na promoção da inclusão está relacionada à falta de segurança e ao receio no atendimento às crianças com deficiência. É compreensível que os professores possam sentir-se despreparados para lidar com as necessidades individuais desses alunos e para adaptar o conteúdo planejado de forma efetiva. Além disso, mesmo reconhecendo a importância da inclusão, os professores podem encontrar dificuldades na elaboração de estratégias para garantir a participação plena dos alunos com deficiência. Isso inclui a adaptação de materiais e atividades, a criação de um ambiente inclusivo e a promoção de interações positivas entre os alunos.

É importante que os sistemas de ensino e as instituições educacionais reconheçam a importância de oferecer suporte aos professores na promoção da inclusão. Ao fornecer as ferramentas e o suporte necessários, é possível ajudar os professores a superar as dificuldades e a desenvolver estratégias efetivas para garantir uma educação inclusiva e de qualidade para todos os alunos (Oliveira, 2022).

A inclusão escolar é um direito de todos os alunos, independentemente de suas características ou deficiências. É fundamental que todas as escolas estejam comprometidas em oferecer uma educação de qualidade e inclusiva, garantindo a participação plena e igualitária de todos os alunos (Santos, 2023). Promover a inclusão na educação é um desafio, mas também uma responsabilidade de todos os envolvidos. Com o comprometimento de educadores, gestores, famílias e comunidade, é possível construir escolas verdadeiramente inclusivas, onde todos os alunos tenham oportunidades igualitárias de aprendizagem e participação (Ribeiro et al., 2023).

Portanto, o estudo teve como foco principal identificar se as inclusões de alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação física se configuram como uma verdade ou uma utopia, visando contribuir para a formação acadêmica dos pesquisadores, uma vez que a educação é uma peça fundamental no processo de transformação da sociedade podendo ainda contribuir com a reformulação de práticas pedagógicas.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

            Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, sob o parecer nº 4.838.979/2021 e CAAE: 39643020.4.0000.5146. Trata de uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e transversal.

Participaram do estudo 30 professores de Educação Física, ambos os sexos, maiores de 18 anos, selecionados de forma aleatória, docentes de escolas das redes públicas e privadas da cidade de Montes Claros – MG. Foram incluídos professores que lecionam ou já lecionaram para alunos com deficiência e como excluídos aqueles que não aceitaram assinar o termo de consentimento e/ou preencheram de forma incompleta o questionário.

Como instrumento foi utilizado um questionário contendo 20 questões de múltipla escolha, elaborado pelos próprios pesquisadores, de fácil compreensão.

A aplicação do questionário foi de forma on-line através do Google Forms. A coleta ocorreu entre os meses de agosto e setembro de 2023.

Todos os dados coletados foram planilhados e feita uma análise descritiva com valores em frequência real e absoluta através do programa estatístico Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 26.0 para Windows.

 

RESULTADOS

Participaram do estudo professores de Educação Física Escolar com idade de 25 a 49 anos (com predomínio do sexo masculino (51,3 %), sendo que a maioria (67,3%) possui mais de 5 anos de docência.

 

Tabela 1- Aspectos profissionais e de formação (n = 30).

PERGUNTA

OPÇÕES

 

n - %

Cursou alguma disciplina durante a graduação que abordasse sobre como lida com estudantes com deficiência?

Sim

Não

 

25 –83,3

5- 16,7

Realizou alguma formação após a graduação que abordasse sobre como lidar com estudantes com deficiência?

                     Sim

Não                                                  

 

 

14 –46,7

16- 53,3

Ainda pretende fazer algum curso que aborde sobre como lidar com estudantes com deficiência?

Nunca                          

 Ás vezes                                                                                                                

Frequentemente

 Sempre

 

0 – 0

15-50

8- 26,7

7- 23,3

 Se sente preparado para atuar com estudantes com deficiência?

  Nunca                               

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                    Sempre

 

2- 6,7

17 -56,7

8 – 26,7

3 – 10,0

 Se sente valorizado na profissão?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                   Sempre

 

8 – 26,7

21 -70,0

1 – 3,3

0 – 0,0

Sente que a disciplina de educação física escolar é considerada pela escola no mesmo nível de importância das demais?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                 Sempre

 

11 –36,7

15 –50,0

4 – 3,3

0 – 0,0

Fonte: Próprios autores (2023)

 

Conforme verificado na tabela 1, quando os professores foram questionados se cursaram alguma disciplina na grade curricular da graduação relacionada à inclusão, a maioria (83,3%) responderam de forma positiva. O que demonstra que a maioria dos professores tem conhecimento das importâncias em saber lidar com alunos com deficiência.

Adicionalmente foi abordado se após a formação os mesmos buscaram especialização sobre como lidar com alunos com deficiência e a maioria dos entrevistados 46,7% (n=14) relataram que sim, apontando interesse e preocupação em uma área que em alguns casos fica esquecido.

Os professores foram questionados se sentem que a disciplina de educação física escolar é considerada pela escola no mesmo nível de importância das demais e 36,7% (n=11) responderam que nunca tem esse sentimento e 50% (n= 15) responderam que às vezes pois varia de escola para escola, pois até mesmo a demanda de alunos com deficiência em cada escola define a necessidade de professores especializados.

 

Tabela 2 - Participação e adaptação para os estudantes com necessidades educacionais específicas (n = 30).

PERGUNTA

 

OPÇÕES

 

n - %

Você realiza adaptação das atividades?

Nunca

Às vezes

Frequentemente

Sempre

 

1 – 3,3

7 - 23,3

14 –46,7

8 – 26,7

As atividades realizadas são sempre juntas aos demais estudantes?

Nunca

 Às vezes

Frequentemente

Sempre

 

1 - 3,3

5 – 16,7

16 –53,3

8 – 26,7

Fonte: Próprios autores (2023).

 

De acordo a tabela 2, fato digno de nota que de forma positiva a maioria (73,4%) afirmaram que realizam adaptações nas suas atividades frequentemente e/ou sempre, resultado satisfatório pois mostra que a questão da especialização é de fato importante para que esses alunos sejam inclusos em atividades interativas com os demais.

Tabela 3 - Apoio da escola e presença de outros profissionais especializados (n = 30).

PERGUNTA

OPÇÕES

 

n - %

 

Possui apoio do professor de atendimento educacional especializado?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                    Sempre

 

3 – 10,0

14 –46,7

9 – 30,0

4 – 13,3

 

 

Possui apoio de auxiliar de sala?

Nunca                            

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                     Sempre

 

3 – 10,0

15 –50,0

8 – 26,7

4 – 13,3

 

 

 

 

 

Possui diálogo com os demais professores a respeito dos estudantes?

Nunca                           

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                    Sempre

 

2 – 6,7

13 –43,3

7 – 23,3

8 – 26,7

 Tem suas dificuldades e angústias acolhidas pela escola?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                   Sempre

 

6 – 20,0

16 –53,3

5 – 16,7

3 – 10,0

Fonte: Próprios autores (2023).

 

Já na tabela 3, foi abordado se os professores recebem suporte da escola e outros profissionais especializados, podemos identificar que 46,7% (n=14) apontaram que às vezes recebem esse apoio e apenas 13,3% (n=4) sempre recebem suporte e apoio. E dos 8 professores entrevistados, 37,5% (n=3) afirmaram receber apoio didático ou metodológico e 75% (n=6) contavam com algum suporte, como tutor, cuidador ou tradutor. Quase todos os docentes 87,5%, (n=7) recebiam ajuda durante as aulas de Educação Física, proveniente de membro da classe, colega ou tutor.

A Lei no 9.394/1996, conhecida como Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional – LDB, também destaca que a pessoa com deficiência tem o direito a oportunidades igualitárias, devendo começar ainda na fase escolar, em que uma educação especial deve ser oferecida com a devida excelência, aplicando práticas e metodologias que garantam a acessibilidade na escola (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

Portanto buscamos encontrar nos professores avaliados a satisfação sobre a disponibilidade de espaço, ambiente e materiais adaptados que são disponibilizados para realização das aulas (Tabela 4). Destacando a questão sobre a acessibilidade á materiais adaptados onde 0,0% (n=0) responderam que não têm, e apenas 10% (n= 3) afirmaram que às vezes têm acesso, demonstrando o quão a qualidade das aulas se tornam inacessíveis aos alunos com deficiência pois além da alta inaptidão em busca de conhecimento e especialização os professores não tem acesso e apoio de materiais adaptados.

 

Tabela 4 – Cumprimento da legislação, questões estruturais e adaptações (n = 30).

PERGUNTA

OPÇÕES

 

n - %

 

 A escola possui adaptação do espaço físico?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                 Sempre

 

3- 10,0

14 –46,7

8- 26,7

5 – 16,7

 

O acesso ao ambiente em que ministra aula é adaptado?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                Sempre

 

6 – 20,0

14 –46,7

5 – 16,7

5 – 16,7

 

O espaço para o trabalho da educação física escolar é adequado?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                 Sempre

 

5 – 16,7

10 –33,3

10 –33,3

5 -16,7

 

 

Você tem acesso a material adaptado?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                  Sempre

 

13 –43,3

14 –46,7

3 – 10,0

0,0

 

Você tem costume de criar materiais adaptados?

Nunca                          

 Às vezes                                                                                                                

Frequentemente

                  Sempre

 

2 – 6,7

14 –46,7

10 –33,3

4 – 13,3

Fonte: Próprios autores (2023).

 

DISCUSSÃO

Essa pesquisa objetivou avaliar se existe inclusão de alunos com necessidades especiais nas aulas de Educação física se configuram como uma verdade ou uma utopia.

É evidente que as políticas e ações em benefício de grupos vulneráveis, incluindo pessoas com deficiência, estão gradualmente progredindo. Um exemplo notável desse avanço é a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, que enfatiza que a acessibilidade não deve ser limitada a um conjunto de normas e leis, mas sim ser um processo de observação e construção envolvendo todos os membros da sociedade. Isso reflete um reconhecimento crescente da importância da participação de toda a comunidade na promoção da acessibilidade e dos direitos das pessoas com deficiência. (Andrade; Monte, 2020).

Nos nossos resultados, embora haja uma ênfase no discurso sobre a educação inclusiva, poucas ações práticas efetivas estão sendo implementadas. Isso é particularmente relevante nas aulas de Educação Física Escolar dentro do sistema inclusivo de ensino. A análise de dados quantitativos indica que os professores estão conscientes de sua realidade profissional, mas enfrentam dificuldades na implementação da educação inclusiva (Ribeiro; Zechin, 2020)

Essas dificuldades estão relacionadas à falta de formação profissional específica, apoio institucional e acessibilidade às atividades físicas escolares. Em resumo, a inclusão na Educação Física Escolar é compreendida, mas a pesquisa sugere que sua aplicação prática ainda é limitada devido a essas barreiras (Scarpato; Almeida, 2020).

Enfatiza-se que, com base nos eixos estudados, ficou evidente a falta geral de aplicação e conhecimento sobre a inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física Adaptada. Apesar da intenção de incluir crianças com deficiência nas aulas de Educação Física Escolar, a pesquisa aponta que o contexto escolar relacionado ao Esporte Adaptado ainda não está sendo efetivamente implementado pelos professores como mediadores do processo inclusivo. Isso destaca a necessidade de aprimorar a formação e o suporte dos professores para garantir uma inclusão mais eficaz nas aulas de Educação Física (Andrade; Monte, 2020).

Os resultados revelam que ainda há um extenso percurso a ser percorrido para a inclusão efetiva de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. Essa constatação ressalta a importância de continuar trabalhando para melhorar a inclusão e as práticas educacionais nesse contexto (Oliveira, 2022).

O Ministério da Educação e Cultura definem inclusão como a possibilidade de interação, socialização e adaptação do indivíduo ao grupo e, principalmente, das modificações necessárias da escola para atendê-lo, conforme o Plano Nacional de Educação (PNE, 2006), alunos com qualquer tipo de deficiência devem ter acesso a recursos diferenciados nas escolas, identificados como necessidades educacionais especiais (NEE). No entanto, nem sempre isso é respeitado na prática, indicando a existência de desafios significativos na implementação efetiva das políticas inclusivas na educação (Dias, 2019).

Porém, de acordo com os resultados da pesquisa fica claro a escassez com as adaptações necessárias para um aluno com deficiência nas escolas. Oliveira (2022) destaca que a inclusão não é apenas um objetivo a ser alcançado, mas o próprio percurso para a construção de uma sociedade inclusiva. Esse caminho, particularmente na Educação Física Escolar inclusiva, requer uma maior presença de pesquisas científicas, pois o campo acadêmico ainda carece de estudos e abordagens suficientes nessa área temática. Isso reforça a importância de investir em pesquisa e desenvolvimento para promover a inclusão de forma eficaz (Andrade; Monte, 2020).

Amaral (2023) destaca a importância de que o processo de inclusão não se limite a garantir a presença de todos os alunos nas instituições de ensino, mas também promova práticas que permitam a cada aluno aprimorar suas habilidades e competências. A base desse entendimento de educação inclusiva é o desenvolvimento de uma abordagem humanista, centrada na equidade de oportunidades e na promoção do conhecimento que estimule atitudes de valorização do ser humano e a aceitação da diversidade. Isso enfatiza a importância não apenas de inclusão física, mas também de inclusão efetiva e participação plena de todos os alunos na educação (Santos, 2023).

A educação inclusiva continua a buscar transformações para tornar a sociedade inclusiva, o que requer a participação de todos os envolvidos: estudantes, pais, professores e gestores das instituições de ensino regulares. Isso implica em receber atenção tanto da comunidade escolar quanto do Estado de maneira satisfatória, a fim de garantir a inclusão e a permanência dos alunos com deficiência. Essa abordagem destaca a importância da colaboração de todos os para criar um ambiente verdadeiramente inclusivo na educação (Gualberto, 2019).

Portanto a inclusão educacional é um direito fundamental e não uma concessão. As escolas inclusivas devem conhecer as necessidades individuais de seus alunos com deficiência e oferecer suporte adequado para garantir um ambiente de aprendizado acessível e igualitário para todos. Isso é fundamental para promover o pleno desenvolvimento e a participação de todos os alunos, independentemente de suas características individuais (Oliveira, 2022).

A educação inclusiva tem como objetivo proporcionar um ambiente em que alunos com deficiência possam participar plenamente, aprendendo e interagindo com seus colegas. Ao seguir os princípios da educação para a formação humana e convívio em sociedade, promove-se a diversidade, o respeito mútuo e a colaboração, criando um ambiente mais enriquecedor para todos os alunos. Essa abordagem beneficia não apenas os alunos com deficiência, mas toda a comunidade escolar (Rodrigues, 2022).

O estudo apresenta limitação inerente as pesquisas com desenho transversal, pela impossibilidade da relação de causa e efeito.

 

CONCLUSÃO

O estudo aponta várias dificuldades encontradas para proporcionar uma educação inclusiva de qualidade, principalmente no âmbito escolar. Isso inclui a falta de acessibilidade para alunos com deficiência, a ausência de uma ênfase suficiente na formação de professores em educação inclusiva, bem como a falta de apoio do corpo pedagógico escolar para acesso a cursos e palestras nessa área. Essas barreiras são ainda mais complicadas devido a preconceitos e segregações enraizados na sociedade.

No entanto, apesar desses desafios, o incentivo dos professores e o interesse dos alunos com deficiência em participar das aulas durante o processo letivo são pontos positivos a serem destacados. Isso mostra a importância de continuar trabalhando para construir ambientes educacionais mais inclusivos e libertadores para todos.

Neste contexto, destaca-se a necessidade de novos estudos para que assim mais informações sobre a necessidade da inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física sejam levadas aos professores, profissionais, escola e governo.

 

REFERÊNCIAS

AMARAL, G. B. D. S. Trajetória esportiva dos atletas de Goalball da CESA/UFSC. 69f. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC. 2023.

ANDRADE, J.A. M.; MONTE, E.O. Políticas de inclusão e acessibilidade no Instituto Federal da Amazônia Amapaense. Revista Vértices, v.22, n.2, p.368–391, 2020. DOI: 10.19180/1809-2667.v22n22020p368-391.

CUSTÓDIO, A. S. M. Inclusão nas escolas municipais de cachoeira dourada-go: desafios e perspectivas. Trabalho de Conclusão de Curso – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás 181f. – Itumbiara, 2023.

DA SILVA, K. F. Do direito à efetivação: educação especial e inclusão na educação infantil. 55f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – 2023.

DIAS, B. A. Inclusão de alunos com deficiência nas aulas de Educação Física. 39f. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde Centro Universitário de Brasília – UniCEUB. 2019.

DOS SANTOS, C. F. Inclusão e acessibilidade escolar da criança com necessidades especiais na educação infantil. 41f. Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Formação de Professores e Humanidades, da Pontifícia Universidade Católica de Goiás.

GOBBO, M. D. C. S.; ALBUQUERQUE, D. I. D. P. A educação física na educação infantil: perspectivas da contemporaneidade. Corpoconsciência, v.25, n.3, suplemento 2, p.1-175, Set-Dez, 2021

GUALBERTO, C. G. Atitudes Sociais e práticas pedagógicas nas aulas de educação física em uma perspectiva inclusiva. 156f. Jataí, 2017. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás.

KRUG, H. N.; KRUG, R. R. A complexidade da docência na educação física escolar diante da inclusão: as percepções dos professores da área. Revista Educação Inclusiva, v.7, n.2, p.1-22, 2022.

OLIVEIRA, C. A. Educação Física inclusiva dos alunos com deficiência: uma revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Ensino e Aprendizagem, v.4, n.1, p.151-161, 2022.

RIBEIRO, V. B.; et al. Inclusão nas aulas de educação física escolar em escolas de ensino regular: desafios enfrentados pelos professores de educação física antes e durante a pandemia da COVID-19. Pedagogia Ação, v.20, n.1, 2023.

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