ARTIGO ORIGINAL

A PERSPECTIVA DO PROFESSOR DE EDUCA��O F�SICA PARA AS AULAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19

THE PHYSICAL EDUCATION TEACHER'S PERSPECTIVE FOR LESSONS IN THE CONTEXT OF THE PANDEMIC OF COVID-19

LA PERSPECTIVA DEL PROFESOR DE EDUCACI�N F�SICA PARA LAS LECCIONES EN EL CONTEXTO DE LA PANDEMIA DE COVID-19

Douglas Alencar Vieira1, Louise Santos da Costa2, �ngelo Negr�o2, Roseane Monteiro-Santos2

 

 

Data de Submiss�o: 01/10/2020 Data de Publica��o:05/01/2021

Como citar: VIEIRA, D. A., et al. a perspectiva do professor de educa��o f�sica para as aulas no contexto da pandemia de covid-19Revista Eletr�nica Nacional de Educa��o F�sica, v. 11, n. 16, jan. 2021. https://doi.org/10.46551/rn2020111600043

 

RESUMO

Este estudo objetivou analisar a perspectiva do professor de Educa��o F�sica escolar para as aulas durante e ap�s a pandemia da COVID-19. Teve como objetivos espec�ficos: investigar a vis�o dos professores sobre a mudan�a da did�tica das aulas p�s-pandemia; e discutir as possibilidades acerca das aulas remotas da Educa��o F�sica na Educa��o B�sica.� A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo, quanti-qualitativa e para a coleta das informa��es utilizou-se um question�rio. Nos resultados, foi tra�ado um perfil dos 131 participantes; bem como seus anseios sobre a did�tica abordada nas aulas como atividades pr�ticas, enfoque na sa�de, discuss�o de aspectos pol�ticos, uso de tecnologias; a possiblidade das aulas remotas na Educa��o B�sica se tornarem vi�vel; e os problemas esperados pelos educadores assim que as atividades escolares forem reestabelecidas. Conclui-se que os professores dever�o utilizar todas as compet�ncias abordadas nas aulas de Educa��o F�sica, para que no primeiro momento de retorno a rotina escolar, essas compet�ncias sejam vistas como ferramentas importantes no seu plano de aula, buscando enriquecer o conte�do e preservar a sa�de de seus alunos.

Palavras-chave: Educa��o F�sica Escolar. COVID-19. Ensino Remoto.

 

ABSTRACT

The aim of this research was to analyze the Physical Education teacher`s perspective for the return of classes during and after the COVID-19 pandemic. Specific objectives were: to investigate teacher`s views about the change on didactic classes; and discuss possibilities for distance classes in Physical education and Basic education. It was conducted a field research type, quanti-qualitative and a questionnaire was applied to data collection. The 131 participants profile are presented in the results just as their concerns about didactic activities and practical classes focused on health, discussion of political aspects, and use of technologies; the possibility of distance learning in Basic Education becoming viable; towards issues expected by educators as soon as school activities are reestablished. It is concluded that teachers should use all the skills covered in Physical Education classes. Since in the first moment of returning to school routine, they would be an important tool to their lesson plan, which seeks to enrich the content and preserve the student health.

Keywords: School Physical Education. COVID-19. Remote Teaching.

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo analizar la perspectiva del profesor de Educaci�n F�sica escolar para las clases durante y despu�s de la pandemia de COVID-19. Sus objetivos espec�ficos fueron: investigar la visi�n de los docentes sobre el cambio en la ense�anza de las clases pospand�micas; y discutir las posibilidades de las clases de Educaci�n F�sica a distancia en Educaci�n B�sica. La metodolog�a utilizada fue la investigaci�n de campo, cuanti-cualitativa y para la recolecci�n de la informaci�n se utiliz� un cuestionario. En los resultados se traz� un perfil de los 131 participantes; as� como sus inquietudes sobre la did�ctica abordada en clase como actividades pr�cticas, foco en salud, discusi�n de aspectos pol�ticos, uso de tecnolog�as; la posibilidad de que las clases a distancia de Educaci�n B�sica sean viables; y los problemas esperados por los educadores tan pronto como se restablezcan las actividades escolares. Se concluye que los docentes deben utilizar todas las habilidades cubiertas en las clases de Educaci�n F�sica, para que en el primer momento de regreso a la rutina escolar, estas habilidades sean vistas como herramientas importantes en su plan lectivo, buscando enriquecer el contenido y preservar la salud. de tus alumnos.

Palabras clave: Educaci�n F�sica Escolar. COVID-19. Ense�anza remota.

 

INTRODU��O

����������� O surto do Coronav�rus (SARS-CoV-2) come�ou na cidade de Wuhan, na China, e rapidamente se disseminou, tomando propor��es inimagin�veis, chegando a uma pandemia. Como a transmiss�o do v�rus ocorre, principalmente, pelas got�culas que s�o expelidas quando falamos, tossimos ou espirramos, dentre as principais medidas abordadas pelas autoridades de sa�de para barrar a sua propaga��o, o distanciamento social foi a mais eficaz, ocasionando na paralisa��o parcial, e at� mesmo integral, das mais diversas atividades, dentre elas, �s ligadas a Educa��o (BARRETO; ROCHA, 2020).

����������� Segundo a Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, a Ci�ncia e a Cultura � UNESCO (2020b), desde que a pandemia come�ou, centros educacionais foram fechados totalmente ou parcialmente em aproximadamente 100 Estados e em pelo menos 85 pa�ses as escolas tiveram suas atividades interrompidas completamente como forma de tentar conter o avan�o do novo Coronav�rus. A organiza��o aponta ainda que o fechamento dessas unidades escolares afetou a rotina de1,7 bilh�es de alunos no mundo todo (UNESCO, 2020a).

����������� Um dos maiores desafios a partir de ent�o, perpassa sobre as possibilidades e os cuidados que dever�o ser tomados quando as aulas recome�arem, principalmente no per�odo imediato ap�s o fim da pandemia. Segundo o movimento Todos Pela Educa��o (2020) o retorno das atividades presenciais nas escolas ter� que ser feito respeitando uma s�rie de cuidados para garantir a sa�de de todos que est�o envolvidos no contexto escolar, al�m de tra�ar estrat�gias para vencer as consequ�ncias negativas provocadas pela pandemia na aprendizagem dos alunos.

����������� Nesse contexto, em rela��o �s aulas de Educa��o F�sica, essas medidas de precau��o, como distanciamento entre os estudantes, por exemplo, geram inquieta��es quanto ao desenvolvimento de algumas etapas do ensino deste componente curricular, como as atividades pr�ticas, que, �s vezes, necessitam de contato f�sico. Logo, algumas indaga��es s�o pertinentes, como: A metodologia utilizada nas aulas de Educa��o F�sica deve ser revista? Quais medidas protetivas poder�o ser adotadas nas atividades pr�ticas? E, quais as possibilidades das aulas de Educa��o F�sica no atual cen�rio e no mundo p�s-pandemia de COVID-19?

����������� Tais questionamentos justificam a necessidade desta investiga��o e possibilitam uma reflex�o acerca da did�tica utilizada pelo professor, bem como sobre as poss�veis modifica��es que poder�o ser realizadas no sistema de Educa��o brasileiro.

����������� Assim, esta pesquisa objetivou analisar a perspectiva do professor de Educa��o F�sica escolar para as aulas durante e ap�s a pandemia da COVID-19. Teve como objetivos espec�ficos: investigar a vis�o dos Professores sobre a mudan�a das did�ticas das aulas p�s-pandemia; e discutir as possibilidades acerca das aulas remotas da Educa��o F�sica na Educa��o B�sica.

����������� Como m�todo de coleta de dados foi utilizado um question�rio virtual e fechado que tra�ou o perfil dos professores que participaram do estudo e averiguou suas expectativas para os rumos da Educa��o F�sica (e da Educa��o brasileira), a curto e em longo prazo, ap�s o retorno das atividades escolares presenciais. Ao todo foram obtidas 131 respostas de profissionais de diversas cidades, das cinco regi�es do Brasil.

 

A PANDEMIA DO NOVO CORONAV�RUS

����������� O novo Coronav�rus, intitulado SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Corona V�rus 2, ou S�ndrome Respirat�ria Aguda Grave do Coronav�rus 2), causador da doen�a COVID-19 (Corona V�rus Diseases ou Doen�a do Coronav�rus, enquanto �19� refere-se ao ano de seu surgimento), foi registrado pela primeira vez na cidade de Wuhan, Prov�ncia de Hubei, na China, em 31 de dezembro de 2019. A doen�a se espalhou rapidamente por todo o mundo e no dia 11 de mar�o de 2020 a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) decretou o status de Pandemia, provocada pelo v�rus (BRASIL, 2020c).

����������� Os sintomas apresentados pelos indiv�duos infectados variam bastante, mas no geral, incluem tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar. Segundo a OMS a maior parte dos indiv�duos que contraem a COVID-19 apresentam sintomas leves e podem at� mesmo ser assintom�ticos, mas, aproximadamente 20% dos infectados precisam de interna��o hospitalar por complica��es provocadas pelo v�rus e desses cerca de 5% apresentam necessidade de suporte ventilat�rio em UTI (BRASIL, 2020c).

����������� Conforme o Minist�rio da Sa�de, a transmiss�o ocorre de um sujeito doente para outro atrav�s de contato f�sico pr�ximo, toque do aperto de m�o, got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro e por superf�cies e objetos contaminados. Como medidas de prote��o indica-se lavar as m�os sempre que poss�vel com �gua e sab�o ou utilizar �lcool 70% para higieniz�-las, cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, manter dist�ncia de outra pessoa e mais uma s�rie de cuidados recomendados pelas autoridades de sa�de (BRASIL, 2020c).

����������� At� o dia 30 de junho, quatro meses ap�s come�o da pandemia, de acordo com o Painel COVID-19 do Centro de Ci�ncia e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins (2020) o mundo j� registrava 10.375.897 casos do novo Coronav�rus, com 507.373 mortes. No Brasil, no mesmo per�odo, os dados do Minist�rio da Sa�de (2020) j� apresentavam 1.368.195 pessoas infectadas pela doen�a e 58.314 vidas perdidas para a COVID-19.

����������� De acordo com Diniz et al. (2020) ainda que o n�mero de casos da doen�a no territ�rio brasileiro esteja aumentando, estados e munic�pios t�m adotado com rigor meios de diminui��o do cont�gio, como o isolamento social, fechamento de escolas, do com�rcio e de atividades n�o essenciais, proibi��o de entrada de estrangeiros, bloqueio de fronteiras terrestres e em casos mais extremos o lockdown (em portugu�s, bloqueio total ou confinamento obrigat�rio).

����������� Tais medidas de conten��o buscam frear o avan�o da pandemia no Brasil (e no mundo), por�m, embora tenham o objetivo de controlar a situa��o e evitar o colapso no sistema de sa�de, principalmente no setor p�blico que j� � bastante prec�rio no pa�s, acabam afetando negativamente outras �reas como a Pol�tica, Educa��o e Economia.

�����������

IMPACTO DA PANDEMIA NA EDUCA��O BRASILEIRA

����������� O surto mundial da COVID-19 trouxe diversos desafios ao �mbito educacional no Brasil. O cen�rio exigiu imediata rea��o dos gestores p�blicos, frente a interromper a propaga��o do v�rus, impactando a realidade humana em suas diferentes dimens�es. Para tanto, como afirma o Minist�rio da Sa�de (2020), o isolamento social � uma das maneiras adotadas para evitar a transmiss�o local do v�rus, uma vez que objetiva a separa��o de pessoas sintom�ticas e assintom�ticas em investiga��o cl�nica.

����������� Nesse contexto, segundo Arruda (2020) o setor escolar possui grande foco de propaga��o, pois � um dos ambientes sociais com maiores trocas de contato com indiv�duos de faixa et�ria diferentes, tornando-se um dos espa�os de maior probabilidade de contamina��o em massa.

����������� Diante disso, as escolas p�blicas e privadas da Educa��o B�sica, cumprindo determina��o do Minist�rio da Educa��o (MEC), suspenderam suas atividades. Por�m, a portaria publicada em 17 de mar�o no Di�rio Oficial da Uni�o (n� 343/2020) passou a permitir que as aulas presenciais fossem substitu�das por aulas remotas durante o per�odo da pandemia. Al�m disso, em 1� de abril a medida provis�ria n� 934/2020 suspendeu a obrigatoriedade de escolas e universidades de atingir 200 dias letivos, mantendo o cumprimento somente da carga hor�ria m�nima; a suspens�o valer� para o ano letivo afetado pela pandemia. (BRASIL, 2020a).

����������� A UNESCO (2020a) afirma que aproximadamente 53 milh�es de estudantes brasileiros foram afetados pelo fechamento das escolas. Segundo o Todos Pela Educa��o (2020) frente a uma crise sem precedentes, o funcionamento das unidades escolares ser� uma miss�o de enormes propor��es para os gestores p�blicos educacionais. Os esfor�os devem apresentar articula��o pol�tica de forma coordenada para que as Secretarias de Educa��o possam responder adequadamente aos obst�culos que surgir�o.

 

O PAPEL DA EDUCA��O F�SICA NO CONTEXTO DA PANDEMIA

����������� De acordo com Santana e Costa (2016) a atividade f�sica � muito eficaz para a conserva��o e melhoria da sa�de e na preven��o de diversas enfermidades, influenciando diretamente na longevidade e na qualidade de vida, atrav�s dos benef�cios fisiol�gicos, psicol�gicos e sociais.

����������� Nesse sentido, Santana e Costa (2016) apresentam a import�ncia do professor de Educa��o F�sica escolar exercendo um papel preponderante na qualidade de vida e na sa�de dos estudantes por meio da atividade f�sica, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento de aspectos espec�ficos da cultura corporal como gin�stica, dan�a, esporte, lutas, al�m dos jogos e brincadeiras.

����������� Logo, analisando a situa��o das crian�as, que foram afetadas com a paralisa��o das escolas, precisamos entender como os professores de Educa��o F�sica devem agir em suas aulas durante a pandemia e ap�s o retorno, buscando adequ�-las para minimizar o comprometimento da sa�de dos alunos e que o conte�do proposto seja apreendido de uma forma plaus�vel.

����������� Considerando o momento atual do surto, para recomenda��es de volta as atividades f�sicas em grupo, devem-se observar alguns aspectos, como por exemplo, a influ�ncia do isolamento no aumento do sedentarismo. De acordo com Chen et al. (2020), baseando-se nas diretrizes do Departamento de Sa�de e Servi�os Humanos dos Estados Unidos da Am�rica, a pr�tica de exerc�cios f�sicos regulares em local seguro e dom�stico durante a pandemia � um meio fundamental para que os indiv�duos se mantenham ativos fisicamente.

����������� Logo, Raiol et al. (2020) relatam os benef�cios da pr�tica regular de exerc�cio f�sico, uma vez que esta est� intimamente ligada a fatores imunol�gicos, controle de doen�as, capacidade funcional e sa�de mental, por exemplo, e, portanto, contribuem para que sujeito tenha uma vida saud�vel, al�m de apresentar melhora e manuten��o da imunidade, ferramenta de grande import�ncia na luta contra o v�rus. ��������

Assim, investigar e analisar as medidas que escolas e professores tomaram durante a pandemia � de grande valia para tra�ar m�todos e enriquecer o leque de possibilidades, visando disseminar para que todos tenham acesso.

 

MATERIAIS E M�TODOS

Caracteriza��o da pesquisa

����������� Este � um estudo do tipo pesquisa de campo, que, segundo Prodanov e Freitas (2013), tem como objetivo obter dados e/ou conhecimentos sobre o problema investigado, consistindo na observa��o dos fen�menos e fatos na forma como ocorrem, coletando informa��es acerca dos mesmos e registrando as vari�veis que s�o mais relevantes para analis�-las posteriormente. O trabalho ainda se caracteriza como descritivo, pois os resultados s�o apenas registrados e descritos pelo pesquisador, sem interfer�ncia, e, geralmente, envolve ferramentas padr�es para coleta dos materiais, como o question�rio.

����������� A pesquisa � de car�ter quanti-qualitativo. Um estudo qualitativo apresenta a interpreta��o dos dados obtidos e a atribui��o de significados a eles como processo b�sico. J� uma an�lise quantitativa leva em considera��o tudo que pode ser quantificado atrav�s de t�cnicas e recursos da estat�stica, podendo, assim, transformar opini�es e informa��es em n�meros, para posteriormente fazer uma boa classifica��o e an�lise dos resultados (PRODANOV; FREITAS, 2013).

 

Coleta dos dados

����������� Para a coleta das informa��es foi utilizado um question�rio desenvolvido pelos autores da pesquisa em quest�o. Para Gil (2008) essa t�cnica de investiga��o � constitu�da por um grupo de quest�es submetidas �s pessoas com o objetivo de adquirir dados acerca de seus conhecimentos, expectativas, interesses sentimentos, valores, etc. Na constru��o de um question�rio, os anseios da pesquisa devem ser traduzidos, pelos pr�prios pesquisadores, em quest�es espec�ficas, uma vez que as respostas obtidas � que proporcionar�o os dados necess�rios para a constru��o do trabalho.

����������� O question�rio foi desenvolvido e disponibilizado atrav�s da plataforma online Google Formul�rio� e teve a divulga��o feita por meio de um aplicativo de mensagens instant�neas. O link de acesso para os professores responderem �s perguntas se manteve ativo por tr�s semanas (13/05/2020 � 02/06/2020) e, ap�s esse per�odo, a p�gina n�o permitia mais o envio de respostas.� O question�rio foi dividido em tr�s partes:

��� � Triagem: Questionava se o indiv�duo era professor de Educa��o F�sica e se desejava participar da pesquisa, assim, somente se respondesse sim, em ambas as perguntas, poderia seguir a diante com o restante das quest�es;

��� � Perfil: identificava os participantes, com indaga��es sobre nome (n�o era obrigat�rio se identificar) sexo, idade, tempo e grau de forma��o, cidade em que mora, etapa da Educa��o B�sica em que leciona e se trabalha em escola p�blica e/ou privada (ou est� desempregado);

��� � Investiga��o: composta por 9 quest�es de m�ltipla escolha e 2 discursivas, investigou as expectativas do professor para os rumos da Educa��o F�sica (e da Educa��o brasileira), a curto e em longo prazo, ap�s o retorno das atividades escolares. As perguntas versavam sobre a did�tica abordada nas aulas (atividades pr�ticas, enfoque na sa�de, discuss�o de aspectos pol�ticos, uso de tecnologias), acerca da possiblidade de aulas remotas na Educa��o B�sica se tornarem uma possibilidade vi�vel (levando em considera��o as dificuldades do professor e do sistema educacional brasileiro) e a respeito dos problemas esperados pelos educadores assim que as atividades nas escolas serem reestabelecidas.�

����������� Tra�ando dois eixos tem�ticos das perguntas realizadas na parte III do question�rio, o primeiro abrangia as quest�es 1 a 5, que abordavam aspectos que poderiam ser desenvolvidos ap�s o fim da pandemia, ligados diretamente � did�tica das aulas presenciais. O segundo eixo, da pergunta 6 a 11, abordava o assunto das aulas remotas e da vis�o do professor quanto a esse quesito, observando a possibilidade de aplicar medidas referentes a esse assunto ainda no momento da pandemia do novo Coronav�rus.�

����������� Como crit�rio de inclus�o na pesquisa o sujeito tinha que obrigatoriamente ser professor de Educa��o F�sica escolar e estar ou j� ter atuado na �rea. Como crit�rios de exclus�o, eram retirados da pesquisa educadores que n�o se encaixavam nos requisitos acima.�

 

RESULTADOS E DISCUSS�O

Perfil dos participantes

����������� Ao todo foram obtidas 131 respostas, dessas, 51,15% foram de pessoas do sexo feminino e 48,85% masculino. Foram recebidos retornos de professores das cinco regi�es do Brasil (Imagem 1), sendo: 51 do Norte (PA=49, RO=1, TO=1); 34 do Sudeste (ES=1, MG=5, RJ=14, SP=14); 31 do Nordeste (AL=3, BA=2, CE=5, MA=2, PB=7, PE=8, PI=1, RN=3); 11 do Sul (PR=4, RS=4, SC=3); 3 do Centro-Oeste (3: GO=1, MT=2); e 1 n�o informou a cidade onde reside.

 

Imagem 1: Respostas por regi�o

Fonte: pr�prios pesquisadores

 

����������� O Gr�fico 1 apresenta a idade dos Professores que participaram da pesquisa. A m�dia foi de 37 anos, a menor foi de 21 e a maior foi 62 anos:

 

Gr�fico 1: Idade dos participantes

Fonte: pr�prios pesquisadores

Legenda: X= n�o informado

 

����������� Com rela��o ao tempo de forma��o, a m�dia obtida foi de 10,6 anos, com professores que possuem desde 2 meses at� 39 anos de formados. Referente � titula��o m�xima (Gr�fico 2), 25,95% s�o graduados, 64,12% especializados, 9,17% mestres e somente 0,76% possui doutorado. Sobre a �rea de atua��o (Gr�fico 3), 64,12% dos que responderam ao question�rio trabalham em escola p�blica, 9,17% atuam somente em institui��o privada, 16,02% lecionam em escola p�bica e privada e 10,69% indiv�duos est�o desempregados

 

Gr�fico 2: Titula��o����������������� ������������������������������ Gr�fico 3: �rea de atua��o

Fonte: pr�prios pesquisadores���������������������� �����������Fonte: pr�prios pesquisadores

 

����������� Acerca da etapa de ensino (Gr�fico 4), 15,27% professores n�o lecionam em nenhuma das fases da Educa��o B�sica. Dos que atuam em apenas uma fase, 3,82% s�o do Ensino Infantil, 10,69% Fundamental I, 11,45% Fundamental II e 5,34% do Ensino M�dio. Juntos, os educadores que trabalham em duas etapas de ensino s�o 25,19% e em tr�s s�o 23,66%. E por fim, os que aplicam suas aulas do Infantil ao M�dio s�o 4,58%.

Gr�fico 4: Etapa da Educa��o B�sica

Fonte: pr�prios pesquisadores

Legenda: EI=Ens. Infantil, EF-I=Ens. Fundamental I, EF-II= Ens. Fundamental II, EM= Ensino M�dio, TE= Todas as Etapas, NE=Nenhuma das Etapas.

 

Perceptiva do Professor de Educa��o F�sica

����������� Nesta se��o, ser�o expostos os resultados obtidos na terceira parte do question�rio. Na primeira pergunta os professores responderam sobre a probabilidade de haver mudan�as na did�tica das aulas ap�s o t�rmino da pandemia de COVID-19, na qual, 12,98% alegaram que essas altera��es n�o aconteceriam e 87,02% acreditavam que, quando as atividades escolares retornarem, ser� necess�rio modificar a did�tica utilizada.

����������� Com isso, Oliveira e Souza (2020) afirmam que com a volta das aulas os profissionais envolvidos no contexto escolar precisar�o juntar esfor�os para refletir acerca das estrat�gias utilizadas no processo de ensino e adapt�-las a cada realidade, uma vez que essa ser� uma sa�da essencial para atenuar os impactos deixados pela crise do novo Coronav�rus. Corroborando, a organiza��o Todos Pela Educa��o (2020) explica que ser� necess�rio reorganizar o calend�rio escolar, utilizando a did�tica com foco em a��es pedag�gicas que permitam que a aprendizagem seja recuperada, ou seja, buscar estrat�gias que diminuam os d�ficits provocados e aumentados pelo tempo em que as atividades estiveram paralisadas.�

����������� Prosseguindo, entendendo que muitos conte�dos da Educa��o F�sica exigem contato em sua forma pr�tica e sabendo que o contato � justamente um dos meios mais comuns de dissemina��o do v�rus, os professores foram questionados se no primeiro momento, logo no in�cio do retorno das atividades, a aplica��o das aulas pr�ticas ser� vi�vel. Assim, 61,83% dos participantes se mostravam favor�veis ao desenvolvimento de atividades desse tipo e 38,17% disseram que nesse momento o melhor seria manter apenas as aulas te�ricas.

����������� Entretanto, as autoridades de sa�de t�m alertado para o planejamento sanit�rio que dever� ser minunciosamente articulado e cuidadoso para o retorno das aulas, pois, possivelmente, as escolas voltar�o a funcionar ainda em um ambiente bastante preocupante em rela��o � pandemia. Assim, existe um consenso no ponto em que para o retorno escolar a��es de distanciamento social e de manuten��o de procedimentos de higiene ser�o essenciais para que n�o ocorra um crescimento descontrolado de contaminados pelo v�rus (TODOS PELA EDUCA��O, 2020).

����������� Nesse contexto, os professores de Educa��o F�sica ter�o que ficar atentos para as atividades que ir�o desenvolver, principalmente caso optem pela aplica��o de aulas pr�ticas, seguindo rigorosamente as orienta��es acerca do distanciamento e cuidados higi�nicos que devem ser tomados, para assim, fornecer um espa�o o mais seguro poss�vel, para o aluno e para o educador, contribuindo para que n�o ocorra o surgimento e um aumento no n�mero de casos da doen�a no ambiente escolar.

����������� Outro ponto observado durante o surto mundial da COVID-19 foi/� o grande consumo da tecnologia. Por isso perguntou-se se os educadores acreditavam numa nova vis�o sobre a inser��o e uso de ferramentas tecnol�gicas nas aulas de Educa��o F�sica escolar. Nas respostas (Gr�fico 5) a maioria, 48,85% cr� que � muito prov�vel que esse tipo de recurso seja inserido nas aulas, 32,07% razoavelmente prov�vel, 19,08% acreditavam numa probabilidade muito pequena e nenhum dos participantes descartava essa possibilidade.

Razoavel.
prov�vel
Razoavel.
prov�vel

Gr�fico 5: Tecnologia nas aulas���������������������������� ��Gr�fico 6: Debate pol�tico nas aulas���

Fonte: pr�prios pesquisadores�������������������������������� Fonte: pr�prios pesquisadores

 

����������� Em concord�ncia com os dados acima, Mendon�a (2019), em seu estudo afirma que o uso dessas tecnologias nas aulas de Educa��o F�sica � capaz de auxiliar o professor no m�todo de ensino, favorecendo o aprendizado e o acesso a conte�dos que poucos t�m oportunidade. Assim, para Boto (2020) o novo Coronav�rus est� aproximando, finalmente, a escola da tecnologia e os profissionais devem mergulhar no momento que a hist�ria os colocou, segundo a autora, s�o tempos dif�ceis e tristes, mas que trouxeram uma oportunidade pedag�gica, que � avan�ar e olhar para o futuro.

����������� Dando prosseguimento, tamb�m ficaram vis�veis, durante a pandemia, as a��es governamentais para frear a propaga��o do v�rus, trazendo efeitos positivos e negativos, ocasionando uma polariza��o de ideias pol�ticas. Uma vez que um dos diversos objetivos da Educa��o F�sica escolar � dar condi��es para que o indiv�duo participe da sociedade de forma cr�tica, questionou-se sobre a probabilidade de o vi�s pol�tico ter mais espa�o para debate nas aulas de Educa��o F�sica (Gr�fico 6).

����������� Grande parte dos participantes n�o acreditava muito na possibilidade desse debate se tornar poss�vel nas aulas. Os que disseram ser pouco prov�vel discutir sobre pol�tica na escola, ap�s a pandemia, foram 38,17%, com duas respostas a menos, 36,64% professores afirmaram ser razoavelmente prov�vel. Por fim, 20,61% dos educadores informaram crer numa probabilidade muito grande acerca dessa discuss�o e apenas 4,58% via a ideia como improv�vel.

����������� S�o in�meros os motivos que tornam o debate pol�tico na escola um desafio um tanto complexo, entretanto, � de responsabilidade do corpo docente encontrar m�todos para inserir a pol�tica em suas aulas, tendo em vista que a escola � um espa�o pol�tico e essa discuss�o � de suma import�ncia no desenvolvimento completo do aluno perante a sociedade. Com isso, de acordo com Silva (2015) � importante que o vi�s pol�tico esteja presente nas escolas, para que possa servir como subs�dio na amplia��o da vis�o dos professores e da comunidade escolar sobre o seu papel como agente transformador da realidade e com responsabilidade social.

����������� Nesse sentido, deve-se entender que a escola det�m de um poder gigantesco, por�m n�o deve ser passado para os alunos como uma premissa em longo prazo, mas sim faz�-los compreender sua import�ncia na constru��o do seu presente com vistas para o futuro, assim, fornecendo-lhes sentido at� mesmo na import�ncia de estar na escola, evitando que se sintam perdidos. A pol�tica no ambiente escolar deve ser usada com o intuito de ouvir as expectativas, afli��es, suas reais buscas, necessidades e dificuldades (SILVA, 2015).

����������� Por conseguinte, uma quest�o pertinente � a reflex�o que novo Coronav�rus trouxe acerca da necessidade de manter h�bitos saud�veis e a pr�tica regular de atividade f�sica. De acordo com tal situa��o, foi indagado se as aulas de Educa��o F�sica escolar ter�o que direcionar maior enfoque sobre a rela��o atividade f�sica e sa�de. Nessa quest�o, 92,37% responderam que sim e 7,63% que n�o.

����������� Nesse sentido, de acordo com Bressan e Medeiros (2014), voltam-se os olhares para a escola, onde as crian�as passam grande parte do seu dia e atravessam v�rias etapas de sua forma��o como cidad�o, assim sendo um local excepcional na promo��o de sa�de. Em suas an�lises, Telama et al. (2013) chegaram � conclus�o que um estilo de vida fisicamente ativo desde a inf�ncia tem mais chances de prevalecer na vida adulta, essas chances s�o de moderada a alta estabilidade, destaca-se ainda que o estudo visa a pr�tica de atividade f�sica e de esportes com a finalidade de promover a sa�de de jovens na escola.

����������� Outro aspecto protagonista durante o grande surto mundial do Coronav�rus foi/� o ensino online, encarado como uma das alternativas para que as pr�ticas educacionais n�o sejam completamente prejudicadas nesse per�odo. Por isso, foi perguntado se os professores viam uma possibilidade de substitui��o de aulas presenciais por aulas online na Educa��o B�sica (Gr�fico 7). Em seguida, tamb�m se indagou sobre o quanto eles se sentiam capacitados para ministrar aulas de Educa��o F�sica � dist�ncia (Gr�fico 8).

Razoavel.
prov�vel
Gr�fico 7: Aulas online����������������������������������������������� Gr�fico 8: Capacita��o

Fonte: pr�prios pesquisadores����������������������������������� Fonte: pr�prios pesquisadores

 

����������� Como evidenciado acima, 47,33% dos participantes da pesquisa v�m como pouco prov�vel que as aulas passem a ser aplicadas online e 34,35% achavam essa possibilidade completamente improv�vel. Um pouco mais confiantes 12,98% professores disseram ser razoavelmente prov�vel e 5,34% afirmaram a situa��o como muito prov�vel.

����������� Desse modo, a Educa��o sempre atrav�s do tempo sofreu altera��es no seu m�todo e no seu conte�do, outrora a sociedade n�o tinha os avan�os tecnol�gicos atuais para contribuir nessa mudan�a, mesmo sendo de forma for�ada pela atual situa��o mundial. Portanto, � de f�cil entendimento a maioria dos professores n�o olharem de forma positiva para a chegada das aulas online no atual sistema.

����������� Logo, Boto (2020) vem para corroborar com essa premissa quando afirma s�o tempos de exce��o e para esses tempos, os educadores precisam se reinventar, ser inventivo, passarem por experimenta��o, ter coragem para se desprender do que era o normal dentro da Educa��o, a partir disso utilizar as novas estrat�gias e trazer de forma efetiva a internet para dentro da escola.

����������� No entanto, a autora tamb�m refor�a que n�o se trata da mudan�a definitiva do ensino presencial e como conhecemos para as pr�ticas virtuais, mas apenas de utilizar, neste momento em especial, recursos que a tecnologia proporciona, pois, o futuro n�o vai aderir ao ensino remoto (ER), mas que se pode sim utilizar e manusear de forma inteligente os mecanismos da internet para enriquecer as aulas, respeitando sempre o conte�do, tradi��es e focando no aprendizado dos alunos (BOTO, 2020).

����������� Contudo, de acordo com o Gr�fico 8, que apresenta os resultados sobre a percep��o dos professores acerca de sua capacidade de ministrar aulas de Educa��o F�sica a dist�ncia, a maioria expressou despreparo para atuar no ensino remoto, na qual 8,40% disseram estar muito pouco e 55,73% pouco capacitados. Entretanto, uma parcela consider�vel, 31,30% relataram estar muito e 4,58% extremamente capacitados.

����������� Nesse sentido, um estudo do Instituto Pen�nsula (2020), dentro do contexto da Educa��o diante a pandemia da COVID-19, constatou que 90% dos educadores nunca tinham dado aula � dist�ncia e 55% n�o receberam suporte ou treinamento para atuar de maneira n�o presencial. E ainda, conforme a pesquisa, os profissionais relataram que n�o utilizaram nenhuma ferramenta pedag�gica e que tem criado suas pr�prias atividades por aplicativos de comunica��o, como o WhatsApp.

����������� Logo, segundo a organiza��o Todos pela Educa��o (2020) as inova��es tecnol�gicas, as demandas sociais e as novas exig�ncias do mundo moderno, trazem quest�es centrais do ensino remoto que se refere ao papel do professor, respons�vel por desempenhar m�ltiplas fun��es para as quais n�o foi preparado. Por isso, os docentes necessitam de constante atualiza��o das metodologias de ensino para conseguir lidar pedagogicamente com os recursos tecnol�gicos.

����������� Desse modo, Churkin (2020) declara que a tend�ncia do Ensino a Dist�ncia desconsidera a import�ncia do incentivo docente para uso das tecnologias de informa��o.� Para o autor, o problema se concentra na estrutura curricular de forma��o dos professores, no qual deve abordar com maior aprofundamento na compet�ncia dos educadores para se trabalhar com o ambiente virtual, criando um perfil profissional preparado e capaz de atuar nessa nova realidade.

����������� Entretanto, a qualidade da aula que � ofertada em modalidades n�o presenciais tamb�m deve ser discutida. Assim, numa escala de 1 a 5, na qual 1 � imposs�vel e 5 extremamente poss�vel, questionou-se sobre o quanto o educador acredita na possibilidade de desenvolvimento de uma aula de Educa��o F�sica escolar a dist�ncia que seja eficiente. (Gr�fico 9). Os que achavam imposs�vel ou pouco poss�vel somavam 26,72%, professores que viam a ideia como poss�vel eram 48,09% e, juntos, 25,19% acreditavam ser muito ou extremamente poss�vel.

 

Razoavel.
prov�vel

�Gr�fico 9: Efici�ncia da aula a dist�ncia���������������� Gr�fico 10: Ensino Remoto na escola p�blica

�Fonte: pr�prios pesquisadores������������������������������� Fonte: pr�prios pesquisadores

 

����������� Ratificando, Churkin (2020) afirma que os docentes que se adaptam as estrat�gias de comunica��o e intera��o, por meio de diversos materiais did�ticos que o ensino remoto oferece, conseguem atuar no processo de aprendizagem dos educandos de forma eficiente. Logo, os docentes podem utiliz�-las como auxiliadoras do trabalho pedag�gico, com planejamentos, elabora��o did�tica, entre outras a��es, possibilitando aos estudantes realizar tarefas pedag�gicas em novas perspectivas.

����������� Entretanto, a realidade em que o estudante est� inserido tamb�m deve ser levada em considera��o. Por isso, Barreto e Rocha (2020), ressaltam que o uso dessas mesmas tecnologias na Educa��o pode acentuar as diferen�as de classes, pois para que as pr�ticas sejam efetivas e democr�ticas � necess�rio que todos os alunos tenham acesso.

����������� Dessa forma, Fran�a Filho, Antunes e Couto (2020) exp�em que criticar o modelo de Educa��o a dist�ncia, n�o significa criticar o uso das tecnologias, contudo � necess�rio entender que o desenvolvimento tecnol�gico n�o ocorre de forma homog�nea e que o acesso virtual a informa��es permanece subordinado a quem det�m de concentra��o de capital. Assim, a cr�tica n�o se resume ao servi�o da tecnologia, mas sim a quem este deve servir, tornando o trabalho docente condutor de forma��o intelectual com ferramentas que estejam dispon�veis a todos.

����������� Al�m de analisar a capacita��o dos professores e a qualidade da Educa��o que pode ser ofertada dentro das possibilidades ER, tamb�m foi questionado se na rede p�blica de ensino, observando todas as dificuldades enfrentadas pelos alunos, � poss�vel implantar modelos de aulas remotas (Gr�fico 10). Nas respostas, 25,19% professores opinaram como improv�vel, 48,09% pouco prov�vel, 22,90% razoavelmente prov�vel e 3,82% disseram ser muito prov�vel.

����������� Nessa perceptiva, Para Filho, Antunes e Couto (2020) a introdu��o do modelo a dist�ncia reduz toda a complexidade da pr�tica social pedag�gica. O conjunto de procedimentos com a��es espec�ficas a serem cumpridos em qualquer hora ou qualquer espa�o, coloca a Educa��o como uma simples t�cnica a ser instrumentalizada que se pode replicar. Os mesmos afirmam que o modelo traz em seu discurso a garantia de um ensino personalizado, como se as intera��es digitais permitissem ampliar a capacidade de contato e solu��o para cada uma das situa��es reais de aprendizagem dos educandos.

����������� Por�m, Freitas (2020) aponta que as possibilidades geradas por situa��es reais de cada indiv�duo n�o s�o cab�veis em apostilas ou videoaulas. Essas ocasi�es aparecem em quaisquer das rela��es de ensino-aprendizagem e o contato presente com o professor faz com que tais situa��es sejam compreendidas, analisadas e solucionadas, garantindo uma rela��o �personalizada� de fato.

����������� Contudo, Boto (2020) alega que o modelo de ER revela um dado da realidade. H� estudantes de escolas p�blicas que n�o possuem acesso � internet, no qual, inviabiliza o uso de recursos tecnol�gicos, pois se n�o considerarmos estes alunos desfavorecidos, h� um risco de contribuir para uma segrega��o social. �����

����������� No entanto, � volta � normalidade ainda caminha para um futuro de d�vidas, no �mbito educacional as estrat�gias n�o s�o f�ceis, por isso, a pen�ltima pergunta pediu para os professores dissertarem sobre qual alternativa, al�m das aulas online, achavam poss�vel de ser implantada como forma alternativa � Educa��o presencial.

����������� A maioria 44,17% n�o soube responder ou n�o achou vi�vel a utiliza��o de outra ferramenta. Seguindo, 15% apontaram, como alternativa, aulas com n�mero reduzido de alunos. O restante 40,83% divergiu apresentando propostas como aulas ao ar livre, semipresenciais, uso de apostilas e aulas gravadas.

����������� Gomes, Mello, Rodrigues (2020) afirmam que a pandemia do Coronav�rus revela uma s�rie de incertezas que podem afetar a capacidade de percep��o e rea��o dos indiv�duos. Os autores explicam que a d�vida � um dos maiores desafios para a sociedade, pois, se n�o h� fatos hist�ricos de uma dada situa��o, n�o � poss�vel fazer previs�es, ou viabilizar poss�vel tomada de decis�o. Por isso, cobrar medidas definitivas para o problema, sem fundamento cient�fico, pode aumentar essas inseguran�as, assim, n�o ter informa��es confi�veis envolvendo a��es coordenadas, com a premissa de que se podem superar os desafios em rela��o � COVID-19, dificulta o pensamento para as a��es futuras.

����������� Todavia, parte dos demais educadores, acreditam que o sistema de ensino presencial pode ser viabilizado se houver uma distribui��o log�stica da quantidade de alunos por aulas. Com isso, observando os pa�ses que est�o retornando suas atividades aos poucos, algumas recomenda��es podem ser feitas, como:

 

Maior espa�amento entre carteiras nas salas de aula; realiza��o de aulas ao ar livre; escalonamento dos hor�rios de entrada, sa�da, recreio e almo�o dos alunos para evitar aglomera��es; rod�zios entre alunos e educadores, para que nem todos estejam presentes na escola ao mesmo tempo; e sinaliza��o de rotas dentro das escolas para que os alunos mantenham dist�ncia entre si (TODOS PELA EDUCA�AO, 2020).

 

����������� Nessa perspectiva, visto que os crit�rios devem ser pensados em m�ltiplos contextos � poss�vel as redes de ensino adaptarem suas condi��es, conforme as decis�es dos �rg�os competentes, levando em considera��o as dificuldades de cada institui��o escolar, sendo capaz de sofrer altera��es em conformidade do controle da situa��o local (TODOS PELA EDUCA�AO, 2020).

����������� Por fim, entendendo que a atual situa��o da crise de sa�de se abrangeu para a esfera educacional, � de grande import�ncia tentar compreender quais os receios dos professores ap�s o retorno das atividades, para isso, indagou-se aos participantes qual seria seu maior desafio, enquanto professor de Educa��o F�sica, quando as aulas recome�arem. Nos resultados 30,53% responderam que a dificuldade ser� em manter o distanciamento recomendado, outros 30,53% t�m receios quanto a did�tica e metodologia de ensino. O restante, 38,94%, dissertaram sobre desafios com material/espa�o, readapta��o/recome�o, aspectos de sa�de e alguns n�o souberam responder.

����������� Logo, atrav�s das respostas obtidas, � poss�vel afirmar que as d�vidas dos educadores para o per�odo p�s-pandemia s�o diversas e englobam muitos aspectos n�o somente relacionados aos conte�dos da mat�ria escolar, se tornando um trabalho para ser dividido e compartilhado com v�rios profissionais. Corroborando com esse fato, o Todos pela Educa��o (2020) afirma que os desafios a serem enfrentados s� poder�o ter �xito a partir da uni�o de v�rias �reas, especialmente da sa�de e da assist�ncia social que juntas realizar�o um trabalho intersetorial na tentativa de diminuir os danos emocionais e riscos � sa�de de modo geral.

����������� Ademais, outro ponto a se elencar � sobre os cuidados que dever�o ser tomados durante o retorno, que exigir� dos �rg�os da Educa��o diversas iniciativas que prioritariamente vise e assegure o retorno com sa�de para todos os alunos, docentes e corpo t�cnico da escola. Para isso, existem t�picos que devem ser analisados, como, um retorno gradual as aulas, uma reorganiza��o do calend�rio para que o curr�culo n�o seja afetado, uma avalia��o diagn�stica dos alunos, o fortalecimento da comunica��o entre escola e fam�lia para, dessa forma, dar suporte e subs�dio aos professores para ajudar a sanar v�rias d�vidas expostas nessa quest�o (TODOS PELA EDUCA��O, 2020).

 

CONSIDERA��ES FINAIS

����������� Baseado nas informa��es expostas � poss�vel afirmar que os objetivos deste trabalho foram alcan�ados. O retorno das atividades escolares n�o ser� f�cil, assim, os anseios e perspectivas dos educadores aqui apresentados deixam expl�citos os desafios imensos que ser�o encarados, principalmente nos pr�ximos meses quando as escolas reabrirem.

����������� Por isso, os professores dever�o continuar utilizando todas as compet�ncias abordadas nas aulas de Educa��o F�sica, para que no primeiro momento de retorno a rotina escolar, com risco de contamina��o ainda muito elevado na sociedade, os profissionais possam utilizar esses procedimentos que busque enriquecer o conte�do e preservar seus alunos, como ferramenta importante no seu plano de aula.

����������� Com rela��o a todas as tem�ticas aqui abordadas, mas principalmente quanto ao uso da tecnologia nas aulas e o ensino remoto, far-se-� necess�rio que di�logos mais espec�ficos e aprofundados sejam desenvolvidos, levando em considera��o as dimens�es gigantescas do Brasil. Portanto, as condi��es sociais e econ�micas em que os alunos brasileiros est�o, dever�o ser consideradas rigorosamente a partir do ponto em que � feita uma mera cogita��o da inser��o do ER na Educa��o B�sica.

����������� Por fim, a perspectiva da amostra estudada de 131 professores do Brasil para as aulas durante e ap�s a pandemia � d�vidas e inquieta��es acerca de aspectos metodol�gicos, mas principalmente quanto �s medidas de higiene e seguran�a que dever�o ser tomadas. Sobre a possibilidade das aulas remotas, ainda durante a pandemia, conclui-se que � uma medida vi�vel, mas que deve ser discutida com as devidas cautelas. Al�m disso, como demonstrado na pesquisa, alguns professores tem dificuldade ou despreparo para lidar com tecnologia e ministrar aulas remotas.

 

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