A Coligay dentro da pedagogia do torcer

Coligay within pedagogy of cheering

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46551/issn2179-6807v28n1p8-29

Palavras-chave:

Coligay, Torcida, Futebol, Homofobia, Estádio

Resumo

O período pré-Copa do Mundo de futebol masculino da FIFA de 2014, no Brasil, colocou a ação dos torcedores dos estádios de futebol em questão. Preocupações até então negligenciadas nesse espaço começaram a aparecer, dentre as quais a homofobia. Nesse cenário de colocação em cena das discussões sobre homofobia no futebol, constatamos certo “retorno” na memória coletiva de torcedores do Grêmio da Coligay, torcida gay do clube, atuante nas décadas de 1970 e 1980 e apagada desde então. Nessa releitura, ao mesmo tempo em que a torcida foi exaltada por ter transgredido as normas de gênero e de sexualidade, ela também reforça uma série de representações. Os bons comportamentos, a festa e o financiamento próprio apareceram para enaltecer a torcida e, também, apresentar os conteúdos desejáveis para as torcidas ainda em atividade. Neste trabalho, olhamos de que forma essa memória da Coligay trabalha na pedagogia do torcer. Para tanto, utilizaremos os materiais produzidos contemporaneamente sobre a Coligay, além de diálogos com ex-integrantes da torcida e outros torcedores do Grêmio, além de jogadores, dirigentes e jornalistas que a conheceram, buscando mapear alguns dos significados possíveis na atualidade para essa experiência rememorada.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gustavo Andrada Bandeira, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. https://orcid.org/0000-0002-2460-4082. gustavoabandeira@yahoo.com.br.

Luiza Aguiar dos Anjos, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG)

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) - Campus Timóteo. https://orcid.org/0000-0002-4885-0763. luizaaguiardosanjos@gmail.com.

Referências

ALBERTI, Verena. Histórias dentro da História. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes históricas. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. p. 155-202.

ANJOS, Luiza Aguiar dos. De “são bichas mas são nossas” à diversidade da alegria: uma história da torcida Coligay. 2018. 387f. Tese (Doutorado em Ciências do Movimento Humano) – Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.

ANJOS, Luiza Aguiar dos. Tribuna 77 e a defesa de LGBTQI+ nos estádios. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.29, n.2, p.1-14, 2021.

BANDEIRA, Gustavo Andrada. Uma história do torcer no presente: elitização, racismo e heterossexismo no currículo de masculinidade dos torcedores de futebol. Curitiba: Appris, 2019.

BANDEIRA, Gustavo Andrada. Um currículo de masculinidade nos estádios de futebol. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 15, n. 44, maio/ago., p. 342-351, 2010.

BANDEIRA, Gustavo Andrada. “Eu canto, bebo e brigo... alegria do meu coração”: currículo de masculinidades nos estádios de futebol. 2009. 128 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, UFRGS, Porto Alegre, 2009.

BANDEIRA, Gustavo Andrada; BECK, Matheus Passos. As novas arenas e as emoções dos torcedores dos velhos estádios. Esporte e Sociedade, Niterói, Ano 9, n. 23, mar. 2014, p. 1-12.

BANDEIRA, Gustavo Andrada; SEFFNER, Fernando. Aranha, macaco e veado: o legítimo e o não legítimo no zoológico linguístico nos estádios de futebol. Movimento. Porto Alegre, v. 22, n. 3, jul./set., 2016, p. 985-998.

BUTLER, Judith. Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

DAMO, Arlei Sander. Para o que der e vier: o pertencimento clubístico no futebol brasileiro a partir do Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e seus torcedores. 1998. 247 f. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1998.

FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2005.

FRANCO JÚNIOR, Hilário. Futebol, sociedade, cultura: apontamentos a título de conclusão. In: CAMPOS, Flavio de; ALFONSI, Daniela. (Orgs.). Futebol objeto das ciências humanas. São Paulo: Leya, 2014, p. 365-383.

GARRIGA ZUCAL, José. Soy macho porque me la agüento: etnografia de las prácticas violentas y la conformación de identidades de género masculino. In: ALABARCES, Pablo (Org.). Hinchadas. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2005, p. 39-58.

PORTELLI, Alessandro. A filosofia e os fatos. Narração, interpretação e significado nas memórias e nas fontes orais. Revista Tempo, Rio de Janeiro, v.1, n.2, p. 59-72, 1996.

SALIH, Sara. Judith Butler e a teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica Editores, 2012.

TEIXEIRA, Rosana de Câmara. Futebol, emoção e sociabilidade: narrativas de fundadores e lideranças dos movimentos populares de torcedores no Rio de Janeiro. Esporte e Sociedade. Ano 8, n. 21, mar. 2013, p. 1-16.

Downloads

Publicado

2022-08-19

Como Citar

ANDRADA BANDEIRA, G.; AGUIAR DOS ANJOS, L. A Coligay dentro da pedagogia do torcer: Coligay within pedagogy of cheering. Revista Desenvolvimento Social, [S. l.], v. 28, n. 1, p. 8–29, 2022. DOI: 10.46551/issn2179-6807v28n1p8-29. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/rds/article/view/5671. Acesso em: 20 abr. 2024.