JUSTIÇA REPRODUTIVA, DECOLONIALIDADE E RELIGIÃO: ALGUNS APORTES TEÓRICOS PARA UM COMEÇO DE CONVERSA

Autores

  • Priscila Kikuchi Universidade Metodista de São Bernardo do Campo

Resumo

O conceito de justiça reprodutiva tem ganhado visibilidade nos últimos tempos. Criado e cunhado por mulheres negras, bem como a interseccionalidade, o mesmo possui uma potência decolonial importante, pois denuncia a existência de um sistema que nega o acesso aos corpos racializados à saúde e a auto-determinação reprodutiva, elaborando uma crítica pertinente à concepção dos direitos reprodutivos. É fato que temáticas voltadas para a sexualidade e reprodução ainda se apresentam como um tabu na sociedade brasileira, que é significativamente influenciada pela cosmovisão religiosa cristã. Neste breve artigo, apresento alguns aportes teóricos, para um início de conversa, sobre como o conceito da justiça reprodutiva, ao descolonizar as bases liberais individualistas dos direitos reprodutivos, pode oferecer uma possibilidade para a construção de trabalhos de base em comunidades onde mulheres em situação de vulnerabilidade e que frequentam espaços religiosos estão inseridas.

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Biografia do Autor

Priscila Kikuchi, Universidade Metodista de São Bernardo do Campo

Professora, graduada em Ciências Sociais e Teologia. Mestra e Doutora em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Bernardo do Campo.

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Publicado

2022-01-19

Como Citar

Kikuchi, P. (2022). JUSTIÇA REPRODUTIVA, DECOLONIALIDADE E RELIGIÃO: ALGUNS APORTES TEÓRICOS PARA UM COMEÇO DE CONVERSA. Revista Poiesis, 23(2), 1–15. Recuperado de https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/poiesis/article/view/4900

Edição

Seção

Artigos da segunda parte