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ENTREVISTA Professora Zeny Rosendahl - História da Geografia Cultural no Brasil – a Geografia da Religião e os 29 anos do NEPEC/UERJ
History of Cultural Geography in Brazil – the Geography of Religion and the 29 years of NEPEC/UERJ
Historia de la geografía cultural en Brasil – La geografía de la religión y los 29 años del NEPEC/UERJ
Revista Cerrados (Unimontes), vol. 20, núm. 01, pp. 422-453, 2022
Universidade Estadual de Montes Claros



Recepción: 24 Junio 2022

Aprobación: 29 Junio 2022

Publicación: 30 Junio 2022

Apresentação da entrevista

Entrevista realizada em 5 de agosto de 2020, com a geógrafa cultural Zeny Rosendahl professora pesquisadora visitante do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGEO/UERJ-Maracanã). Fundadora do Programa de Extensão em Estudos Avançados em Geografia da Religião e Cultura (PEAGERC) e da Revista Espaço e Cultura, primeiro e mais importante periódico de Geografia Cultural no Brasil. Pesquisadora-fundadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura (NEPEC/UERJ). Renomada geógrafa da atualidade, pioneira na Geografia Cultural no Brasil, com destacada contribuição no campo da Geografia da Religião.

Zeny Rosendahl é professora pesquisadora visitante do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGEO/UERJ). É líder e coordena as pesquisas do Grupo de Pesquisas NEPEC em Rede/CNPq. Sua produção acadêmica gravita em torno do temário da Geografia Cultural, com destaque as relações entre Espaço e Cultura, voltadas ao território e territorialidade religiosa, dinâmica espacial da fé na hipermodernidade e ciberespaço, lugar sagrado, cidades-santuário, gênero, religião, espaço e (in)tolerância religiosa. Prestando relevante contribuição à produção geográfica brasileira, sobretudo, à Geografia Cultural ao lado de pesquisadores como o geógrafo Prof. Dr. Roberto Lobato Corrêa. É graduada em Geografia e Mestra em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ, 1970 e 1980). Doutora em Geografia Humana pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (DG/FFLCH/USP, 1994). Realizou estágio de pós-doutorado em Geografia pela Universidade Sorbonne - Paris IV (1998). Ao longo de sua carreira acadêmica tem publicado inúmeros artigos em periódicos nacionais e internacionais, tem organizado e/ou publicado diversos livros e capítulos de livros. É correspondente da revista francesa Géographie et Cultures (Paul Claval) no Brasil. Fundadora de um dos mais importantes periódicos nacionais na área de Geografia, a Revista Espaço e Cultura, primeiro e mais importante periódico de Geografia Cultural no Brasil e terceiro em Geografia Cultural no mundo. Fundadora do Programa de Extensão em Estudos Avançados em Geografia da Religião e Cultura (PEAGERC) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura (NEPEC). Têm recebido ao longo da carreira vários prêmios, como o Reconocimiento a la trayectoria académica durante a V Jornadas de Cultura, Territorio y Prácticas Religiosas, (Universidad Nacional del Sur – Argentina, 2019), Al Mérito Geográfico pela obra Cultura, territorios y prácticas religiosas, (Sociedad Argentina de Estudios Geográficos, 2010), Menção Honrosa, UERJ (2006 e 2005) dentre outras homenagens. Mantém uma agenda de conferências e palestras por todo Brasil, atuando também na organização de congressos e seminários sobre Espaço e Cultura. Esteve em aproximadamente 200 bancas de defesas de qualificações e defesas de teses, dissertações e monografias além da participação em outras comissões julgadoras como bancas de concurso público, professor titular e avaliação de cursos de graduação em Geografia. Supervisionou 4 bolsistas de pós-doutoramento. Em sua profícua e reconhecida produção geográfica intelectual na Geografia Humanista, já publicou aproximadamente 50 artigos científicos nos principais periódicos nacionais e internacionais da área. Em sua profícua e reconhecida produção intelectual em aproximadamente 100 publicações de livros, capítulos de livros, organização de coletâneas autorais e coautorais em Geografia, a maioria publicados pela EdUERJ: Uma procissão na geografia [2018], Geografia Cultural: uma Antologia - Volume II, versão impressa/e-book [2013], Geografia Cultural: uma Antologia - Volume I, versão impressa/e-book [2012], Primeiro a obrigação, depois a devoção [2012], Introdução à Geografia Cultural [2011], Sobre Carl Sauer [2011], Temas e Caminhos da Geografia Cultural [2010], Trilhas do Sagrado [2010], Economia, Cultura e Espaço [2010], Cinema, Música e Espaço [2009], Espaço e cultura: pluralidade temática [2008], Literatura, Música e Espaço [2007], Cultura, Espaço e o Urbano, [2006], Geografia: temas sobre cultura e espaço, [2005], Paisagens, Textos e Identidade [2004], Geografia Cultural: um século (3) [2002], Matrizes da Geografia Cultural [2001], Paisagem, Imaginário e Espaço [2001], Religião, Identidade e Território [2001], Geografia Cultural: um século (1) [2000], Geografia Cultural: um século (2) [2000], Hierópolis: o sagrado e o urbano [1999], Manifestações da Cultura no Espaço [1999], Paisagem, Tempo e Cultura [1998], Espaço e Religião: uma abordagem geográfica [1996], entre outros. O conjunto de sua proeminente obra, acerca da dinâmica espacial da fé na relação de gênero, religião e espaço no Brasil, reverbera junto a uma comunidade geográfica atenta as novas vertentes geográficas, sobretudo, junto aos pesquisadores interessados em refletir as relações entre Espaço e Cultura, que convencionamos chamar de Geografia Cultural.

Fagno da Silva Soares (FSS) e Jefferson Rodrigues de Oliveira (JRO): Bom dia, prezada professora Zeny Rosendahl. Agradeço a disponibilidade para esta entrevista. Assim, tomamos como mote inicial desta nossa interlocução, a sua trajetória pessoal, e seguidamente, profissional. Penso que para compreender a geógrafa Zeny Rosendahl. Antes de tudo, temos de pensar sobre a pessoa e a trajetória de vida de Zeny. Assim, desejamos iniciar em sucintos relatos, ouvindo um pouco de sua história de vida desde a infância, suas primeiras leituras e interesses, bem como, as motivações que o levaram à escolha da carreira de geógrafo. E, afinal, quem é Zeny Rosendahl?

Zeny Rosendahl: Bom dia, Fagno e Jefferson! Numa possível linha do tempo vou responder essa primeira pergunta.

Nasci às 11h45min do dia 20 de setembro, no bairro carioca de Botafogo. Passei a infância, adolescência até aproximadamente os 23 anos, no bairro do Rio Comprido, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. Numa casa, estilo sobrado, com comércio no térreo. Hoje ainda existe e pode ser vista no depoimento concedido à Equipe de Geografia CAp-UERJ, no YouTube, intitulado Rio Comprido: lugar, memória e identidade. Memória Oral: Zeny Rosendahl (<https://youtu.be/4N-QJjHX3xM>).

Sou carioca, brasileira, filha de migrantes que vieram para o Brasil, com meus avós, fugindo da 2ª Grande Guerra Mundial. Meu pai Bjorn Sylvester Rosendahl era dinamarquês; minha mãe Maria da Purificação Rosendahl era portuguesa. Como você pode perceber o sobrenome Rosendahl é do meu pai. Permanece comigo até hoje, mesmo sendo casada; não mudei nem acrescentei o sobrenome de família do meu marido.

Acredito que a infância tenha sido semelhante com as das crianças que convivi. Afirmo pelas brincadeiras de rua; as festas de carnaval vivenciadas com fantasias, confetes e serpentinas com idas à Cinelândia, centro da cidade do RJ. Outras festas marcaram essa época: as festas juninas ao estilo português, no quintal da nossa casa/residência incluía fogueira com batatas assadas!

A tradição dinamarquesa era comemorar no Natal, com os membros da colônia dinamarquesa, na cidade do Rio de Janeiro. Enfeitávamos árvores gigantes, que iam até o teto, no salão da Igreja Metodista, no bairro do Flamengo – na Praça José de Alencar – e foi a primeira Igreja Metodista fundada no país.

Os primeiros anos escolares foram em escolas próximas a nossa residência. Após admissão e ginásio, seria o Fundamental II nos dias de hoje, ingressei na Escola Normal do Instituto de Educação. Na época de 1962 a 1965 era a melhor escola de formação de Professores Primários. A qualidade do ensino e a procura alta dos estudantes exigiam um “vestibular” para ingresso. Participei da seleção em 1962. Devo situar que sou o resultado da Reforma Capanema de Educação e dos “anos dourados” da década de 60. Isso significa que a juventude teve o comportamento influenciado pela música popular brasileira; o rock nacional tendo a cantora Rita Lee como a Rainha do rock brasileiro; o rock na versão americana, The Beatles na versão inglesa, o movimento de contestação - a contracultura - que teve o ápice nos Estados Unidos, com o movimento Hippie – Paz e Amor -, época da Guerra Fria, e que desembarcou na Inglaterra na década seguinte com o movimento Punk. Sem dúvida vivenciei cada mudança comportamental quer social, quer econômica, quer política; destacando o ano de 1968 – Contestação Mundial! A harmonia desse período foi comungada com a vida universitária. Estava na graduação em Geografia na UERJ, me formei em 1970.

Você pergunta: afinal, quem é Zeny Rosendahl?

Pela linha de tempo narrada você já conhece um pouco da vivência. Devo acrescentar que a genética possui, em destaque, o estilo trabalhador da cultura portuguesa e o saber viver com alegria da cultura dinamarquesa.

FSS / JRO: Professora Zeny, como a Geografia a encontrou? Conte-nos agora, um pouco das influências teóricas que teve durante a graduação e o Mestrado em Geografia, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ quando se aproximou da Geografia Cultural, de seu Doutorado em Geografia Humana na Universidade de São Paulo USP e seu ingresso na docência. Quais teóricos dominavam a cena acadêmica na Geografia e como isso o afetou profissionalmente? Destarte, quais geógrafos/as e/ou outros intelectuais exerce[ra]m papel importante na sua formação inicial e no transcurso de sua trajetória acadêmica?

Zeny Rosendahl: A docência na Escola Primária foi dedicada à alfabetização de crianças com dificuldades de aprendizagem. Eram denominadas crianças excepcionais na década de 1960. Fiz curso de especialização para tal função. Foi bastante gratificante. Conto isso porque após ia para a UERJ, no curso de graduação em geografia. Assim, essa rotina marcou os primeiros anos da graduação. A metade seguinte foi o meu casamento com José Alberto e o nascimento da minha filha, Mila. Para relembrar em tempo kairós tínhamos a professora primária pela manhã, a especialista à tarde, a estudante universitária e a mãe e esposa Zeny à noite. Tudo isso num contexto político, econômico e militar no período brasileiro.

A geografia me despertou na confecção de mapas. Criar detalhes e recriá-los nos mapas era um exercício que gostava de fazer. Aliados às leituras e as referências da graduação. E já havia uma preferência pela geografia francesa: Pierre George e Max Sorre. O livro de Sorre - Rencontres de la Géographie et de la Sociologie. Paris, Marcel Rivière et Cie, 1957 – me fez refletir sobre a geografia durante muito tempo. Não será necessário confirmar minha preferência pela geografia e população.

Há um hiato em minha vida acadêmica. Em 1971 deixei a cidade do Rio de Janeiro em direção ao Recôncavo Baiano. Meu endereço era: Morro do Macau, casa 4, São Francisco do Conde, BA. Fui me esconder da conjuntura militar de 1971 até 1978, acompanhei a vida rural como moradora. No ensino foi possível colaborar com a alfabetização na Escola Primária da Vila Mataripe. A comunicação com o Rio de Janeiro era pela Telefônica da Bahia. Era necessário ir a Salvador (mais ou menos 60 km de distância) onde era possível na loja da Telefônica pedir a ligação – o equipamento telefônico era movido à manivela. E aguardar o alarme no Rio de Janeiro responder ao meu chamado. Era fantástico! O imprevisto ocorre hoje também, mas com o celular a sensação desse imprevisto é diferente. A volta às urbanidades, ou melhor, voltar à cidade do Rio de Janeiro, ocorre no retorno à UERJ. Voltou toda a família: o marido, a filha, meu filho José Augusto e eu. Matriculei-me no Mestrado, na área de Ciências Humanas, Demografia. O tema abrangia Política Populacional Brasileira: planejamento familiar e/ou controle populacional – em pleno regime de ditadura militar.

Ao término de 1980 ficou claro para mim que o país jamais teria como implantar qualquer política demográfica desejada, essa ou outras. O obstáculo estava vinculado ao poder religioso e suas estratégias na sociedade. A religião, em suas diversas denominações pesquisadas, permanecia contrária às mudanças comportamentais das mulheres, em assunto que cabe a elas decidirem. Ali surgiu a luz inicial do meu estudo da religião no espaço. A dinâmica religião e geografia perdurou para além da dissertação. A religião na visão geográfica exigia reflexões teóricas profundas. Fui buscar essas análises na USP/SP, em 1989, inicialmente com a orientação da Prof. Dra. Maria Cecília França, estudiosa de romarias em santuários paulistas. Sua tese foi defendida e premiada no ano de 1970. Entretanto, o exame de qualificação mudou o caminho de minha pesquisa. O Prof. Dr. Heinz Dieter Heidemann foi meu orientador após o exame de qualificação. Fui apresentada, então, a vasta publicação, tanto revistas como eixos da geografia da religião, na geografia alemã. O Periódico Geographia Religionum, coordenada pelo geógrafo Manfred Büttner apresentava novas abordagens em metodologia, história e teoria em geografia da religião. Intelectuais e geógrafos como Manfred Büttner (1985), Gilbert Rinschede (1985) e Paul Fickeler (1947) devem ser lidos. Tive influência também da geografia francesa, com Paul Claval (1992) e Alphonse Dupront (1987). Acrescento, ainda, autores de língua inglesa, como os geógrafos que me fizeram refletir R. King (1972), Sopher (1984), Tanaka (1981) e Lily Kong (1990, 2001). No Brasil temos os intelectuais, o sociólogo da religião Prof. Pedro Ribeiro de Oliveira e o antropólogo Prof. José Flávio Pessoa de Barros, ambos dedicados ao estudo da religião.

No tempo de doutorado na USP/SP passava minhas tardes no CERU – Centro de Estudos Rurais e Urbanos -, de 1989 a 1993, foram reveladores. O CERU me adotou. Fui aluna do Prof. Lísias Nogueira Negrão, e no período da disciplina, foram feitas análises dos clássicos, como: Peter Berger (1985), Pierre Bourdieu (1987), Max Weber (1964), Émile Durkheim (1968), Rudolf Otto (1992) e o cientista da religião e historiador Mircea Eliade (1959). Eliade me acompanha, pois, apresenta uma análise profunda ao interpretar os símbolos e significados no espaço. Indico fortemente aos interessados pelo estudo em religião.

A análise empírica ocorreu no Santuário de Porto das Caixas, no município de Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro. Eu, o marido e os filhos vivenciamos o lugar, seu cotidiano, seus moradores. A chegada dos peregrinos também teve seu privilégio. Fui moradora para melhor conhecer suas ações e seus sucessivos arranjos espaciais.

A carreira de docência, na UERJ, teve início em 1980. Inicialmente no Instituto Interdisciplinar de Estudos Brasileiros, no Centro de Ciências Sociais, e em 1989 na Geografia, no Centro de Tecnologia e Ciência. Minhas atividades de docência ocorreram em 35 anos, em 2015 me aposentei aos 70 anos de idade! Desde 2015 até 2020 permaneço vinculada à UERJ como Professora Pesquisadora Visitante.

Se formos contar todo o período de permanência na UERJ iniciou em 1966, não foi linear devido ao hiato na década de 70, mas de certa maneira, contínua!

Como você perguntou no início: como a geografia me encontrou? E... respondo... não sei responder como foi!

FSS / JRO: Como sabemos, há indícios de análises geográficas culturais desde Ptolomeu e Estrabão. Mas somente, em meados do século XX, a Geografia Cultural passa a ganhar força, para fazer frente aos estudos geográficos deterministas do início do século, surge o conceito de paisagens culturais entre os geógrafos, sobretudo, estadunidenses, a exemplo de Carl Sauer, considerado o pai da Geografia Cultural. Nesse sentido, fale-nos um pouco do conceito de cultura, tido como unidade de estudo para os geógrafos culturais e suas apropriações na geografia, influenciadas por pensadores como Edward Burnett Tylor, Raymond Williams, Stuart Hall, Paul Claval para citar alguns autores.

Zeny Rosendahl: A Geografia Cultural tem mais de 100 anos, oferecendo um acervo intelectual, amplo e diversificado. É possível reconhecer dois caminhos principais, caminhos fortemente marcados pelas ideias e autores que estabeleceram marcas que estão, hoje, incorporadas à história do pensamento geográfico. Há dois caminhos principais: o primeiro a Geografia Cultural Saueriana, isto é, a Geografia Cultural da Escola de Berkeley, e o segundo caminho denominado de Nova Geografia Cultural ou Geografia Cultural pós-80.

O primeiro caminho tem sua gênese no ano de 1925, em que Carl Ortwin Sauer publicou A Morfologia da Paisagem (The Morphology of Landscape), e o ano de 1975, com seu falecimento, sua jornada de publicações termina. São marcos temporais de 50 anos de atividades acadêmicas. Na Geografia Cultural Saueriana, a cultura é definida em termos amplos, abrangendo costumes, crenças, hábitos, habilidades, técnicas, leis, artes, linguagem, gestos e moral. Privilegiavam as manifestações materiais. Ainda que discutível, a cultura é entendida como entidade supraorgânica; paira sobre a sociedade independentemente dela, adquirindo assim poder causal.

O legado rico da Geografia Cultural Saueriana está na Coletânea Readings in Cultural Geography, de 1962, organizada por Philip L. Wagner e Marvin W. Mikesell, University of Chicago Press, Chicago.

Se nos fosse pedido uma marca de passagem da Geografia Cultural Saueriana para a Geografia Cultural, à época denominada Nova Geografia Cultural, citaria o livro Maps of Meaning: An Introduction to Cultural Geography, de autoria do geógrafo inglês Peter Jackson, publicado em 1989 pela Editora Routledge. São reflexões geográficas que privilegiavam os significados. A Nova Geografia Cultural, como os geógrafos ingleses denominam; ou Geografia Cultural Renovada, como os geógrafos alemães qualificam ou ainda; Uma Abordagem Cultural na Geografia, preferida pelos geógrafos franceses, tendo como seu maior defensor o geógrafo francês Paul Claval apresentam o conceito de cultura restrito aos significados criados e recriados pelos diversos grupos sociais a respeito das diferentes esferas da vida em suas específicas espacialidades. Nossas pesquisas apontam que a cultura já não tem um papel determinante, constituindo um contexto, isto é, reflexo, meio e condição de existência e reprodução dos diferentes grupos sociais. A Geografia Cultural pós-80 insere-se numa perspectiva interpretativa. A trajetória da Nova Geografia Cultural continua rica e diversificada. Em 1994 a publicação da coletânea Re-reading Cultural Geography organizada por Kenneth E. Foote, Peter J. Hugill, Kent Mathewson e Jonathan M. Smith (University of Texas Press) evidencia o caminho dessa corrente.

As duas correntes produziram resultados diferentes e complementares entre si. Criadas e desenvolvidas em momentos distintos da história do pensamento geográfico e calcadas em visões diversas de cultura.

As publicações do NEPEC tentam resgatar, em traduções contínuas, as coletâneas organizadas por Anderson, Domosh, Pyle e Thrift (2003), Duncan, Jonhson e Scheín (2004) e Oakes (2008). Os pensamentos críticos da Geografia Cultural estão no livro de Don Mitchell Cultural Geography: A Critical Introduction. Oxford: Blackwell, 2000. Os autores Roberto Lobato Corrêa e Zeny Rosendahl organizaram Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 2003; Geografia cultural: uma antologia. Volume I. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012 e Geografia cultural: uma antologia. Volume II. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. Esses dois últimos complementam as ideias propostas no livro Introdução à Geografia Cultural, de 2003; que contém textos fundamentais da Geografia Cultural Saueriana e da Nova Geografia Cultural publicados nas coletâneas citadas anteriormente. Por fim, a Geografia Cultural é um campo de investigação bem amplo, tanto temático quanto metodológico.

A Geografia Cultural (versão em português), do geógrafo francês e professor emérito Paul Claval (Editora UFSC, 2014) é extraordinariamente rico e oferece conhecimento relevante para os cursos básicos de graduação, a princípio, e de pós-graduação, tornando-se leitura obrigatória para todos os geógrafos culturais ou não assim denominados. Apresenta o espaço vivido, gênero de vida e o território; temas que tem origem comum na geografia francesa.

FSS / JRO: A partir dos anos de 1970, a Geografia Cultural ganhou status entre suas irmãs a Geografia Política, Geografia Econômica e Geografia Urbana. E nos anos de 1980, com a virada dos estudos geográficos, surge a Nova Geografia Cultural trazendo à baila reflexões sobre a teoria pós-colonialista, pós-estruturalismo, teorias feministas e até psicanálise atravessas por reflexões de Foucault, Michel de Certeau e Gilles Deleuze dentre outros. Como resposta, temos hoje uma Geografia do Turismo, Geografia Feminista, Geografia Comportamental. Para Paul Claval “A Geografia Cultural nasceu no fim do século XIX, no mesmo momento em que a Geografia Humana [...] Nos anos 1990, começamos a falar da virada cultural da disciplina.” Interessa-nos também saber um pouco mais de suas incursões teóricas com o geógrafo Paul Claval, um dos maiores geógrafos da atualidade no mundo, cuja presença é marcante no Brasil, resultante dos intercâmbios intelectuais na produção acadêmico geográfica unindo Brasil e França e espelha na presença nesse autor na produção de artigos, livros e capítulos de livro no Brasil.

Zeny Rosendahl: Talvez a afirmação de vocês que nos anos de 1970 os estudos em Geografia Cultural ganharam status na geografia brasileira não seja uma afirmação positiva, pois os geógrafos brasileiros não premiaram com suas publicações a cultura na sua dimensão espacial. A data nos anos de 1980, como marco temporal, da Nova Geografia Cultural foi marcada pela publicação do livro Maps of Meaning: An Introduction to Cultural Geography, de autoria do geógrafo inglês Peter Jackson, em 1989, já narrada na pergunta anterior.

Nesta pergunta o interesse recai em como ocorreu minha aproximação com o saber intelectual do Prof. Paul Claval. Vou responder na aproximação singular com a Geografia da Religião, pois o Prof. Claval participava de encontros e simpósios no Brasil, antes da minha ida ao doutorado. É fácil responder a sua pergunta!

Em 1992, Prof. Claval publica no Periódico Géographie et cultures o artigo intitulado Le thème de la religion dans les études géographiques. Você consegue imaginar a satisfação acadêmica de encontrar suas ideias, refletidas como doutoranda, no Brasil, são também ideias de pesquisadores, ao mesmo tempo, na França e com Manfred Büttner, na Alemanha?

É necessário lembrar, no contexto acadêmico brasileiro, certa indiferença por parte dos colegas geógrafos que desconheciam o tema Religião na Geografia, não obstante, proferiam suas opiniões negativas sobre a temática. Na maioria das vezes seu posicionamento analítico diante do assunto desconhecido era: não li, não conheço e sou contra!

Recordo bem que havia na orientação do Prof. Heinz Dieter e na coorientação do Prof. Roberto Lobato Corrêa, a informação de ambos que me alertavam para a produção acadêmica e publicações de dezenas de geógrafos, no exterior, na temática que buscava. Esse desinteresse atribuído à cultura na sua dimensão espacial era tema recorrente e ponto central em nossas reuniões. A negligência ou pouco interesse dos geógrafos brasileiros, inclusive colegas próximos, foram questões de reflexão que permearam o início do meu doutoramento. Tenho algumas conclusões dessas reuniões com o Prof. Roberto Lobato Corrêa. Resumindo, posso eleger duas situações: a primeira vincula-se ao peso do positivismo entre nós e a segunda numa visão socialmente crítica ancorada no marxismo que ignora a religião como objeto de estudo, esquecendo que ela é parte integrante de qualquer formação social, tendo necessariamente, uma nítida dimensão geográfica. Acrescento que tal negligência não ocorre entre antropólogos e sociólogos que contribuíram para tornar a religião um fato social.

As incursões teóricas ocorreram, inicialmente, com o Prof. Lobato Corrêa em busca de preencher a grande lacuna existente na geografia brasileira e que permanece até os dias de hoje, mesmo sendo nós dois aposentados aos 70 anos, obedecendo a Constituição Brasileira vigente à época.

Com o Prof. Claval o diálogo foi mais duradouro nos anos de 1997/1998 por ocasião do pós-doutoramento na Université Paris-Sorbonne (Paris IV). Intelectuais franceses como Jean-Jacques Wunenburger. Le Sacré (Collection Que sais-je?). Paris: PUF, 1996, e Jean-René Bertrand e Colette Muller (orgs.) em Religions et territoires. Paris: L’Harmattan, 1999, foram priorizados nas pesquisas de campo nos santuários franceses: a Catedral de Chartres, em Chartres; a Basílica de Santa Teresinha de Lisieux, Lisieux; e a Capela de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa importante lugar de peregrinação e devoção no centro da cidade de Paris, na Rue du Bac. Pela importância dada pelos moradores e turistas foi possível reconhecer Paris como cidade-santuário francesa. Tal denominação teve a concordância do Prof. Claval como contribuição aos estudos geográficos. Neste período devo incluir a visita/pesquisa à Polônia. Cultura, religião e espaço são sinônimos no Mosteiro Jasna Góra; mosteiro dos Franciscanos, presente ao longo da história política dos polacos. Situada em Częstochowa completou as certezas da dinâmica do sagrado nas suas dimensões política, econômica e do lugar nos estudos geográficos. A vivência no laboratório e a proximidade com o Periódico Géographie et cultures fizeram parte das reuniões teóricas com o Prof. Claval. E, perduram até hoje em nossa comunicação. Aproximadamente 26 anos!

FSS / JRO: Se antes era uma tradição geográfica do século XIX tributária tradição a Schlüter, Brunhes e Sauer, dentre outros. Hoje, evidencia novos temas e novas abordagens. Destarte, os quais foram os primeiros impactos causados pela Geografia Cultural na produção geográfica brasileira e suas atuais reverberações? E qual tem sido o lugar na Geografia Cultural no contexto atual? Apesar de sua chegada tardia ao Brasil, seria correto afirmar que nas últimas duas décadas a Geografia Cultural tenha sido uma das áreas que mais cresceu dentro da geografia brasileira?

Zeny Rosendahl: As primeiras marcas na Nova Geografia Cultural, na produção brasileira, surgiram no NEPEC – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura. A ideia de criar um núcleo de pesquisa com um grupo de pesquisadores foi a vontade de difundir a vasta referência adquirida no tempo do doutorado, e contribuir para preencher a lacuna na geografia brasileira.

Ao rememorar os acontecimentos do passado recente, num relato de 29 anos de NEPEC, estamos privilegiando a memória particular do autor, que o escreve, mas também a memória histórica dos grupos envolvidos nessa narrativa. Trata-se de lembranças que carrego em mim, mas sempre interagidas com o grupo social, com a instituição e a sociedade. Uso o conceito de memória histórica (Maurice Halbwachs, 1950) em seu aspecto fundamental de compreensão em sua relação com o lugar. Lieu de mémoire, conceito criado por Pierre Nora (1984), ao valorizar espaço e tempo do acontecido será utilizado nesta entrevista. Lugar e vida são os elementos que compõem a memória. A identidade de distinção e de pertencimento de um grupo com a instituição acadêmica à qual pertence, numa constante descoberta dos eventos, envolve a memória histórica do NEPEC. Possui um lugar fixo, um valor simbólico forte, uma prática de ritos acadêmicos e uma função definida. A sua criação ocorreu no Departamento de Geografia, tempo e lugar que ocupa na UERJ. As lembranças do pretérito e a suas experiências do lugar como memória exige questões que envolvem o pesquisador e o seu grupo social.

“Essa é a única forma de analisar as ideias de geógrafos que permanecem isoladas, mas cujo círculo de afinidades é muito revelador.” (BERDOULAY [1981] 2003). Cursei um doutorado, sem dúvida, interdisciplinar e interinstitucional: Departamento de Sociologia da USP; no ISER - Instituto de Estudos da Religião; disciplinas na Geografia - USP/SP; na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, e na própria UERJ, na disciplina de Sociologia da Religião – Prof. Pedro Ribeiro de Oliveira, e na Antropologia o Prof. José Flávio Pessoa de Barros. Nesse círculo de afinidades eventos independentes iriam convergir para a criação e infraestrutura necessárias à prática da Geografia Cultural, na cidade do Rio de Janeiro. Em 1989, o Prof. Roberto Lobato Corrêa publicou na Revista Brasileira de Geografia o artigo intitulado Carl Sauer e a Geografia Cultural. Esse artigo nasceu de uma demanda da Editora Ática para elaboração de uma coletânea sobre Carl Sauer, mas que não foi publicada. Em 1989, no mesmo ano, a Prof. Zeny Rosendahl ingressa no doutorado na USP/SP com o estudo sobre Um Centro de Peregrinação em Porto das Caixas, defendida em 1994. A convergência dos dois eventos ocorreu por recomendação da Prof. Maria Cecília França ao sugerir a coorientação, no Rio de Janeiro, sobre o Urbano com o Prof. Roberto Lobato Corrêa.

O meu compromisso de reproduzir um lugar de novas reflexões ao término do doutoramento e sua localização estavam decididos: tinha de ser na Geografia da UERJ, e assim foi feito. Em 1993, na sala 4003, bloco D, sala da Prof. Zeny Rosendahl (“lugar onde se pensam as ideias e se escreve sobre elas”). Assim, a difusão de conhecimento reuniu alunos, professores, colegas, pesquisadores e visitantes; foram várias gerações de alunos e bolsistas nesses 29 anos de existência. Apoio interno na UERJ/Geografia!

O apoio externo ocorreu com geógrafos pesquisadores desde o 1º Simpósio Internacional sobre Espaço e Cultura, no ano de 1998, como: Paul Claval; Denis Cosgrove; Cristina Carballo; João Sarmento; Fernanda Cravidão; Carlos Augusto Figueiredo Monteiro; Paulo César da Costa Gomes; Maria Geralda de Almeida; Werther Holzer; Maria Helena Vaz da Costa; Otávio José Lemos Costa; Fausto Gil Filho; Joseli Silva; Ana Maria Daou; Sonia Boomfield Ramagem; Rogerio Haesbaert, J. Seemann e outros que comungavam com as reflexões na temática da Geografia Cultural. Juntaram-se com ideias semelhantes da abordagem cultural na Geografia.

Nos últimos 29 anos, hoje, no Século XXI, o NEPEC imprimiu sem dúvida, o caminho da Geografia Cultural no Brasil. Esse caminho possui semelhanças e diferenças dos geógrafos brasileiros. A semelhança ocorre na vivência reproduzida na criação de diversos núcleos de pesquisas criados por geógrafos participantes, alguns como alunos de pós-graduação, nos simpósios realizados pelo NEPEC/UERJ. A origem desses Núcleos não representam eventos independentes. As diferenças estão impressas nas singularidades de seus coordenadores, suas temáticas escolhidas caracterizam o singular do Núcleo. Esses Núcleos criados em: Uberlândia, Curitiba, Recife, Fortaleza, Salvador, São Luís, Manaus e outros; todos atestam a difusão da pesquisa da cultura nos estudos geográficos no país. As temáticas, com reflexões teóricas, sugeridas pelo NEPEC e que atingem sucessos foram: Música e Literatura; História da Geografia Cultural; Festas; Identidade Territorial, Gênero e Sexualidade; Grupos Étnicos; Formas Simbólicas, Cinema e Imagens; Imaginário Espacial; Região Cultural, Paisagem Cultural e Religião.

A variedade temática em harmonia com a diversidade cultural brasileira torna-se oportuna e necessária, nos dias de hoje, a compreender a espacialidade da prática cultural. Acredito que continuará a crescer!

FSS / JRO: Fazendo um rápido retrospecto e considerando o conjunto das produções do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura – NEPEC, junto ao Programa de Extensão em Estudos Avançados em Geografia, Religião e Cultura – PEAGERC, identificamos um espaço vigoroso de debates e divulgação científico-acadêmica de Geografia Cultural no Brasil, consolidado como referência na comunidade ibero-americana de estudos geográficos. Desde a década de 1970, o pensamento geográfico brasileiro tem atravessado profundas transformações e influências, dentre elas a retomada da dimensão cultural apresentada a partir dos anos de 1990, sobretudo, com a criação do NEPEC em 1993. Hoje um centro de produção e difusão de pesquisas e reflexões sobre a Geografia Cultural no Brasil. Passados 29 anos desde sua fundação, quais têm sido os desafios, dificuldades e conquistas do NEPEC? Professora conte-nos brevemente, um pouco da história e da geografia da produção.

Zeny Rosendahl: A produção em Geografia Cultural passou, principalmente, a partir de 1995 com um crescimento significativo e contínuo crescimento. Pesquisas e estudos em dissertações e teses de doutorado aceleraram essa difusão. Os simpósios contribuíram também para produção: conferências e palestras vêm revelando o desenvolvimento no conhecimento com pesquisas inéditas. Tais estudos foram publicados em coletâneas e periódicos. Os Simpósios Internacionais organizados e realizados pelo NEPEC priorizaram as pesquisas com mesas redondas temáticas. Não desejávamos trabalhos empíricos e nem GT’s. O objetivo central era a difusão do conhecimento, reuniões acadêmicas para atualizar os avanços na Nova Geografia Cultural, anos 90, numa perspectiva interpretativa: o conceito de cultura é restrito aos significados criados e recriados pelos diversos grupos sociais a respeito das diferentes esferas da vida em suas específicas espacialidades. Já a cultura não tem um papel determinante, constituindo um contexto, isto é, reflexo, meio e condição de existência e reprodução dos diferentes grupos sociais.

A trajetória da Geografia Cultural no Brasil é muito rica e seu legado – constituído – nos últimos 29 anos, no NEPEC - Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura, na UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com a sigla NEPEC/UERJ. A história dessa evolução pode, hoje, ser reconhecida nos volumes I, em 2012 e volume II, em 2013. Falo da coletânea Geografia Cultural: Uma Antologia. Agradeço o incentivo ao Prof. Ítalo Moriconi, diretor da EdUERJ, que conhecedor das nossas publicações sugeriu a criação dessa coletânea. A coleção de alguns artigos reúne um acervo intelectual amplo e diversificado. Tarefa trabalhosa, porém, necessária, no contexto do início do Século XXI. As condições eram favoráveis às pesquisas científicas na UERJ. Os fatores internos ao desenvolvimento da ciência geográfica, na Instituição, não criavam barreiras ou limitavam esse crescimento. A Instituição – UERJ – incentiva a inovação de pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento.

O círculo de afinidades é fundamental, pois inclui as diversas indagações sobre as questões sociais que envolvem a produção intelectual do NEPEC. Sem dúvida, o encontro de várias instituições universitárias. Até aqui me detive em falar da Coleção Geografia Cultural com seus volumes publicados, todos pela EdUERJ. Mas, o processo de produção e difusão do conhecimento na Geografia Cultural no Brasil foi consolidado no Periódico Espaço e Cultura, mas vou deixar a revista para narrar na próxima pergunta. O periódico merece destaque!

FSS / JRO: Um dos importantes desdobramentos do NEPEC foi certamente a criação do periódico Espaço e Cultura que desde então, tem contribuído na produção e difusão da Geografia Cultural no Brasil e no mundo, obtendo o reconhecimento de universidade estrangeiras importantes como Universitat de Barcelona, da University of Texas Press e a Université de Paris IV (Sorbonne), apesar, do alcance limitado das publicações científicas em língua portuguesa. Fale-nos do processo de criação da revista, da sua importância na renovação do pensamento geográfico brasileiro contemporâneo e sua atual conjuntura.

Zeny Rosendahl: Géographie et cultures criada em 1992, pelo geógrafo e Prof. Paul Claval para difundir a cultura em sua abordagem geográfica. Em 1994, o Periódico Ecumene é criado e depois denominado Cultural Geographies, na Inglaterra. No Brasil, no NEPEC/UERJ, o Periódico Espaço e Cultura é criado em 1995, pela Prof. Zeny Rosendahl e Prof. Roberto Lobato Corrêa. A estratégia dos fundadores e editores foi a tradução de importantes trabalhados publicados originalmente em língua inglesa, francesa (em sua maioria), alemã e castelhana. Esta estratégia priorizava não apenas a divulgação de textos básicos, como de viabilizar uma base teórica para futuras gerações. O acervo que tínhamos coletados no doutoramento deveria ser dividido entre alunos e colegas. Ação corrente nas demais ciências e pouco usual no âmbito da geografia brasileira.

Em 2020 estamos completando os 25 anos de criação do Periódico Espaço e Cultura. O contexto acadêmico geográfico brasileiro, no início, não possuía a importância e o destaque que os geógrafos ingleses e franceses dedicavam à cultura. Neste sentido foram traduzidos e publicados textos de Carl Sauer, Philip Wagner, Marvin W. Mikesell, Donald W. Meinig e Daniel W. Gade autores pesquisadores geógrafos vinculados à Geografia Cultural tradicional. E Denis Cosgrove, Peter Jackson, Don Mitchell e James Duncan vinculados à Geografia Cultural Renovada. A seleção dos textos franceses nos indicaram os geógrafos pesquisadores: Max Sorre, Jean Gallais, Joel Bonnemaison e Paul Claval; Paul Fickeler e Carl Troll foram os geógrafos alemães, e o canadense Marc Brosseau compõem com os anglo-americanos e franceses um conjunto de textos publicados. Esta tarefa apresentou cerca de 50 (cinquenta) artigos traduzidos e publicados no Periódico Espaço e Cultura.

Ao completar esse olhar sobre a revista torna-se necessário relembrar que essa tarefa foi realizada por bolsistas, orientandos, colegas e servidores da UERJ. Primeiramente, ao amigo e sábio grupo da Gráfica da UERJ, na supervisão do Ely Severiano, conhecido por todos como Bel, durante anos. E no NEPEC, a amiga e quase geógrafa Vanda Carvalho em ampliar a difusão do conhecimento geográfico, no Século XXI, a sabedoria das ideias publicadas nesses 25 anos de existência. Atualmente, o periódico encontra-se hospedado no Portal de Publicações Eletrônicas da UERJ (e-Publicações UERJ), site institucional que agrega outros periódicos científicos editados na UERJ, com acesso no link <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura>.

Essa produção afirma a adesão por geógrafos brasileiros em estudos de geografia e cultura que enfrentou e superou dificuldades; de um lado precisou sobrepujar preconceitos e o temor de um subcampo novo desafiar as estruturas estabelecidas de poder acadêmico; e de outro, mais positivo, resulta, em parte dos estímulos das agências de fomento à pesquisa - FAPERJ, CNPq e CAPES – que com base em critérios quantitativos premiam pessoas e instituições produtivas. Fui durante muito tempo contra a classificação das revistas brasileiras pela CAPES, colocando critérios e normas numa total situação que diminuiria a liberdade dos editores, suas ideias de fazer revistas e como fazê-las. Penso que a classificação de Boa Revista quem determina são os seus leitores.

Nessa tensão entre preconceito/temor difunde-se a Geografia Cultural. A sua importância na renovação e presença no pensamento geográfico brasileiro tem sua base sólida na história, enfatizada na produção intelectual de alguns geógrafos que encontraram na Geografia Cultural mais um caminho de tornar inteligível a ação humana no espaço.

FSS / JRO: Outra plataforma de difusão da Geografia Cultural no Brasil, foi a Coleção Geografia Cultural editada e publicada pela EdUERJ, organizada pelos professores fundadores do NEPEC Zeny Rosendahl e Roberto Lobato Corrêa. A coleção já produziu clássicos da Geografia Cultural brasileira de leitura obrigatória aos geógrafos brasileiros interessados na dimensão espacial da cultura, trouxe indiscutivelmente a cena, o enriquecimento do debate teórico e empírico neste campo geográfico no país. Dito isto, diga-nos, como se deu essa exitosa e longínqua parceria de estudos geográficos culturais com o professor Roberto Lobato Corrêa da UFRJ? Qual a importância desta coleção para o fortalecimento da Geografia Cultural no circuito acadêmico brasileiro?

Zeny Rosendahl: A Coleção Geografia Cultural, com certeza, atua com forte influência no circuito acadêmico brasileiro. Fora do Brasil, a Coleção é lida e estudada em faculdades como na França, Portugal, Argentina e no México. Hoje sabemos que os sociólogos pesquisadores da Religião, como também os intelectuais do grupo História das Religiões apreciam nossos livros.

A Coleção Geografia Cultural nasceu por indicação fora do NEPEC. Nasceu na EdUERJ ao ouvirmos o parecer de um membro do Conselho Editorial da EdUERJ, em 1996, sobre a temática da Religião. O primeiro volume da Coleção foi Espaço e Religião: uma abordagem geográfica. O segundo com o título Paisagem, tempo e cultura representa o que desejávamos – a comissão de frente – dessa importância! A Coleção foi criada e vem se fortalecendo até hoje. A EdUERJ sempre incentivou as publicações, tanto pelo valor teórico do nosso saber na História do Pensamento Geográfico, assim como no que se refere ao valor das vendas no Brasil. Havia uma aceitação nas Universidades brasileiras no que concerne a procura pelos títulos da Coleção. O apoio à leitura foi realizado. São 24 títulos publicados. A maioria já esgotada.

São os seguintes:

1 - Espaço e Religião: uma abordagem geográfica;

2 - Paisagem, tempo e cultura;

3 - Hierópolis: o sagrado e o urbano;

4 - Manifestação da cultura no espaço;

5 - Geografia cultural: um século (1);

6 - Geografia cultural: um século (2);

7 - Matrizes da Geografia Cultural;

8 - Paisagem, imaginário e espaço;

9 - Religião, identidade e território;

10 - Geografia cultural: um século (3);

11 - Paisagens, textos e identidade;

12 - Geografia: temas sobre cultura e espaço;

13 - Cultura, espaço e o urbano;

14 - Literatura, música e espaço;

15 - Espaço e cultura: pluralidade temática;

16 - Cinema, música e espaço;

17 - Economia, cultura e espaço;

18 - Trilhas do sagrado;

19 - Temas e caminhos da geografia cultural;

20 - Sobre Carl Sauer;

21 - Primeiro a obrigação, depois a devoção;

22 - Geografia Cultural: uma antologia Volume I;

23 - Geografia Cultural: uma antologia Volume II,

24 - Uma Procissão na Geografia.

A diversidade temática da espacialidade da cultura e a dinâmica da produção mundial exigiam de nós – NEPEC – atualização e produção contínua do saber científico. O Brasil estava tardiamente neste subcampo. Era necessário e oportuno que os graduandos recuperassem o hiato existente na academia. Mas o contexto da década de 1990 refletia estudantes sem o domínio dos idiomas inglês e francês. A estratégia foi elaborar traduções dos textos clássicos já publicados na Geografia Cultural. Reuniões e colóquios com Márcia Trigueiro, Roberto Lobato e Zeny Rosendahl, às quintas-feiras, no NEPEC, representavam os momentos de reflexão e debates sobre as ideias. Esses momentos eram desfrutados por orientandos, bolsistas e estagiários; as novas leituras, isto é, o pensamento dos intelectuais geógrafos americanos, franceses e alemães.

A longínqua parceria a que você se refere no/do campo da Geografia Cultural de Zeny Rosendahl e Roberto Lobato Corrêa ficou visível nas capas dos livros da Coleção. Os coordenadores da Coleção publicada sobre Geografia Cultural. Podemos sinalizar em dois pontos. Primeiramente, o Círculo de Afinidades Acadêmicas, ambos no Rio de Janeiro, ambos no NEPEC, e ambos preocupados com a ciência geográfica. Foi nesse período que a frase que representa o grupo de estudos dos envolvidos na pesquisa criou: O NEPEC É UM LUGAR ONDE FLUEM AS IDEIAS E SE ESCREVE SOBRE ELAS. O segundo ponto foi a compreensão do não abandono dos temas prediletos: Roberto Lobato Corrêa com os estudos urbanos e Zeny Rosendahl na temática da Religião na Geografia.

Tenho certeza que o subcampo foi implantado; ampliou-se, e nesses 29 anos de existência oferece um importante acervo no circuito acadêmico geográfico.

FSS / JRO: A Geografia da Religião é um capítulo à parte da sua produção geográfica intelectual, buscando evidenciar a importância do sagrado e de sua espacialidade para a geografia como aparece em obras como Uma procissão na geografia, Primeiro a obrigação, depois a devoção, Trilhas do Sagrado, Geografia e Religião, Espaço e Religião: uma abordagem geográfica, Hierópolis: o sagrado e o urbano e dentre outras. Nesse sentido, conte-nos um pouco mais dos avanços do debate acerca das relações entre Geografia e religião, ao longo da sua carreira, bem como, da importância das pesquisas qualitativas em Geografia da Religião.

Zeny Rosendahl: A Geografia e a Religião estiveram unidas nos 30 anos de atividades acadêmicas na UERJ; como professora no corpo docente e nos últimos 5 anos como professora pesquisadora visitante. Foi para reconhecer essa evidência que me motivou a elaborar uma linha de tempo da pesquisa. Esse tempo cronológico e kairológico encontra-se no livro publicado em 2018, integrante da Coleção Geografia Cultural, da EdUERJ: Uma Procissão na Geografia foi o título escolhido para o livro, representa meu caminhar na ciência geográfica. Um desfile de pessoas, em grupo, interligados no ver e sentir o sagrado. O ponto de partida na caminhada foi o doutoramento de 1989 a 1994, na USP, São Paulo. O seguir adiante nas investigações empíricas e teóricas, imprimiram no cortejo geográfico momentos de sucesso nas ideias contínuas e norteadoras de espacialidades e temporalidades de práticas religiosas em sua diversidade.

A procissão deve ser interpretada como uma marcha de geógrafos que fundaram e formaram o grupo coeso do NEPEC – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura, em 1993, na Geografia da UERJ. Parceiros, estagiários, orientandos, alunos, colegas de diversas universidades e profissionais das mais variadas áreas do conhecimento como colaboradores no itinerário com chegadas e partidas, com intensidades diferentes e ritmos distintos, trançaram esses caminhos. Na continuidade do seguir adiante; a incorporação do conhecimento novo teve a justificativa presente: geografia e religião se encontram através da dimensão espacial, uma porque analisa o espaço e a outra porque, como manifestação cultural, ocorre espacialmente.

O ponto de partida teve influência dos geógrafos em suas ideias: David Sopher, Manfred Büttner, Paul Claval, Gilbert Rinschede, Roberto Lobato Côrrea, Maria Cecília França, Heinz Dieter Heidemann e outros pensadores. Ao contrastar o interesse com o conhecimento desses geógrafos agregamos teorias elaboradas e um desejo de questioná-las.

A partida no trajeto possibilitou a análise crítica da geógrafa que sou e a reflexão e interpretação do sagrado e profano na ciência geográfica. O interesse libertador ou emancipador, próprio da reflexão científica, resultou em estudos elaborados que selecionamos para compor este livro. O critério utilizado na seleção dos artigos foi o da continuidade das pesquisas, do ir adiante na procissão do pensamento geográfico em temporalidades distintas. Acredito que meus estudos, de 1989 a 2017, podem ser agrupados em três tempos de avanço no caminhar. São três dimensões de estudos avançados das ideias iniciais em proposições temáticas, elaboradas e defendidas em 1994. Sem interrupções, no seguir adiante, nos caminhos da construção teórica, ora ratificando e ora exemplificando as relações entre espaço e religião foi o desafio aceito por mim. Atendendo ao rigor metodológico exigido pela ciência, tendo por base a pesquisa empírica seguimos em caminhos nem sempre lineares. É possível reconhecer três temporalidades. Assim, Tempo I abrange de 1989 a 1999; Tempo II de 2000 a 2009 e Tempo III de 2010 a 2017. Cada tempo foi organizado em unidade de entendimento dos conceitos elaborados, porém sem negar a complexidade da análise do estudo religio-geográfico em sua totalidade.

A palavra Tempo, neste livro, representa o movimento das ideias nas trilhas da análise acadêmica, o tempo destinado ao avanço do saber, o tempo produtivo, isto é, o tempo como momento da criação. O uso do vocábulo Tempo, nesta abordagem, facilita falarmos da duração do tempo. Duração em períodos contínuos, sem hiatos na sucessão de avanços empíricos e teóricos na ciência geográfica ao privilegiar a relação entre espaço e religião.

As procissões, como atividades religiosas, são organizadas por hierarquia eclesiástica. Nesta abordagem a hierarquia será pela importância de um artigo, num conjunto de vários publicados. Sem dúvida, a harmonia da hierarquia está baseada na escala de importância, o meu sentido de valor dados às ideias e ao tempo em que ocorreram.

No Tempo I, início do cortejo, possui os artigos que demonstram a preocupação básica de preencher uma lacuna na geografia, na década de 1990. A meta foi imprimir uma clara visão geográfica da religião. A valorização das conexões estabelecidas entre o espaço e o sagrado está nos conceitos de ponto fixo e de entorno que, juntos constituem o espaço sagrado. O espaço profano tanto direto como indiretamente vinculado ao sagrado representa o outro conceito elaborado. Mas ao priorizar os outros conceitos geográficos na análise do sagrado estrutura-se, em quatro proposições temáticas, o estudo do sagrado e sua manifestação no espaço.

O interesse inicial caminhou com o interesse teórico e empírico levando em conta o meu desejo de enriquecer a geografia brasileira. Insisto que ao formular proposições para o estudo geográfico da religião considerei a relação entre o geógrafo e a Religionswissenschaft. A orientação de Büttner (1985) ressalta que os geógrafos devem se tornar cientes da religião e seus efeitos através do aprendizado em outros ramos de estudos religiosos; só então, podem fornecer contribuições valiosas.

O Tempo II surgiu durante os primeiros dez anos de criação do NEPEC. Tempo de partida e de comunhão da geógrafa com o tempo que permitiu, na caminhada, formular novos princípios nas reflexões sobre a diversidade religiosa no espaço. O Tempo II foi um avanço de análise no modo de ser de um sistema religioso. Imagem e simbolismo, valor e significado foram contribuições inovadoras. O estudo das comunidades religiosas como sistemas permitiu considerar três dimensões espaciais do sagrado: a dimensão econômica, a dimensão política e a dimensão do lugar. A análise do sagrado e do profano na vida das comunidades religiosas priorizando o universo das representações mentais, bem como compreender como essas representações se inserem no arranjo do espaço foi preocupação no seguir adiante no cortejo acadêmico.

No Tempo III a territorialidade religiosa foi o conceito religioso elaborado e consagrado em estudos, dissertações e teses nas Ciências Sociais. A paisagem religiosa, outro desafio presente no caminho, foi contínua no cortejo. O conhecimento novo se fez com intensidades diferentes e ritmo variados. A representação e o valor simbólico foram interpretados em manifestações materiais e imateriais do sagrado. E desse valor simbólico que nasceu a hierarquização das manifestações do sagrado no espaço. A paisagem é reflexo do comportamento dos atores sociais, em seus grupos religiosos e também marca e matriz desse comportamento cultural. A procissão como ritual sacraliza o espaço, fornece uma paisagem religiosa móvel. A paisagem religiosa é conceito fundamental nos estudos geográficos pela relação simbólica existente entre cultura e espaço.

A matriz de nossa procissão é o NEPEC, a procissão contém marcas-conceitos do meu comportamento acadêmico. A reprodução do conhecimento foi criada durante minha procissão nos 30 anos de atividades acadêmicas na UERJ.

Sou grata aos orientandos envolvidos na pesquisa. À Vanda Carvalho e ao Jefferson Oliveira na montagem dos artigos na caminhada de confecção deste manual - Uma Procissão na Geografia - para pesquisa em Geografia e Religião.

FSS / JRO: Por fim, quais são, na opinião de você, os (di)lemas e desafios práticos e também teóricos a serem enfrentados pelos/as geógrafo/as humanistas, sobretudo, brasileiros no século XXI? Certa feita, ouvi numa palestra sua, sobre a expressão Imaginação Geográfica, o que seria?

Zeny Rosendahl: As pesquisas sobre cidades-santuários ou hierópolis foram inicialmente um desafio forte. Tinha a tese da Prof. Maria Cecília França, pioneira no estudo de Romaria, na USP/SP, em 1970. As dificuldades de interpretação foram suavizadas, em 1990, em outro contexto, pelos pensamentos metodológicos de Büttner (1985), absorvidos na fase de doutoramento. A falta de apoio em trabalhos metodológicos no campo da Geografia da Religião constituiu-se em sérios problemas para os geógrafos brasileiros no final do Século XX. O caminhar dos procedimentos metodológicos e superando a complexidade do espaço sagrado em Porto das Caixas, no período de 1989 a 1993, isto é, durante o doutoramento e seus desafios, optamos por apreendê-lo com as ideias de Harvey (1980) e Mills (1975). Para eles a estrutura conceitual adequada para entender a cidade é a que inclui e se edifica, ao mesmo tempo, sobre as imaginações sociológicas e geográficas. É necessário priorizar sinais e símbolos com os significados que as pessoas dão a eles.

Para C. Wright Mills "A imaginação sociológica capacita seu possuidor a compreender o cenário histórico mais amplo, em termos de seu significado para a vida íntima e para a carreira exterior de numerosos indivíduos. Permite-lhe levar em conta como os indivíduos, na agitação de sua experiência cotidiana, adquirem frequentemente uma consciência falsa de suas posições sociais.” (1975, p. 11-12) do livro A Imaginação Sociológica. Tradução de Waltenir Dutra, 4ª ed. Rio de Janeiro: Zahar. 1975. Aproveito e indico a leitura do capítulo Empirismo Abstrato, deste livro, para reflexões geográficas.

A imaginação geográfica, para Harvey, é a consciência espacial “Essa imaginação habilita o indivíduo a reconhecer o papel do espaço e do lugar em sua própria biografia”, do livro A Justiça Social e a cidade. São Paulo: Hucitec, 1980, p.14.

Eu comungo com as ideias desses autores, e me refiro às imaginações sociológicas e geográficas em publicação na tese de doutorado “Espaço sagrado da Baixada Fluminense”, em 1994, USP/SP. O olhar geográfico é fundamental no estudo.

Os dilemas e desafios são para todos os geógrafos.

Posso terminar com um trecho da composição Romaria, de autoria do compositor santista Renato Teixeira; que tornou-se popular na interpretação singular, na voz da cantora Elis Regina, em 1977.

Sou caipira, Pirapora

Nossa Senhora de Aparecida

Ilumina a mina escura e funda

O trem da minha vida

.......................................................

Me disseram, porém, que eu viesse aqui

Pra pedir em romaria e prece

Paz nos desaventos

Como eu não sei rezar, só queria mostrar

Meu olhar, meu olhar, meu olhar

Concluo agradecendo a vocês, Fagno da Silva Soares e Jefferson Rodrigues de Oliveira, por essa oportunidade de relembrar minhas variadas situações vivenciadas na Geografia e escolhi a letra da música Tocando em frente, dos compositores Renato Teixeira e Almir Sater, pois fornece o cenário do dia a dia. Do sentido de ir andando em suas ações, já priorizadas e seguras, em marcha escolhida de vida.

Ando devagar porque já tive pressa

E levo esse sorriso

Porque já chorei demais

Hoje me sinto mais forte

Mais feliz, quem sabe

Só levo a certeza

De que muito pouco sei

Ou nada sei

...................................................

Todo mundo ama um dia

Todo mundo chora

Um dia a gente chega

E no outro vai embora

Cada um de nós compõe a sua história

Cada ser em si

Carrega o dom de ser capaz

E ser feliz!

FSS / JRO: Professora, foi um enorme prazer fazer essa imersão geográfica ao adentrar o universo espacial da Geografia Cultural a partir oficina geográfica de Zeny Rosendahl conhecendo um pouco mais dos ritos e práticas acadêmicas do fazer geográfico cultural. Afinal, Primeiro a obrigação, depois a devoção. Muito Obrigado!

Referências

· Livros e coletâneas

ROSENDAHL, Zeny. Uma procissão na geografia. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2018. 408p.

ROSENDAHL, Zeny; CORREA, R. L. Geografia cultural: uma antologia - Volume II. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. v. 1. 296p.

ROSENDAHL, Zeny; CORREA, R. L. Geografia cultural: uma antologia, Vol. 2 (E-book). 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013. v. 1. 344.

ROSENDAHL, Zeny. Primeiro a obrigação, depois a devoção. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012. v. 1. 196p.

CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Geografia Cultural: uma Antologia - Volume I. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012. v. 1. 344p.

ROSENDAHL, Zeny; CORREA, R. L. Geografia cultural: uma antologia, Vol. 1 (E-book). 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2012. v. 1. 344p.

ROSENDAHL, Zeny; CORREA, R. L. Sobre Carl Sauer. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2011. v. 1. 204p.

ROSENDAHL, Zeny. Trilhas do Sagrado. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010. v. 1. 192p.

ROSENDAHL, Zeny. CORREA, R. L. Temas e Caminhos da Geografia Cultural. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010. v. 1. 318p.

CORREA, R. L.; ROSENDAHL, Zeny. Economia, cultura e espaço. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2010. v. 1. 114p.

ROSENDAHL, Zeny. Cinema, Música e Espaço. 1. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009. v. 1. 150p.

ROSENDAHL, Zeny. Hierópolis: o sagrado e o urbano. 2. ed. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2009. v. 1. 118p.

CARRERAS, Fernán Gustavo; ROCHA; FUNARI, P. P. A.; ROSENDAHL, Zeny; PAIVA, Geraldo José de; BONFATTI, P. (Org.). Identidades Religiosas. 1. ed. Franca: Tupy, 2008. v. 3. 282p.

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· Artigos

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Notas

Zeny Rosendahl É Graduada e Mestra em geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Doutora em geografia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é Professora/Pesquisadora visitante do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Pesquisadora-fundadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura (NEPEC/UERJ).

Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã, Rio de Janeiro - RJ, CEP 20550-013

Fagno da Silva Soares Graduado em Geografia pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER); Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal do Pia

É Graduado em Geografia pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER); Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente cursa Doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (USP) e é Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA).

Endereço: R. Projetada, s/n - Vila Progresso II, Açailândia - MA, CEP 65930-000

Jefferson Rodrigues de Oliveira É Graduado, Mestre e Doutor em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente é Professor da Secretaria de Estado da Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) e Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura [NEPEC/UERJ].

Endereço: Avenida Professor Pereira Reis, 119 - Santo Cristo - Rio de Janeiro, CEP 20220-800



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