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Natureza e religiosidade na Serra dos Pireneus em Pirenópolis, Goiás
Nature and religiosity in the Pyrenees Hill from Pirenópolis, Goiás
Naturaleza y religiosidade en la Sierra de los Pirineos en Pirenópolis, Goiás
Revista Cerrados (Unimontes), vol. 20, núm. 01, pp. 72-94, 2022
Universidade Estadual de Montes Claros



Recepción: 24 Mayo 2021

Aprobación: 21 Septiembre 2021

Publicación: 01 Febrero 2022

DOI: https://doi.org/10.46551/rc24482692202204

Resumen: La Serra de los Pirineos, ubicada en el Cerrado de Goiás, está compuesta de una naturaleza notable. La riqueza de los recursos naturales lo coloca como un referente turístico en el estado de Goiás. El lugar es tambien cenario de un importante evento religioso, la Romaria de la Santísima Trinidad - fiesta popular del catolicismo- que se realiza anualmente en la luna llena del mes de Julio desde hace casi 100 años. El culto festivo consiste tanto em rituales religiosos como en la apreciación de la naturaleza y las actividades de ocio. El objetivo de este artículo es analizar la interrelacón entre la diversidad y riqueza de la Serra de los Pirineos y la Romaría, asociando los elementos que engloban lo natural, lo social y lo religioso. La investigación se basaen las siguientes preguntas: ¿ Puede el conocimiento y la conciencia de la importancia de la biodiversidad del Cerrado influiren la forma en que los visitantes y peregrinos se relacionan con esteespacio? ¿ Cuál es la conexión entre la naturaleza, lo sagrado y elocio? La importancia de esta investigación también se justifica por el hecho de que es un parque estatal y un área de protección ambiental. Encuanto a la metodología, el estudio se basó tanto en la investigación bibliográfica, como entrabajos fotográficos.

Palabras clave: Pirenópolis, Cerrado, Fiesta del Morro, Montaña de los Pirineos.

Resumo: A Serra dos Pireneus, situada no Cerrado goiano, é composta por uma natureza marcante. A riqueza de recursos naturais coloca-a como referência turística no estado de Goiás. O lugar é também palco de um importante acontecimento religioso, a Romaria da Santíssima Trindade – festa do catolicismo popular – que ocorre anualmente no plenilúnio do mês de julho há quase 100 anos. O culto festivo constitui-se tanto de rituais religiosos, quanto da apreciação da natureza e de atividades de lazer. O objetivo deste artigo é analisar a inter-relação entre a diversidade e riqueza da Serra dos Pireneus com a Romaria, associando os elementos que abarcam o natural, o social e o religioso. A investigação parte dos seguintes questionamentos: o conhecimento e a tomada de consciência sobre a importância da biodiversidade do Cerrado podem influenciar no modo como os visitantes e os romeiros se relacionam com este espaço? Qual a conexão entre a natureza, o sagrado e o lazer? A importância desta pesquisa se justifica também pelo fato de se tratar de um parque estadual e área de proteção ambiental. Quanto à metodologia, o estudo pautou-se tanto em pesquisa bibliográfica, quanto no trabalho de campo e em registros fotográficos.

Palavras-chave: Pirenópolis, Cerrado, Festa do Morro, Serra dos Pireneus.

Abstract: The Pyrenees, located in the GoiásCerrado, is composed of stunning nature. The wealth of natural resources places it as a tourist reference in the State of Goiás. The place is also the stage of an important religious event, the Pilgrimage of the Holy Trinity, a popular Catholicism feast, which takes place annually on the full moon of the month of July for almost 100 years. This Festive worship consists of both religious rituals and the appreciation of nature and leisure activities. The article's purpose is to analyze the interrelationship between the diversity and richness of Pyrenees Mountain and the Pilgrimage, in association with the elements that encompass the natural, the social and the religious. This investigation is steered by the following questions: can the knowledge and awareness of the importance of Brazilian Cerrado biodiversity influence the form visitors and pilgrims relate to this space? what are the connections between nature, the sacred and leisure? Therefore, the importance of this research relies on the fact that the manifestation takes place in a State Park and it is an environmental protection area. Methodologically this study was based both on bibliographical research as well as on fieldwork and photographic records.

Keywords: Pirenópolis, Brazilian Cerrado, Mountain Feast, Mountain ofthePyrenees.

Introdução

A região da Serra dos Pireneus constitui-se em relevante referência para o Planalto Central Brasileiro, com uma história notável, uma geografia marcante e muitas riquezas naturais, com destaque para a biodiversidade e as bacias hidrográficas do Paraná, Prata e Tocantins, fazendo da região um divisor de águas com grande potencial. A Serra está localizada no município de Pirenópolis (GO), aproximadamente 20 km do centro urbano. A cidade tipicamente colonial é oriunda do ciclo da mineração do ouro no século XVIII, estabelecendo-se por um período, como núcleo desse mineral tão cobiçado. Conforme as descrições de Jayme (1971), o local foi fundado em 1727 como Arraial de Meia Ponte, passando posteriormente a vila, e em 1853 foi elevada à categoria de cidade, tendo o nome alterado em 1890 para Pirenópolis, como uma homenagem a Serra dos Pireneus. Segundo Siqueira (2004, p.43), biólogo pirenopolino que estuda a biodiversidade local, “[...] a região da Serra dos Pireneus tem um significado muito especial para Pirenópolis, pois ali estão reunidos todos os ecossistemas ou tipos vegetacionais que fazem parte do município como um todo”.

Ao se tratar do aspecto sociorreligioso do local, enfatizado pela ocorrência de um evento de natureza profana e sagrada, é notável que as gerações anteriores deixaram um legado para as gerações atuais ao se constatar que há quase um século foi estabelecida uma Romaria anual em devoção à Santíssima Trindade nesse espaço, evento que aproxima as pessoas pelo simples fato de se unirem aos pés do morro para a comunhão social ou religiosa. Tal manifestação se difere das demais por se tratar de um acontecimento que também integra o ecológico, com nítida veneração pela natureza presente no local de estabelecimento dos romeiros. Sobre a abundância de espécies predominantes na região é possível afirmar que a diversidade faunística e florística da Serra dos Pireneus ainda é pouco explorada e conhecida, como ressaltado por Siqueira (2004, p. 45) sobre a necessidade de “[...] preservação desta Unidade Estadual de Conservação, tanto para os futuros estudos e pesquisas da biodiversidade, como também pelos aspectos ético, cultural e religioso que esta região representa para o Estado de Goiás e o município de Pirenópolis”.

Devido à sua riqueza e importância, a área referida foi delimitada oficialmente como Parque Estadual dos Pirineus em 1987, sob a Lei Ordinária nº 10.321 de 20 de novembro de 1987- Casa Civil do Estado de Goiás, alterada para a Lei Ordinária nº 13.121, de 16 de julho de 1997 e disposta no Decreto nº 5.174, de 17 de fevereiro de 2000 como Área de Proteção Ambiental dos Pireneus, compreendendo aproximadamente 2.800,00 hectares, abrangendo os municípios goianos de Pirenópolis, Cocalzinho de Goiás e Corumbá de Goiás.

O objetivo deste artigo é analisar a interligação entre a diversidade e riqueza da Serra dos Pireneus com a Romaria da Santíssima Trindade, enquanto elementos que abarcam o natural, o social e o religioso. Tendo como temática principal o Cerrado e as festas populares, nos tópicos seguintes buscamos discorrer sobre a diversidade e a riqueza da natureza que circunda a Serra dos Pireneus e sobre as especificidades desta quase secular Romaria que acontece na região. Visto que existe uma constante frequência de visitantes no local, e que estes possuem poucas informações ou conhecimento de suas características biológicas, geográficas, históricas e culturais, podem ser feitos os seguintes questionamentos: o conhecimento e a tomada de consciência sobre a importância da biodiversidade do Cerrado podem influenciar no modo como os visitantes e romeiros se relacionam com este espaço? Qual a conexão entre a natureza, o sagrado e o lazer? A importância desta pesquisa sobre a Serra dos Pireneus e a Romaria se justifica também pelo fato de se tratar de um Parque Estadual e Área de Proteção Ambiental. Quanto à metodologia, o estudo pautou-se tanto em pesquisa bibliográfica, quanto no trabalho de campo e em registros fotográficos.

A Diversidade florística e faunística da Serra dos Pireneus

A Serra dos Pireneus constitui uma importante reserva de patrimônio natural por pertencer ao sistema biogeográfico Cerrado, cuja proteção legal ainda não foi implementada e garantida como nos demais biomas brasileiros. O Cerrado é considerado um dos hotsposts mundiais devido à sua diversidade biológica e à quantidade de espécies endêmicas de animais e vegetais de ocorrência em suas paisagens tão singulares (SAWYER et al, 2017). Segundo o geógrafo Horieste Gomes (2008, p. 8),

O Cerrado possui uma característica singular: ter chegado ao limite de sua evolução, portanto, ter adquirido o status de vegetação clímax [...]. Não há, cientificamente, regeneração possível a uma vegetação que atingiu o seu equilíbrio vital a milhões de anos em perfeita simbiose em seu meio específico.

Sabe-se que muitas espécies já foram estudadas e outras tantas ainda têm a se conhecer ou serão extintas mesmo antes desse acontecimento. Segundo o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN (2020), estima-se que mais de 12 mil espécies vegetais tenham sido catalogadas e dessas, cerca de 4 mil sejam endêmicas. Essas plantas possuem peculiaridades metabólicas e morfológicas que as tornam importantes do ponto de vista terapêutico e alimentício. Estima-se que haja cerca de 350 mil espécies de animais vivendo nesse mosaico de biomas (AGUIAR et al., 2004).

Sobre isso, o antropólogo e pesquisador Altair Sales Barbosa (2014, p. 59) inteira que: “Esse conjunto faunístico envolve mamíferos de grande porte [...] também animais de médio e pequeno porte [...], há aves [...], também grupos de répteis” que compõem a biodiversidade dessa fauna”. Eles habitam uma grande variedade de paisagens geomorfológicas e fitofisionomias diferentes, responsáveis por uma diversidade no que se refere à oferta de frutos comestíveis encontrados desde ambientes abertos até os ambientes fechados”. Os alimentos disponíveis na natureza como os frutos, flores, tubérculos, o sal e o broto das gramíneas sustentam a fauna formando assim, uma complexa rede ecológica com movimentos próprios desse ambiente de Cerrado (MALHEIROS e PESSOA JÚNIOR, 2008).

E nesse cenário situa-se a Serra dos Pireneus. Compondo a sua a paisagem florística, observamos espécies frutíferas bem comuns ao local como: o araticum (Annona crassiflora Mart.), o Bacupari (Salacia crassifolia (Mart. Ex Schult. G. Don), o baru (Dipteryx alata Vogel), a cagaita (Eugenia dysinterica DC), o cajuzinho-do-campo (Anacardium humileA. St.-Hil.), o jatobá-do-cerrado (Hymenaea stigonocarpa Mart. ex. Hayne), a mangaba (Hancornia peciosa Gomes), a marmelada (Cordiera sesseis Vell. Kuntze) o murici (Byrsonima verbascifolia (L.) DC), o pequi (Caryocar brasiliense Cambess.) e outros. Em seguida, apresentamos imagens de algumas espécies, não na mesma ordem:


Figura 01
Aspecto geral do Bacupari
SILVA, 2019.


Figura 02
Ramos de Cajuzinho-do-campo
SILVA, 2019.


Figura 03
Aspecto geral de Cagaita
SILVA, 2019.


Figura 04
aspecto geral Jatobá-do-Cerrado
SILVA, 2019.


Figura 05
Ramos da Mangaba
SILVA, 2019.


Figura 06
Ramos da Marmelada
SILVA, 2019.

Da diversidade faunística, os animais mais comumente encontrados também nas proximidades do local onde ocorre a Festa dos Pireneus são espécies pertencentes à classe Insecta, como, besouros (Coleoptera sp.), borboletas (Lepidoptera sp.) e gafanhotos (Orthoptera sp.) Encontramos espécies também da classe das aves, como ourubu-rei (Sarcoramphus papa L.), a codorna (Eudromia selegans A. St.-Hil.) e a seriema (Cariama cristata L.). Da classe dos répteis, é comum espécie como o teiú (Tupinambist guixin L.) e da classe dos mamíferos são vistas espécies como o tatu-peba (Euphractus sexcinctus L.), o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus L.) e a raposa (Lycalopex vetulus Lund.). O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus Illiger), embora seja uma espécie de ocorrência na região, pelas ameaças ao Cerrado e também por sua esperteza é raramente visto na área de estudo. Abaixo, fotos de espécies registradas na Serra dos Pireneus:


Figura 07
Besouro
COSTA, 2018.


Figura 08
Borboleta
COSTA, 2018.


Figura 09
Urubu-rei
COSTA, 2018.


Figura 10
Seriema
OLIVEIRA, 2019.


Figura 11
Teiú
OLIVEIRA, 2019.


Figura 12
Veado campeiro
COSTA, 2018. Importar tabla

Em relação ao espaço onde acontece a Festa do Morro dos Pireneus, é possível verificar a relação de respeito dos antigos romeiros com a flora local, traduzida pelo aproveitamento racional de espécies vegetais. Tal aproveitamento é norteado pelos conhecimentos tradicionais que os romeiros certamente carregam. Em entrevista concedida pelo senhor Valdemísio Pereira da Veiga[1], sobre a festa em 2018, ele revelou:

Comecei a frequentar a festa com cinco anos, nesta época, meu pai colocava eu e meus irmãos para subir o morro a pé e minha mãe vinha a com a gente. Ele vinha a cavalo para trazer a tralha, a gente tinha que vir a pé para carregar a palha do buriti que ele cortava para fazer o rancho no morro (VEIGA, 2018).

Em outra entrevista concedida em junho de 2019 pelo senhor Benedito da Luz Sobrinho[2], ele expôs: “a gente sempre pegou no Cerrado, o catolé, uma palmeira típica na região, para comer na festa, pegava o que tava no tamanho certo. No campo, a gente pegava folha de muitas plantas para fazer chá também”.

As folhas das palmeiras do buriti (Mauritia flexuosa L.) e do indaiá (Attalea brasiliensis Glassman) eram constantemente utilizadas para construir os ranchos nos acampamentos. Sabe-se que estas espécies já eram utilizadas pelos povos cerratenses desde os primeiros habitantes, sendo de muita “utilidade para o indígena e para o colonizador. [...] Buriti, de que se faz o doce; Indaiá de que se faz cobertura para ranchos” (BERTRAN, 2000, p. 21).

A planta catolé ou palmeira-indaiá (Attalea exígua Drude) também é muito apreciada na culinária pirenopolina e goiana de forma geral, já a arnica (Lychnophora ericoides L.) e a douradinha (Palicourea coriacea (Cham.) K. Schum) utilizadas na forma de chás diurético e depurativo. O sabor amargo apreciado pelo goiano tem também origem nos costumes indígenas do uso da guariroba (Syagrus oleracea (Mart.) Becc.) na alimentação, “no Século XVIII, considerava-se como de grande valor medicinal” (BERTRAN, 2000, p. 21). Notamos assim, pela experiência de viver a festa, que o sabor amargo junto à carne, como ingredientes do caldo ou do arroz, oferece sustento para continuar as farras, e os chás ajudam no aquecimento do frio ou no reequilíbrio do organismo após as comilanças e o excesso de bebidas.

Como características das árvores do Cerrado, muitas perdem as folhas durante o inverno, período da seca estabelecido neste sistema. Desta forma em muitos vegetais a floração ocorre ainda na estação de inverno como mecanismo de atração para a polinização. Assim, é comum encontrar no Cerrado no período em referência, muitas árvores em floração, o que favorece em meio à vegetação ressequida, vários pontos coloridos enfeitando o ambiente e alegrando os olhares de quem vive ou visita a região nessa época do ano. Como exemplos dessas plantas, o pesquisador Silva Junior (2005) destaca as espécies: Tabebuia aurea Benth. & Hook. f ex S. Moore, a caraiba; Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.), um tipo de ipê amarelo; Plathymenia ridiculata Benth., o vinhático-do-campo; Bowdichia virglioides Kunth, a sucupira-preta; Pterodon emarginatus Vogel., a sucupira-branca.


Figura 13
Ramos do Ipê amarelo em floração
COSTA, 2019.

Dentre a importância e as numerosas utilidades, as flores de algumas dessas espécies cerratenses adornam a paisagem compostas por herbáceas, arbustos e árvores de troncos tortuosos, sulcados e resistentes às intempéries do clima no Brasil Central. Ao mesmo tempo em que reforçam a sua morfologia, formando uma verdadeira “floresta invertida” acontece uma complexa rede de eventos biossintéticos que originam compostos com propriedades biológicas e medicinais, os metabólitos secundários[3], cujos benefícios são amplamente aproveitados na medicina popular e tradicional dos povos que habitam o Brasil Central.

Para exemplificar, citamos algumas espécies catalogadas pelo biólogo e pesquisador pirenopolino que estuda a região, Carlos Josafá de Siqueira (2004): a apohliana (Allamanda angustifolia Pohl), o assa-peixe (Vernonia ferruginea Less.), o araçá (Psidium firmumO.Berg), o barbatimão (Stryphnodendron adstringens Mart.), a canela-de-ema (Vellozia spp), a congonha (Rudgea viburnioides (Cham.) Benth.), a esponjinha-rosa (Mimosa spp), a esponjinha-vermelha (Calliandra dysantha Benth.), a lobeira (Solanum lycocarpumL.), a lixeira (Curatella americana L.), o pau-santo (Kielmeyera coriácea Mart. & Zucc.), a pimenta-de-macaco (Xilopia aromatica Lam.(Mart.) e a sempre-viva (Paeplalantus spp). As imagens seguintes apresentam os aspectos do ramo e aspectos gerais de espécies encontradas próximo ao local de realização da Festa do Morro.


Figura 14
Aspecto geral da Apohliana
SILVA, 2019.


Figura 15
Aspecto geral da Canela-de-ema
SILVA, 2019.


Figura 16
Aspecto geral da Arnica
COSTA, 2019.


Figura 17
Aspecto geral da Congonha
SILVA, 2019.


Figura 18
Ramos da Mimosa
OLIVEIRA, 2019.


Figura 19
Ramos da Pimenta-de-Macaco
SILVA, 2019.


Figura 20
Aspecto geral da Sempre-viva
OLIVEIRA, 2019.


Figura 21
Aspecto geral da Lobeira
SILVA, 2019.

Como uma Área de Proteção Ambiental, a delimitação do Parque Estadual dos Pireneus objetiva a proteção de todos os recursos naturais que constitui o meio, embora seja percebido que “A área ainda é vulnerável a condições externas e internas, em razão de haver somente os requisitos mínimos necessários à gestão” (ANDRADE; BERNARDES, 2013, p.198). No que tange a preservação das espécies, o historiador inglês Keith Thomas afirmaque: “No século XVII, tornou-se cada vez mais comum defender que a natureza existia para a glória divina e que Deus se preocupava tanto com o bem-estar das plantas e dos animais quanto com o do homem” (THOMAS, 2010, p. 236).

Com a preocupação de conhecer e registrar, os estudos da diversidade na região da Serra dos Pireneus tiveram início a partir das visitas dos viajantes europeus. Como destaque da flora do Cerrado nos caminhos rumo aos Pireneus, o botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire descreve que:

[...] em vários trechos descampados ainda se encontra a Vellozia arborescente, que já assinalei como sendo característica das regiões elevadas. Assim, os campos ora apresentam grandes extensões cobertas exclusivamente de capim, ora exibem aqui também algumas árvores raquíticas surgindo no meio daquela singular monocotiledônea. [...] Nas matas muitas árvores ainda conservavam suas folhas, enquanto outras se mostravam inteiramente nuas. O chão estava juncado dos delicados folíolos de vários exemplares de Mimosas (SAINT-HILAIRE, 1975, p. 31- 35).

Sobre as características da localidade, encontramos também informações importantes nos relatos do botânico e desenhista austríaco Johann Baptist Emanuel Pohl, outro naturalista europeu que percorreu Goiás no século XIX. Tanto Pohl quanto Saint-Hilaire, passaram pelos Pireneus no ano de 1819, tendo como divergente, os meses e o período de estação de suas estadias na antiga Meia Ponte. Pohl, que era mineralogista, botânico e médico, teve como missão, observar e anotar os fatos relevantes de sua área de conhecimento. Ao aproximar dos Pireneus em meados do mês de janeiro, período de chuva na região, o viajante descreve: “Um caminho pedregoso, agreste e íngreme, coberto de plantas sem flores (na maioria Citamíneas), nos levava através da floresta para o vale e, logo no sopé da serra deparamos com uma estrada larga pela qual, através de campos onde crescem árvores altas, e transpondo uma bela colina” (1976, p. 116). Posteriormente, no mês de junho, período já de escassez de chuva, o botânico Saint-Hilaire numa expedição para estudar a flora da Província de Goiás, também passa pelas terras dos Pireneus e faz o seguinte registro:

[...] a parte dos Montes Pireneus que percorri apresenta um terreno bastante regular. Ora vêem-se campos arenosos cobertos de capim, ora pequenas capoeiras, e nas grotas, que são sempre pantanosas, o esbelto buriti. [...] Alcançamos finalmente a base dos picos mais elevados. Os principais são dois [...]. De altura quase igual, eles formam dois cones cuja aresta é bastante oblíqua, e são inteiramente eriçados de pedras pontudas e irregulares, no meio das quais cresce uma grande quantidade de arbustos e árvores raquíticas. [...] Rochas estreitas formam a ponta do pico, e de suas fendas brotam canelas-de-ema (Vellozia)semi-ressequidas e coberta de líquens (SAINT-HILAIRE, 1975, p. 34).

Contrapondo os relatos de Pohl e de Saint-Hilaire é perceptível a diferenciação do aspecto da vegetação da região dos Pireneus que é modificada de acordo com a mudança dos períodos das chuvas e/ou da seca, o que confirma ainda os diferentes períodos de itinerância dos pesquisadores. Pohl, que visitou os Pireneus no mês de janeiro, na época das chuvas, pôde observar o Cerrado na sua cor e forma mais vicejante. Já Saint-Hilaire, o expõe como uma região com característica ressequida, evidenciando o tempo da seca de junho no Centro Oeste goiano, mês de sua estada na localidade.

Para os que permanecem o ano todo no município de Pirenópolis, pode ser percebida a mudança do tempo e a alternância das características do Cerrado, principalmente no que se refere às suas fisionomias vegetacionais. O sol intenso dos meses de abril a setembro deixa o ar seco, o que reflete diretamente no aspecto de coloração da flora, provocando uma aparência mirrada nas árvores e um tom amarelado que se mistura à poeira e a fumaça do ambiente. No período de seca, a poeira constante é proveniente do fluxo de automóveis sobre a antiga estrada de terra que corta o Parque Estadual dos Pirineus e a fumaça é oriunda das queimadas que ocorrem facilmente na vegetação suscetível do Cerrado naquela época do ano. A propagação do fogo na vegetação fragilizada pode ocorrer de forma natural, com as descargas elétricas, ou por meio da interferência humana.

No Cerrado, assim como em outros sistemas biogeográficos, seguindo o quadro evolutivo, as espécies nativas criam seus mecanismos de defesa para sobreviver às queimadas. Sobre os debates acerca do fogo no ambiente de Cerrado, destacamos a visão do pesquisador Altair Sales Barbosa, que aponta o fogo como um elemento em associação a este sistema.

Não se pode levar adiante qualquer estudo sobre o Cerrado, se não tomar em consideração o fogo, elemento intimamente associado a essa paisagem. Apesar da sua importância para o entendimento da ecologia desse ambiente enquanto sistema biogeográfico, a ação do fogo no Cerrado é ainda mal conhecida e geralmente marcada por questões mais ideológicas que científicas. Também não se pode conduzir seu estudo com base apenas nas comunidades vegetais. O estudo do fogo como agente ecológico será mais completo, se também se observarem a comunidade faunística e os hábitos que certos animais desenvolveram que estão intimamente associados à sua ação, cuja assimilação, sem dúvida, necessita de arranjos evolutivos caracterizados por um tempo relativamente longo (BARBOSA, 2014, p. 24).

Podemos constatar por meio das figuras abaixo, a resistência da vegetação do Cerrado e a regeneração deste sistema após a ocorrência do fogo. Na observação de Saint-Hilaire, constatamos a condição de adaptação da flora na hostilidade deste ambiente. “Durante a seca – época em que se ateia fogo aos campos – o desenvolvimento da maioria das plantas fica de certa forma interrompido, e suas hastes apresentam-se com aparência ressequida. [...] Nas queimadas, as hastes calcinadas favorecem o desenvolvimento das gemas” (SAINT-HILAIRE, 1975, p. 30).


Figura 22
Queimada nos Pireneus
SILVA, 2019.


Figura 23
Rebrota da vegetação
AQUINO, 2017.

Com o início e permanência das chuvas, de outubro a maio, a terra árida, torna-se umedecida, a poeira é abrandada e a vegetação alterna para os tons de verde, demonstrando a sua capacidade de resiliência. A alteração de temperatura na região do “Homo cerratensis”, termo designado pelo pesquisador Bertran (2000, p.18), e a divisão “do tempo da seca e do tempo das águas”, como define o goiano, caracteriza o momento transitório no Cerrado. A definição da estação de chuva e seca no Cerrado com a referida alternância no aspecto da vegetação caracteriza também a paisagem dos Pireneus, sobre a definição da paisagem, Sauer (2004, p. 51) afirma que, “Na estrutura da paisagem, o clima é de importância primordial”.

O local de realização da Festa do Morro em Louvor à Santíssima Trindade, tem sua paisagem também modificada gradativamente no decorrer do ciclo festivo[4]: o ciclo da Festa do Morro tem início no mês de novembro com os terços mensais[5] rezados no espaço festivo, ainda no período da chuva; o momento ápice das atividades festivas ocorre com a culminância da Festa do Morro, já no mês de julho no instante de estiagem das chuvas, quando o tempo seco sobressai.

A Festa do Morro: religiosidade e contemplação da natureza na Serra dos Pireneus

A Romaria em louvor à Santíssima Trindade, manifestação religiosa ligada ao catolicismo popular, ocorre todos os anos no plenilúnio[6] do mês de julho, nas proximidades mais elevadas que compõem a Serra dos Pireneus. A festa teve seu início a partir do ano de 1927, com Christóvam José de Oliveira[7], uma personalidade importante na cidade de Pirenópolis na época, como afirma Jayme (1971). Segundo esse autor, o fundador dessa tradição, por sua influência religiosa e política junto a seus familiares e demais moradores, organizou a primeira missa com a presença do pároco local, padre Santiago Uchoa e com a permissão do bispo diocesano daquele período, Dom Emanuel Gomes (JAYME; JAIME, 2002). Christóvam instituiu a Romaria dos Pireneus a partir de sua devoção ao Deus Trino que, segundo relatos orais de pessoas da família, teria ocorrido após um pedido de proteção ter sido atendido nesse local. De acordo com os relatos, o devoto teria visualizado a imagem das três pessoas da Santíssima Trindade nas três elevações de maior proeminência da serra. Desse modo, Christóvam passou a comandar a romaria até o ano de 1968, quando ficou doente, falecendo no ano seguinte. Mesmo sem a sua liderança, a festa prossegue com a participação de sua família e de outros devotos que seguem perpetuando e ressignificando essa manifestação religiosa.


Figura 24
Primeira Missa no pico mais elevado da Serra dos Pireneus.
Acervo da Família de Christóvam de Oliveira,1927.

A festividade é composta de uma sequência de acontecimentos ritualísticos ocorridos durante o transcorrer do ano, os quais são seguidos, perpetuados e ressignificados com o passar do tempo. Sobre a ressignificação das festas e em especial a esta festa realizada nos Pireneus, D’Abadia (2014, p. 12) afirma que,

Perante as mudanças na sociedade atual, as festas religiosas podem ser vistas como fator de ressignificação, ou seja, a perpetuação de uma tradição presente nos diversos municípios brasileiros, essas são celebradas em maior ou menor intensidade. Elas resistem e permanecem diante dos diversos cenários da contemporaneidade [...].

Seguindo as observações contidas nos “Círculos concêntricos” de Terrin (2004, p.14) e na perspectiva do “Ciclo festivo” proposto por Maia (2002), a sequência dos ritos festivos é composta por uma série de ações que podem ser classificadas em três fases distintas: preparação, realização e desativação, propondo o entendimento de que a festa então, não apresenta uma terminalidade, apenas lacunas entre um rito e outro, que de forma consecutiva, proporciona o acontecimento festivo a cada ano.

Desta forma, a romaria dos Pireneus tem início com a reza da novena, compreendendo o período de preparação para a festa. A novena, resulta de nove encontros definidos por meio de um calendário festivo que culmina em julho, quando uma vez ao mês, por ocasião da lua cheia, o (a) festeiro (a)[8] junto aos demais seguidores direcionam-se à Serra pelo antigo trajeto que liga a cidade de Pirenópolis aos Pireneus. Este trajeto constitui-se da alcantilada, sinuosa e velha estrada de terra, por onde seguem os fiéis para os encontros ao findar do dia no local da festa, quando invocam as três pessoas da Santíssima Trindade e suplicam graças à Nossa Senhora da Abadia.A aquisição da imagem de Nossa Senhora D’Abadia[9] para a devoção e a reza da novena, como ritos, foram introduzidos após a criação da festa, no percurso de sua realização anualmente.

Após a realização dos nove terços mensais, que seguem de novembro a julho, chega-se ao momento do ápice da festa, quando os fiéis acampam no espaço próximo aos três cumes dos Pireneus durante a lua cheia de julho para a contemplação e realização dos ritos sagrados. Esses ritos são constituídos por uma procissão realizada na quinta-feira, o tríduo, uma sequência de reza do terço que segue de quinta a sábado e as missas, sendo uma no sábado à tarde e a última no domingo de manhã. Da realização então, a festa segue para a desativação, os ritos finais que constituí a terceira etapa proposta por Maia (2002). Neste caso, após a missa de domingo, os romeiros seguem para o desmanche dos acampamentos, a retirada do lixo e a organização do espaço, finaliza-se este ciclo com a partida dos grupos familiares rumo a suas residências até o reinício da preparação para o próximo ano.

O ato de apreciar a natureza se junta aos rituais da festa, como elemento que também a constituí. Os apreciadores esperam ansiosos pelo espetáculo do pôr do sol e do nascer da lua, que são destacados na paisagem local durante o inverno. Importante ressaltar que nesta área central do país, o inverno caracteriza-se por um tempo seco e frio, notadamente marcado com dias e noites de céu límpido, o que favorece a contemplação.

Por meio das imagens seguintes é possível perceber a intensidade do pôr do sol e do nascer da lua como elementos complementares da paisagem no local da festa. No mês de julho, período de culminância dos festejos no morro, a nitidez do céu estabelece também como fator que emoldura a paisagem. Durante o dia, o sol repercute com intensidade, e ao entardecer é possível visualizar um pôr do sol exuberante, encantando os visitantes.


Figura 25
Pôr do sol
CURADO, 2016.


Figura 26
Nascer da lua
CURADO, 2016.

Já à noite, a lua – astro que define o calendário e convida os romeiros para a festa – aparece toda imponente, se refletindo como característica marcante do momento, dona debeleza e atração, ilumina os acontecimentos festivos. Os rituais de adoração do sol e da lua têm origem remota e uma simbologia que perpassa o universo religioso e cultural. Diferentes etnias em períodos distintos marcaram a história através dos rituais sagrados ligados à natureza; nestes, a adoração pelo sol e pela lua são, de acordo com Eliade (1992), “hierofanias cósmicas”, pois “A Lua valoriza religiosamente o devir cósmico e reconcilia o homem com a Morte. O Sol, ao contrário, revela um outro modo de existência: não participa do devir; embora em constante movimento, o Sol permanece imutável, sua forma é sempre a mesma”(ELIADE, 1992, p. 129-131).

Com base no exposto acima, reforçamos a nossa percepção sobre a forte influência que a lua ainda manifesta nas ações humanas. Na Festa dos Pireneus, o ato de apreciar o pôr do sol e o nascer da lua parece constituir-se em um ritual ligado ao momento festivo, pelo qual os romeiros esperam ansiosos todos os anos a chegada do mês de julho para subir o morro, participar da festa e admirar de forma atônita o imponente astro. A lua atua como um referencial, acompanhando os partícipes da romaria desde a primeira missa celebrada naquela localidade em 1927.

Destarte, nos Pireneus, o Cerrado com a sua rica fauna e flora, generosamente provê a moldura que se mistura à paisagem da Festa, onde as árvores retorcidas complementam harmoniosamente os espaços sagrados, como “ponto fixo” do cenário do acontecimento festivo e cultural (ELIADE, 1992). Os espaços sagrados são delimitados por duas pequenas capelas, a Capela da Santíssima Trindade, no alto do pico de maior elevação e a Capela de Nossa Senhora D’Abadia no sopé do morro, nas quais são realizadas as ritualidades religiosas durante a Festa.

Considerações finais

A análise permitiu evidenciar que a região possui uma natureza notável, constituída de uma rica diversidade de espécies do Cerrado – tanto da flora, quanto da fauna – que se mantem em constante interação no sistema, como afirma Barbosa (2014). Da variedade florística, muitas são frutíferas e a maioria, além de frutíferas são medicinais, com importância ancestral no cotidiano dos cerradeiros. Das espécies faunísticas, as classes de insetos, aves, répteis e mamíferos, se destacam por suas peculiaridades e pela importância das relações que estabelecem com o meio constituindo uma rede de relações interdependentes característica desse sistema biogeográfico. Assim, nesse evento que ocorre desde 1927 na Serra dos Pireneus é evidenciada uma gama de simbologia em que se entrelaçam natureza e religiosidade.

Pode-se afirmar que o Cerrado é como uma tela viva, que com suas especificidades permite que a Festa ritualmente se desenhe com seus acontecimentos reforçando a conexão entre a paisagem, a natureza e o sagrado que é revelado na tradição do povo pirenopolino e no encanto dos visitantes.

Com base em Eliade (1992), é possível mostrar que a aproximação ritualística com os elementos da natureza e a busca do homem por lugares elevados tem significado simbólico e representativo. No caso desse evento, a Romaria é idealizada a partir da relação imaginária dos três picos mais próximos com a imagem das três pessoas da Santíssima Trindade, quando a paisagem repercute no período festivo uma simbologia que aproxima as pessoas para o encontro anual, unindo religiosidade e natureza. Assim, a proximidade com a natureza local e os espaços sagrados, o encontro de amigos e familiares e a tradição dos ritos, constituem-se em elementos que propiciam o conhecimento e a conexão entre as pessoas e o meio natural. O que se firma a justificativa do pressuposto de que, o ato de vivenciar o local com conhecimento de experimentação de seus elementos naturais e culturais, pode despertar o visitante ou o partícipe da Romaria para as atitudes de conservação, cuidado e manutenção da festa, bem como do parque.

O próprio ato de subir o morro e percorrer o longo caminho da cidade até o lugar da romaria possui um sentido de ligação, um elo entre as dimensões da natureza e do sagrado, pois para o frequentador da festa, a procura por aquele espaço denota uma representação simbólica daquilo que se revela como significado ou importância dentre os elementos materiais e imateriais que constituem e marcam o evento e o espaço festivo.

Referências

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Notas

[1] O popular Miso, romeiro desde a infância, começou a frequentar a Festa do Morro com seu pai, sua mãe e sete irmãos. Miso sempre ajudou a fazer a festa e no ano de 2009, com a ajuda dos romeiros, foi o festeiro.
2] Simplesmente chamado de Dito Jaci, de oitenta e um anos, neto do criador da romaria começou a frequentar a festa por volta dos seis anos de idade com a sua mãe.Seu Dito, com problemas de saúde, frequentou somente alguns terços da festa de 2018, não conseguiu ir em 2019 e veio a falecer dois meses depois da entrevista.
3] Metabólitos secundários – termo utilizado para designar compostos químicos produzidos pelas plantas com a finalidade de adaptar-se às condições do meio e garantir a sua sobrevivência. Segundo Santos (2010), o processo é influenciado pela hereditariedade, ontogenia e estímulos ambientais.
[4] Na concepção de Maia (2002), pesquisador de festa, o ciclo festivo é composto por uma série de ações que podem ser classificadas em três fases distintas: preparação, realização e desativação.
[5] A reza mensal do terço corresponde a uma sequência de nove encontros na lua cheia de cada mês, que vai de novembro a julho, como momentos de preparação para a festa. O terço mensal teve início no ano de 2009 por iniciativa de Wellygton Rodrigues como promessa do restabelecimento de sua saúde, após um acidente. Naquele ano, Wellygton desempenhou a função de festeiro e contou com o apoio de Geraldo Herculano de Oliveira (25/09/1951 - 16/11/2019) para a realização dos terços. Herculano se empenhou na continuidade destes terços.
[6] A romaria foi instituída na cheia de julho, período que estabelece a seca na região, possibilitando maior claridade no espaço da festa devido a limpidez do céu.
[7] Conforme Jayme (1971), Christóvam de Oliveira foi um pirenopolino e católico atuante. Dentre aos vários atributos, realizou a função intendente do município, fabriqueiro da paróquia local e foi também, proprietário das terras da região da Serra dos Pireneus até o ano de 1933, quando firmou a doação de parte destas para a Igreja.
[8] O festeiro ou festeira, é pessoa encarregada da organização para a efetivação da festa a cada ano, possui a função de coordenar todas as atividades festivas. A escolha da pessoa que assumirá o cargo no próximo ano é sempre feita pelo (a) festeiro (a) do ano anterior, selecionada entre as pessoas que se disponibilizam a assumir este importante posto para a continuidade da festa.
[9] O orago de Nossa Senhora D’Abadia foi doada em 1930 pelo devoto Cel. Francisco Joséde Sá, um abastado comerciante pirenopolino, que muito contribuiu para o desenvolvimento da cidade, grande incentivador das artes e da cultura locais. Informações disponíveis em:

http://cidadedepirenopolis.blogspot.com. Acesso em: 03 nov. 2019.

Sirlene Alves da Silva É Graduada em Biologia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Mestre em Territórios e Expressões Culturais no Cerrado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG). Atualmente é Professora do Centro de Educação em Período Integral Professor Ermano da Conceição, Secretaria Estadual Educação de Goiás (SEDUC/GO).

Endereço: Av. Praça da Bandeira, S/N- Alto da Lapa, Pirenópolis – GO, Brasil.

Maria de Fátima Oliveira É Graduada em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia Bernardo Sayão (FFBS), mestre e Doutora em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente é Professora do Curso de História e do Programa de Mestrado Interdisciplinar Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER) da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Endereço: Av. Juscelino Kubitscheck, n. 146 – Bairro Jundiaí, Anápolis – GO, Brasil.

Giuliana Muniz Vila Verde É Graduada em Farmácia, Mestre em Biologia e Doutora em Biologia Molecular pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente é Professora do Curso de História e do Programa de Mestrado Interdisciplinar Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER) da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Endereço: Av. Juscelino Kubitscheck, n. 146, Bairro Jundiaí, Anápolis – GO, Brasil.



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