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Resenha: SOJA, Edward Willian. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1993. 323p.
Revista Cerrados (Unimontes), vol. 16, núm. 1, pp. 344-348, 2018
Universidade Estadual de Montes Claros

https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
SOJA Edward Willian. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. 1993. Rio de Janeiro. Zahar. 323 p.pp.. 9788571102590

Recepção: 12 Dezembro 2017

Aprovação: 15 Maio 2018

Publicado: 30 Junho 2018

RESENHA

Edward Willian Soja nasceu e cresceu na cidade de Nova York, Estados Unidos da América. Graduou-se em Geografia pela Universidade de Syracuse em Nova York, no final dos anos 1950. A partir de 1960, Edward Soja foi para o Quênia estudar o planejamento urbano. Tirou o doutoramento em 1967, com o trabalho titulado A Geografia da Modernização no Quênia: uma análise espacial da social, econômica e mudança política, publicado pela Syracuse University Press em 1968 como parte da série geográfica Syracuse. Obteve seu Ph.D. em Geografia pela Universidade de Syracuse e começou sua carreira como especialista em África, na Universidade Northwestern.

Em 1972, Soja foi recrutado para a Escola Superior de Arquitetura e Urbanismo na Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) nos Estados Unidos da América. Desde então, começou a concentrar sua pesquisa sobre a reestruturação urbana em Los Angeles (EUA), bem como realizou estudos críticos sobre as cidades e regiões. Uma característica do seu trabalho era o entrelaçamento entre teoria e prática, suas interpretações teóricas de lugar, localização, paisagem, cidade e região.

Soja foi considerado um geógrafo crítico diante daqueles que proclamavam a morte da Modernidade. Apontou o período atual não como uma ruptura completa e substituição de todo o pensamento progressista, mas considerava que a Modernidade deveria e deve ser compreendida para além do espaço-tempo, incorporando a eles o ser.

Edward Soja tem como principais obras Thirdspace: Viagens para Los Angeles e em outros lugares reais e-Imaginado (Blackwell Publishers, 1996); A Cidade: Los Angeles e teoria urbana no fim do século XX (co-editado com Allen J. Scott, University of California Press, 1998); Postmetropolis: Estudos críticos de Cidades e Regiões (Wiley-Blackwell, 2000); Buscando espaço e justiça (University of Minnesota, 2010); Minha Los Angeles: De reestruturação urbana para Regional de Urbanização (University of California Press, 2014); Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço na Teoria Social Crítica. Esta última, tema central desta resenha.

A obra Geografias Pós-Modernas: a reafirmação do espaço na Teoria Social Crítica, de Edward Willian Soja, é a reafirmação do espaço pela teoria social crítica de base marxista, e esta sugere analisar as questões do tempo, do espaço e as relações sociais contemporâneas. Além disso, Soja propôs a criação de modos mais criticamente reveladores de examinar a combinação de tempo e espaço, história e geografia, período e região, sucessão e simultaneidade. Para tanto, Soja perpassa pelas obras de Michael Foucault, John Berger, Ernest Mandel, Anthony Giddens e Henri Lefebvre para defender um Materialismo Histórico e Geográfico, bem como um repensar da dialética do espaço, do tempo e do ser social.

Edward Soja não questionou a importância da história, mas o predomínio do historicismo na teoria crítica social, que não abriu espaço para uma geografia humana interpretativa. Soja discute categorias como Modernidade, Geografia e História, realizando uma conexão entre os fatores tempo, espaço e ser. Em um contexto mais amplo, essas categorias vão traçar as bases para a compreensão dos fenômenos sociais.

Soja vê a modernidade como um processo contínuo de reestruturação societária, periodicamente acelerado para produzir uma recomposição significativa do espaço-tempo-ser em suas formas concretas. Ou seja, um fenômeno de mudança da natureza e da experiência da modernidade, que decorre da dinâmica histórica e geográfica dos modos de produção.

O termo Modernidade, na obra de Soja, é tratado como um período que vai desde 1880, aproximadamente, até a deflagração da I Guerra Mundial - momento de evolução técnica e científica, além de estritamente capitalista. Fundamenta-se, portanto, as estruturas sociais, atreladas às condições de reprodução do modelo de produção do capital (modernização), gerando assim uma potencialização cultural.

É possível observar que esse período - marcado por transformações científicas, políticas, sociais e culturais, além da acumulação capitalista entre as décadas de 1960 e 1980, motivou Edward Soja a chamar a atenção para o ‘lugar da espacialidade na Teoria Crítica Social’; e entende a “afirmação” do espaço, equiparando-o ao tempo e ao ser social, enquanto categorias epistemológicas. A espacialidade poderia ser um instrumento capaz de explicar as contradições e complexidades do mundo contemporâneo.

A Teoria Crítica Social é uma proposta de reformulação das teorias marxistas numa perspectiva contemporânea. E diferencia-se, no entanto, da Geografia Marxista, por fazer abordagens (mesmo não desconsiderando as teorias marxistas), as quais propõem uma análise a partir do espaço, considerando ainda, a tríade epistemológica: espaço-tempo-ser.

Portanto, Edward Soja considera que a Modernidade deve ser compreendida a partir do ele chamou de ‘nexo ontológico do tempo-espaço-ser’, entendendo que o período não é uma ruptura, mas deve ser compreendido pela análise tridimensional. O autor vai mais além, ao apresentar o Pós-Modernismo como uma problemática, em que os geógrafos deveriam tomar nota para as Geografias Pós-Modernas. Soja tentou explicar que existem diversas geografias pós-modernas, tendo estas em comum a busca pela superação da desespacialização contida no historicismo. Desse modo, há uma preocupação deste autor em não mostrar, porém, a formação de uma “nova” Geografia, mas sim de buscar novos entendimentos dessa ciência, em relação às transformações ocorridas no mundo contemporâneo.

Edward Soja afirma que o termo Pós-Modernidade foi utilizado pela primeira vez na década de 1930, para indicar uma pequena reação ao movimento modernista, popularizando-se tão logo nos anos 1960, em New York. O termo foi usado ainda por alguns artistas, jovens escritores e críticos. Já entre os anos 1970 e 1980, a arquitetura, as artes visuais e cênicas e a música fizeram amplo uso do termo por meio de forte intercâmbio com a Europa. Essa Pós-Modernidade ocorre, também, no campo do planejamento, na abordagem do desenvolvimento urbano, dentre outras temáticas.

Soja considera o trabalho desenvolvido por David Harvey como um dos mais sérios estudos sobre a Pós-Modernidade. Sua análise é considerada completa no que concerne às teorias espaciais, ao introduzir o conceito de compressão do tempo e espaço. Apontou ainda que as características do encolhimento do espaço numa aldeia global são dadas pelas inovações nos transportes e nas telecomunicações.

É possível afirmar que a Pós-Modernidade é vista como a última das correntes do pensamento geográfico moderno, e esta preconiza o fim desse tempo moderno. Entretanto, faz-se herdeira de certos momentos da tradição, com uma forma de continuação da modernidade repleta de rupturas e re(adaptações).

Pela interpretação da obra de Edward Soja, é possível perceber que a sua preocupação se dá com o pensamento social crítico de base marxista e como esse pensamento deve absorver a temática espacial em seu conteúdo. Ele chama a atenção para as transformações que o espaço como objeto da Geografia vem passando e a necessidade de recorrer a diferentes aportes teóricos, inclusive os de não geógrafos como Michel Foucault, Henri Lefebvre, dentre outros intelectuais para o entendimento desse espaço.

Soja aponta que Henri Lefebvre se tornará o mais importante intelectual do marxismo ocidental e defensor da reafirmação do espaço na Teoria Social Crítica. Isso ocorreu pela influência de sua terra natal (sul da França), a fim de tentar fundamentar sua teoria sobre as espacializações (VIDA COTIDIANA) e Planejamento Espacial (ESTADO).

Edward Soja cita geógrafos marxistas como Harvey, Neil Smith e outros, como precursores na proposição de unir o desenvolvimento de um materialismo histórico-geográfico transformador à ampliação do debate sobre a importância da espacialidade na teoria e na prática social - o que torna visível o espaço como a re(produção) da sociedade.

A organização do espaço como produto social (espacializações) é debatida por Soja na perspectiva materialista, indicando que o tempo, o espaço e a matéria estão inextricavelmente ligados, e que o espaço dado como físico é um passo importante para se reconhecer a dialética socioespacial. Portanto, a organização do espaço é uma construção social.

A definição da problemática espacial é exposta por Edward Soja, quando ele relata que o desenvolvimento da análise espacial marxista coincidiu com a intensificação das contradições sociais e espaciais nos países centrais e periféricos, em virtude da crise geral do capitalismo iniciada na década de 1960. Soja acreditou que, neste período, a Geografia poderia ser capaz de estudar a configuração regional como algo mutável no desenvolvimento capitalista.

Soja discute a relação entre a acumulação capitalista e o Estado diante da flexibilização no planejamento da produção social do espaço urbanizado, e afirma que o processo de industrialização pós-fordista (re)produz o urbanismo. O referido autor argumenta ainda ao longo do livro, que o capital financeiro junto com o Estado modela o espaço urbano, reestruturando a cidade como uma máquina de consumo.

Ao propor a inserção de conceitos na Geografia, Soja descreveu em seu livro como a configuração regional é algo mutável no desenvolvimento capitalista. Ele usa como exemplo a cidade de Los Angeles nos EUA para propor a reformulação da Geografia na História, pelo viés da evolução urbana da cidade capitalista e pelo conjunto de elementos mutáveis do desenvolvimento regional desigual, combinado recorrentes dentro do Estado capitalista.

Por fim, Edward Soja propõe reformulações teóricas de leituras filosóficas e analisa a categoria ‘região’ numa óptica mais prática. Na parte final do livro, ele expõe a cidade de Los Angeles como “locus nodal” de uma região metropolitana na evolução urbana e no processo de industrialização, como também seu desenvolvimento no mundo contemporâneo.

Diante da leitura e interpretação da obra de Edward Soja, fica o questionamento: Qual o futuro dessa Geografia Pós-Moderna? Torna-se, contudo, uma pergunta de difícil resposta, todavia, o livro ‘Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica’ pode nos esclarecer sobre esse aspecto, uma vez que aborda a questão de um método crítico e suas insuficiências.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão (FAPEMA) pela concessão de bolsa de estudos.

Referencias

SOJA, Edward Willian. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1993. 323p.



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