Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Descargas
HTML
ePub
PDF
Buscar
Fuente


EDITORIAL
Caminhos da História, vol. 28, núm. 2, pp. 1-3, 2023
Universidade Estadual de Montes Claros

Editorial

Caminhos da História
Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil
ISSN: 1517-3771
ISSN-e: 2317-0875
Periodicidade: Semestral
vol. 28, núm. 2, 2023


Este trabalho está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-Não Derivada 4.0 Internacional.

Estimadas(os) leitoras(es),

Apresentamos a nossa segunda edição de 2023. Seguimos acompanhando um ano já marcado, no Brasil, por julgamentos dos mais recentes ataques à democracia e à credibilidade de suas instituições, tais como aqueles cometidos entre 2022 e 2023, contra a Justiça Eleitoral e a urna eletrônica, por exemplo. A partir destes processos, esperamos que as condenações, de fato, se concretizem para aqueles casos em que estas se façam justas e necessárias, assim como as punições consequentes.

Tal movimento de defesa a uma democrática Constituição e legislação federais, contudo, nem sempre esteve tão em evidência e recebeu o respeito e atenção devidos e necessários. Isto porque o Brasil é o país que menos julgou e puniu crimes da ditadura militar na América do Sul, conforme a historiadora argentina Marina Franco[1], em um contexto de meados da década de 1970, quando uma parte significativa da região – Paraguai, Brasil, Bolívia, Chile, Uruguai e Argentina - encontrava-se sob estes regimes ditatoriais. Contudo, a despeito de características distintivas de cada uma destas ditaduras, esses sistemas também foram assinalados por elementos comuns, tais como o começo do preceito de segurança nacional, agitações internas que alocavam círculos de esquerda como uma ameaça à ordem da nação, imersas na conjuntura da Guerra Fria. (

E o cenário não é muito diferente quando expandimos e consideramos a América Latina. Nesta região do continente, um dos destaques em comum entre seus países, neste período, foram as muitas mobilizações sociais aparelhadas por mulheres. Assim, neste panorama da década de 1970, estes movimentos foram marcados por resistência e por ação coletiva, apesar de que as estruturas desse processo tenham adquirido evidência apenas nos anos mais recentes. Mas, o fato é que as mulheres latino-americanas se uniram e, por meio de sua coragem e esforços, demonstrados em atos coletivos pela mudança no âmbito laboral e social, agenciaram uma nova acepção de democratização e de política.

Perante este panorama, proporcionamos, nesta edição, um espaço para análise e investigação destes movimentos que, na Amárica Latina, em décadas mais recentes, têm reconhecido e defendido o direito à memória e à reparação em relação aos abusos e violações cometidos pelos governos autoritários ao longo do século XX. Mais precisamente, ao apresentar, como perspectiva, os debates realizados por grupos da sociedade civil, em diferentes países, os quais promoveram mudanças e ampliações nas pesquisas que abordam a resistência contra os autoritarismos latino-americanos e em defesa da democracia, a Caminhos da História oferece o dossiê “Resistências de mulheres às ditaduras latino-americanas entre 1950 e 1980”, com o anseio de um debate por meio de trabalhos que alargam objetos de estudo de experiências de mulheres como sujeitas e protagonistas de atos na luta e enfrentamento à repressão que cercou as ditaduras na América Latina.

Organizado e disposto por Marta Gouveia de Oliveira Rovai, professora da Universidade Federal de Alfenas, Brasil (UNIFAL), e por Paula Andrea Lenguita, professora da Universidade de Buenos Aires, Argentina (UBA), o dossiê, que será apresentado com maior precisão em seu artigo de apresentação, agrupa onze textos que, no todo, fornecem indícios e perspectivas de marcas e permanência histórica de noções racistas e sexistas, em ocasiões de negacionismos e reacionarismo, como a que testemunhamos atualmente. A missão coube a um potente time, constituído pelas(os) pesquisadoras(es) Paula Andrea Lenguita, Solange Anahí Miner, Darío Dawyd, Andréa Bandeira, Eloisa Pereira Barroso, Ary Albuquerque Cavalcanti Junior e Gilneide de Oliveira Padre Lima, Javier Sebastián Rojas, Inés Agustina Luna, Ana Maria Veiga e Joana Maria Pedro, Marcela Boni Evangelista e Marta Gouveia de Oliveira Rovai.

Nesta edição, trazemos, ainda, a seção com temas livres e que dialogam com a História. Iniciamos com o artigo intitulado “Águas, peixes e pescadores na bacia do Jequitinhonha, séculos XIX e XX”, de autoria de Marcos Lobato Martins. O artigo debate a pesca na parte mineira da bacia do Jequitinhonha, a partir de análises econômicas e suas relações com o meio de vida de populações ribeirinhas, especialmente no Médio e Baixo Jequitinhonha. Na sequência, o artigo “Touradas assim, sim!”: espetáculos de touros no oeste de Minas Gerais no final do século XIX”, de autoria de Daniel Venâncio de Oliveira Amaral, Fábio Santana Nunes e Rosana Daniele Xavier, analisa variáveis que podem ter favorecido a presença dos primeiros grupos especializados na oferta comercial de espetáculos com touros, bem como suas formas de organização dos espaços, bilheterias e repertório lúdico. Por último, nessa seção, o artigo de Bruno Starling, intitulado “Aspectos ideológicos e conjunturais da política externa de Luiz Inácio da Silva (2003-2010): rupturas e continuidades”, analisa aspectos ideológicos de tal governo que influenciaram o planejamento e a tomada de decisões, auxiliando a superação de obstáculos conjunturais que se apresentaram no período.

Ele é seguido da seção Resenhas, a qual completa esta edição. Ao dar continuidade à nossa política de parcerias com editoras que divulgam objetos de estudo estimados para a História, nessa seção temos a resenha produzida por Lucas Faial Soneghet sobre o livro “Atenção Primária à Saúde: uma história brasileira”, de autoria de Carlos Henrique Assunção Paiva e Fernando Pires-Alves, publicado em 2021 pela Editoria Hucitec, nossa parceira em 2023.

Desejamos uma agradável leitura! E que continuemos determinadas(os) e firmes por um Brasil mais justo e respeitável, que reaja a ataques contra a democracia, para que jamais voltemos a ver emergir o monstro da lagoa...!

Editora-chefe, Ester Liberato Pereira, Editor Adjunto, Rafael Dias de Castro, e Comissão Editorial.

Notas

[1] MOTA, Camilla Veras. Brasil é país que menos julgou e puniu crimes da ditadura na região, diz historiadora argentina. BBC News Brasil. 24/04/2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-61171113 . Acesso em: 14 jun. 2023.

Autor notes

i Editora-Chefe
ii Editor Adjunto


Buscar:
Ir a la Página
IR
Modelo de publicação sem fins lucrativos para preservar a natureza acadêmica e aberta da comunicação científica
Visor de artigos científicos gerado a partir de XML JATS4R