Editorial
Estimada(o)s leitora(e)s,
O ano de 2020 já está marcado por calamidades de múltiplas ordens. A política, no país, apresenta dias de conflito, tensão e irresponsabilidades várias, com cenas de escândalos do governo federal e de seus ministérios. Enquanto isso, a pandemia do novo coronavírus (COVID-19) prossegue e passa de um milhão de casos no país. Já são milhares de óbitos e infectados(as) mundo afora.
É neste momento complexo de tragédia que o periódico Caminhos da História divulga a publicação de sua segunda edição de 2020. Para não isentar-se deste e de tantos diferentes dilemas atuais que vêm afligindo o Brasil e o mundo – não apenas de ordem médica e epidemiológica, como também impactos e agravamentos das diferenças econômicas e sociais, dos descasos e irresponsabilidades cometidas por indivíduos e grupos, de lesivas práticas políticas de governos em relação às políticas sanitárias, sociais e educacionais –, o volume 25, n.2, apresenta o Dossiê: “Poder, gênero e relações políticas”, organizado pelo Prof. Dr. Felipe Cazetta (Unimontes - MG).
A temática "Poder, gênero e relações políticas" se anuncia desde a capa da Caminhos da História, por meio da qual é possível verificar que a arte, como expressão cultural, contesta afirmativas que asseguram que ela seja apenas e tão somente fruto do “espírito puro", criativo e/ou imaginativo. A obra de Antonio Berni, Manifestación, constitui um exemplo de como a arte pode se tornar manifestação, representação e instrumento ideológico de reprodução e/ou de transformação das formas sociais existentes.
O dossiê aglutina cinco artigos que, conforme ressaltado na apresentação pelo professor Dr. Felipe Cazetta, repercutem as distorções e desproporcionalidades nos arranjos de poder, forçando grupos não-hegemônicos a elaborarem mecanismos e estratégias alternativos de atuação e manifestação não apenas de presença, mas de existência política e física. Com o intuito de manifestar e repercutir esses objetivos, o atual dossiê sublinha temáticas sensíveis com relação a diferentes manifestações das relações políticas.
O periódico Caminhos da História, como de costume, acolhe ainda artigos que dialogam com temáticas condizentes entre a História e outros campos científicos. O primeiro, de autoria da Profa. Dra. Vanessa Lana e intitulado “Da utilidade da ciência”, analisa os debates em torno das formas de transmissão da febre amarela que envolveram a elaboração de um plano de defesa sanitária pelos médicos da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Juiz de Fora (SMCJF), no início do século XX. Já o artigo do doutorando Renan Ruiz debate as contribuições do Grupo Um para a formação da produção musical independente e as ações empreendidas pela banda no cenário de transformações da indústria fonográfica brasileira na virada dos anos 1970. Por fim, o artigo do Dr. Rogério Alves discute a construção de Belo Horizonte como a nova capital mineira, refletindo sobre as intencionalidades de fundação da cidade para refletir o moderno, civilizado e urbano, em contraposição à “antiga e atrasada Ouro Preto monarquista”.
Boa leitura!
Ester Liberato Pereira, Rafael Dias de Castro e Comissão Editorial.
Autor notes
Ligação alternative
https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/caminhosdahistoria/article/view/2826/2818 (pdf)