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EDITORIAL
Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes, vol. 19, núm. 2, pp. 1-3, 2022
Universidade Estadual de Montes Claros

Editorial

Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes
Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil
ISSN: 2527-2551
ISSN-e: 1806-5627
Periodicidade: Semestral
vol. 19, núm. 2, 2022

Palavras chave: Darcy Ribeiro, sociologia, antropologia, ciência política

EDITORIAL

Estimadas(os) leitoras(es),

Essa é a segunda edição de 2022. Nesse ano, como enunciado na edição anterior, optamos, de forma inédita no periódico, por destacar o centenário de dois importantes personagens de nossa atual história, e que se dedicaram a compreender e superar as contradições da sociedade brasileira: Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. Originários do interior do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, respectivamente, buscaram pensar um Brasil não exclusivamente a partir dos grandes centros urbanos, como em geral nossas elites intelectuais e políticas, tão costumeiramente, fazem. Temas como educação, pesquisa cientifica, por exemplo, estiveram em suas agendas. Para nós, uma universidade pública, localizada em uma região historicamente esquecida por Belo Horizonte, e controlada por elites locais, homenageá-los e trazer à tona o pensamento e o legado de Brizola e Darcy fazem-se necessários. Nessa edição, portanto, prestamos homenagem ao antropólogo montes-clarense Darcy Ribeiro (1922-1997).

O legado intelectual deixado por Darcy Ribeiro é vasto e permeia diversas áreas das humanidades. Todavia, tal importante figura para a formação da antropologia brasileira e compreensão da América Latina, de longe, não se limitou aos muros da academia. Darcy Ribeiro teve uma intensa participação política junto ao Estado, a partir da década de 1960. Destacamos aqui, brevemente, o cuidado que teve com a educação e pesquisa. Ao lado de Anísio Teixeira, participou da elaboração da Universidade de Brasília (UnB), em 1962, que, assim como a própria Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), presta-lhe homenagem ao denominar seu campus principal e mais antigo com seu nome. Durante o governo de João Goulart, Darcy Ribeiro foi ministro da Educação e chefe da Casa Civil. O Golpe Militar, seguido da nefasta Ditadura Militar Brasileira, cassou os direitos políticos de Darcy e, como muitos outros intelectuais brasileiros, o forçou a viver no exílio. O Uruguai foi seu destino. Quase duas décadas depois, Darcy Ribeiro, na condição de vice-governador de Leonel Brizola, esteve na administração do estado do Rio de Janeiro, entre 1983 e 1987. Implantaram os Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), e idealizaram a Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF), já na década de 1990.

Diante dessas contribuições, inevitável não trazer a mesma pergunta que imaginamos passar na cabeça de Leonel Brizola e que lançamos no dossiê anterior: o que Darcy estaria pensando sobre esse país, que se esfacela a passos acelerados? Em particular, qual o seu olhar para um governo que, em quatro anos, teve a pobreza de enxergar as universidades brasileiras e minorias sociais como inimigas do país? Ao pensar nisso, a Argumentos convidou Luísa Valentini (USP) e Spensy Pimentel (UFSB) para organizar o dossiê Darcy Ribeiro e suas transfigurações. O dossiê, que será apresentado com maior atenção no texto de abertura escrito pela dupla, reúne artigos e uma entrevista que, coletivamente, lançam luz em temas que permearam o pensamento crítico desse antropólogo brasileiro. Posteriormente, foram incluídos mais dois artigos no dossiê, com o propósito de focar maior atenção nas reflexões de Darcy Ribeiro a respeito da noção de civilização. Para tal, o artigo escrito por Ildenilson Meireles e Clarissa Soares explora diálogos entre Darcy Ribeiro e Glauber Rocha. Já o artigo assinado por Fabricio Pereira da Silva e Andrés Kozel, desenvolve uma aproximação critica entre a ideia de “civilização emergente”, em Darcy Ribeiro, com a “civilização do universal”, de Léopold Senghor.

Nessa edição, temos, ainda, a seção para artigos abertos e que dialogam com temáticas condizentes às Ciências Sociais. O primeiro deles é Estratégias de gestão das águas por agricultores familiares em comunidades rurais de Francisco Sá (Minas Gerais, Brasil), escrito por Weber da Silveira Alves, Luiz Paulo Fontes de Rezende e Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro. Através de pesquisa de campo realizada em comunidades rurais de São Francisco Sá, em Minas Gerais, os pesquisadores debatem sobre o tema da desigualdade na oferta e acesso à água em comunidades rurais no Semiárido brasileiro. A seguir, temos o ensaio A emergência do sujeito em mobilização: tempos e espaços do ser e do agir, de Gustavo Souza. A proposta é refletir sobre a constituição de sujeitos sociais em mobilizações, pensando, sobretudo, sua emergência e sua atuação, elementos constitutivos da participação social, da ação política e da insurgência. Política e Cristianismo no Brasil: quadriênio 2018 – 2021, de Thaiane Firmino da Silva, através de análise de jornais, entre 2018 e 2021, analisa a influência do cristianismo no atual cenário político brasileiro.

Na sequência, temos o artigo Produtividade do trabalho, emprego e salários na indústria automobilística brasileira (1957/1987), escrito por Marconi Gomes da Silva. Sua proposta foca na indústria automobilística brasileira no período 1957/1987. O autor argumenta que a indústria automobilística nacional experimentou grande transformação na sua base técnica. Isso proporcionou grande elevação da produção, do emprego, da produtividade e dos salários; porém, com distribuição funcional da renda no setor amplamente favorável ao capital. Denize Mirian da Silva, Fernandina Fernandes de Lima Medeiros e Éder de Souza Beirão apresentam o artigo O que afeta a decisão da mulher de ter filhos e a quantidade de filhos que ela tem? Através dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre 2002 a 2015, as autoras e o autor exploram a relação entre maternidade e emprego existente entre mulheres no Brasil. A seção de artigos livres encerra-se com Capital social e capital cultural: do habitus ao espaço social da cidade de Ouro Preto, de Francisca Diana Ferreira Viana, Marco Aurélio Xavier Pinto e Ivair Ramos Silva. Através do conceito bourdieusiano de Capital Cultural, a autora e os autores exploram sobre a natureza da demanda por produtos e serviços culturais gratuitos por discentes do ensino técnico profissionalizante da cidade mineira de Ouro Preto.

Já na seção Resenhas, a qual fecha a presente edição, contamos com a resenha O enigma da democracia brasileira: rupturas, continuidade e desafios para o século XXI, de César Alessandro Sagrillo Figueiredo, sobre o livro Democracia em crise no Brasil: valores constitucionais, antagonismo político e dinâmica institucional. De autoria de Cláudio Pereira de Souza Neto, pesquisador e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), o livro foi publicado em 2020, pela Editora Contracorrente, em parceria com a Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Boa leitura e que possamos seguir firmes e convictos por um Brasil mais justo e menos desigual em 2023!

Editor-chefe, Gustavo Dias, e Comissão Editorial



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