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Possibilidades e restrições no acesso à cidade por jovens da periferia de Salvador
Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes, vol.. 14, núm. 2, 2017
Universidade Estadual de Montes Claros

Artigos

Argumentos - Revista do Departamento de Ciências Sociais da Unimontes
Universidade Estadual de Montes Claros, Brasil
ISSN: 1806-5627
ISSN-e: 2527-2551
Periodicidade: Semestral
vol. 14, núm. 2, 2017

Recepção: 15 Outubro 2017

Aprovação: 21 Novembro 2017

Resumo: O presente artigo analisa como se dá o acesso a cidade pela juventude a partir das narrativas de um grupo específico de jovens moradores de bairros periféricos de Salvador. Essas narrativas nos remetem a importantes questões sobre espaços possíveis e espaços de restrições. Este trabalho aponta que se por um lado as restrições de mobilidade são impostas de forma explícita devido a atuação da policia militar e pelos lideres do tráfico de drogas nos trajetos desses jovens, por outro a possibilidade de acesso a cidade de Salvador a partir de festas populares, como por exemplo, o carnaval, também coloca em discussão o quanto esse acesso é de fato possível ou na verdade aponta para uma outra restrição.

Palavras-chave: Juventude, cidade, periferia, Salvador.

Introdução

O artigo apresenta ­resultados de pesquisa concluída em 2016, a qual buscou problematizar as possibilidades e dificuldades de acesso à cidade por parte de um grupo de jovens moradores de bairros periféricos de Salvador, tendo em vista especialmente sua relação com a Polícia Militar e o tráfico de drogas[2].

Mobilidade urbana e acessibilidade são questões que, juntas, definem as distintas possibilidades de diferentes indivíduos vivenciarem a cidade e por isso o debate sobre juventude e acesso se faz necessário para entender as dinâmicas e as condições de mobilidade na cidade de Salvador.

Parte dos resultados da pesquisa apontou que para um determinado grupo de jovens moradores da periferia de Salvador o transitar pelas ruas do bairro ou o simples ir para outro bairro é algo que vai depender das relações que se tem com os diferentes grupos de tráfico de drogas e também da relação que se tem com a Polícia Militar. A pesquisa apontou que no caso dos jovens entrevistados e, que trabalham com o tráfico, o que regulariza essa questão é a autorização de permanência ou não dos grupos rivais em cada espaço utilizado por eles. Este espaço pode ser uma determinada rua, quarteirão, escadaria, beco, viela ou um bairro inteiro. Em geral, são os sujeitos envolvidos no tráfico que condicionam espaços restritos de circulação para muitos jovens.

Por outro lado, para os jovens que não estão envolvidos com o tráfico de drogas e persistem em sair de seus bairros para outros locais da cidade, como por exemplo, os bairros de classe média, com maior quantidade de pessoas brancas, o que vai permitir ou tolerar a sua permanência será a segurança privada ou a Polícia Militar através do Baculejo[3].

Do ponto de vista espacial, isto é, dos bairros em questão, o padrão de urbanização brasileiro aponta um contexto de desigualdade aos jovens, principalmente os que apresentam características estigmatizadas; pretos, pobres e de periferias. As cidades brasileiras são, em sua grande maioria, marcadas por padrões expressivos de segregação espacial, social e racial gerados por um crescimento desordenado, ou melhor ordenado de acordo com interesses elitistas.

Segundo Vilaça (2001,pg.11), no Brasil todas as metrópoles apresentam uma área central mais bem atendida por equipamentos urbanos e onde mora uma minoria que participa dos frutos do trabalho social e outra área com uma imensa periferia, onde mora a maioria excluída dessa participação. Dessa forma, a ideia de segregação refere-se a posição das pessoas que ocupam determinada localidade no âmbito da cidade, e não a uma ideia de distância e proximidade espacial. Traduz, portanto, uma relação social: o modo como o capital é distribuído e é disputado territorialmente.

Salvador cresceu rapidamente em número de habitantes e não desenvolveu um projeto urbanístico consoante a proporção do seu crescimento. Houve na cidade uma migração de pessoas provindas do interior do Estado para a capital em busca de melhores condições de vida e de trabalho. Essa última, principalmente, fez com que Salvador e sua região metropolitana crescessem de forma desordenada.

Sendo assim, com uma segregação histórica e permanente até os dias atuais a cidade de Salvador apresenta diversas formas de vivencia-la. Se por um lado, esse grupo de jovens apontou questões problemáticas ao transitar pelo seu próprio bairro ou até mesmo sair dele para um outro ou para locais ditos ?centrais?, por outro lado, existe no discurso deles um momento de escape, de saídas e vivências permitidas em outros bairros e nas áreas centrais, uma delas vai se a participação na festa do carnaval.

O carnaval é apontado por esse grupo de jovens como o evento que permite sua presença e permanência em diferentes pontos da cidade, não sem conflito, ainda em espaço e período determinados.

Nesse aspecto, é importante ressaltar a particular relevância da questão racial em Salvador porque é primeiramente a cor da pele que autoriza os jovens a entrar e a sair de determinados locais, sendo olhados, subjugados e entrevistados, seja pela segurança privada, pela polícia militar ou pelos transeuntes. Dessa forma, assim como em outras cidades no Brasil, serão os jovens negros e pobres os que serão mais observados e discriminados, consequentemente, também, os mais confinados em determinados locais da cidade de Salvador.

Diante dessa problemática, a pergunta que fica é: o que dizem os jovens sobre as possibilidades e impedimentos em seus percursos na cidade de Salvador? Tendo em vista a complexidade do tema, o artigo pretende contribuir para o conhecimento em um determinado grupo de jovens em um espaço e em uma época específica.

A segregação histórica

Salvador foi a primeira capital do Brasil, fundada em 1549. Construída para receber os primeiros portugueses que aqui chegaram e também para proteger e defender o Brasil de outros possíveis invasores, possui até hoje muitas construções de fortes ao redor de grande parte do litoral.

Conhecida como São Salvador, a cidade avançou em desenvolvimento e permaneceu como capital até 1763, quando perdeu seu título para o Rio de Janeiro. Ainda assim, continuou sendo uma importante cidade, mantendo considerável desenvolvimento com base no trabalho escravo.

Desde o início, a cidade de Salvador foi dividida e organizada em dois planos: a Cidade Alta e a Cidade Baixa. A Cidade Baixa conectava a região portuária, onde ocorriam as atividades comerciais e de negócios, sendo portanto frequentada por muitos trabalhadores, negociantes e escravos. A Cidade Alta recebeu a maioria dos imóveis residenciais e alguns órgãos administrativos e era, prioritariamente, frequentada pela elite e seus empregados. Essa forma de dividir a cidade (alta e baixa) é ainda hoje utilizada pelos moradores e também pelos órgãos da prefeitura municipal.

Historicamente, Salvador apresenta diferenças econômicas, raciais, sociais e culturais. Paralelamente a estas questões e decorrentes das mesmas, Salvador tenta resolver problemas espaciais de crescimento desorganizado desde sua origem. Nos espaços físicos e nos espaços sociais, seja na cidade alta ou na cidade baixa, é possível reconhecer de forma atemporal a obra Sobrados e mucambos, de Gilberto Freyre (1977), quando aponta a forma de construção das casas em Salvador no século 19: os casarios coloniais, os sobrados, os mucambos, as chácaras e as palhoças.

Essas construções, para além de retratar a paisagem da velha capital, refletem certa atualidade, pois ainda que a cidade apresente algumas ilhas de modernidade e riqueza é notável a existência, em maior extensão, de vastas áreas marcadas pela precariedade na moradia, devido a pobreza e, consequentemente, a forte segregação social e racial na cidade.

O autor também aponta que, desde os primeiros séculos de colonização, os sobrados sempre variaram, em relação à natureza do material, dependendo dos recursos de seus habitantes, do maior ou menor contato com a civilização europeia e das características do solo onde se estabeleceram, diferenciando-se assim dos mucambos. E com o desenvolvimento das vilas em cidades e das cidades em importantes capitais, o autor explica como esses espaços foram sendo divididos:

Enquanto as senzalas diminuíram de tamanho, engrossavam as ladeiras de mucambos e de palhoças, perto dos sobrados e das chácaras. Engrossavam, espalhando-se pelas zonas mais desprezadas da cidade [...] Também no interior, as senzalas foram diminuindo; engrossando a população das palhoças, das cafuas, ou dos mucambos: trabalhadores livres quase sem remédio, sem assistência e sem amparo das casas grandes (Freyre,1977, p. 153).

Dessa forma, é perceptível a questão histórica de segregação nas diversas cidades brasileiras, e no caso de Salvador, essa separação entre sobrados e mucambos está presente nos tipos de habitação da cidade alta e na cidade baixa de forma axiomática nos dias atuais.

Pesquisa feita por estudiosos da área urbana de Salvador[4] aponta que entre os anos 1940 e 1950, a cidade experimentou um crescimento demográfico causado, em parte, pelas migrações e, nesse período, a estrutura espacial de Salvador já se modificava em função de vários fatores. A população de alta renda, que até os anos 1940 ali se concentrara na parte alta da cidade, passou a ocupar outros espaços; já a população de baixa renda ocupou as velhas edificações e fez crescer a demanda por novas áreas residenciais, forçando a expansão da periferia urbana, então representada pelos fundos de vales não drenados e por outras áreas ainda não urbanizadas, particularmente encostas (CARVALHO; PEREIRA,2008, pg.83).

Esses empreendimentos, associados à realização de investimentos complementares, centrados na infraestrutura e no projeto industrial, influíram decisivamente na conformação de um novo padrão de produção do espaço urbano. Segundo os autores, nesse período a cidade foi dividida em três importantes regiões: a Orla Marítima norte, que Oceano Atlântico, o Miolo e o Subúrbio Ferroviário, no litoral da Baía de Todos os Santos. Entretanto, a antiga divisão cidade alta e cidade baixa ainda permanece entre os citadinos.

A primeira constitui a área nobre da cidade. Local de moradia, turismo, serviços e lazer, onde se concentram a riqueza, os investimentos públicos, os equipamentos urbanos e os interesses do mercado imobiliário. O segundo, localizado no centro geográfico do município, começou a ser ocupado pela implantação de conjuntos residenciais para a classe média baixa, no auge da produção imobiliária através do Sistema Financeiro de Habitação, tendo a sua expansão continuada por loteamentos populares e sucessivas ocupações coletivas, com disponibilidade deficitária de equipamentos e serviços públicos. Finalmente, o Subúrbio Ferroviário teve sua ocupação impulsionada inicialmente pela implantação da linha férrea, em 1860, tendo vindo a se constituir, a partir da década de 1940, como localização de muitos terrenos populares, ocupados sem o devido controle urbanístico. Com suas áreas livres também ocupadas de forma irregular (terrenos de reserva ambiental), transformou-se em uma das áreas mais instáveis e arriscadas da cidade, concentrando a população mais empobrecida e marcada pela precariedade habitacional, pelas deficiências de infraestrutura e serviços básicos e, mais recentemente, por altos índices de violência (CARVALHO; PEREIRA, 2008, pg.85).

Assim, a apropriação diferenciada do território urbano se consolidou e intensificou com o surgimento da Salvador moderna. Nessa perspectiva, a cidade de Salvador historicamente se organiza comprometida com uma maneira excludente e com interesses no capital imobiliário. Segundo os autores, no final da década de 1960, a Prefeitura de Salvador, que detinha a maioria das terras do município, transferiu sua propriedade para mãos privadas e isso foi feito através da Lei da Reforma Urbana de 1968[5]. Além disso, tal legislação extinguiu ocupações populares localizadas na orla marítima, reservando-a ao turismo, outro componente da estratégia de crescimento e modernização da cidade.

Essa dinâmica tem impulsionado a cidade para várias direções, com a constituição de novas áreas de negócios fora do centro tradicional, além de zonas industriais em áreas ainda mais distantes da periferia urbana, integrando espaços cada vez mais extensos e articulados por todo tipo de fluxos. Isso inclui a propagação de condomínios fechados e protegidos para onde as populações com renda média e alta se direcionam em busca de segurança e qualidade de vida, afastando-se dos espaços públicos e populares ? dos chamados ?riscos? da grande cidade. O resultado é uma maior concentração social e espacial da riqueza e da pobreza, com o aumento da auto segregação dos ricos e isolamento social compulsório de pobres (CARVALHO; PEREIRA, 2008, pg. 83).

Essa conformação da cidade de Salvador nos auxilia a compreender os espaços possíveis e os espaços de restrições para os jovens pobres, negros e moradores da periferia, e a partir daí, perceber a segregação segundo a cor da sua pele nos dias atuais.

A cidade é de quem?

A partir da bibliografia pesquisada sobre a história da cidade de Salvador, assim como, um caminhar sobre os diferentes bairros da cidade, é possível perceber como a cidade foi ocupada por negros e brancos separadamente. Exemplo dessa forma de ocupação na cidade de Salvador foi a formação e a ampliação do bairro do Curuzu, no distrito da Liberdade. Estrategicamente localizado entre a cidade alta e cidade baixa, ele é um bairro ocupado majoritariamente por trabalhadores/as negros/as, que abriga importantes espaços de resistência cultural[6] e apresenta uma população que se organiza e se mobiliza em relação à questão do preconceito racial.

Os conjuntos habitacionais existentes em Salvador também são um bom exemplo da segregação racial na cidade. Ao caminhar pelo bairro de Cajazeiras, este a 20 km da orla, ou pelo bairro do Cabula é possível ver uma quantidade maior de jovens negros em relação ao número de jovens brancos. De forma contrária, ao caminhar em bairros localizados próximos a orla, como por exemplo, Barra, Graça, Ondina ou Pituba, a quantidade de pessoas brancas aumenta e, de forma contrária de pessoas negras diminui notadamente.

Dessa forma, os bairros referidos pelos jovens, apresentam alguns aspectos e características sociais e raciais que resultam do histórico descrito acima, tanto em relação aos conjuntos habitacionais, quanto às ocupações[7] a cidade é imponente em dizer onde são os espaços possíveis e os espaços com restrições. Embora tal dinâmica se aproxime do conceito de gueto descrito por Loic Wacquant (2008), nem tudo é comparável, pois há de se pensar a forma especifica das cidades brasileiras, em suas particularidades.

As autoras brasileiras Teresa Pires do Rio Caldeira (2011) e Vera da Silva Telles (2006) descrevem esses espaços a partir do conceito de segregação e que auxilia na análise da constituição urbana das cidades brasileiras com dinâmicas parecidas. Esses apontamentos demonstram que quanto maior a segregação social nas grandes capitais, maior a possibilidade de incidência de violência e criminalidade. Esses estudos possibilitam a compreensão do por que a cidade de Salvador, assim como outras da região Nordeste em tão pouco espaço de tempo, abrigou, nos últimos anos, os maiores índices de criminalidade, envolvendo principalmente a população juvenil[8].

Mas, por outro lado, Loic Wacquant (2008, pg.79) contribui para pensar o Gueto em relação a determinados bairros de Salvador e também a ocupações, principalmente quando de forma semelhante, mas não igual, apresentam características de estigma, coerção, confinamento espacial e encapsulamento institucional, num sentido organizacional para essas pessoas. O autor aponta que o gueto aglomera um grupo específico de pessoas que frequentemente está em situação de desemprego, vivendo com a ausência das políticas públicas e habitando locais que se tornam marginalizados.

Nessa perspectiva, Wacquant (2008, pg. 60) defende que a criação e a contenção dos indivíduos desprezados em espaços urbanos, os chamados guetos, separam e isolam seus indivíduos propositalmente. Segundo ele, nos EUA, desde a década de 1960, muitos espaços foram transformados devido à contínua diminuição das políticas públicas e pela sequente desintegração do espaço público, além do esgarçamento dos laços sociais no meio urbano. Esse processo levou, no nível simbólico, a um crescente ódio aos pobres e também a uma descivilização[9] nesses espaços. Ambos os processos serviram para legitimar as políticas públicas de abandono nos bairros periféricos, chegando até o limite com a política da contenção penal nos dias atuais.

Na mesma linha de pensamento, e a partir da realidade brasileira, os estudos das autoras, Fauzina (2006) e Reis (2005) corroboram com a tese de Wacquant (2008), apontando semelhantes problemáticas no campo da segregação racial no Estado da Bahia, principalmente em relação à juventude pobre e negra. As autoras refinam o debate sobre como a questão racial está historicamente relacionada com a segregação urbana, assim como, o encarceramento com vistas à questão racial e à pobreza. Essas são estruturas consolidadas nas relações construídas e mantidas para uma determinada classe de jovens. Tais estudos demonstram como se desenvolveram as políticas públicas para segregar, desde a infância, grupos específicos, assim como, as políticas de segurança pública também foram construídas e elaboradas para atender, preferencialmente, aos jovens pobres e negros da periferia seja na cidade de Salvador, no Estado da Bahia e em todo o Brasil.

O antropólogo Jaime Amparo, em seu estudo sobre raça e espaço urbano, aponta que raça, idade, gênero e classe são categorias importantes pelas quais o urbano é vivido, imaginado e percebido no contexto da violência. Para ele o espaço urbano está racialmente produzido:

Se o espaço urbano é expressão das hierarquias sociais, e se no Brasil tais hierarquias assumem uma dimensão racial, sugerimos então que 'raça' é uma categoria que deve também ser entendida na sua dimensão espacial. O que equivale dizer que em sociedades estruturadas a partir das desigualdades de raça e classe o viver urbano - o direito à cidade - dos grupos sociais é fortemente marcado pelo pertencimento racial e posição social. Dito ainda de outra forma, assim como classe, raça é materializada nas configurações espaciais tanto quanto nossos entendimentos sobre o espaço são marcados por concepções históricas dos significados do ser branco e do ser negro na sociedade brasileira (AMPARO, 2011, p.115).

Nesse sentido, e corroborando com o referido autor sobre o ponto de partida para se entender raça no Brasil e, paralelamente a questão dos ?espaços marcados? é preciso considerar as diferentes estratégias de policiamento, pois essas dependem da definição das categorias crime, criminoso e áreas perigosas. Tais concepções informam não apenas as decisões políticas sobre as geografias sociais a serem preservadas e/ou combatidas, mas também a lógica racial do estado democrático de direitos (AMPARO, 2011).

Os jovens entrevistados relatam morar em bairros que são considerados espaços marcados por atributos de pobreza e marginalidade e segundo os jovens, esse é um dos motivos que autoriza a Polícia Militar ou seguranças privados questionarem o seu ?ir e vir? seja pelos espaços públicos da cidade, seja em espaços privados como nos shoppings-centers. Nessa perspectiva, Wacquant (2008) nos auxilia a analisar a cidade, nos espaços físicos e nos espaços sociais, principalmente, quando aponta que:

O gueto negro foi uma forma institucional, uma arma de poder de setores da sociedade por meio da qual os brancos dominantes mantiveram os descendentes de escravos, uma população que consideravam corrompida e perigosa, a um só tempo isolados e subjugados, forçados a resistir em um perímetro restrito, onde os negros desenvolveram um microcosmo paralelo e uma cultura unificada (WACQUANT, 2008, p. 12).

Nessa perspectiva, os bairros de moradia segundo os jovens, são estigmatizados principalmente por outros moradores da cidade. Nos relatos, eles apontam que ao informar onde moravam, seja para instituições públicas, como escola, delegacia, cadastros, colegas de trabalho etc, as feições das pessoas mudavam, e emitiam comentários do tipo: ? você é corajoso hein!, você deve ser assaltado sempre ou da última vez que fui quase voltei sem roupa ou perguntavam: Como é que você consegue morar lá??. No entanto, ao contrário do que se pode pensar, os jovens relataram gostar do bairro em que moravam.

Esse cenário descrito pelos jovens é o que Wacquant (2008) defende como a existência de uma política de abandono para esse grupo. Seria uma junção de fatores existentes no local especificado como gueto, ou seja, um misto de espaço deteriorado somado à ausência de políticas públicas. No limite, para o autor o gueto foi e continua sendo um aparelho socioespacial de segmentação e de controle etnoracial. No caso da cidade Salvador, os bairros periféricos se assemelham a esse cenário e também apresentam a questão do desemprego.

Os jovens apontaram que o número de pessoas desempregadas nos bairros onde moravam era bastante alto. E isso, nas perspectivas deles, prejudicava em diversas dimensões as famílias que ali moravam. Segundo estatísticas[10], Salvador apresenta um número de desempregados maior que outras regiões do país, sendo os jovens os mais atingidos, principalmente nessas regiões e nesses bairros, o que possivelmente, pode vir a propiciar ao jovem a entrada no mercado de drogas ou outros mercados ilícitos, dado que foi bastante relatado por eles nas entrevistas.

Nesse sentido, tal cenário cria um espaço social estigmatizado, com pessoas desocupadas, assim como, a possibilidade de crescimento do tráfico de drogas local, armas e outras categorias de trabalhos considerados não lícitos. Tudo isso corrobora para uma ideia falsa de que os bairros pobres, as ocupações, os guetos, são espaços de pessoas consideradas preguiçosas, ruins e de má índole.

A cidade acessível a depender da cor? Ou da Facção?

Os jovens soteropolitanos também afirmavam que, ao sair de suas casas, teriam que estar prontos para qualquer tipo de confronto, perseguição e baculejo. Dessa forma, segundo eles, muitos espaços deveriam ser evitados, como por exemplo, certos bairros, ruas, escadas ou vielas, seja por conflitos entre os grupos de traficantes de drogas, seja por presença extensiva da Polícia Militar ou ainda por ocorrências de assaltos e assassinatos.

Entretanto, ainda que possamos pensar que esse cotidiano narrado por eles representa uma forma violenta de se viver, na percepção dos próprios jovens a violência estava na segregação, na limitação de acesso aos espaços da cidade. É, principalmente, na ação do baculejo que eles se sentem violentados pela sociedade.

Isso porque essa ação acontece de forma corriqueira, porém ainda assim imprevisível seja em locais públicos ? o que os expõe de modo vexatório ? seja em locais com pouca movimentação, o que, lhes deixa ainda mais vulneráveis à possibilidade de violência física. Nesse sentido, o baculejo representa uma ameaça à integridade física e moral.

Segundo os jovens, o que mais incomoda, é que o Estado exponha seus corpos e os torne visíveis aos transeuntes como se estivessem envolvidos em algum ato infracional ou como se tivessem cometido algum ato de violência contra algum cidadão comum, ainda que, nenhuma dessas ocorrências tenha, de fato, acontecido.

Para a Polícia Militar, o baculejo é um instrumento para precaver/dificultar o trânsito de transeuntes que podem causar problemas é inclusive nomeado por pelos seus profissionais como uma ação preventiva. É possível que uma pesquisa mais aprofundada sobre esse tema aponte para uma forte aceitação de tal pratica pela sociedade.

Mas a questão que importa aqui é que essa ação é praticada desproporcionalmente contra indivíduos jovens, do sexo masculino, pobres e de pele negra, a partir de uma seleção preferencial por parte dos policiais militares. Nessa perspectiva, recente pesquisa aponta que, embora o número de homicídios perpetrados contra os jovens paulistanos tenha diminuído nos últimos anos os homicídios contra a juventude negra ainda é bastante alto, principalmente se comparado as mortes cometidas por policiais. Isso quer dizer que para os jovens, ainda que os homicídios tenham diminuído em relação ás décadas anteriores, a juventude negra ainda é a maior vitima (Silvestre; Schlittler; Sinhoretto, 2016).

No caso de Salvador, os relatos dos jovens entrevistados apontaram que as ações da Polícia Militar ocorriam em pontos de acesso dos moradores da periferia ao chamado Centro ou aos locais turísticos da cidade; e ainda em maior quantidade em finais de semana ou em dias de festas populares da cidade. Existem inclusive algumas linhas de ônibus nas quais a ação do baculejo é mais comum que em outras, principalmente nas linhas que fazem o trajeto periferia/orla. Essa é uma prática que tem sido utilizada por diferentes prefeituras, principalmente em cidade turísticas, contra a mobilidade de grupos de jovens que moram em bairros considerados periféricos[11].

Ao parar os jovens os policiais militares, pediam documentos e perguntavam de onde eles vinham e para onde iam. Apresentados os documentos, respondidas as perguntas, os jovens continuavam por algumas horas virados para a parede de mãos para trás aguardando a liberação do policial e quando liberados nenhuma explicação era dada sobre o porquê da ação. E esse ?ritual? é corriqueiro entre os jovens soteropolitanos com esse perfil (preto, pobre e de periferia), ocorrendo estejam eles a pé, de carro ou de moto.

O impedimento ao acesso também é exercido pelos grupos locais de traficantes de drogas. Parte dos jovens entrevistados trabalha para o tráfico, e ficam sob as ordens dos gerentes das bocas[12] locais. Dessa forma, a dificuldade de transitar foi relatada pelos jovens quando tentavam acessar espaços (vielas, ruas, bairros) que apresentavam a presença de grupos rivais[13] do mercado de drogas. Eles apontaram que, tanto para o jovem que trabalha quanto para o que não trabalha com o mercado de drogas, existe uma dificuldade de acesso.

Para além da venda de droga ou da vigilância nos espaços de venda, os jovens também sofrem violência física e moral quando acessam territórios (ruas ou bairros) de outros grupos de traficantes de drogas que também necessitam defender seu território. Muitos dos jovens são parados e questionados sobre a direção para onde vão e o que vão fazer nos locais aos quais não pertencem.

Os jovens relataram que quando um território muda de dono, isto é, de traficante, o caos se instaura, na rua ou no bairro, e, rapidamente, outras ordens, regras ou disciplinas são exigidas. Dos jovens entrevistados, dois apontaram que tiveram que mudar de suas casas, com suas famílias, em momentos de troca de dono da boca. Um deles tinha parte da família em outro bairro, com grupo rival de traficantes, e ao caminhar por esse local, era constantemente notificado que sofreria violência física.

Portanto, se o jovem está em seu bairro, mas trabalha para o mercado de drogas poderá ter problemas com os grupos rivais, se o jovem não trabalhar com o tráfico poderá ter problemas com a polícia militar ao transitar fora do seu bairro. E em última análise e, a partir das narrativas dos jovens mesmo aqueles que não eram vitimas dessas restrições todas apontava para uma percepção de receber olhares e tratamentos estigmatizados na cidade de forma geral.

Essa percepção aparece principalmente quando os jovens saem de seus bairros para estudar, trabalhar ou para lazer em bairros de classe média alta da cidade. Eles mencionaram que aquele espaço não era seu lugar. Isso significa dizer que eles possuem poucas escolhas de transitar ou de sair definitivamente, por vontade própria, dos locais de pertencimento, por não se adaptarem aos locais que a ?priori? não lhes pertencem.

Dessa forma, tais narrativas vieram acompanhadas como justificativa para a ocorrência dos Rolezinhos e dos Arrastões nas praias de Salvador. Os rolezinhos ficaram conhecidos pela prática de grupos de jovens vindos da periferia e adentrarem aos espaços públicos e privadas, como por exemplo, os shoppings-centers nessa ultima década. Arrastões são praticas de grupos de jovens também oriundos da periferia e correrem pelas praias, muitas vezes por brincadeira, outras para a prática do assalto ou roubo aos banhistas. Foi frequente no inicio da década de 90, mas ainda ocorre em Salvador. Tais ações, segundo os jovens, eram organizadas por pessoas da periferia, como forma de, também, estar nas praias e na cidade.

Nesse sentido, Peralva (2000) argumenta que semelhante situação ocorre também na cidade do Rio de Janeiro, onde os jovens estão cercados pela violência, tantos dos narcotraficantes como dos policiais. O cotidiano vivenciado pela oposição entre os de dentro e os de fora, entre a favela e a cidade, diminui a oposição entre bandidos e moradores, e a polícia reforça o que existe de patologia nesta metáfora. Peralva (1997) ainda aponta que se trata muito mais de um sentimento de revolta, que está relacionado com a definição de incivilidade, ou seja, muito mais a busca do sujeito por um lugar próprio no mundo e, dessa forma, cada um passa a reagir com condutas de risco, provocando, assim, uma espiral de violência.

Quando a cidade é possível

Mas, para além da segregação e do confinamento exercido por parte dos traficantes de drogas e da Polícia Militar contra os jovens em seus respectivos bairros, é possível detectar outra forma de diferenciar os jovens na cidade a partir de sua classe e raça nos espaços sociais. Nesse sentido, é possível refletir como o grupo de jovens entrevistados se reconhece na apropriação da cidade e, consequentemente, de que forma isso aponta para um outro tipo de espaço permitido do que por um tipo de espaço conquistado[14].

Essa possibilidade de ocupar/vivenciar a cidade de Salvador vai ser em uma de suas festas mais importantes: o carnaval. O que, de acordo com o que os jovens me explicaram, se dá de duas maneiras.

A primeira seria nos camarotes que oferecem uma melhor visibilidade da avenida por onde passam os blocos, esses contam com toda uma estrutura, como por exemplo, serviços de bebidas, comida, banheiros e ar-condicionado. Para os jovens entrevistados, o acesso a esses locais em geral somente é possível quando contratados para trabalhar, seja como montadores, garçons ou faxineiros. A segunda forma de participação vai ocorrer na rua, acompanhando os trios elétricos e seus blocos. Explico.

O jovem pode participar do bloco utilizando o abadá. Com o uso do abadá existe também uma estrutura, como por exemplo, a proteção da corda, o consumo de bebidas, o uso dos banheiros e atendimento médico caso necessite. Abadá é um tipo de camiseta que identifica os membros de um bloco, através do nome do trio/bloco carnavalesco que nele vai estampado, mas principalmente pela sua cor. Porém é preciso compra-lo e a vestimenta ? na verdade um passaporte de ingresso, apesar da enorme variação existente, não possui um preço acessível à maioria.

Porém, no caso dos jovens entrevistados, sua participação era majoritariamente como cordeiro ou pipoca.

Cordeiro é a função exercida por homens e mulheres, em sua maioria jovens, que são selecionados semanas antes da festa começar. A procura é grande e a vaga, portanto, disputada: normalmente são necessárias muitas horas em fila para conseguir cadastro no bloco em que se irá trabalhar. Depois de selecionados, o trabalho consiste em segurar uma corda de espessura grossa e com 20-30 metros a depender do tamanho do bloco/trio e da quantidade do público que dele participa. Esse último segue atrás do trio elétrico/bloco enquanto é rodeado/protegido pela corda. Os blocos mais famosos e organizados distribuem crachás lanches, e algumas vezes fornecem luvas e uma camiseta simples que identifica o cordeiro do lado esquerdo e o cordeiro do lado direito. Muitos dos cordeiros trabalham em mais de um bloco por dia, mas na maioria dos blocos não recebem identificação, luvas, lanche, água e não possuem acesso a banheiros. Essa corda ?humana? tem o propósito de separar quem pertence ao bloco e quem não pertence, isto é, quem está com o abadá e quem é pipoca.

Os pipocas são os que não possuem o abadá, portanto estão do lado de fora dos blocos. Muitos tentam entrar ?furando? a corda, algumas vezes por brincadeira, o que leva a disputas violentas com os cordeiros.

Apesar dos riscos e más condições, os jovens entrevistados se orgulham de ser cordeiros, falam a respeito com muita satisfação e dizem que nessa condição se sentem parte da festa. Mesmo que façam a proteção das pessoas que, diferente deles, puderam comprar o abadá e fazem parte diretamente do bloco, enquanto eles trabalham pelo valor de R$ 20,00 (vinte reais)[15], por muitas horas fora do bloco.

Pode-se apontar, portanto, que, para os jovens, essa é uma das formas de vivenciarem a cidade e se sentirem pertencentes aos espaços públicos. Pois como um deles me respondeu: É na corda que o carnaval acontece, lá a cidade é nossa (risos), é tudo nosso [16].

Configurado a partir de cordas e camarotes que separam e protegem determinado grupo, o carnaval é aquilo que mantém simbolicamente as relações sociais e raciais historicamente construídas. A festa popular que mais orgulha os brasileiros também imprime uma forma material e simbólica de segregação racial e social. Nela, a história se repete, demonstrando quem faz parte do bloco e quem está fora dele.

Considerações finais

Sendo assim, essa foi uma das maneiras que os jovens entrevistados, isto é, negros, pobres e moradores de periferia encontraram para acessar e pertencer à cidade. A função de cordeiro, primordialmente laboral, no final das contas representa também uma situação de lazer e até poder. Os jovens reformulam a ideia de ocupar os espaços, pois sabem que esses mesmos espaços, espaços turísticos principalmente, em outros momentos não será possível para eles.

Nesse aspecto, o que temos para problematizar são os entendimentos de cidade possível e de cidade restrita para esses jovens. Em suas elucidações é visto que os jovens apontaram quatro ações que, para eles, ilustravam, de forma concreta, o que é vivenciar a cidade de Salvador.

Primeiro, a dificuldade de acesso a determinados locais da cidade, devido ao baculejo, ação da polícia militar; segundo, a limitação em acessar os espaços por parte dos grupos rivais de tráfico de drogas, seja no seu próprio bairro ou nas suas imediações, terceiro na sua condição social a partir do reconhecimento por outros em relação aos seus bairros estigmatizados. E por último e, mais importante, a cor da pele foi apontada como um fator que apresentava limites na mobilidade pela cidade e isso ocorre mesmo com o reconhecimento nacional de Salvador ser uma cidade com uma população negra considerável.

Se por um lado as restrições de acesso são reduzidas e muitas vezes fazem da participação social dos jovens na cidade cada vez mais restrita, por outro lado, ser cordeiro no carnaval é a possibilidade de acessar/vivenciar a cidade, talvez ao segurar uma corda e separando quem faz parte do bloco e quem não faz possa ser uma forma de resistir a cidade e dessa forma, segundo os jovens eles resistem e ocupam a cidade de salvador.

REFERÊNCIAS

AMPARO, Jaime. Topografias da violência: necropoder e governamentalidade espacial em São Paulo. Revista do Departamento de Geografia ? USP, Volume 22 (2011), p. 108-134.

CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania. São Paulo. Ed. 34. 2000.

FLAUZINA, Pinheiro Ana Luiza. Corpo caído no chão: O sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. Dissertação de Mestrado-Universidade de Brasília. 2006.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento urbano. 5ª edição. Rio de Janeiro: ed. J.Olympio, 1977.

PERALVA, Angelina. Violência e democracia: o paradoxo brasileiro. São Paulo, Paz e Terra, 2000.

__________________ Democracia e violência: a modernização por baixo. Lua Nova [online]. n.40-41, pp.217-240. 1997.

REIS, Vilma. Atucaiados pelo Estado: as políticas de segurança pública implementadas nos bairros populares de Salvador e suas representações 1991-2001. Dissertação de Mestrado ? Universidade Federal da Bahia ? UFBA. 2005.

SILVESTRE, Giane; SCHLITTLER, Maria Carolina; SINHORETTO, Jacqueline. Juventude e violência policial no município de São Paulo. Revista Brasileira de segurança publica . São Paulo v. 10, n. 1, 10-35, Fev/Mar 2016.

TELLES, Vera. Nas tramas da cidade: trajetórias urbanas e seus territórios/organizado Vera da Silva Telles, Robert Cabanes. São Paulo. 2006.

VILLAÇA, Flávio. O espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln Institute, 2001.

WACQUANT, Loic. As duas faces do gueto. São Paulo. Boitempo. 2008

Notas

[1] Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Goiás ? UFG e pesquisadora no núcleo de estudos sobre criminalidade e violência - NECRIVI
[2] Ferreira, Thaisa da Silva. Narrativas de jovens sobre percepções de violência em bairros periféricos da cidade de Salvador. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, UFBA, 2016.
[3] Baculejo é o ato da polícia militar revistar, de forma violenta, os jovens na cidade de Salvador. Na cidade de São Paulo e no Rio de Janeiro essa mesma ação dos policiais militares contra os jovens é chamada por eles de enquadro.
[4] Pesquisa nomeada; Como anda Salvador e sua Região Metropolitana. Organizado por Inaiá Maia Moreira de Carvalho; Gilberto Corso Pereira ? Salvador; Edufba, 2008. 228 p. Disponível em; http://books.scielo.org/id/36d
[5] Para mais detalhes sobre a lei ver: https://leismunicipais.com.br/a/ba/s/salvador/lei-ordinaria/1968/213/2130/lei-ordinaria-n-2130-1968-estabelece-os-principios-gerais-de-administracao-e-dispoe-sobre-a-reforma-da-organizacao-administrativa-do-municipio-1968-10-11-versao-original
[6] Importantes grupos de afoxé, assim como o grupo Ilê aie estão localizados nessa região.
[7] Em Salvador o termo ?ocupação? tem o mesmo significado que Favela.
[8] Pesquisa recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o IPEA de 2017 aponta que Mais de 318 mil jovens foram assassinados no Brasil entre 2005 e 2015. Somente em 2015 foram 31.264 homicídios de pessoas com idade entre 15 e 29 anos e a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.
[9] Termo citado por Wacquant em referência ao processo civilizador descrito pelo sociólogo Norbert Elias.
[10] Segundo IBGE, de 2015, a taxa de desemprego em Salvador e região metropolitana ficou em 11,2% em janeiro, a maior de todo o país. Ao todo, segundo o balanço, 11,9% da população da região está desempregada, o que equivale a 237 mil pessoas. Deste total, quase 90 mil são jovens de até 24 anos.
[11] Matéria do jornal digital ?Extra.Globo?, de 24.08.2015, traz notícia de uma ação semelhante ocorrida na cidade do Rio de Janeiro. Policiais pararam um ônibus que saía da zona norte em direção à zona sul, região nobre do Rio. Disponível em: http://extra.globo.com/noticias/rio/pm-aborda-onibus-recolhe-adolescentes-caminho-das-praias-da-zonasul-do-rio-17279753.html
[12] Bocas ou Biqueiras sãos os espaços de venda de drogas.
[13] Na época existiam dois principais grupos rivais de tráfico de drogas em Salvador; Comando da Paz ? CP e Caveira. Existem outros grupos, contudo esses foram os mais mencionados pelos jovens.
[14] Grupos de afoxé como por exemplo o Ilê Aiyê são espaços conquistados de participação no carnaval pela população negra em oposição a apropriação dos brancos. Esse é um bloco que não utiliza corda. Contudo não teria espaço e tempo para essa discussão.
[15] Valor informado pelos jovens no período da pesquisa; 2015/2016.
[16] A frase mencionada pelo jovem é em alusão a musica ?Tudo nosso e nada deles? do cantor Igor Kannário que ficou conhecida no carnaval de Salvador em 2015.


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